Qual o papel das Guerras Napoleônicas na independência da América Latina?

Ao longo do século XVIII, notamos que a insatisfação da população hispano-americana junto à administração colonial empreendeu a eclosão de uma série de revoltas e conflitos. Ao fim desse período, a insatisfação se somou às agitações que tomaram a Europa monárquica com o desenvolvimento da Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas. Nessa época, o imperador Napoleão Bonaparte invadiu a Espanha e destituiu a linhagem real que legitimava a dominação em terras americanas.

No desenrolar desse cenário instável, as rebeliões poderiam se intensificar e abrir caminho para revoltas que viessem a exigir, com mais veemência, o fim do pacto colonial. Entre os mais interessados nessa transformação estavam os criollos, integrantes da elite econômica que não participavam do poder político por não terem nascido na Espanha. Esses, influenciados pelo iluminismo, defendiam a extinção do pacto colonial como meio de desenvolvimento da colônia.

De fato, entre os anos de 1817 e 1825, vemos que essa elite criolla conseguiu mobilizar as populações locais contra o domínio colonial e efetivar a sua independência em grande parte da América Espanhola. No entanto, a situação de rebeldia, que muitas vezes sugeria um processo de profundas transformações, se limitou a colocar no poder uma antiga e poderosa elite econômica. Sendo assim, começamos a identificar os limites que o processo de independência hispânico assumiu.

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Logo que a independência foi empreendida, vemos que a antiga dependência econômica desenvolvida junto à metrópole passou a ser assumida por grandes potências industriais, como Inglaterra e Estados Unidos. Grande parte dessas nações continuou a basear a produção de riquezas na exportação de produtos agrícolas e matéria-prima. Ainda sob o ponto de vista econômico, a situação de miséria e exploração das populações menos favorecidas se mantinha como sustentáculo fundamental desse quadro econômico.

No tocante à política, percebemos que a elite local que assumiu o poder não estabeleceu um projeto de desenvolvimento voltado para a transformação plena da extensa população miserável de seus países. Em diversos casos, vemos que as leis eram desrespeitadas e os governos destituídos em favor de outras parcelas da elite que se valiam do seu poder econômico para chegar ao poder. Desse modo, a América Hispânica se transformou em palco de vários golpes e regimes autoritários.

Com passar do tempo, vemos que tais limitações são de grande importância na compreensão dos problemas que ainda atingem vários dos países formados a partir da desintegração da América Espanhola. Ainda no século XXI, percebemos que o desenvolvimento do continente americano perpassa pela resolução de dilemas e questões oriundas desse período.

Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Mundo Educação

O processo de independência da América Espanhola ocorreu em um conjunto de situações experimentadas ao longo do século XVIII. Nesse período, observamos a ascensão de um novo conjunto de valores que questionava diretamente o pacto colonial e o autoritarismo das monarquias. O iluminismo defendia a liberdade dos povos e a queda dos regimes políticos que promovessem o privilégio de determinadas classes sociais.

Sem dúvida, a elite letrada da América Espanhola inspirou-se no conjunto de ideias iluministas. A grande maioria desses intelectuais era de origem criolla, ou seja, filhos de espanhóis nascidos na América desprovidos de amplos direitos políticos nas grandes instituições do mundo colonial espanhol. Por estarem politicamente excluídos, enxergavam no iluminismo uma resposta aos entraves legitimados pelo domínio espanhol, ali representado pelos chapetones.

Ao mesmo tempo em que houve toda essa efervescência ideológica em torno do iluminismo e do fim da colonização, a pesada rotina de trabalho dos índios, escravos e mestiços também contribuiu para o processo de independência. As péssimas condições de trabalho e a situação de miséria já tinham, antes do processo definitivo de independência, mobilizado setores populares das colônias hispânicas. Dois claros exemplos dessa insatisfação puderam ser observados durante a Rebelião Tupac Amaru (1780/Peru) e o Movimento Comunero (1781/Nova Granada).

No final do século XVIII, a ascensão de Napoleão frente ao Estado francês e a demanda britânica e norte-americana pela expansão de seus mercados consumidores serão dois pontos cruciais para a independência. A França, pelo descumprimento do Bloqueio Continental, invadiu a Espanha, desestabilizando a autoridade do governo sob as colônias. Além disso, Estados Unidos e Inglaterra tinham grandes interesses econômicos a serem alcançados com o fim do monopólio comercial espanhol na região.

É nesse momento, no início do século XIX, que a mobilização ganha seus primeiros contornos. A restauração da autoridade colonial espanhola seria o estopim do levante capitaneado pelos criollos. Contando com o apoio financeiro anglo-americano, os criollos convocaram as populações coloniais a se rebelarem contra a Espanha. Os dois dos maiores líderes criollos da independência foram Simon Bolívar e José de San Martin. Organizando exércitos pelas porções norte e sul da América, ambos sequenciaram a proclamação de independência de vários países latino-americanos.

No ano de 1826, com toda América Latina independente, as novas nações reuniram-se no Congresso do Panamá. Nele, Simon Bolívar defendia um amplo projeto de solidariedade e integração político-econômica entre as nações latino-americanas. No entanto, Estados Unidos e Inglaterra se opuseram a esse projeto, que ameaçava seus interesses econômicos no continente. Com isso, a América Latina acabou mantendo-se fragmentada.

O desfecho do processo de independência, no entanto, não significou a radical transformação da situação socioeconômica vivida pelas populações latino-americanas. A dependência econômica em relação às potências capitalistas e a manutenção dos privilégios das elites locais fizeram com que muitos dos problemas da antiga América Hispânica permanecessem presentes ao longo da História latino-americana.

Por Rainer Sousa
Mestre em História

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Qual o papel das Guerras Napoleônicas na independência da América Latina?

Resposta: Devido a a ameaça de invasão napoleônica, as tropas que estavam na América foram deslocadas para a Europa, facilitando a eclosão da revolução.

Qual a importância das Guerras Napoleônicas para a independência do Brasil?

Consequências das Guerras Napoleônicas no Brasil Foram construídas fábricas, foram criadas universidades, a Biblioteca Real, a Academia de Belas Artes. Com essas estruturas, o Brasil ia se tornando independente da sua colônia.

Como as Guerras Napoleônicas contribuíram para o processo de independência dos países da América espanhola?

Na América espanhola, a ocupação da Espanha pelas tropas de Napoleão enfraqueceu o controle da metrópole sobre as colônias. Em 1811, o padre Hidalgo tentou sem êxito proclamar a independência do Vice-Reino de Nova Espanha (México). Nova tentativa em 1813, novo fracasso: Hidalgo foi executado.

Qual a importância das Guerras Napoleônicas?

As Guerras Napoleônicas mudaram as relações geopolíticas da Europa. Na França, a dinastia Bourbon voltou ao poder numa monarquia constitucional. A vitória dos ingleses consolidou o predomínio da Marinha Real, abrindo caminho para que o Reino Unido se tornasse o império mais poderoso do mundo.

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