Qual a relação da expansão marítima com a chegada dos portugueses ao Brasil?

A expansão marítima portuguesa ocorreu ao longo de praticamente todo o século XIV e representou uma grande transformação para o mundo europeu da época.

Com a formação dos reinos católicos (Portugal e Espanha) na Península Ibérica, no século XIV, formação essa promovida a partir da expulsão dos mouros (muçulmanos) que durante séculos dominaram essa região, portugueses e espanhóis puderam organizar-se e expandir suas conexões comerciais para além dos limites do Mar Mediterrâneo.

A expansão marítima através do Oceano Atlântico foi uma das principais apostas dos reinos ibéricos, sobretudo pela posição estratégica que a península possui no continente europeu. No caso específico da expansão portuguesa, a saga começou, inicialmente, com a exploração da costa africana. A conquista da cidade africana de Ceuta, em 1415, foi um marco do pioneirismo português enquanto império marítimo em expansão.

Após a conquista de Ceuta, seguiram as conquistas da Ilha da Madeira, em 1419, e, nas décadas de 1420 e 1430, a conquista do Arquipélago de Açores. Todas essas conquistas iniciais deveram-se, sobretudo, ao investimento que a coroa portuguesa realizou nas escolas náuticas e nos estudos de técnicas e produção de embarcações e instrumentos de navegação, como os mapas.

Com o avançar das décadas e o aperfeiçoamento das caravelas, os portugueses seguiram progredindo em suas conquistas. O navegador Gil Eanes conseguiu contornar o Cabo Bojador em 1434; e em 1444, outros navegadores conseguiram chegar ao Arquipélago de Cabo Verde.

Um dos objetivos claros dos portugueses com a prática da navegação era chegar até as Índias, que eram, até então, um grande polo comercial no Oriente. Para tanto, precisavam contornar a costa africana e penetrar no Oceano Índico. A partir do governo de D. João II, esse objetivo passou a ser amplamente estimulado.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

O navegador Diogo Cão, por exemplo, no ano de 1482, conseguiu chegar até o Rio Congo. Entre 1478 e 1479, Bartolomeu Dias avançou até o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África, que dá vazão para o Oceano Índico. Em 1497, Vasco da Gama conseguiu, de fato, encontrar o caminho para as Índias, contornando a África, atingindo o Oceano Índico e aportando, finalmente, em 1498, em Calicute. Anos mais tarde, Vasco da Gama traçou esse mesmo trajeto, porém com o pretexto de implementar o plano de conquistas do Império Português ao longo do Oceano Índico.

Em 1500, como é sabido, o navegador Pedro Álvares Cabral, que estava encarregado de estabelecer contato diplomático com líderes indianos, em vez de seguir o mesmo trajeto de Vasco da Gama, acabou aportando nas terras que foram chamadas de Ilha de Vera Cruz, que, mais tarde, transformaria-se no Brasil.

Aproveite para conferir nossa videoaula relacionada ao assunto:

Portugal foi pioneiro na expansão marítima por conjugar alguns fatores políticos, sociais, econômicos e técnicos que possibilitaram a procura por novas rotas de comércio com os mercados orientais. Além disso, sua posição geográfica privilegiada no continente europeu facilitava o acesso ao oceano Atlântico, um espaço marítimo desconhecido pela maioria dos demais povos europeus.

A grandiosidade da expansão marítima portuguesa resultou inclusive na produção de um dos maiores poemas épicos da Idade Moderna, os Lusíadas, escrito por Luís Vaz de Camões para retratar a saga de Vasco da Gama até chegar à cidade indiana de Calicute, em 1498.

Desde o início do lançamento ao Atlântico até a chegada à Índia foi necessário quase um século de expedições marítimas pela costa Africana. Mas as condições políticas para se realizar o feito remetem ao século XIV, quando Portugal se transformou em um reino independente do reino espanhol de Castela. Tal independência aconteceu com a Revolução de Avis, ocorrida entre 1383 e 1385, quando D. João I liderou as tropas portuguesas contra o rei D. Fernando I, de Castela, representante herdeiro da dinastia de Borgonha. A batalha de Aljubarrota selou a vitória contra Castela, criando a dinastia de Avis e transformando Portugal no primeiro Estado centralizado europeu.

Essa centralização estava ligada à supremacia do rei sobre os demais senhores feudais. E, no caso de Portugal, isso foi conseguido com o apoio da burguesia mercantil portuguesa. Essa burguesia estava se consolidando no comércio da região desde a terceira cruzada, sendo que Lisboa havia se transformado em um importante entreposto comercial entre o mar Mediterrâneo e o mar do Norte, gerando um afluxo muito grande de recursos financeiros à burguesia local. Esta burguesia estava ainda interessada no comércio de especiarias com o Oriente, devido aos enormes lucros que esse comércio proporcionava.

Esse enriquecimento possibilitou ao reino uma maior arrecadação de impostos e a utilização desses recursos financeiros no investimento do desenvolvimento técnico necessário para a navegação em alto mar. O infante português D. Henrique reuniu em Sagres, no sul de Portugal, uma série de renomados cartógrafos, cosmógrafos e navegadores com o objetivo de encontrar as formas de realizar a chegada à Índia, contornando o continente africano. O resultado foi a elaboração de mapas que iriam orientar as viagens, a criação de novas embarcações, como as caravelas, e o aperfeiçoamento de instrumentos de navegação como a bússola e o astrolábio.

O primeiro local conquistado foi Ceuta, em 1415. A partir daí os navegadores portugueses foram conquistando territórios ao longo da costa africana, em direção ao sul, formando feitorias, que consistiam em fortalezas contra os inimigos e em entrepostos comerciais, onde muitos produtos africanos eram adquiridos para serem vendidos na Europa. Com os lucros conseguidos com essas vendas, era possível continuar o financiamento das aventuras marítimas.

Mas havia várias dificuldades para realizar o périplo africano, o contorno do continente pelo sul para chegar ao Oriente. Uma das dificuldades era ultrapassar o Cabo Bojador, próximo ao trópico de capricórnio, o que foi realizado após 15 tentativas, por Gil Eanes, em 1434. Como eram lugares desconhecidos dos europeus, havia o mito de se tratar de uma zona inabitável devido ao calor e aos monstros lá existentes. Com a passagem por esse cabo foi possível continuar a empreitada. Outra dificuldade era ultrapassar o Cabo das Tormentas, no extremo sul da África, feito conseguido por Bartolomeu Dias, em 1488. Dez anos após a passagem pelo Cabo da Boa Esperança (novo nome do Cabo das Tormentas), foi possível a Vasco da Gama chegar às Índias, em 1498, realizando o périplo africano e abrindo uma nova rota marítima para o Oriente.

Os lucros foram fabulosos, o que estimulou novas expedições. A expedição posterior à de Vasco da Gama foi a de Pedro Álvares Cabral, que além de chegar novamente às Índias, deveria antes tentar encontrar novas terras no ocidente do oceano Atlântico. Com esse objetivo, em 1500, Cabral desembarcou no litoral do que seria futuramente o Brasil.

Além das feitorias e territórios na África e no Brasil, o Império Português conseguiu conquistar terras ao longo de litorais do oceano Índico e Pacífico, chegando até ao Japão.


Por Tales Pinto
Graduado em História


Aproveite para conferir nossa videoaula relacionada ao assunto:

Qual a relação da expansão marítima portuguesa com a história do Brasil?

Em busca das Índias A chegada dos portugueses ao Brasil e o começo do processo de colonização tem a ver com o pioneirismo português na expansão marítima. Os portugueses acabaram por chegar nas terras que viriam a ser a nação brasileira enquanto tentavam chegar às Índias, principal objetivo das grandes navegações.

Qual é a relação da expansão marítima?

A expansão marítima europeia, processo histórico ocorrido entre os séculos XV e XVIII, contribuiu para que o continente europeu superasse a crise gerada ao longo dos dois últimos séculos – XIV e XV -, provocada, principalmente pela fome, que assolava a Europa devido às mudanças climáticas, dentre outros fatores.

Qual foi o principal objetivo da expansão marítima portuguesa?

Seus objetivos eram retomar o comércio direto de especiarias, encontrar novas fontes de metais preciosos e converter populações nativas ao cristianismo.

Qual a relação entre a expansão marítima e a colonização da América?

A conquista da América se deu no contexto da expansão marítima europeia, também chamada de Grandes Navegações. O expansionismo marítimo dos séculos XIV e XV marcou o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.

Toplist

Última postagem

Tag