Quais serão as principais consequências das mudanças climáticas globais na bacia do rio Amazonas?

As inundações no rio Amazonas se tornaram mais frequentes e graves nos últimos 30 anos, segundo com um estudo realizado por cientistas brasileiros, chilenos e britânicos. Os pesquisadores apontam o aquecimento global como uma das causas deste fenômeno.

Para o estudo publicado nesta quarta-feira (19/09) na revista especializada Science Advances, os pesquisadores analisaram os registros diários do nível do leito do Amazonas feitos no porto de Manaus há 113 anos.

Os dados mostram que enchentes acima de 29 metros, valor de referência para que as autoridades decretassem estado de emergência, ocorriam uma vez a cada 20 anos na primeira metade do século 20. Atualmente, esse tipo de inundação ocorre a cada quatro anos.

"O que realmente chama a atenção no histórico de registros é a gravidade e a frequência de inundações. Com poucas exceções, houve inundações extremas na bacia do Amazonas todos os anos entre 2009 e 2015", disse o autor da pesquisa Jonathan Barichivich, da Universidade Austral do Chile.

Segundo o estudo, o aumento das enchentes está relacionado a mudanças no sistema de circulação do ar movido pelo oceano, que influencia o clima e a quantidade de chuvas na região dos trópicos. Essa mudança foi causada pelo forte aquecimento do Oceano Atlântico e o resfriamento do Pacífico, o que aumentou a precipitação na bacia Amazônica.

"O efeito é mais ou menos o oposto do que acontece durante o El Niño. Ao invés de causar seca, resulta numa maior convecção e precipitação intensa nas regiões central e norte da bacia Amazônica", afirmou Manuel Gloor, da Escola de Geografia da Universidade de Leeds, no Reino Unido, coautor do estudo.

As causas do aquecimento do Atlântico não estão totalmente esclarecidas, porém, além da variabilidade natural, as mudanças climáticas influenciam esse fenômeno. Como resultado do aquecimento global, os cinturões de vento de média e alta latitudes no Hemisfério Sul têm se deslocado mais para o sul, o que abriu espaço para que as águas quentes do Oceano Índico sejam transportadas da ponta da África, através da corrente das Agulhas, para o Atlântico tropical.

Os cientistas indicam que as mudanças nos ciclos da água na bacia do Amazonas tiveram sérias consequências para os moradores de Brasil, Peru e outros países da região. O estudo aponta ainda que as inundações devem continuar ocorrendo nos próximos anos.

De acordo com o coautor do estudo Jochen Schöngart, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), as enchentes podem prejudicar o abastecimento de água, espalhar doenças, além de destruir casas e meios de subsistência.

O pesquisador destacou que com esses dados é possível aperfeiçoar os modelos de previsão de cheias na Amazônia Central e elaborar políticas públicas para mitigar os impactos das enchentes em regiões urbanas e rurais.

CN/efe/lusa/ots

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Uma compilação de estudos de cientistas brasileiros e do exterior aponta que a expansão agropecuária e as mudanças climáticas já causam distúrbios na bacia amazônica -- principalmente na borda da floresta, nos estados do Pará, Rondônia e Mato Grosso.

O grupo integra o Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), que há 15 anos pesquisa os efeitos climáticos e humanos na região.

De acordo com o estudo divulgado na revista “Nature” desta quarta-feira (18), a soma de eventos decorrentes da expansão agrícola, da atividade madeireira em excesso e da mudança climática global resultariam em uma “catástrofe ambiental” no bioma, com reflexos na temperatura e no sistema de chuva.

Desta forma, haveria mais períodos de seca intensa, que alterariam a distribuição das precipitações na região amazônica, cuja população saltou de 6 milhões, em 1960, para 22 milhões, em 2010. A consequência disto é a queda na produtividade agropecuária, elevação de casos de doenças respiratórias, enchentes, redução da oferta de água potável, além de prejuízo à navegação e à geração de energia por hidrelétricas.

Seca no Rio Negro, em 2010, um dos principais afluentes do Rio Amazonas (Foto: Euzivaldo Queiroz/A Crítica/Reuters)

Análise
O documento científico analisou as secas que ocorreram na Amazônia em 2005 e 2010, consideradas graves, além de outros fenômenos climáticos como os efeitos do El Niño e alterações no sistema de chuvas já detectadas no bioma.

Percebeu-se uma elevação na quantidade de “pancadas” (precipitações rápidas, mas com grande volume de água) nas regiões leste e sudeste da Amazônia, que causam o aumento na vazão dos rios.

Os cursos d’água, por sua vez, ao receber grande quantidade de chuva podem transbordar devido aos sedimentos em excesso, vindos de processos erosivos causados pelo desmatamento da floresta. Tais consequências causariam danos às cidades como inundações.

“Em bacias como as do Rio Tocantins e Araguaia, constatamos um volume maior de sedimentos, que vêm de áreas desmatadas devido às atividades agrícolas. Essa concentração maior de precipitação pode afetar as cidades ao redor”, disse o pesquisador Alessandro Carioca de Araújo, um dos autores do artigo e que realiza pesquisas na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Outro ponto analisado pelo estudo é a mudança no processo de evapotranspiração (transpiração de plantas) devido à elevação de temperaturas, consequência da mudança climática.

O trabalho afirma que a floresta consegue se adaptar aos períodos de seca, principalmente árvores com raízes profundas, que absorvem a água existente a entre 10 m e 15 m de profundidade, em lençóis freáticos.

“Porém, com a possibilidade de ocorrer secas cada vez mais intensas em espaço curto de tempo, árvores mais velhas podem morrer. Desta forma, a floresta mudaria de perfil, com uma existência maior de plantas que conseguem sobreviver a altas temperaturas (seleção natural), assim como aquelas que já existem no cerrado brasileiro”, complementou. O processo, já abordado em outras pesquisas, é chamado de “Savanização da Amazônia”.

Segundo Araújo, as pesquisas que integram o LBA foram importantes para compreender as melhores formas de planejamento e governança na floresta, evitando erros cometidos no passado, como o desmatamento em excesso.

“Quanto à mudança climática, não temos como combatê-la, mas sim adaptar a ela. Porém, é possível evitar o desmatamento na região, que diminuiria o envio de sedimentos aos rios, com a aplicação de tecnologias avançadas, que já estão em fase de teste”, disse.

Ele cita que é necessário parar com as queimadas na floresta, que afeta a formação de nuvens de chuva devido às emissões de aerossóis e fuligem, em virtude das atividades agropecuárias. “Temos que substituir a prática da queimada, que sabemos que é mais barato. Porém, ela terá um custo muito alto para o meio ambiente”, complementa.

Quais são as consequências de uma mudança climática na região amazônica?

Possíveis impactos na Região Amazônica Os impactos futuros do clima apontam uma possível diminuição da biodiversidade, em virtude das alterações no ciclo reprodutivo de plantas e animais. Outro efeito importante seria o processo de savanização da floresta amazônica, devido ao aumento da temperatura.

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Entre as principais atividades humanas que causam o aquecimento global e consequentemente as mudanças climáticas, a queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo, carvão mineral e gás natural) para geração de energia, atividades industriais e transportes; conversão do uso do solo; agropecuária; descarte de ...

Quais as consequências das alterações das características climáticas globais?

Escassez de água potável, aumento das inundações e do nível do mar, além da insegurança alimentar, serão consequências das mudanças climáticas. O aumento na temperatura média do planeta pode desencadear longos períodos de estiagem no futuro.

O que pode estar provocando a situação climática na região amazônica?

As mudanças climáticas antropogênicas estão associadas às atividades humanas com o aumento da emissão de gases de efeito estufa, de queimadas, com o desmatamento, a formação de ilhas urbanas de calor, etc.

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