O que é esse decreto significou para o Brasil?

No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro 1� proclamou o grito de independ�ncia �s margens do rio Ipiranga e o Brasil se consolidou como uma na��o independente. Desde 1946, por lei federal, a data � feriado nacional.

Segundo a historiadora Luciene Carris, o grito da independ�ncia entoado em S�o Paulo foi um longo processo iniciado em 1808, ap�s a fuga da fam�lia real portuguesa para o Brasil por causa do Bloqueio Continental ordenado na Espanha e Portugal pelo rei da Fran�a, Napole�o Bonaparte, com o prop�sito de sufocar a economia inglesa que comercializava com outras na��es europeias.

A perman�ncia da fam�lia real no Brasil perdurou at� 1821 e ficou conhecido como "Per�odo Joanino". Uma s�rie de melhorias foram feitas no pa�s, como a abertura dos portos, autoriza��o para os comerciantes a negociarem com na��es amigas, que eram s� os ingleses, instala��o de bibliotecas e museus para incentivar � cultura e o desenvolvimento de uma pequena imprensa, nisso acabou surgindo "A Gazeta do Rio de Janeiro", o primeiro jornal fundado no Brasil.

Logo ap�s a derrota de Napole�o Bonaparte na R�ssia em 1814, D. Jo�o 6� come�ou a ser pressionado para voltar a Portugal pois as tens�es haviam cessado. Em 1815, como resposta � press�o sofrida pelos pa�ses do Congresso de Viena, composto por Inglaterra, �ustria, R�ssia e Pr�ssia, al�m da pr�pria Fran�a, D. Jo�o ascendeu o Brasil para a condi��o de reino, deixando assim de ser uma col�nia.

Em 1820 foi dado in�cio � Revolu��o Liberal do Porto, um movimento militar que exigia a volta de D. Jo�o 6� a Portugal, caso contr�rio ele perderia o reino portugu�s. O movimento tamb�m exigia algo que foi um dos estopins para a independ�ncia: a manuten��o do Brasil como col�nia de Portugal.

Em 25 de abril de 1821, D. Jo�o retornou a Lisboa, acompanhado de sua fam�lia e mais de quatro mil s�ditos, o que deixou a popula��o brasileira sem saber qual seria seu futuro. Para garantir a continuidade administrativa e a presen�a real no Brasil, seu filho mais velho, D. Pedro 1� foi designado pr�ncipe regente.

Querendo recolonizar o Brasil, D. Jo�o recomendou a volta de D. Pedro a Portugal com o pretexto de que o pr�ncipe regente precisava terminar a prepara��o acad�mica. A elite agr�ria, percebendo uma tentativa de recoloniza��o e uma poss�vel perda dos direitos adquiridos, movimentou-se pela perman�ncia de D. Pedro 1�. Oito mil assinaturas pedindo para ele ficar foram recolhidas em S�o Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, Estados brasileiros que possu�am boa parte da elite econ�mica.

Dia do Fico

O dia 9 de janeiro de 1822 foi a data em que D. Pedro 1� decidiu permanecer no Brasil com a seguinte frase durante uma audi�ncia do Senado: "Se � para o bem de todos e felicidade geral da na��o, estou pronto! Digam ao povo que fico", contrariando as exig�ncias portuguesas. A partir desta data, uma sucess�o de fatos desencadeou os acontecimentos que culminaram no Dia da Independ�ncia.

Em maio de 1822, foi decretada o "Cumpra-se", determinando que todas as ordens emitidas em Portugal s� teriam legalidade no Brasil se fossem validadas pelo pr�ncipe regente.

Em junho de 1822, foi decretada a convoca��o para a forma��o de uma Assembleia Constituinte no Brasil, com a tarefa de elaborar uma Constitui��o para o Reino do Brasil, antes da independ�ncia pol�tica de Portugal. Ambas medidas refor�aram a vis�o de que D. Pedro possu�a apoio interno suficiente para desafiar as Cortes portuguesas, isso foi consequ�ncia do impasse cont�nuo entre brasileiros e portugueses.

A postura das cortes portuguesas permaneceram irredut�veis com os interesses brasileiros. No dia 28 de agosto, novas ordens de Lisboa chegaram ao pa�s: D. Pedro 1� deveria retornar imediatamente a Portugal, os privil�gios da abertura do pa�s seriam revogados e os ministros de D. Pedro presos por trai��o.

A ordem convenceu Maria Leopoldina de que a ruptura entre Brasil e Portugal deveria acontecer imediatamente e, em 2 de setembro, ela assinou o decreto de independ�ncia para, logo em seguida, despach�-lo com urg�ncia para D. Pedro, que estava em viagem a S�o Paulo. O pr�ncipe regente foi alcan�ado no dia 7 de setembro, �s margens do rio Ipiranga.

Dia da Independ�ncia

No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro 1� declarou independ�ncia do Brasil �s margens do rio Ipiranga. A historiadora Luciene Carris define o acontecimento como "um dos mais importantes da hist�ria do pa�s". "� um epis�dio que corresponde ao fim do dom�nio portugu�s sobre o Brasil, principalmente nas rela��es econ�micas e pol�ticas", falou.

Ainda de acordo com Luciene, os efeitos da independ�ncia n�o foram imediatos em todo o Brasil. "Diferentemente de S�o Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e os Estados do Sul que apoiaram de imediato, a proclama��o n�o surtiu efeito nas prov�ncias do Norte, como Par�, Maranh�o, Piau�, Cear�, parte da Bahia e, tamb�m, a Cisplatina que pertencia ao Brasil", disse.

O caso da Bahia foi o que mais gerou controv�rsia: o oficial brit�nico Thomas Cochrane foi contratado para realizar o bloqueio mar�timo e terrestre da prov�ncia. "Houve um cerco realizado em Salvador e eles n�o acabaram resistindo", disse Carris. Em 2 de julho de 1823, foi declarada a independ�ncia da Bahia.

Em 1825, ap�s media��o da Inglaterra, Portugal acabou reconhecendo a Independ�ncia do Brasil atrav�s do Tratado de Paz e Alian�a. Luciene explicou como foi esse acordo e as condi��es. "De acordo com as disposi��es dessa negocia��o diplom�tica, o Brasil cedia aos desejos de D. Jo�o 6� de assumir o t�tulo honor�rio de imperador do Brasil. Embora essa exig�ncia, na verdade, manifestasse o interesse que o monarca tinha em reunificar os dois pa�ses como uma s� coroa", disse.

Al�m disso, o Brasil teve de indenizar em dois milh�es de libras esterlinas Portugal, o que tamb�m teve ajuda da Inglaterra, segundo a historiadora. "O Brasil estava com o tesouro zerado, era uma na��o rec�m-formada, para conseguir pagar isso foi necess�rio contrair um empr�stimo com os bancos da Inglaterra", falou. "Ap�s o reconhecimento portugu�s, v�rias outras na��es da Europa e da Am�rica tiveram o mesmo gesto pol�tico de reconhecer a Independ�ncia do Brasil", disse.

Acervo hist�rico

O Acervo Hist�rico da Assembleia Legislativa do Estado de S�o Paulo possui documentos referentes �s comemora��es da Independ�ncia do Brasil, como projetos de lei sobre a constru��o de monumentos, relat�rios apontando melhorias do Museu Paulista, al�m de extensa bibliografia com livros da Cole��o Macedo Soares.

Dentre os livros pertencentes ao Acervo, destaca-se a obra Hist�ria dos Fundadores do Imp�rio do Brasil, escrita por Ot�vio Tarqu�nio de Sousa. A obra aborda algumas das principais personalidades da Independ�ncia, al�m de detalhes sobre os acontecimentos. Foi selecionado um trecho da obra, sobre a vida de D. Pedro 1�, onde est�o destacados os acontecimentos de 7 de setembro.

Tamb�m destaca-se a mensagem dirigida pelo ent�o, na �poca, presidente do Estado de S�o Paulo, Washington Lu�s, aos membros do Congresso Legislativo, em 7 de setembro de 1912, solicitando "auctorisa��o para erger, no Ypiranga, justamente no lugar em que se deu o grito de - Independencia ou Morte -, um monumento que perpetue, no bronze e no granito, n�o s� a mem�ria de d. Pedro I, mas tamb�m dos patriotas que o auxiliaram na funda��o da nacionalidade brasileira".

O que significou a abertura dos portos para o Brasil e para a Inglaterra?

A entrada de produtos ingleses no mercado brasileiro promoveu o fim do monopólio português sobre a economia colonial. De 1500 até 1808, o Brasil deveria comercializar apenas com Portugal. A abertura dos portos promoveu, a priori, o rompimento dessa dependência brasileira em relação à metrópole portuguesa.

O que significou a abertura dos portos brasileiros?

A Abertura dos Portos propiciou o fim do monopólio colonial, com a descontinuidade do “Pacto Colonial” que, até então, só permitia o comércio entre a colônia (Brasil) e sua metrópole (Portugal), ou seja; nada se comprava ou vendia na colônia, sem passar antes por Portugal.

Porque o decreto foi muito importante para a Inglaterra?

O decreto beneficiou o comércio internacional e, obviamente, beneficiou também a Inglaterra, que passou, a partir daquele momento, a negociar diretamente com a colônia mais próspera da América Latina.

Quem se beneficiou com esse decreto de 1808?

Resposta verificada por especialistas. No contexto da Abertura dos Portos às Nações Amigas, foram beneficiados (de forma geral) os brasileiros e os comerciantes ingleses, e foram prejudicados os comerciantes portugueses.