Comparando se esses dois textos, constata-se que apresentam informações

TEXTO

1 Nos últimos anos, o Brasil vivenciou uma progressão no debate público em torno das questões femininas. Temas

2 como assédio, aborto, maternidade e carreira, vêm sendo discutidos amplamente na sociedade e ganhando espaço no cenário

3 político. A luta pelo direito das mulheres vem progredindo não só no Brasil, mas em todo o mundo. Alguns avanços já

4 foram conquistados nas últimas décadas, como o direito ao voto e o direito de serem eleitas. Porém, no que tange a

5 representatividade das mulheres na política, esse debate ainda se encontra muito distante do desejado.

6 Muitas mulheres ainda têm dificuldades de ocupar cargos de poder, serem eleitas ou terem voz ativa nas tomadas

7 de decisões políticas. Isso acontece devido à exclusão histórica das mulheres na política e que reverbera, até hoje, no nosso

8 cenário de baixa representatividade feminina no governo.

9 Segundo o Inter-Parliamentary Union, o Brasil é um dos piores países em termos de representatividade política

10 feminina, ocupando o terceiro lugar na América Latina em menor representação parlamentar de mulheres. No ranking, a

11 nossa taxa é de aproximadamente 10 pontos percentuais a menos que a média global e está praticamente estabilizada desde

12 a década de 1940. Isso indica que além de estarmos atrás de muitos países em relação à representatividade feminina, poucos

13 avanços têm se apresentado nas últimas décadas.

14 Esse cenário se observa em todas as esfera do poder do Estado. Desde as câmaras dos vereadores até o Senado

15 Federal, essa taxa de representatividade ainda permanece muito baixa, mesmo em um cenário no qual 51% dos eleitores

16 são mulheres. Pesquisas com dados de 2016 mostram como o número de mulheres na política é baixo no Brasil. Como você

17 pode ver, naquele ano, apenas um cargo de governo estadual era ocupado por mulher, hoje a situação não é muito diferente,

18 apenas dois governos estaduais não são governados por homens.

19 Diante desse quadro, percebe-se que as mulheres não têm alcançado as esferas de poder do Estado de maneira

20 igualitária, o que as deixa à margem dos processos de elaboração das políticas públicas. Ou seja, as mulheres não se

21 encontram devidamente representadas nesse sistema político vigente.

22 Embora existam cotas eleitorais (lei que assegura uma porcentagem mínima de 30% e máxima de 70% a

23 participação de determinado gênero em qualquer processo eleitoral vigente) esse mecanismo pouco tem contribuído para

24 melhorar a atuação e a chegada das mulheres aos cargos do governo brasileiro. Como dissemos anteriormente, o percentual

25 de mulheres no poder permanece quase o mesmo desde 1940.

26 Além disso, muitas das candidatas que se inscrevem na lista de cotas partidárias são consideradas candidatas

27 laranjas, ou seja, são mulheres que não têm interesse em pleitear um cargo político, estão ali só para cumprir o coeficiente

28 necessário que os partidos devem ter para serem considerados legais no processo eleitoral. Algumas nem chegam a fazer

29 campanha política e também não obtém votos qualificados.

30 Dessa forma, a aplicação das cotas vem sendo questionada em relação a sua eficácia no Brasil, pois confere a

31 responsabilidade dos partidos para a promoção da paridade de gênero, mas não tem alcançado uma participação igualitária

32 nos partidos.

33 A sub-representação feminina na política gera consequências que se refletem, principalmente, mas não

34 unicamente, na idealização, construção e execução de políticas públicas que considerem as questões do ser mulher. Porém,

35 existem divergências quanto o modo que essas consequências são percebidas.

36 Por um lado, acredita-se que a ausência de mulheres nos cargos de poder não propicia um debate adequado em

37 torno de questões fundamentais, como saúde e segurança pública. Entende-se que a presença de mulheres na política

38 proporcionará um maior diálogo e um pensar mais abrangente em torno de questões que estejam relacionadas às pautas

39 femininas.

40 Como exemplo, podemos mencionar o caso do decreto parlamentar que regulamenta vagões de trens e metrôs

41 exclusivos para mulheres, implementados em virtude dos casos de assédio. Tal medida só foi possível porque a deputada

42 Martha Rocha (PDT-RJ) pensou na questão da segurança enquanto mulher que usa o transporte público e, portanto, com

43 uma necessidade de política pública diferenciada. Isso quer dizer que, como são as mulheres que sentem na pele

44 determinados preconceitos ou dificuldades, são elas que devem participar na proposição de políticas que visam contribuir

45 para a melhoria desses cenários.

46 Por outro lado, há quem alegue que a presença da mulher na política não implica, necessariamente, no avanço

47 das questões femininas. Para a pesquisadora norte-americana Merike Blofield esse progresso não seria automático. Sua

48 pesquisa revela que em alguns países, como Uruguai, no qual a representação feminina também é baixa, a agenda feminina

49 é bastante evoluída, por outro lado, em outros países, como Estados Unidos no qual as mulheres têm grande presença na

50 vida pública, a agenda feminina continua bastante conservadora. [...].

FONTE: https://www.politize.com.br/mulheres-na-politica/