Como foi o processo de formação das primeiras cidades?

Geografia

É muito difícil precisar a origem das cidades na história da humanidade, mas é fato que existiram desde a Antiguidade. Filósofos gregos, como Platão e Aristóteles, já apresentavam em suas reflexões algumas preocupações com as cidades e o modo de vida de seus habitantes.

Para a geografia, o surgimento das cidades está vinculado às possibilidades de sobrevivência do homem fora do meio rural por meio da produção de excedentes alimentares (revolução neolítica).

Enquanto as sociedades humanas não aumentaram sua capacidade produtiva a ponto de conseguir produzir alimentos em quantidade suficiente para abastecer a população que vivia no campo e sustentar outra parcela fora dele, as cidades também pouco se desenvolveram.

Assim, surgiram, nas primeiras cidades, novas formas de organização social, visto que as atividades desenvolvidas eram completamente diferentes daquelas que predominavam no campo. Os excedentes eram transportados para as cidades e lá eram comercializados ou transformados em novos produtos, fazendo surgir novos grupos e relações sociais entre os seus habitantes e o meio rural.

As cidades mais antigas, segundo os arqueólogos, surgiram na Mesopotâmia, região do Crescente Fértil, na planície dos rios Tigre e Eufrates, atual Oriente Médio, por volta de 3500 a.C. e, pouco mais tarde, no vale do Nilo (Egito), vale do Indo (atual Paquistão), vale do Hoang Ho (China), na Grécia e, em Roma, entre 3000 e 1500 a.C.

Pesquisas arqueológicas feitas em Ur, na Mesopotâmia, confirmaram que, por volta de 2000 a.C, havia na cidade uma população de aproximadamente 34 mil habitantes.

Como foi o processo de formação das primeiras cidades?
Região da Mesopotâmia e vale do Nilo – as primeiras cidades da história

Já no continente americano, as civilizações pré-colombianas desenvolveram cidades bem mais tarde, por volta do primeiro milênio da era cristã. Teotihuacán (astecas), Machu Pichu (Incas) e Tikal (maias) são exemplos incontestáveis.

Estas primeiras cidades, tanto no Oriente como na América, tinham uma organização bastante peculiar, pois estavam montadas em torno de grandes lideres político-espirituais (teocracias), apresentavam um espaço bastan­te dividido entre as elites e o restante da população como artesãos e pequenos comerciantes e se sustentavam com a riqueza proveniente do campo.

Como foi o processo de formação das primeiras cidades?
Machu Picchu – cidade pré-colombiana construída nos Andes peruanos, que nunca foi encontrada pelos espanhóis.

Apesar da revolução agrícola ter possibilitado o aparecimento das primeiras cidades, a grande
maioria da população continuou vivendo no campo, pois o trabalho envolvia o uso de muita
mão de obra e um esforço redobrado para a sustentabilidade das sociedades. As cidades
funcionavam como centros de decisões politicas e de organização do trabalho no campo, bem como áreas de desenvolvimento cultural e religioso.

Na Idade Média, o processo de urbanização sofreu estagnação, pois o sistema de produção feudal estava voltado para a terra e tinha uma estrutura social estamental, imóvel, em que cada feudo procurava, dentro de suas relações de produção, autossustentar-se.

Somente no final da Idade Média, com a crise do sistema as cidades retomaram o seu crescimento e as que conseguiram sobreviver constituíram-se, no início da Idade Moderna, em novos centros comerciais (Renascimento comercial), como foi o caso de Genova, Marselha e Barcelona.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

Veja também:

  • O Processo de Urbanização
  • Hierarquia Urbana
  • Origem da Escrita
  • Metrópole, Megalópole, Megacidades e Cidades Globais

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O desenvolvimento da agricultura irrigada nas planícies dos grandes rios foi o fator econômico decisivo na fundação das primeiras cidades, no Oriente Próximo. O principal progresso técnico que a acompanhou foi a descoberta e uso do bronze (metal conseguido a partir da mistura do cobre e do estanho), que substituiu definitivamente a pedra na manufatura de todas as espécies de armas e ferramentas.

As primeiras cidades surgiram entre 3 500 e 3000 a. C., nos vales dos rios Nilo, no Egito e Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia; posteriormente, mais ou menos em 2 500 a.C., no vale do rio Indo, na Índia e por volta de 1 500 a. C., na China.

Agricultura, trabalho coletivo e cidade

As enchentes periódicas dos rios deixavam nas margens uma camada de húmus que favorecia a produtividade da terra. Entretanto, os rios que fertilizavam o solo e serviam de acesso às fontes de matérias primas precisavam ser drenados e controlados, o que demandava a cooperação entre os homens.

A abertura de canais de irrigação, a drenagem de pântanos, a construção de represas e poços eram obras que requeriam o trabalho coletivo da população de várias aldeias, para o melhor aproveitamento das águas. Exigiam também uma direção centralizada, capaz de dividir e racionalizar as tarefas.

A necessidade de centralização levou ao aparecimento da cidade, centro administrativo que reunia várias aldeias surgido em torno do templo do principal deus totêmico da comunidade. Nesse templo era armazenada a produção excedente das aldeias; à sua volta, viviam as pessoas que se dedicavam à administração, ao comércio e ao artesanato.

Entre os servidores do templo, destacavam-se os sacerdotes (herdeiros dos “feiticeiros” das aldeias neolíticas), intérpretes da vontade dos deuses, que acabavam por assumir a função de dirigentes das cidades. Exerciam tarefas de muita importância. Como a distribuição das águas e das sementes, a supervisão das colheitas e a armazenagem dos grãos, apropriando-se também de boa parte das terras e da produção dos  camponeses, como pagamento de impostos devidos aos deuses.

A Divisão do Trabalho, as desigualdades sociais, o Estado

Além do desenvolvimento da agricultura, com direção centralizada dos trabalhos coletivos de irrigação, outros fatores contribuíram para transformar as aldeias em cidades. As técnicas de trabalhar metais, ouro,  prata, bronze, se desenvolveram com rapidez, tornando-se profissões especializadas, como joalheiros e metalúrgicos.

A existência das primeiras cidades dependia também da possibilidade de se organizar o transporte eficaz de grandes quantidades de produtos e de matérias primas. Os habitantes das cidades precisavam receber com regularidade alimentos vindos dos campos ou de localidades distantes. Era indispensável ir buscar em florestas e montanhas, por vezes longínguas, madeira, metais e até pedra.
Essas necessidades levaram a um grande aperfeiçoamento dos meios de transporte e ao desenvolvimento do comércio.

As canoas primitivas foram sendo aperfeiçoadas, até se transformarem em autênticos navios, capazes de transportar artigos volumosos. A descoberta da vela aumentou o raio de ação dos navios. De igual significação foi o desenvolvimento dos transportes terrestres, com  a invenção da roda, da tração animal e também do arado de metal.

O comércio, de início, se processava por simples troca; depois, pelo uso do gado (pecúnia) como unidade de troca, ou por meio de artigos valiosos facilmente transportáveis, tais como os metais (cobre e posteriormente ouro e prata). O aparecimento de mercadores especializados deveu-se à necessidade de se adquirir produtos estrangeiros em regiões distantes, transformando essa atividade numa profissão.

O desenvolvimento do comércio e da vida urbana em geral tornou inevitável a invenção da escrita, dos processos de contagem, dos padrões de medida e do calendário, que foram sendo melhorados com o tempo.

Nas cidades, os cidadãos passaram a ser classificados de acordo com a sua função, incluindo os sacerdotes, os escribas, os mercadores, os artesãos, os soldados, os camponeses,  os escravos domésticos, os estrangeiros. A divisão do trabalho e as  desigualdades de riquezas entre os cidadãos criaram a necessidade de leis e de forças capazes de fazer cumprir as leis. A liderança natural do grupo, que nas aldeias era exercida pelos mais velhos e sábios, cedeu lugar ao governo de um só homem, geralmente o principal administrador do templo ou um grande chefe guerreiro, surgindo assim a cidade-Estado.

Por volta de 3 500 a.C., as cidades dos vales dos rios Nilo, Tigre e Eufrates já constituíam civilizações com governo centralizado nas mãos do rei e o trabalho baseado na servidão dos camponeses.

    Como era a formação das primeiras cidades?

    As primeiras cidades desenvolveram-se primariamente em torno de corpos de água doce, tais como rios e/ou lagos. Antigas civilizações observaram que vales fluviais de clima quente apresentavam várias ótimas condições para a criação de um assentamento permanente.

    Como foi a formação das cidades?

    Antigamente as pessoas se mudavam e, juntas, formavam uma vila ou povoado. Conforme esse vilarejo crescia, formavam-se as cidades. Esse desenvolvimento foi em decorrência das pessoas mudarem do campo para a cidade, em busca de melhores condições de vida.

    Como se deu a formação das primeiras cidades brasileiras?

    As primeiras cidades foram construídas por ordem do Rei de Portugal para defender o território do Império Português: ​Salvador (1549), ​São Sebastião do Rio de Janeiro (1565), ​Paraíba (1585), ​São Cristóvão (1590, em Sergipe), ​Natal (1599) e ​Belém (entre 1616 e 1628). , exceções feitas a São Luís (1612), fundada ...

    Quando é que surgiram as primeiras cidades?

    Embora as primeiras cidades tenham aparecido há mais de 3.500 anos a.C., o processo de urbanização moderno teve início no século XVIII, em conseqüência da Revolução Industrial, desencadeada inicialmente na Europa.