Um decreto editado por Jair Bolsonaro, publicado no Diário Oficial da União (DOU), retoma o Programa Brasil Alfabetizado e extingue a Medalha Paulo Freire. O prêmio era concedido a educadores ou instituições que se destacaram na luta pela erradicação do analfabetismo no Brasil.
Crédito: Divulgação/CapesBolsonaro extingue medalha em homenagem a Paulo Freire
Bolsonaro e bolsonaristas frequentemente atacam a imagem de Paulo Freire e questionam os seus métodos.
De acordo como o decreto, estados e municípios voltarão a receber auxílio financeiro e técnico do governo federal para alfabetização de jovens acima de 15 anos e adultos, mas a adesão é voluntária.
O Programa Brasil Alfabetizado estava parado desde 2016, segundo dados do próprio Ministério da Educação (MEC), e foi criado em 2003. O programa beneficiou aproximadamente 15 milhões de brasileiros.
Paulo Freire
A vida e a obra de Paulo Reglus Neves Freire foram marcadas por sua clara opção a favor dos oprimidos. Nascido em uma região pobre do país – Recife, Pernambuco, em 1921 – ele pôde, desde cedo, observar as dificuldades de sobrevivência das classes desfavorecidas. Talvez daí tenha vindo a sua indignação contra as injustiças e seu grande desejo: a transformação da sociedade que, segundo ele, devia ser menos autoritária, discriminatória e desigual.
Paulo Freire é considerado um dos mais importantes pensadores da história da pedagogia.
A sua prática na educação, ou sua práxis educativa, como ele preferia chamar, foi sempre coerente com o seu sonho de democracia, desde os tempos de professor de escola, até aqueles em que passou a criador de ideias e “métodos”, os quais assistiu serem reconhecidos e divulgados pelo mundo.
De acordo com a Google Scholar – ferramenta de pesquisa para literatura acadêmica –, o educador, pedagogo e filósofo brasileiro é o terceiro pensador mais citado do mundo em trabalhos acadêmicos de universidades de humanas.
A pesquisa, realizada pelo professor Elliot Green, indica que o brasileiro foi mencionado 72.359 vezes. O filósofo Thomas Kuhn está em primeiro lugar, com 81.311 citações, e logo em seguida o sociólogo Everett Rogers, com 72.780.
A obra de Freire, “Pedagogia do Oprimido”, está entre os 100 livros mais solicitados em universidades de língua inglesa pelo mundo, sendo a única brasileira a entrar na lista. O livro discute a contradição entre opressores e oprimidos e de como é necessário criar uma ação para solucionar essa oposição.
O teórico da educação, portanto, não é referência só no Brasil. É reconhecido internacionalmente e já foi homenageado com ao menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa por diversas universidades, além de ter recebido prêmios como, por exemplo, o Educação pela Paz da Unesco.
Ele morreu no dia 2 de maio de 1997, aos 75 anos, em São Paulo.
Publicidade Ao ser sabatinado na noite desta quinta-feira, 1, pelos apresentadores do telejornal RedeTV News, da RedeTV, Bolsonaro (PL) voltou a atacar o educador Paulo Freire, reconhecido mundialmente pela qualidade de seus métodos de ensino.
O nome de Freire já tinha incendiado as redes, quando Lula (PT) esteve no Jornal Nacional. A frase de Bolsonaro agora:
“Paulo Freire não levou o Brasil a lugar nenhum, tiramos uma fábrica de militantes do país. Combati na pandemia a campanha do ‘Fique em casa’ para alunos. Acabamos também com livros absurdos, ensinando crianças a fazer sexo. É ideologia de gênero… Já mudamos muita coisa. A garotada vai para escola aprender disciplinas, não para aprender a fazer sexo com seis anos de idade”.
Jair Bolsonaro critica "método Paulo Freire": “Não levou o Brasil a progresso nenhum. Viramos aqui uma fábrica de militantes” #SabatinaRedeTV #BolsonaroNaRedeTV pic.twitter.com/IPuTpLCjHR
— RedeTV! (@RedeTV) September 1, 2022
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