Quem é considerado o pai da medicina no trabalho?

Nesta quinta-feira, 18 de outubro, comemora-se aqui no Brasil o Dia do Médico, que teve essa data escolhida por também ser o Dia de São Lucas. Um dos santos mais influentes da Igreja Católica e autor de dois livros do Novo Testamento – o Evangelho que leva seu nome e o Ato dos Apóstolos –, São Lucas foi médico na região onde hoje se encontra a Síria e teria convivido com os seguidores de Jesus Cristo.

Outro nome importante para a medicina é o de Hipócrates, que ficou conhecido como o pai da medicina moderna. Seu juramento é entoado até hoje nas formaturas dos novos doutores; porém, tirando os médicos, pouca gente sabe exatamente quem foi esse cara e sua importância para a profissão.

Quem é considerado o pai da medicina no trabalho?
Hipócrates recusando os presentes de Artaxerxes (Hektoen International)

Nascido provavelmente no ano 460 a.C., na ilha grega de Cós, Hipócrates acabou se tornando uma lenda, já que sobre sua vida não se tem certeza de muita coisa porque poucos registros datam da época em que ele atuou como curandeiro. Sua primeira biografia foi escrita mais de 500 anos depois, pelo também médico Sorano de Éfeso, que se baseou em relatos que foram passados de geração em geração e em textos incluídos na coletânea Corpus Hippocraticum, que traziam diversas explicações médicas e religiosas para algumas enfermidades – ainda que a sua autoria não possa ser comprovadamente dada a Hipócrates.

Hipócrates: homem e lenda

Na Grécia Antiga, acreditava-se que a energia vital era uma obra dos deuses, por isso a medicina e a religião andavam muito interligadas. Hipócrates, porém, não se baseava apenas no plano espiritual para exercer a profissão, tendo sido um grande estudioso da medicina e da anatomia humana – primeiro através dos ensinamentos de seu pai, também médico, e depois pela vivência nas regiões onde hoje se encontram a Grécia, a Líbia e o Egito.

Quem é considerado o pai da medicina no trabalho?
Mural retratando Hipócrates e Galeno (Wikimedia Commons)

Ele era tão importante curandeiro que resolveu transmitir seu conhecimento aos dois filhos e criou uma importante escola de medicina na ilha de Cós, por volta do ano 400 a.C. O Corpus Hippocraticum, que é creditado a ele, é uma coleção com mais de 60 textos sobre a medicina, escritos provavelmente por contemporâneos de Hipócrates e até por ele próprio, tendo sido compilado 100 anos após sua morte e considerado um dos mais antigos livros sobre a profissão médica.

O Juramento de Hipócrates, que todo médico faz durante a formatura, se refere às práticas, à ética e à moral da profissão. O que muita gente não sabe é que provavelmente ele foi escrito por seguidores do grego após a sua morte, mas, como reproduzia informações contidas no Corpus Hippocraticum, acabou tendo sua autoria concedida a quem ficou conhecido como o “pai da medicina moderna”.

A medicina nos dias de hoje

“Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém”, diz um dos trechos do Juramento de Hipócrates. Hoje em dia, porém, a medicina passa por diversos problemas. Ainda que muito se tenha avançado em técnicas e conhecimentos desde a época do pai da medicina, o acesso universal e as condições de trabalho não são os melhores.

Quem é considerado o pai da medicina no trabalho?
Pai da Medicina (Uranium Wisdom)

No texto em que contamos a história do SUS, o Sistema Único de Saúde aqui do Brasil, elencamos alguns dos problemas enfrentados hoje em dia para o bom exercício da medicina no país. Infraestrutura precária, formação abaixo da qualidade, ausência de um plano de carreira estatal e falta de investimento em especialidades são algumas das reclamações apontadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Por conta disso, o CFM lançou um manifesto (que você pode ler na íntegra neste link) apontando os desafios que os novos governantes terão com o SUS a partir de 2019. E como o Dia do Médico acontece a 10 dias do segundo turno das eleições para presidente e governadores, fica a pergunta: você sabe as propostas do seu candidato para a saúde no Brasil? Elas estão de acordo com o que o país realmente precisa? Pense nisso!

Quem é considerado o pai da medicina no trabalho?
Bernardino Ramazzini

Apesar de seus 385 anos de idade – caso vivo estivesse – o médico italiano Bernardino Ramazzini seria muito bem-vindo entre nós, pois muito do que praticou e ensinou aos estudantes de Medicina de três universidades (Modena, Pádua e Veneza) e em seus excelentes textos, não é lembrado e nem praticado nos dias de hoje!

Nascido em Carpi, na Emilia-Romagna, em 4 de outubro de 1633, foi aos 19 anos para a Universidade de Parma, a fim de completar sua formação em Filosofia. Cursou posteriormente Medicina na mesma universidade, onde se graduou em 1659, portanto com pouco mais de 25 anos. Cabe lembrar que na Itália, desde o século XIII, os estudos filosóficos de três anos de duração antecediam, obrigatoriamente, a formação acadêmica e prática do médico.

Sentindo a necessidade de prosseguir seus estudos e ampliar sua experiência prática, Ramazzini fixou-se por alguns anos em Roma, onde, acompanhado de seu mestre Antonio Maria Rossi, trabalhou em diversos hospitais da cidade. Trabalhou, depois, em pequenas comunidades do Lácio. Retornando à Emilia-Romagna, Ramazzini estabeleceu-se como médico prático, em Modena, onde, a partir de 1671, exerceu a profissão em tempo integral, tendo adquirido grande reputação como médico e cientista interessado em temas de Física e áreas afins. A fase de sua vida em Modena vai de 1671 a 1700.

Na procura de cérebros privilegiados e brilhantes para formar os quadros da Universidade de Modena, o Duque Francesco II d’Este, em 1682, convidou

Ramazzini para lecionar na cadeira de Medicina Teórica, e depois de três anos, também na cátedra de Medicina Prática. Então com 49 anos, Ramazzini permaneceu lecionando por longos 19 anos. Foi este, seguramente, o tempo de vida profissional mais profícuo, época em que publicou regularmente inúmeras observações e estudos em vários campos da Medicina e de outras ciências, tanto na forma de artigos como na de livros.

Quem é considerado o pai da medicina no trabalho?
De Morbis Artificum Diatriba

Nesta época, ano acadêmico de 1690 a 1691, Ramazzini inicia no curso médico de Modena, suas aulas sobre a matéria que denominou De Morbis Artificum - as doençasdos trabalhadores. Suas observações e apontamentos de aula, mais tarde constituidores de seu “diatriba” - tratado - que intitulou De Morbis Artificum Diatriba, resultaram da amalgamação de uma sólida bagagem de erudição na literatura histórica, filosófica e médica disponível, com as observações colhidas em visitas a locais de trabalho e em entrevistas com trabalhadores.

Em 1700, ano da publicação em Modena, da primeira edição do De Morbis Artificum Diatriba, aceitou o convite da Universidade de Pádua, fundada em 1222, e que gozava de elevado prestígio na Europa, tendo se tornado, então, um dos maiores centros de ensino médico no mundo. Tinha, então, 67 anos. Em 1706, Ramazzini foi convidado a também lecionar, como “professor visitante”, na Universidade de Veneza, onde poderia ministrar seus cursos em qualquer época do ano.

Ramazzini não parou nunca de trabalhar, de aprender e de ensinar, tendo sido alcançado pela morte, na frente de seus alunos, discípulos e colegas, ao tentar vestir a beca para iniciar mais uma aula. Desfalecido, apoplético e já inconsciente, veio a falecer no mesmo dia, isto é, 5 de novembro de 1714, portanto com a idade de 81 anos, um mês, e um dia.

Destacam-se em sua rica vida e profícua obra algumas contribuições importantes para a História da Medicina, ou melhor, para a História da Saúde, com impacto sobre a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras.

Com efeito, como bem assinala George Rosen, Ramazzini estabeleceu ou insinuou alguns dos elementos básicos do conceito de Medicina Social. Estes incluem a necessidade do estudo das relações entre o estado de saúde de uma dada população e suas condições de vida, que são determinadas pela sua posição social; os fatores perniciosos que agem de uma forma particular ou com especial intensidade no grupo, por causa de sua posição social; e os elementos que exercem uma influência deletéria sobre a saúde e impedem o aperfeiçoamento do estado geral de bem-estar.

Ramazzini viveu, praticou e ensinou lições importantes, tais como a importância de atender bem, com dignidade e respeito, todos os trabalhadores, independentemente de sua condição social; o valor da pergunta básica que deveria ser obrigatória “qual a sua profissão?”; a importância da visita aos locais e trabalho; a importância do diálogo com o trabalhador; a abordagem e análise coletiva e comparativa - epidemiológica, portanto - segundo profissão (como proxy de ‘classe social’); as interfaces entre o mundo do trabalho e o meio ambiente vizinho, a saúde das comunidades nos entornos dos locais de trabalho; a ênfase na prevenção, entre outras lições.

Por isso ele é aqui, neste breve texto, o nosso ilustre convidado e homenageado! Apesar de seus 385 anos...

Quem é pai da Medicina do Trabalho?

No dia 4 de outubro, comemora-se o Dia da Medicina do Trabalho. A data é uma referência ao nascimento do médico italiano Bernardino Ramazzini (1633 -1714), que, em 1700, publicou o livro De Morbis Artificum Diatriba (As Doenças dos Trabalhadores, em versão traduzida para o português por Raimundo Estrela).

Quem é considerado o pai da Medicina no trabalho e por qual motivo isso aconteceu?

Bernardino Ramazzini, médico italiano nascido em Carpi, em 1633, é considerado o pai da Medicina do Trabalho (MT) pela contribuição do livro As Doenças dos Trabalhadores, publicado em 1700 e traduzido para o português pelo Dr. Raimundo Estrela.

Quem é o patrono da Medicina?

Hipócrates, que nasceu na Grécia, em Cós, ilha grega do Dodecaneso, em torno de 460 a.C. é, ainda hoje, considerado o "Pai da Medicina".

Quando e como surgiu a Medicina do Trabalho?

A Medicina do Trabalho surgiu na Inglaterra junto da Revolução Industrial, durante o século XIX. Com a exploração da mão de obra feita por processos desumanos, os trabalhadores das indústrias foram afetados por diversos tipos de doenças, o que exigiu intervenção médica dentro das empresas.