Qual é a relação entre a chegada dos europeus nas lavouras brasileiras no século 19 o processo de abolição da escravidão no Brasil?

O senador paulista Nicolau de Campos Vergueiro foi o primeiro fazendeiro a trazer imigrantes europeus para trabalhar na cafeicultura. Entre os anos de 1847 e 1857, levou para sua fazenda de Ibicaba, no interior de São Paulo, os primeiros grupos de alemães, suíços e belgas. (Cotrim, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, São Paulo: Saraiva, 2002.p, 389.)

O texto acima discutiu a questão da vinda de imigrantes para o Brasil. Assim sendo, cite e explique o principal motivo que levou os imigrantes europeus a virem para a América no século XIX.

Explique o que foi o sistema de parceria praticado pelos barões de café em relação aos imigrantes.

Sobre a Lei de terras criada em 1850 no Brasil é correto afirmar que:

a) Foi uma política criada pelo governo de Deodoro da Fonseca com o objetivo de realizar a Reforma Agrária no Brasil.

b) A lei de terras foi uma estratégia política da elite brasileira, em que a terra passou a ter valor de compra e de venda para impedir o monopólio de muitas terras nas mãos dos ricos fazendeiros.

c) Foi uma lei estabelecida pela elite brasileira, em que as terras passaram a ter valor de compra e de venda para impedir que trabalhadores assalariados tivessem acesso a elas e gerassem concorrência com os grandes fazendeiros.

d) Foi uma política reformista praticada pelo Imperador brasileiro D. Pedro I que decretou que as terras seriam adquiridas através da compra e não da posse ou da prática das sesmarias, como era feito durante o Brasil Colônia.

A entrada de imigrantes europeus no Brasil integrou uma política chamada de engenharia social. Sobre isso é correto dizer que:

a) Tentando copiar a sociedade europeia, os intelectuais brasileiros visavam ao embranquecimento do povo brasileiro através do processo de imigração.

b) A engenharia social fez parte da política de aumentar o processo de miscigenação do Brasil, valorizando a identidade afrodescendente da população.

c) A engenharia social foi uma estratégia de copiar a sociedade africana como o modelo ideal de civilização para a sociedade brasileira.

d) O objetivo de muitos intelectuais era de romper com o estereótipo de que no Brasil só havia escravos, índios e mulatos.

O século XIX foi marcado pela Revolução Industrial que provocou profundas mudanças no sistema de produção das fábricas. Uma dessas mudanças foi o uso de modernos maquinários na produção das mercadorias, o que contribuiu para alavancar a quantidade de produtos fabricados. Por outro lado, a maquinação do sistema fabril gerou altos índices de desemprego. Dessa forma, a alternativa encontrada pela camada de desempregados foi migrar para América em busca de melhores condições de vida.

Os fazendeiros em busca de mão de obra para as colheitas de café custeavam os gastos da passagem do imigrante europeu até o Brasil. Ao chegar à fazenda para trabalhar, o imigrante recebia um pedaço de terra para plantar, mas deveria dividir o lucro obtido na colheita com o fazendeiro. No decorrer da produção, os trabalhadores europeus compravam roupas, alimentos e remédios vendidos pelos donos das terras que cobravam as despesas ao final da colheita. Desse modo, o imigrante ficava endividado ao ponto de não receber nenhuma remuneração pelo trabalho realizado na fazenda, pois os barões do café cobravam preços exorbitantes sobre os produtos fornecidos e o lucro dos trabalhadores europeus não era suficiente para pagar as contas.

Letra C. A Lei de Terras criada em 1850 determinou que as terras fossem adquiridas por meio da compra e não mais por meio da posse como era feito até então.  É importante lembrar que nesse momento da história surgiram leis abolicionistas que promoveram o fim do comércio de escravos africanos para o Brasil. A alternativa encontrada foi a utilização do trabalho livre dos imigrantes europeus que vieram em grande quantidade para trabalhar nas lavouras de café. Os grandes fazendeiros receando que esses trabalhadores adquirissem terras e promovessem uma concorrência econômica, criaram estrategicamente a Lei de Terras. Ao atribuir alto valor às terras, somente os ricos latifundiários teriam condições de comprá-las.

Letra A.

A engenharia social com a vinda de imigrantes europeus foi uma estratégia dos intelectuais brasileiros de reproduzirem um modelo de sociedade parecido com o da Europa. A elite brasileira negava o caráter miscigenado da população, formada em grande parte por pessoas negras e mulatas que representavam o lado “negativo” do povo brasileiro. Desse modo, incentivando o fluxo imigratório, eles acreditavam que o Brasil passaria por um processo de “branqueamento”, aproximando-se mais do estilo social europeu.

Ouça este artigo:

A ideia de trazer braços europeus para mover o país já aparece no século XVIII quando Marquês de Pombal mandou alguns patrícios de Açores. Alguns anos depois, D João VI inicia a política de importação de mão-de-obra livre, autorizando em 1818, o estabelecimento de uma colônia de católicos suíços que promoveram a fundação de Nova Friburgo.

Foi, porém, na virada do século XIX para o século XX que ocorreu o ápice do fluxo migratório (maior fluxo imigratório já vivido pelo país). Isto se deu por uma conjunção de fatores internos e externos. A Europa vivenciava os desdobramentos da Revolução Industrial e suas consequências como: dispensa de mão-de-obra; explosão demográfica; facilitação dos meios de transporte e comunicação; agitações políticas. O Brasil, por outro lado, estava no auge da expansão da lavoura cafeeira no Sudeste.

No período imperial, parte do imigrantes formaram núcleos coloniais. Surgem novos núcleos como os alemães de Blumenau, Joinville, Santo Ângelo e São Lourenço. Os Italianos fundaram Bento Gonçalves, Caxias e Garibaldi. Na nova república os antigos barões do café estavam no poder e a imigração subvencionada pelo Estado voltou-se, quase que exclusivamente, para a grande lavora. Vencia, assim, o projeto de substituição da mão-de-obra escrava pela livre. Livre, mas com ressalvas: dependência às fazendas.

Embora tenha ocorrido a predominância de imigrantes no meio rural, alguns imigrantes foram parar nas grandes cidades ajudando a formar o operariado brasileiro, atuando em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo (90% dos trabalhadores industriais de São Paulo em 1901). Os centros urbanos, embora oferecessem precárias condições de sobrevivência no início do séc. XX, eram preferidos em relação às lavouras, principalmente por causa da mobilidade. Para os estrangeiros, a cidade era o lugar da oportunidade.

Fazendo o Brasil nas lavouras, fábricas, comércio e nas artes, milhares de homens e mulheres aprenderam a ser brasileiros, mas também de alguma forma se tornaram, por conta da saudade e do apego às tradições (ancestrais ou inventadas), mais italianos, portugueses, libaneses, espanhóis, japoneses.

Políticas de imigração

As políticas de imigração que se iniciaram no século XIX e que se mantiveram em certo grau no século XX relacionam-se diretamente com o projeto de ocupar as áreas fronteiriças do território brasileiro, como as localizadas ao sul e também com a crescente demanda de mão-de-obra na lavoura cafeeira. Por meio de debates governamentais e em obras ensaísticas e literárias, percebe-se a consolidação do branco como prioridade na escolha do tipo de indivíduo que era desejado e aceito na sociedade daquela época.

Inicialmente não era qualquer branco. Era o branco católico. Porém a questão religiosa foi paulatinamente deixada de lado, enquanto a racial permaneceu como elemento importante na escolha de quem seria estimulado a ingressar em território brasileiro. Embora chineses e africanos livres também tenham imigrado para o Brasil, as ideias intimamente ligadas a uma espécie de Evolucionismo Social se mantiveram forte.

O Evolucionismo/Darwinismo social propunha uma análise da sociedade e diversidade humana através das descobertas de Charles Darwin no campo da biologia. Acreditava-se assim que a sociedade humana se desenvolveu em estágios sucessivos e obrigatórios, numa trajetória unilinear e ascendente com a necessidade de todos os grupos humanos de atravessar as mesmas etapas de desenvolvimento. A partir disso classificava-se e julgava-se os povos se acordo com seu grau de evolução. Caberia aos povos mais evoluídos levar progresso aos mais primitivos. Esse pensamento justificou missões civilizatórias, políticas discriminatórias e constituiu o cerne para compreender o porquê da escolha do europeu como aquele que servia ao projeto de construção da nação brasileira. Ele seria o mais apto a construir uma nação branca, moderna e civilizada.

Embora tivesse certo consenso sobre quem deveria imigrar, não havia consenso sobre como imigrar, pois, as políticas imigrantistas eram sempre alvo de críticas e descontinuadas ao longo do tempo. Podemos apontar três formatos principais de política imigrantista:

  • Núcleos coloniais financiados e incentivados pelo governo que deveriam ser criados a partir da distribuição de lotes de terras para que os imigrantes fizessem uso da força de trabalho familiar;
  • Colônias de parceria que se dava através de iniciativas particulares, onde os imigrantes deveriam trabalhar na grande lavoura;
  • Subvenção de uma parte dos custos da vinda de imigrantes pelos governos para que diminuísse os gastos tanto dos colonos quanto dos fazendeiros. Esta solução foi adotada no período republicano no início do século XX com o financiamento através do governo federal.

De acordo com os historiadores, o incremento da política imigrantista ocorrida na segunda metade do século XIX relaciona-se diretamente com o processo de abolição da escravidão. Alguns apontam que um dos pontos cruciais para o estímulo do movimento abolicionista foi o interesse pela imigração. Alguns, ao contrário, veem a imigração como consequência do fim da escravidão. Emilia Viotti da Costa contemporiza essas interpretações apontando que a introdução de imigrantes nas áreas cafeicultoras se deu no momento que a interrupção do tráfico de escravos foi se tornando uma possibilidade real. Com isso, foi se formando um grupo que tinha interesse no estímulo da vinda de imigrantes que tinha como obstáculo, a permanência da escravidão.

A autora destaca ainda a diferença entre as regiões do Oeste Paulista e do Vale da Paraíba no que tange o estímulo à imigração e projeto abolicionista. Enquanto os fazendeiros do Vale da Paraíba, zona mais antiga de cafezal, estavam cheios de dívidas e encontravam dificuldade na atração de imigrantes, os cafeicultores do Oeste Paulista, zona mais nova, tinham mais recursos para investir em outras formas de mão-de obra. Assim, enquanto os primeiros se mostravam favoráveis a manutenção da escravidão, os demais eram simpáticos ao projeto imigrantista considerando a dificuldade de obtenção de mão-de-obra escrava.

Foram os conflitos e debates ocorridos ao longo do século XIX que possibilitaram a entrada maciça de imigrantes, Sergio Buarque de Holanda faz a ressalva, porém, de que é um equívoco historiográfico a atribuição da grande lavoura a um domínio imperial já que foi apenas durante a República Velha (1889-1930) que o Estado assumiu grande parte da subvenção do translados de imigrantes para as lavouras.

Leia também:

  • Imigração portuguesa no Brasil
  • Imigração açoriana no Brasil
  • Imigração italiana no Brasil
  • Imigração alemã no Brasil
  • Imigração japonesa no Brasil
  • Imigração polonesa no Brasil
  • Imigração libanesa no Brasil
  • Imigração holandesa no Brasil

Bibliografia:

Vainfas, Ronaldo (organizador) . Dicionário do Brasil imperial (1822-1889) / Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Revista Nossa História Ano 2/n°24 Editora Vera Cruz.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/imigracao-para-o-brasil-nos-seculos-xix-e-xx/

Qual é a relação entre a chegada dos europeus?

A chegada dos europeus nas lavouras brasileiras no século XIX significava sua contratação para o trabalho antes realizados pelos escravos, agora libertos e jogados a própria sorte graças a abolição da escravatura. Era considerado humilhante contratar um ex escravo.

Quais foram os imigrantes que vieram trabalhar em parceria com as lavouras?

A alternativa encontrada foi buscar trabalhadores em outros países, assim, milhares de italianos, suíços, alemães e japoneses vieram trabalhar nas fazendas de café, principalmente no Estado de São Paulo.

O que ocorreu em 1850 no Brasil que impulsionou a substituição da mão de obra escrava pelos imigrantes europeus?

Já com a expressa proibição do tráfico negreiro, em 1850, os grandes cafeicultores foram tendo enormes dificuldades para adquirir mão de obra capaz de suprir a sua demanda. Uma das primeiras alternativas lançadas para tal impasse foi o chamado tráfico interprovincial de escravos.

Quais as suas expectativas em relação às terras brasileiras?

Durante épocas diferentes o Brasil recebeu imigrantes de maneira geral tem a expectativa de melhorar de vida, como por exemplo, os Europeus que vieram pra trabalhar no colheira de café, pensavam em adquirir grandes terras e ficar ricos vendendo café para Europa ou os haitianos que vieram para o Brasil com a esperança ...