Qual a importância das memórias do passado para o nosso presente e para a construção do nosso futuro?

Momentos históricos como a Independência do Brasil possuem uma grande importância simbólica


Terça-Feira, 2 de Setembro de 2014

Foto: Natália Maiolini

Qual a importância das memórias do passado para o nosso presente e para a construção do nosso futuro?
Acadêmica do 6º termo de História da Unoeste, Marina Spolador demonstra interesse em compreender o passado

Comemorada em 7 de setembro, a Independência do Brasil tornou-se uma data histórica, vista como um momento de transição no país. Do ponto de vista historiográfico, o marco foi a coroação de um processo que já vinha em curso desde a chegada da família real portuguesa na colônia, relembra o professor de graduação e pós em História da Unoeste, Thiago Granja Belieiro. Para ele, as datas históricas vão além de um feriado, carregam uma importância simbólica muito grande.

 “O que aconteceu naquela data de 1822 foi apenas a transferência do poder do rei Dom João VI para seu filho Dom Pedro I, ou seja, continuou nas mãos da família real portuguesa. As estruturas econômica e política continuaram iguais, a dominação das classes altas ainda ocorria e a situação social do cidadão continuou a mesma”, explica.

 Entretanto, para o docente, é interessante pensar que os eventos históricos têm grande importância para a constituição da nação, da nacionalidade e do sentimento de pertencimento. O professor conta que, segundo o historiador francês François Hartog, a sociedade tem uma relação de “presentismo” com o tempo, como se não tivesse passado e não almejasse futuro. “Nesse sentido, a história passa a ter uma importância muito grande, porque dá aos indivíduos uma noção de como as coisas são hoje, além de servir para as pessoas lembrarem daquilo que esqueceram”.

 Belieiro diz que é interessante pensar sempre na relação que existe entre duas épocas distintas, quando o historiador busca no passado respostas para questões atuais e compreensão dos problemas presentes. Uma boa ponte é entre as atuais manifestações e as rebeliões realizadas um tempo depois da independência, no período regencial, quando Dom Pedro I foi embora e o país passou a ser governado pela elite local. “Entre tantos motivos, havia o desejo em comum de implantar uma república, ao passo que agora o anseio é de ter maior clareza no sistema político e melhorar essa república”.

 Na Unoeste – A universidade oferece graduação e pós-graduação em História. Com duração de seis semestres, a licenciatura estimula investigação e interpretação crítica dos acontecimentos em seus vários aspectos. Já a especialização em História, Sociedade e Cultura dura 15 meses e contribui com a formação continuada, por meio de leitura e produção de textos, pesquisa em documentos e objetos históricos.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste


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por Diácono Georges Bonneval

Muitas referências bíblicas destacam a importância da faculdade da memória como atividade central na vida do homem bíblico e do cristão.

O “esquecido”, na Escritura, é comparado ao preguiçoso ou ao ingrato. Este perdeu as suas referências para orientar o seu caminho no presente e, por isso, não tem mais esperança para o seu futuro.

O Deuteronômio, na Bíblia, é chamado “o Livro da memória de Israel” porque, de fato, contém precisamente as leis divinas dadas a Moisés, os dez mandamentos, o coração da fé de Israel, a aliança solene com Deus e os últimos discursos de Moisés… Não devíamos, também nós, exercitar a nossa memória pessoal dos benefícios e das palavras de Deus recebidas em nossas vidas?

“A eleição, a promessa e a aliança são como os pilares da memória cristã… Fazer memória do que o Senhor fez por nós, o muito bem que recebemos; olhar para a história: de onde viemos, os nossos pais, os nossos antepassados, o caminho da fé. Por outras palavras, ‘olhar para trás a fim de seguir em frente!’” (Homilia do Papa Francisco, do dia 17 de dezembro de 2016, na Capela Paulina do Vaticano, no aniversário dos seus 80 anos)

O fato de fazermos memória das circunstâncias, nas quais Deus se fez presente na nossa vida, reforça o caminho da fé. O próprio Jesus, no momento da última Ceia, deu-nos o Seu Corpo e o Seu Sangue, dizendo: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19). A Igreja chama, com exatidão, “Memorial”, o Sacramento da Eucaristia.

“Tornai-vos praticantes da Palavra e não simples ouvintes, enganando-vos a vós mesmos! Com efeito, aquele que ouve a Palavra e não a pratica, assemelha-se ao homem que, observando seu rosto no espelho, se limita a observar-se e vai-se embora, esquecendo-se logo da sua aparência.” (Tg 1,22-24)

A memória que guarda, conserva, medita a Palavra… é necessária para a sua aplicação. O exemplo mais belo, celebrado na Festa da Anunciação de Nosso Senhor, é-nos dado através da Virgem Maria.

“Maria, contudo, conservava cuidadosamente todos esses acontecimentos e os meditava em seu coração.” (Lc 2,19)

“Assim descreve Lucas a atitude com que Maria acolhe tudo aquilo que estava vivendo naqueles dias. Longe de querer compreender ou dominar a situação, Maria é a mulher que sabe conservar, isto é, proteger, guardar no seu coração a passagem de Deus na vida do seu povo. No seu seio, ela aprendeu a sentir a pulsação do coração do seu Filho, ainda Ele estava no seu ventre, ensinando-Lhe a descobrir, durante toda a vida, o palpitar de Deus na história.” (Papa Francisco, Homilia da missa de 01 de janeiro de 2017, S. Pedro, em Roma)

Retomemos e meditemos, nesse sentido, as palavras do Papa Francisco dirigidas aos jovens no Domingo de Ramos de 2017. Trata-se de um verdadeiro programa de preparação pessoal e comunitária para a JMJ de 2019.

“Na realidade, desejo que vós, jovens, possais caminhar, não só fazendo memória do passado, mas tendo também coragem no presente e esperança no futuro.”

“Maria ultrapassou há pouco a adolescência, como muitos de vós. E todavia, no Magnificat, dá voz ao louvor do seu povo, da sua história. Isto mostra-nos que ser jovem não significa estar desconectado do passado.

A nossa história pessoal insere-se em uma longa esteira, no caminho comunitário dos séculos que nos precederam. Como Maria, pertencemos a um povo. E a história da Igreja ensina-nos que, mesmo quando ela tem que atravessar mares agitados, a mão de Deus guia-a, fá-la superar momentos difíceis. A verdadeira experiência de Igreja não é como um flashmob em que se marca um encontro, faz-se uma representação e depois cada um continua pelo seu caminho. A Igreja traz consigo uma longa tradição, que se transmite de geração em geração, enriquecendo-se ao mesmo tempo com a experiência de cada indivíduo. Também a vossa história encontra o seu lugar dentro da história da Igreja.

Fazer memória do passado é útil também para acolher as intervenções inéditas que Deus quer realizar em nós e através de nós. E ajuda a abrir-nos para sermos escolhidos como seus instrumentos, colaboradores dos seus projetos salvíficos. Também vós, jovens, podereis fazer maravilhas, assumir responsabilidades enormes, se reconhecerdes a ação misericordiosa e onipotente de Deus na vossa vida.

Deixai-me fazer-vos algumas perguntas: Como é que ‘salvais’ na vossa memória os acontecimentos, as experiências da vossa vida? Que fazeis com os fatos e as imagens gravadas nas vossas recordações? A alguns, particularmente feridos pelas circunstâncias da vida, poderia vir a vontade de ‘resetar’ o seu passado, valer-se do direito ao esquecimento. Mas queria lembrar-vos que não há santo sem passado, nem pecador sem futuro. A pérola nasce de uma ferida da ostra! Com o Seu amor, Jesus pode curar os nossos corações, transformando as nossas feridas em verdadeiras pérolas. O Senhor, como dizia S. Paulo, pode manifestar a Sua força através das nossas fraquezas (cf. 2 Cor 12, 9).

Mas as nossas recordações não devem ficar todas comprimidas, como na memória de um disco rígido. Nem é possível arquivar tudo em uma “nuvem” virtual. É preciso aprender a fazer com que os fatos do passado se tornem realidade dinâmica, refletindo sobre ela e dela tirando lições e sentido para o nosso presente e futuro. Tarefa difícil, mas necessária, é descobrir o fio condutor do amor de Deus que une toda a nossa existência.

Muitos dizem que vós, jovens, sois desmemoriados e superficiais. Não concordo de maneira alguma! Mas é preciso reconhecer que, nestes nossos tempos, há necessidade de recuperar a capacidade de refletir sobre a própria vida e projetá-la para o futuro. Ter um passado não é o mesmo que ter uma história.

Na nossa vida, podemos ter tantas recordações, mas delas… quantas constroem verdadeiramente a nossa memória? Quantas são significativas para os nossos corações e ajudam a dar um sentido à nossa existência? Os rostos dos jovens, nas ‘redes sociais’, aparecem em muitas fotografias que contam acontecimentos mais ou menos reais, mas de tudo isso não sabemos quanto seja ‘história’, experiência que possa ser narrada, dotada de uma finalidade e de um sentido.

Os programas na TV estão cheios dos chamados ‘reality shows’, mas não são histórias reais; são apenas minutos que transcorrem diante de uma tv, nos quais os personagens passam o dia, sem um projeto. Não vos deixeis transviar por esta falsa imagem da realidade!

Sede protagonistas da vossa história, decidi o vosso futuro!

Como permanecer conectado, seguindo o exemplo de Maria?

Diz-se, de Maria, que guardava todas as coisas, meditando-as no seu coração (cf. Lc 2, 19.51). Com o seu exemplo, esta jovem simples de Nazaré ensina-nos a conservar a memória dos acontecimentos da vida, mas também a encaixá-los reconstruindo a unidade dos fragmentos que possam, juntos, compor um mosaico. Como podemos exercitar-nos concretamente neste sentido? Dou-vos algumas sugestões:

- No fim de cada dia, podemos deter-nos alguns minutos lembrando os momentos belos, os desafios, o que correu bem e o que correu mal. Assim, diante de Deus e de nós mesmos, podemos manifestar os sentimentos de gratidão, arrependimento e entrega, inclusivamente

– se quiserdes – anotando-os em um caderno, uma espécie de diário espiritual. Isto significa rezar na vida, com a vida e sobre a vida, e ajudar-vos-á certamente a perceber melhor as maravilhas que o Senhor faz em favor de cada um de vós. Como dizia Sto. Agostinho, ‘podemos encontrar Deus nos vastos campos da nossa memória’. (cf. Confissões, Livro X, 8, 12)

- Ao ler o Magnificat, damo-nos conta do grande conhecimento que Maria tinha da Palavra de Deus. Cada versículo deste cântico tem um texto paralelo no Antigo Testamento. A jovem mãe de Jesus conhecia bem as orações do seu povo. Certamente foram os seus pais, os seus avós que lhes ensinaram. Como é importante a transmissão da fé de uma geração à outra! Há um tesouro escondido nas orações que nos ensinam os nossos antepassados, naquela espiritualidade vivida na cultura dos simples a que chamamos piedade popular. Maria reúne o patrimônio de fé do seu povo e recompõe-no em um cântico todo seu, mas que é ao mesmo tempo cântico da Igreja inteira. E toda a Igreja o canta com Ela. Para que também vós, jovens, possais cantar um Magnificat todo vosso e fazer da vossa vida um dom para a humanidade inteira, é fundamental que vos unais à tradição histórica e à oração daqueles que vos precederam. Daí a importância de conhecer bem a Bíblia, a Palavra de Deus, de a ler diariamente confrontando a vossa vida com ela, lendo os acontecimentos diários à luz daquilo que o Senhor vos diz nas Sagradas Escrituras.

- Na oração e na leitura orante da Bíblia (a chamada Lectio Divina), Jesus abrasará os vossos corações, iluminará os vossos passos, mesmo nos momentos sombrios da vossa existência. (cf. Lc 24, 13-35)

- Maria ensina-nos também a viver em uma atitude eucarística, ou seja, a dar graças, a cultivar o louvor, a não fixar-nos apenas nos problemas e dificuldades. Na dinâmica da vida, as súplicas de hoje tornar-se-ão motivos de agradecimento amanhã. Assim, a vossa participação na Santa Missa e os momentos em que celebrarem o sacramento da Reconciliação serão, simultaneamente, ápice e ponto de partida: as vossas vidas renovar-se-ão cada dia no perdão, tornando-se louvor perene ao Todo-poderoso. ‘Fiai-vos na recordação de Deus: a sua memória (…) é um coração terno e rico de compaixão, que se alegra em eliminar definitivamente todos os nossos vestígios de mal’.

- Vimos que o Magnificat brota do coração de Maria no momento em que ela encontra a sua prima idosa Isabel. Esta, com a sua fé, o seu olhar perspicaz e as suas palavras, ajuda a Virgem a compreender melhor a grandeza da ação de Deus Nela, da missão que Lhe foi confiada. E vós, estais cientes da fonte extraordinária de riqueza que é o encontro entre os jovens e os idosos?

- Quanta importância dais aos idosos, aos vossos avós? Aspirais, justamente, a ‘levantar voo’, levais no coração muitos sonhos, mas precisais da sabedoria e da visão dos idosos.

- Ao mesmo tempo que abris as asas ao vento, é importante descobrirdes as vossas raízes e recolherdes o testemunho das pessoas que vos precederam. Para construir um futuro que tenha sentido, é preciso conhecer os acontecimentos passados e tomar posição sobre eles (cf. Exort. ap. pós-sinodal Amoris Laetitia, 191 e 193). Vós, jovens, tendes a força; os idosos têm a memória e a sabedoria. Como Maria com Isabel, ponde os vossos olhos nos idosos, nos vossos avós. Dir-vos-ão coisas que apaixonarão a vossa mente e comoverão o vosso coração.

- Fidelidade criativa para construir tempos novos

- É verdade que ainda poucos anos passaram por vós e, por isso, podeis sentir dificuldade em dar o devido valor à tradição. Fixai bem que isto não significa ser tradicionalistas. Não! Quando Maria diz, no Evangelho, ‘o Todo-poderoso fez em Mim maravilhas’, Ela entende que aquelas ‘maravilhas’ não acabaram, mas continuam a realizar-se no presente. Não se trata de um passado remoto.

- Saber fazer memória do passado não significa ser nostálgicos ou ficar presos a um período determinado da história, mas saber reconhecer as próprias origens, para voltar sempre ao essencial e lançar-se com fidelidade criativa na construção de tempos novos. Seria um mal e não beneficiaria ninguém cultivar uma memória paralisante, que levasse a fazer sempre as mesmas coisas da mesma maneira. É um dom do céu poder ver que muitos de vós, com as vossas dúvidas, sonhos e perguntas, vos opondes àqueles que dizem que as coisas não podem ser diferentes.

- Uma sociedade que valoriza apenas o presente, tende também a desvalorizar tudo aquilo que se herda do passado, como, por exemplo, as instituições do matrimônio, da vida consagrada, da missão sacerdotal. Estas acabam por ser vistas como sem sentido, como formas ultrapassadas. Pensa-se viver melhor em situações chamadas ‘abertas’, comportando-se na vida como em um reality show, sem propósito nem finalidade. Não vos deixeis enganar!

- Deus veio ampliar os horizontes da nossa vida, em todas as direções. Ele ajuda-nos a dar o devido valor ao passado, para melhor projetar um futuro de felicidade: mas isto só é possível, se se viverem experiências autênticas de amor, que se concretizam na descoberta da vocação do Senhor e na adesão a ela. E isto é a única coisa que nos torna verdadeiramente felizes.

S. Martinho de Porres, um dos Santos padroeiros da América Latina e da JMJ 2019, tinha o costume, no seu serviço humilde de cada dia, de oferecer as melhores flores a Maria como sinal do seu amor filial. Cultivai também vós, como ele, uma relação de confidência e amizade com Nossa Senhora, confiando-Lhe as vossas alegrias, problemas e preocupações. Garanto-vos que não vos arrependereis!

A jovem de Nazaré, que em todo o mundo assumiu mil rostos e nomes para Se tornar vizinha aos seus filhos, interceda por cada um de nós e nos ajude a cantar as maravilhas que o Senhor realiza em nós e através de nós.”

(Extrato da Mensagem do Papa de 9 de abril de 2017, para a JMJ 2017, na Festa do Domingo de Ramos, em Roma)

Qual a importância do passado para o presente?

Usar do passado para entender o presente é muito importante, porque é através das histórias do passado que podemos aprender mais sobre nós mesmos, sejam elas as histórias de nossos pais, da nossa infância ou a História da nossa região.

Qual a importância da memória para a construção da história?

Nesta perspectiva, pode-se afirmar que a memória, por conservar certas informações, contribui para que o passado não seja totalmente esquecido, pois ela acaba por capacitar o homem a atualizar impressões ou informações passadas, fazendo com que a história se eternize na consciência humana (LE GOFF, 2013, p. 387).

Por que é importante preservar as memórias do passado?

Conforme mencionado na pesquisa, de acordo com Le Goff (2003), a memória por conservar certas informações, contribui para que o passado não seja completamente esquecido. O passado é capaz de trazer identidade e sentido, é como olhar a Praça da Sé, e não compreender sua importância para nossa cidade.

Qual é a importância da memória para a sociedade?

“Ela desempenha papel fundamental para nossa qualidade de vida, pois é a condição primordial ao aprendizado. A capacidade de evocar esses conteúdos condiciona nossa adaptação ao mundo, nossos relacionamentos sociais, o planejamento e a tomada de decisões.