Qual a concepção geográfica de Ratzel?

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Qual a concepção geográfica de Ratzel?

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Teoria e Métodos 
em Geografia – 
O pensamento 
geográfico
As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Vivian Fiori
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
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A leitura do material teórico e o desenvolvimento das atividades são fundamentais para o 
acompanhamento do conteúdo a ser desenvolvido.
Assim, para que os exemplos e discussões teóricas fiquem mais claros, leia o material 
complementar e realize as atividades propostas, que enunciam as características das obras 
dos autores aqui tratados, suas concepções e métodos. 
Nesta Unidade é essencial perceber o contexto da produção teórica de Ratzel, Vidal de La 
Blache e Reclus, assim como o período em que viveram, seus postulados teóricos sobre os 
estudos geográficos, a questão do método, entre outras características.
Desse modo, identificar as características de cada um desses nomes, os discursos existentes 
e contextualizar o período em que esses viveram são procedimentos importantes em um 
estudo geográfico.
Analisar as concepções e teorias elaboradas por Ratzel e La Blache. 
Contextualizar o período da produção desses autores.
As concepções geográficas de Ratzel e 
Vidal de La Blache
 · Ratzel
 · Ratzel e o determinismo geográfico
 · Paul Vidal de La Blache
 · tópico de unidade 4
 · Élisée Reclus: um autor sem escola?
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Unidade: As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache
Contextualização
Leia atentamente o seguinte texto:
Ratzel pode ser legitimamente considerado como o iniciador da Geografia 
política, pelo menos tal como ela passou a ser entendida desde o ocaso do século 
XIX, por três motivos principais. Em primeiro lugar, Ratzel foi o organizador ou 
sistematizador de um conjunto de temas e conceitos que, a partir dele, passaram 
a ser o conteúdo inquestionável de qualquer obra de Geografia política, inclusive 
daquelas elaboradas pelos seus críticos. Na verdade ele construiu um novo 
campo de estudos, definindo seus “objetos”, ou, em outras palavras, seus temas 
e conceitos fundamentais: as relações da política com o espaço geográfico, nas 
quais despontam o estudo do território (seu tamanho e formato, sua expansão ou 
retração, sua localização absoluta e relativa), das fronteiras com a sua tipologia, 
das cidades-capitais (sua localização no território nacional, sua importância), 
da política geográfica ou territorial, da circulação pelo território, da importância 
do “solo” [território] na constituição e na evolução dos Estados, do significado 
de “grandes potências” ou Estados mundialmente poderosos, da colonização e 
da guerra enquanto conquista ou domínio territorial. Qual é, afinal, a estrutura 
conceitual dessa mencionada obra seminal de Ratzel? O livro foi dividido em 
seis seções, cada uma delas contendo alguns capítulos, cujo total é dezenove. 
A primeira seção aborda as relações entre o Estado e o solo [território], 
argumentando que não existe um poder político abstrato, independente do seu 
espaço geográfico, e chegando até o conceito de soberania, indissociavelmente 
ligado a – ou se exercendo em – um território delimitado por fronteiras. Um 
importante conceito que o autor desenvolve é o de política territorial: “Podemos 
encontrar em todos os momentos da história a diferença essencial entre uma 
política territorial ou geográfica e uma outra por assim dizer geral ou estritamente 
política” (RATZEL, 1988, p. 40). A segunda seção da obra trata do movimento 
histórico e o crescimento dos Estados, tematizando as grandes migrações e a 
mobilidade espacial dos povos, os movimentos históricos e as transformações 
do Estado, a guerra, os valores político-geográficos, a conquista e a colonização. 
Cabe assinalar que por vezes se menciona o grande teórico germânico da guerra 
Karl Von Clausewitz. 
No entanto, Ratzel entendia a guerra não tanto como um confronto entre 
diferentes sociedades, tal como Clausewitz, e sim como uma disputa territorial: 
“[Ela] representa, do ponto de vista geográfico, um movimento potente, brusco 
e violento, no qual importantes massas humanas de um país penetram num 
outro país [...] O primeiro objetivo da guerra é sempre o de penetrar no território 
do inimigo” (RATZEL, 1988, p. 90-p1) (VESENTINI, 2010). 
As obras de Friedrich Ratzel (1844-1904) são consideradas importantes à fundação da 
moderna Geografia política, relacionando as disputas territoriais às necessidades naturais dos 
povos de se fixarem e com esse ter uma profunda relação de existência. 
Alguns definem o autor como ideólogo do discurso alemão e da Alemanha unificada; outros 
dizem que era um determinista, expressão cunhada por Lucien Febvre, mas sobre isso há 
diversas controvérsias.
Para compreender um pouco mais o contexto no qual foram produzidas as obras de 
Ratzel e seu discurso, leia o material teórico desta Unidade e compare esse geógrafo aos seus 
contemporâneos Vidal de La Blache e Reclus. 
VESENTINI, José William. Repensando a geografia política. Um breve histórico crítico e a revisão de uma polêmica atual. Revista do 
Departamento de Geografia, v. 20, p. 127-142, 2010.
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Ratzel 
Parte da história e produção de Friedrich Ratzel (1844-1904) tem relação com a história da 
Alemanha, por isso iniciaremos comentando alguns aspectos da formação do Estado alemão. 
A Alemanha formou-se como Estado em 1871 (Figura 1) e tinha na questão de território 
e formação do Estado temáticas importantes. Talvez por isso a Geografia tenha encontrado 
condições para se desenvolver como Ciência nesse país. 
A Geografia formulada por Ratzel representava os interesses expansionistas da Alemanha, 
bem como sua formação em Estado. Uma nação que se formou na Europa tardiamente, quando 
a partilha dos continentes já havia acontecido, principalmente pela Inglaterra e França. Essa 
geografia produzida pelo autor tinha apoio do governo que a legitimava.
Historicamente, durante a Idade Média e mesmo depois, na Idade Moderna, a região onde 
hoje está a Alemanha era dividida em principados, bispados, ducados, reinados etc., formando o 
Sacro Império Romano Germânico. Eram unidades políticas autônomas, resquícios do período 
da Idade Média nos quais havia o feudalismo na Europa.
Para se ter uma ideia, em 1648, por exemplo, a região onde atualmente se encontra 
a Alemanha estava dividida em 234 diferentes unidades territoriais, 51 cidades livres, entre 
outras unidades menores de ordens e cavaleiros. Em 1818, próximo ao período da unificação, 
foi criada a Confederação Germânica e próximo à unificação havia cerca de trinta unidades, 
sendo que a Prússia era a principal unidade política (Figura 1), não apenas pela sua dimensão 
territorial, mas principalmente pelo seu poderio econômico e militar. 
Figura 1 – Mapa da Alemanha em 1871.
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Unidade: As concepções geográficas de Ratzel e Vidal de La Blache
A formação do Estado alemão ocorreu em torno do reinado da Prússia, que tinha uma 
história de disputas territoriais com a Áustria e a França. Com a Áustria a Prússia disputou 
o poder em relação a quem lideraria o processo de unificação, já que ambas as unidades 
compartilhavam o mesmo idioma – alemão – e faziam parte da Confederação Germânica. 
Com a França a Prússia disputou a Alsácia e Lorena, essa uma região produtora de minerais 
que interessava a ambos os lados. 
Desse modo, território, geopolítica e Estado foram temáticas de parte da obra de Ratzel que, 
além de geógrafo, também foi jornalista e viajou pelos EUA, México e, principalmente, pela 
Europa, experiências a partir das quais também lhe fizeram discutir questões sobre migrações, 
povoamentos, colonizações e a elaborar uma obra denominada Antropogeografia: fundamentos 
da aplicação da Geografia à História, que publicou em 1882.
O discurso de Ratzel veio legitimar as ações e interesses da nascente Alemanha. Sua 
Geografia privilegiou o homem, estudando questões sobre a formação de territórios, migrações, 
colonizações,

O que é geografia para Ratzel?

A Ratzel deve-se a ênfase dos estudos geográficos sobre o homem. Entretanto, a teoria ratzeliana via o ser humano a partir do ponto de vista biológico (não social) e que, portanto, não poderia ser visto fora das relações de causa e efeito que determinam as condições de vida no meio ambiente.

Como Ratzel dividiu a geografia?

Internamente, Ratzel dividiu a Geografia em três grandes campos de pesquisa: Geografia Física, a Biogeografia e a Antropogeografia.

Qual foi a contribuição de Friedrich Ratzel para a geografia?

Ratzel é certamente um dos principais expoentes da geografia moderna. Suas contribuições para o desenvolvimento dessa ciência são incontestáveis, pois o mesmo é considerado por muitos, o fundador da geografia humana (Antropogeografia) e também da geografia política.