Quais os principais fatores que levaram o processo de descolonização da África?

Graduada em História (Udesc, 2010)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)

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O século XX foi marcado por movimentos, revoltas e acontecimentos. No continente africano foi o tempo das independências, que caminharam juntas à Guerra Fria, quando União Soviética e Estados Unidos polarizaram o mundo e, no contexto africano, foram decisivas com suas posições – por diferentes motivos – contrárias ao colonialismo. As duas superpotências mundiais foram fundamentais na difusão do anticolonialismo e no apoio às jovens nações de África.

Os processos de independência ocorreram de variadas formas. Seja por meio de conflitos violentos ou pela via da das negociações com as metrópoles, os africanos estiveram em busca de emancipação.

As primeiras independências se deram na chamada África Mediterrânica, quando já no início do século XX o Egito conquista sua independência da Inglaterra em 1922, antes mesmo da Guerra Fria e suas consequências. A Etiópia, já independente no século XIX, volta a ser colonizada pela presença italiana, libertando-se novamente em 1941. Já a Líbia conquista sua emancipação em 1952, enquanto Madagascar, em disputa contra a França, viu sua luta chegar ao fim em 1947.

Num tempo próximo Tunísia e Marrocos libertam-se dos franceses em 1956. Já a Argélia forma a Frente de Libertação Nacional, movimento que investia em guerrilhas contra o colonialismo francês desde 1954, e tem sua independência declarada em 1962.

Neste cenário a Conferência de Bandung, em 1956 é fundamental, pois reuniu diversos países africanos que se posicionaram criticamente em relação ao colonialismo.

Os processos de independência na Costa do Ouro foram marcados por protestos pacíficos e em 1957 o governo britânico reconhece sua independência, quando o país passa a adotar o nome de Gana.

O ano de 1960 ficou marcado como Ano Africano pois um número expressivo de países conquistou sua independência do colonialismo francês e inglês, especialmente por meio de oposições pacíficas. Foi o caso de Camarões, Costa do Marfim, Benin, Burkina Faso, Níger, Mali, Somália, Nigéria, Mauritânia e Gabão. Nos anos seguintes Serra Leoa, Tanzânia, Quênia, Gambia, Ruanda e Uganda tiveram suas independências decretadas.

Entretanto, não só de oposição pacífica os processos de independência em África foram marcados. Houve um grande número de oposições armadas e conflitos violentos. É o caso da Nigéria, cuja trajetória no século XX representa a dificuldade em estabelecer um Estado livre. Nos primeiros anos da República Nigeriana muitos foram os casos de assassinato e guerra, ocorridos por divergências internas e movimentos separatistas.

O caso do Congo também é emblemático e seu processo de independência bastante conturbado. O Movimento Nacional Congolês já buscava pela emancipação desde 1958. Sua independência aconteceu em 1960 com a formação de um estado republicano e parlamentarista. Mas, pouco tempo depois, o Congo sofre um golpe militar, apoiado por nações como Bélgica, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos, e seu primeiro ministro foi torturado e morto.

Já o governo português foi o que mais apresentou resistência aos processos de independência de suas colônias africanas, especialmente por conta da ditadura Salazarista (1932 – 1974) e sua posição conservadora em relação ao colonialismo. Mesmo assim enfrentou resistência em suas colônias, com movimentos contundentes pelas independências em Angola, em Moçambique, na Guiné e em Cabo Verde.

Nas colônias portuguesas o processo de emancipação foi violento e cruel. Mais de cem mil soldados foram enviados para África e os pedidos pela independência ganharam força nos protestos. A descolonização da África foi pauta também da Revolução dos Cravos (1974).

Diversas foram as formas de conquista de emancipação por parte das colônias africanas. Seja por meio de luta armada ou da resistência pacífica foi somente no século XX que o continente africano garantiu a formação de suas nações e se viu livre dos colonizadores europeus.

Referência:

MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2013.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/descolonizacao-da-africa/

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Quais os principais fatores que levaram o processo de descolonização da África?

A África em 1913 e os Limites Internacionais atuais:

  Alemã

  Belga

  Espanhola

  Francesa

  Britânica

  Italiana

  Portuguesa

Quando, no final da Idade Média, a partir dos séculos XV/XVI, alguns Estados da Europa, assolados pela peste bubônica e guerras internas, começaram a estabelecer relações comerciais com a África, encontraram aí Reinos e Estados que tinham avançada organização política, alguns eram de feição árabe e berbere ou islamizados, no norte e ocidente daquele continente, e que eram habitados por populações negras pertencentes a uma variedade de grupos, principalmente ao Sul do Saara, com a importante excepção do império cristão da Etiópia. Os primeiros contactos com estes povos em geral não foram imediatamente de invasão e ocupação para dominação, mas de carácter comercial. No entanto, os conflitos originados pela competição entre as várias potências europeias levaram no século XIX à invasão e ocupação para dominação, ao saque e à destruição de reinos, processo este que culminou com a partilha do Continente Africano pelos estados europeus mercantilistas na Conferência de Berlim, em 1885.

No entanto, as duas grandes guerras que fustigaram a Europa durante a primeira metade do século XX deixaram aqueles países sem condições para manterem um domínio económico e militar nas suas colónias. Estes problemas, associados a um movimento independentista que tomou uma forma mais organizada na Conferência de Bandung, levou as antigas potências coloniais a negociarem a independência das colónias. Apesar da união entre os territórios africanos, firmada na Conferência dos Povos da África, realizada na cidade de Acra (capital do Gana, primeira colónia que se tornou independente), a independência de alguns países, como a Argélia, a República Democrática do Congo e as então colónias portuguesas Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, somente foi alcançada após guerras revolucionárias e desgastantes conflitos que se estenderam até a década 70 e 80. A luta pela independência dos Países africanos foram o início da Revolução Africana.

Independência das colónias francesas[editar | editar código-fonte]

Quais os principais fatores que levaram o processo de descolonização da África?

Independência africana...

Quais os principais fatores que levaram o processo de descolonização da África?

A seguir à Segunda Guerra Mundial a França, que já se encontrava a braços com insurreição na Argélia e na Indochina e depois de já ter perdido Marrocos e a Tunísia, em 1956, como resultado de movimentos independentistas aos quais foi obrigada a ceder, tentou em Setembro de 1958, através de um referendo uma manobra de dar uma “autonomia” às suas colónias, que continuariam a fazer parte da “Comunidade Francesa”.

Com exceção da Guiné, que votou pela independência imediata, a Costa do Marfim, o Níger, o Alto Volta e o Daomé decidiram formar a “União Sahel-Benin” e, mais tarde, o “Conselho do Entendimento”, enquanto o Senegal se unia ao “Sudão Francês” para formar a “Federação do Mali”. Estas uniões não duraram muito tempo e a França, em 1960, reconheceu a independência da maioria das sua colónias africanas.

A Independência em Djibouti[editar | editar código-fonte]

Djibouti foi uma das colónias francesas que decidiu, em 1958, manter-se na “Comunidade Francesa”, mas, devido a problemas de governação, a população local começou a manifestar-se a favor da independência. Depois de um novo referendo, em 1977, o Djibouti tornou-se finalmente um país independente. Nas Comores, a história foi semelhante, mas com uma declaração unilateral de independência, em 1975, que foi reconhecida no mesmo ano, mas que não abrangeu a ilha Mayotte, onde a população votou por manter-se como um território francês.

A ilha da Reunião é igualmente um departamento francês, governando, para além da ilha principal, várias outras ilhas que são reclamadas por Madagáscar e Maurícia.

A Independência da Argélia[editar | editar código-fonte]

A Argélia, ocupada pelos franceses desde o século XIX, faz parte da Região do Maghreb, entre o deserto do Saara e o Mar Mediterrâneo.

Enquanto na Tunísia e no Marrocos a independência foi relativamente tranquila, na Argélia, argelinos e franceses estiveram envolvidos em um conflito, após diversos movimentos fracassados contra a ocupação francesa, que ocorriam desde a década de 1940 do século XX. Os movimentos aumentaram após a Segunda Guerra Mundial, e foram reprimidos pelas forças militares francesas. Em 1954, eclodiu a sangrenta guerra que só terminou oito anos depois, com a declaração de independência da Argélia.

Independência das colónias italianas[editar | editar código-fonte]

A Itália foi o último país europeu a chegar ao continente africano e também o primeiro a retirar-se.

As únicas colónias italianas em África foram a Líbia, Eritreia e parte da Somália. A Líbia tornou-se independente em 1951 e a Somália Italiana em 1960. No mesmo dia, a antiga Somália Italiana uniu-se à Somália Britânica para dar origem ao que é hoje a República de Somália.

Além dessas colónias, a Itália invadiu o atual território da Etiópia em 1936. Depois da invasão, a Etiópia perdeu sua independência para a Itália e logo foi incorporada à África Oriental Italiana. Cinco anos depois, em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, a Etiópia reconquistaria sua independência, junto com a Eritreia, que em 1993 separou-se da Etiópia e antiga África Oriental Italiana (Etiópia) foi dividida em Eritreia e Etiópia. Isto permanece até hoje.

Efetivamente, a independência das ex-colónias italianas processou-se logo no início do pós-guerra, tendo a ONU um papel importante nesse cenário.

Independência das colónias portuguesas[editar | editar código-fonte]

A independência das colónias portuguesas em África iniciou-se em 1973 com a declaração unilateral da República da Guiné-Bissau, que foi reconhecida pela comunidade internacional, mas não pela potência colonizadora. As Revoluções nas restantes colónias portuguesas levaram à independência em 1975, e também estão na base da Revolução dos Cravos.[1]

Algumas pessoas, tanto em Portugal, como nas suas ex-colónias de África, consideram que o processo de descolonização foi mal conduzido. Um dos argumentos é o fato de não terem sido incluídos nos acordos que levaram à independência das colónias garantias sobre os direitos dos residentes (muito preponderantemente portugueses e seus descendentes) que ali viviam e que viriam a escolher a nacionalidade portuguesa. Esses críticos explicam por essa razão o êxodo da grande maioria dos portugueses em 1974/1975. [carece de fontes] No entanto, os problemas que viveram, a seguir independências principalmente de Angola e Moçambique, são geralmente atribuídos a questões de governação. [carece de fontes]

Independência das colónias espanholas[editar | editar código-fonte]

História da descolonização
da África
História da África
Descolonização britânica
Descolonização espanhola
Descolonização portuguesa
Descolonização francesa
Cronologia

A Espanha colonizou o que corresponde hoje ao atual norte do Marrocos, a Guiné Equatorial e a Saara Ocidental.

O Marrocos atual tornou-se independente em 7 de abril de 1956. O restante do Marrocos foi colónia francesa e se tornou independente em 2 de março de 1956. O Marrocos atual surgiu em 1956, quando os dois protetorados se uniram.

A Guiné Equatorial tornou-se independente da Espanha em 1968.

O atual território da Saara Ocidental se tornou independente em 27 de fevereiro de 1976. Porém, a sua independência não foi e ainda não é reconhecida pela ONU. Apenas 60 países reconheceram sua independência: o primeiro estado foi Madagascar em 28 de fevereiro de 1976 e o último foi a África do Sul.

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Partilha de África
  • Descolonização

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Davila, 2011. Capítulo 7

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Davila, Jerry. Hotel Trópico - o Brasil e o Desafio da Descolonização Africana, 1950-1980. Ed. Paz & Terra, 2011. ISBN 9788577531790
  • Dietmar Rothermund, The Routledge Companion to Decolonization, Arlington & Nova Iorque: Routledge, 2005

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • DAVIS JR, R. Hunt. Encyclopedia of African History and Culture. Vol IV - The Colonial Era (1850 to 1960)

Quais foram os principais fatores que levaram a descolonização da África?

Um dos fatos que mais favoreceu o processo de descolonização da África foi sem dúvida a Segunda Guerra Mundial que ocorreu na Europa entre 1939 e 1945. Como esse conflito armado que aconteceu no continente europeu o mesmo sofreu com a destruição e o declínio econômico.

Quais foram as principais causas para o início do processo de descolonização da África e da Ásia?

A independência do continente asiático se deu por duas causas: o enfraquecimento das nações europeias após a Segunda Guerra Mundial e a eclosão de movimentos de luta pela independência. O processo de descolonização asiático contou com o apoio norte-americano e soviético.

Quais os principais fatores que contribuíram para a descolonização?

Um primeiro fator foi o enfraquecimento das economias dos países europeus que participaram do conflito. Esses ficaram sem recursos econômicos suficientes para manter suas colônias. Um segundo fator foi o nacionalismo despertado nas colônias.

Quando e por que ocorreu a descolonização da África?

A descolonização da África ocorreu durante no século XX quando as populações dos territórios africanos ocupados conseguiram expulsar o invasor europeu e assim, conquistar a independência. O primeiro país africano a ser independente foi a Libéria, em 1847; e o último, a Eritreia, em 1993.