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Pré-visualização | Página 5 de 15de abate, devido à menor reserva de glicogênio. Pode-se dizer, de forma geral, que o pH decresce 6,9 a 7 até 6,2 a 6,3 em pescados magros, embora possam atingir valores de aproximadamente 5,5 a 5,7, em pescados de carne escura, como alguns tunídeos, cavala, etc (PEREDA et al., 2005). O início e a duração do rigor mortis, depende de muitos fatores, entre os quais se destacam a espécie, o estado sanitário do peixe, o modo de captura, a temperatura de armazenamento, e etc. (SENAI-DR, 2007). De maneira geral, pode-se dizer que nos peixes ativos, de movimentos rápidos e enérgicos, o rigor mortis é anteriormente alcançado e atinge sua resolução nos peixes mais sedentários. Em peixes sadios e bem nutridos, o rigor é mais acentuado do que nos mal-nutridos ou doentes. Se o peixe é retirado rapidamente da água e logo é sacrificado, o rigor demora mais tempo a aparecer e a resolver-se do que nos animais mortos por asfixia. Outro fator que influencia é a temperatura de armazenamento, quanto maior, mais rápido atinge o rigor mortis, bem como sua resolução (PEREDA et al., 2005). 2.3.6 Autólise A autólise é a ação de enzimas nos constituintes do pescado após a sua morte. Elas se fazem presentes tanto nas vísceras como na carne. Sua ação também resulta na produção de substâncias com odor desagradável, bem como produzem outras substâncias que servem de substrato para as bactérias. A autólise também causa o amolecimento da carne do pescado, pois ocorre devido à ação das proteases e lípases tissulares, provocando o fenômeno da “barriga dilacerada” em sardinhas e das manchas negras em camarões e lagostas (TAVARES et al., 1988). As enzimas proteolíticas do aparelho digestório podem causar danos importantes à qualidade do pescado, especialmente se o peixe estava se alimentando no momento da captura. Poucas horas depois da morte do animal, as proteases podem degradar a parede abdominal e parte da musculatura adjacente. Junto com a proteólise, produz-se a lipólise, que gera acúmulo de ácidos graxos livres. A autólise produz alterações profundas nos tecidos que modificam a consistência do tecido muscular. A proteólise e a lipólise criam um meio favorável aos micro-organismos, o que facilita consequentemente a alteração (PEREDA et al., 2005). 19 2.3.7 Decomposição bacteriana O estresse e as alterações mecânicas causadas durante a captura, bem como, na estrutura e composição do pescado, mudanças durante o período pos-mortem, declínio do pH e o tempo que o pescado permanece no gelo antes do desembarque podem induzir rapidamente o desenvolvimento microbiológico (CHURCH, 1998). Para Pereda et al. (2005), as proteínas do pescado sofrem decomposição acentuada à ação das bactérias com a formação de grande número de compostos tóxicos e/ou fétidos. Segundo Oetterer (1985), após a captura, o peixe pode ser considerado estéril. Porém, pode contaminar-se por micro-organismos do solo, da água de lavagem e principalmente das mãos e equipamentos de pescadores. Não só as bactérias e seus produtos de metabolismo são responsáveis pela deterioração da carne, mas também as reações enzimáticas nos músculos e nos intestinos. O peixe possui normalmente bactérias na sua superfície, nas guelras e no intestino que não são patogênicas para o peixe vivo, mas após resolução do "rigor mortis" e a queda do pH, essas bactérias proliferam-se nos tecidos, principalmente dos peixes comercializados com vísceras (OETTERER, 1985). Para Pereda (2005), os principais produtos finais da decomposição bacteriana são: substâncias inorgânicas, hidrogênio, CO2, amoníaco; compostos sulfurados, SH2 e mercaptanos; ácidos graxos de cadeia curta, ácidos aromáticos, bases orgânicas, incluindo as mais simples monoaminas, monoaminas cíclicas e diaminas. As principais alterações nos compostos nitrogenados não-protéicos são a redução do óxido de trimetilamina, a descarboxilação da histidina dando histamina e a decomposição da uréia com liberação de amoníaco. As bactérias também decompõem gordura, acarretando hidrolise de triglicerídeos e oxidação de gorduras, formando peróxidos, aldeídos, cetonas e ácidos graxos de cadeia curta. Esses processos são mais lentos do que a decomposição das substâncias nitrogenadas, razão pelas quais estas últimas costumam ser a principal causa de alteração durante o armazenamento (PEREDA et al., 2005). A velocidade de autólise e de desenvolvimento bacteriano pode ser diminuída grandemente com a refrigeração, ou detida por longos períodos pelo congelamento (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994). Na Figura 3, são descritos os eventos que ocorrem nos tecidos musculares desde a captura até a putrefação. 20 Figura 3 - Alterações bioquímicas do tecido muscular do pescado, desde a captura até sua putrefação. Fonte: Guzmán (1988). 2.4 MICRO-ORGANISMOS DO PESCADO Em geral, a biota dos frutos do mar reflete a água onde esses animais vivem. Tal como ocorre nas carnes de animais de abate, os tecidos internos de um peixe sadio são estéreis. A biota do peixe normalmente é encontrada em três lugares: na superfície externa, nas guelras e nos intestinos. Os peixes de água morna tendem a ter uma biota mais rica em bactérias mesófilas gram-positivas do que os peixes de água fria, os quais predominam as bactérias gram-negativas (JAY, 2005). Como a decomposição do pescado é causada principalmente pelas bactérias, uma das maneiras de retardar essa decomposição é diminuir a temperatura até um nível em que as bactérias não se desenvolvam, ou multipliquem-se muito lentamente (TORNES e GEORGE, 1976). A qualidade sanitária da água de onde os animais são retirados é o ponto-chave para a obtenção de um produto final com uma boa qualidade microbiológica. Dentre as bactérias que 21 concorrem para a putrefação do pescado temos: Pseudomonas, Micrococcus, Bacillus, Flavobactérias, EripselaI, Proteus entre outras (SALE et al., 1988). Sendo os micro- organismos principais os psicrófilos, que também são proteolíticos, bem como, podem ser encontradas outras bactérias como os coliformes, Clostrídium sp., Salmonella, Staphylococcus aureus e Vibrio, podendo os mesmos estar relacionados com a matéria-prima, o ambiente ou ainda serem conseqüências de manuseio e/ou estocagem incorretos durante o processamento e a comercialização (HOFFMANN et al., 1999). Quando o pescado é capturado e recolhido para a embarcação, o número de bactérias do pescado aumenta devido à contaminação a bordo, podendo atingir 10 5 a 10 6 UFC/cm 2 . Após sua classificação e separação, se for efetuada uma boa lavagem com água do mar, as bactérias são reduzidas de 1/3 a 1/10 da população contaminante no momento da lavagem. Posteriormente, muitas outras fontes de contaminação alteram a microbiota original, aumentando o número de bactérias antes de o pescado chegar a mesa do consumidor. Tais fontes de contaminação incluem a colocação do pescado em urnas com gelo e o uso de equipamentos, superfícies e aparelhos sem a assepsia adequada e a manipulação humana (OGAWA e MAIA, 1999). No Brasil, a Portaria número 451 de 19 de setembro de 1997, do Ministério da Saúde, SVS (1997), fixa os seguintes padrões microbiológicos para o pescado in natura, fresco e refrigerado: Salmonella sp.: ausência em 25g; Coliformes fecais: máximo de 10²/g; Staphylococcus aureus: máximo de 10³/g, e Contagem Padrão em Placas: máximo de 10 6 /g. A Tabela 4 mostra os principais micro-organismos encontrados nos pescados e sua prevalência. Tabela 4: Principais micro-organismos encontrados nos pescados. Bactérias Prevalência Leveduras Prevalência Bolores Prevalência Acinetobacter x Candida Quais os 3 tipos de alterações bioquímicas que podem ocorrer nos pescados?A maneira de manipular o pescado neste intervalo de tempo determina a intensidade com que se apresentam as alterações enzimáticas, oxidativas e/ou bacterianas.
O que ocorre bioquimicamente após a morte do pescado e qual a importância para qualidade final da carne?Algumas horas após a morte do peixe acontece o rigor mortis, no qual ocorrem várias reações bioquímicas que utilizam o glicogênio muscular como fonte de energia e produzem ácido lático, resultando na redução do pH para valores em torno de 6,0 – 6,1.
Quais as fases de degradação do pescado?FASES DA DETERIORAÇÃO FASE I - Modificações das propriedades físicas dos músculos Pré rigor-mortis Rigor-mortis pleno Pós rigor-mortis FASE II - Degradação de substâncias nitrogenadas não protéicas - Degradação de protídeos FASE I As enzimas estão presentes normalmente na carne e são encarregadas de controlar os ...
Quais os sinais de alteração do pescado?Durante o processo de deterioração, o desenvolvimento de sinais de alterações do peixe (detecção de aromas e sabores desagradáveis, formação de muco, produção de gás, coloração anormal, alterações na textura) ocorre devido à autólise, oxidação, atividade bacteriana ou ainda pela combinação desses processos, ...
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