Porque as dores da chikungunya vai e volta?

Detalhes Última Atualização: 04 Abril 2022

Sintomas

A febre chikungunya é uma doença viral transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. No Brasil, a circulação do vírus foi identificada pela primeira vez em 2014. Chikungunya significa "aqueles que se dobram" em swahili, um dos idiomas da Tanzânia. Refere-se à aparência curvada dos pacientes que foram atendidos na primeira epidemia documentada, na Tanzânia, localizada no leste da África, entre 1952 e 1953. Os principais sintomas são febre alta de início rápido, dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer ainda dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Não é possível ter chikungunya mais de uma vez. Depois de infectada, a pessoa fica imune pelo resto da vida. Os sintomas iniciam entre dois e doze dias após a picada do mosquito. O mosquito adquire o vírus CHIKV ao picar uma pessoa infectada, durante o período em que o vírus está presente no organismo infectado. Cerca de 30% dos casos não apresentam sintomas. 

Transmissão

A transmissão do vírus chikungunya (CHIKV) é feita através da picada de insetos-vetores do gênero Aedes, que em cidades é principalmente pelo Aedes aegypti e em ambientes rurais ou selvagens pode ser por Aedes albopictus. Embora a transmissão direta entre humanos não esteja demonstrada, há de se considerar a possibilidade da transmissão in utero da mãe para o feto. O período de incubação do vírus é de 4 a 7 dias, e a doença, na maioria dos casos, é auto-limitante. A mortalidade em menores de um ano é de 0,4%, podendo ser mais elevada em indivíduos com patologias associadas.

Prevenção

Ainda não existe vacina ou medicamentos contra chikungunya. Portanto, a única forma de prevenção é acabar com o mosquito, mantendo o domicílio sempre limpo, eliminando os possíveis criadouros. Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos, proporcionam alguma proteção às picadas e podem ser adotadas principalmente durante surtos. Repelentes e inseticidas também podem ser usados, seguindo as instruções do rótulo. Mosquiteiros proporcionam boa proteção para aqueles que dormem durante o dia (por exemplo: bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos).

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Aumento de notificações em mais de 400% na Bahia motivou implantação de programa para tratamento ambulatorial da doença

O número de notificações da Chikungunya na Bahia, em comparação ao mesmo período de 2019, cresceu 480,1%, de acordo com o último boletim epidemiológico de arboviroses divulgado pela Secretaria de Saúde da Bahia, em junho. O elevado número de casos em meio à pandemia de novo coronavírus motivou a implantação do Programa de Tratamento de Chikungunya, com foco no atendimento ambulatorial.

O programa é direcionado a pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado da doença, apresentando sintomas de dor articular decorrentes do quadro de infecção viral na fase aguda (até 15 dias do primeiro sintoma) ou subaguda (entre 15 a 90 dias após o primeiro sintoma). O atendimento é feito pelo Serviço de Reumatologia do Hospital Cárdio Pulmonar, uma vez que cabe a essa especialidade o tratamento da patologia.

Como explica o reumatologista Alexandre Ibrahim Uehbe, coordenador do Centro de Infusão de Medicamentos do Hospital Cárdio Pulmonar, a infecção por Chikungunya causa sintomas típicos de uma virose, como: febre, náuseas, vômitos, dor de cabeça, mal estar e a principal característica são as dores pelo corpo com muita dor nas juntas e inchaço (principalmente nas mãos, punhos, ombros, joelhos e tornozelos), em geral de forma simétrica. “O paciente pode também apresentar “pintinhas” ou manchas avermelhadas com coceira pelo corpo e o quadro agudo dura até 15 dias, com cura espontânea”, completa.

“Em caso de complicações, no entanto, há a permanência das dores e inchaço nas articulações por meses ou até anos, impedindo ou dificultando a retomada das atividades do dia a dia”, completa o médico, chamando a atenção para uma estimativa Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de que 50 a 70% dos infectados que não foram tratados de forma adequada podem desenvolver dores crônicas nas articulações após a fase aguda.

Diante disso, pesquisadores da Fiocruz realizaram um estudo com 230 pessoas de municípios do Ceará e da Bahia, entre 2016 e 2018, para identificar os principais fatores de risco na fase aguda da Chikungunya. O objetivo é tratar, já no início, pacientes com probabilidade de desenvolver dores nas articulações a longo prazo. O estudo, publicado em junho deste ano, consegue prever que 8 em cada 10 indivíduos continuarão com dor articular por pelo menos um ano.

“Para evitar as sequelas, o paciente precisa ter atenção redobrada, principalmente na fase aguda da Chikungunya, que é a inicial. Os sintomas aparecem do 2º ao 12º dia da picada do mosquito Aedes aegypti e é necessário fazer o diagnóstico correto, seguindo as recomendações médicas. Isso significa manter repouso absoluto, ingerir bastante líquido e evitar a automedicação, o que pode levar a um quadro mais grave com hemorragias e comprometimentos renais”, alerta o especialista.

Tratamento

De acordo com os sintomas, o tratamento da Chikungunya é feito com o uso de analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios (hormonais ou não) para aliviar febre e dores. “Em casos de sequelas mais graves, e sob avaliação médica conforme cada caso, pode ser recomendado tratamento medicamentoso a longo prazo e fisioterapia”, orienta, destacando a importância da avaliação do especialista já no início dos sintomas.

“Não é necessária a busca pela emergência, mas é importante que o paciente se submeta a uma avaliação ambulatorial e receba as orientações para o tratamento”, recomenda.

O médico chama a atenção que não há vacina contra a Chikungunya. Assim como a Dengue, Zika e Febre Amarela, a arbovirose é transmitida pela picada do Aedes aegypti, cabendo também à população a tarefa de eliminar água parada que pode servir de criadouro do mosquito.

Conheça o programa

O atendimento pelo Programa de Tratamento de Chikungunya é realizado com hora marcada por uma equipe de reumatologistas e as consultas e exames necessários são realizados no próprio Centro Médico Cárdio Pulmonar, com possibilidade de execução no mesmo dia da consulta e podem incluir exames laboratoriais e de imagem, como raio-X e ultrassonografia.

O diagnóstico da Chikungunya é clínico, feito por um médico e confirmado com exames laboratoriais de sorologia e de biologia molecular ou com teste rápido (usado para triagem). Em situações de epidemia a maioria dos casos serão confirmados por critério clínico.

O programa do Cárdio Pulmonar também contempla pacientes com quadro de artrite aguda, como na artrite reumatoide ou nas doenças microcristalinas, a exemplo de Gota.

O agendamento pode ser feito pelo: (71) 4020-2322.

Como acabar com as dores deixadas pela chikungunya?

É importantíssimo beber muita água, soro de reidratação oral, sucos, evitar bebidas alcoólicas — porque vai gerar desidratação que pode piorar a dor. A hidratação vai ajudar, inclusive, a evitar uma postergação das dores”, reforçou o médico.

Porque as dores da chikungunya voltam?

Evolução por fases Não se sabe muito bem porque isso acontece com alguns pacientes, mas alguns fatores de risco têm sido descritos na literatura, como sexo feminino, idade e presença de outras doenças como diabetes e artrose”, detalha.

Porque a chikungunya causa tanta dor nas articulações?

“A doença pode funcionar como um gatilho no sistema imunológico. Isso justificaria o quadro inflamatório nas articulações e a baixa resposta aos analgésicos”, afirma o Reumatologista.

Quanto tempo dura as dores nas articulações depois da chikungunya?

“A chikungunya provoca fadiga e dores nas articulações muito intensas. Ela pode evoluir nas fases de 'febril' ou 'aguda', que tem duração de cinco a 14 dias; 'pós-aguda', que tem um curso de até três meses, e a 'crônica', cujos sintomas persistem por mais de três meses, após o início da doença.