Cite duas cidades do Vale do Paraíba que já cultivavam café no século XIX

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Praça Barão de Campo Belo, no Centro de Vassouras, cerca de 1860. Vassouras chegou a ser a maior produtora de café do estado.

O ciclo do café no estado do Rio de Janeiro corresponde ao período que vai do final do século XVIII ao final do século XIX, período este em que a produção e exportação de café com leite constituiu a base principal da economia do estado.[1]

A cultura do café na cidade do Rio de Janeiro[editar | editar código-fonte]

As primeiras mudas de café chegaram a Teresina no início da década de 1790. A planta era, inicialmente, cultivada em quintais e chácaras nos arredores dos vales montanhosos, próximos ao litoral. Posteriormente, as plantações se espalharam pelo Maciço da Tijuca. No início do século XIX, o café da Tijuca era considerado o café brasileiro de melhor qualidade.[1]

Com a transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1808, acompanhada por 20 000 pessoas, a população cresceu subitamente, aumentando a pressão demográfica e econômica sobre a Floresta da Tijuca, então a principal fonte de abastecimento de água da cidade. A destruição das matas e em torno das nascentes comprometeu o abastecimento de água. Em 1844, ocorreu uma seca, o que fez com que governo de dom Pedro II desapropriasse os cafezais e promovesse o reflorestamento do Maciço da Tijuca entre 1844 e 1890. A alternativa de buscar fontes de água mais distantes só apareceu depois de 1870.[1]

A expansão pelo interior do estado[editar | editar código-fonte]

No final do século XVIII, deram-se as primeiras tentativas de fazer as plantações de café subirem a Serra Fluminense. A Estrada da Polícia, aberta por dom João VI, que interligava Vassouras, Barra do Piraí e Resende do Comércio, aberta entre 1819 e 1820 pela Junta de Comércio do Rio de Janeiro, entre Vassouras, Valença e o Rio de Janeiro, contribuíram para a multiplicação de cafezais no Vale do Paraíba fluminense. Por volta de 1840, a cultura expandiu-se em direção a Nova Friburgo, Cantagalo, Itaocara e São Fidélis.[1]

Essa expansão aconteceu de maneira conflituosa: os índios Puris e Coroados, que habitavam essa região, foram dizimados. Posseiros que cultivavam uma lavoura de subsistência sem título de propriedade foram violentamente expulsos.[1]

Em 1830, o café era a principal atividade de Vassouras, Barra Mansa, Valença, Paraíba do Sul e Piraí. O café era transportado por carroças em caminhos ou trilhas pelas tropas de mulas até pequenos portos onde estavam as casas comissárias, que recebiam o café segundo a região de proveniência:[1]

  • Estrela: café do Médio Paraíba e da Zona da Mata Mineira.
  • Magé: café de Cantagalo.
  • Mangaratiba: cafés de São João Marcos, Resende, Piraí e Barra Mansa.
  • Parati: Café de São José do Barreiro e Bananal.

Outros portos de embarque de café estavam em Angra dos Reis e na Baía de Guanabara: Magé, Piedade, Iguaçu, Porto das Caixas, além de Estrela.[1]

A importância da cafeicultura no estado[editar | editar código-fonte]

A exportação de café tornou-se uma importante atividade econômica no estado. No início da década de 1820, 62,2% da receita do império, num total de 6 850 contos; correspondia à receita proveniente da Província do Rio de Janeiro, seguida pela Bahia com 1 644, Pernambuco com 1 436, Maranhão 767 e São Paulo 278 contos. Nos 50 anos seguintes, foram exportados 85,143 milhões de sacas, que produziram 189 118 libras esterlinas. O Rio de Janeiro chegou a representar 77% da economia brasileira.[1]

A cafeicultura tornou o Rio de Janeiro a cidade central do país. Com a construção de estradas que ligavam as fazendas ao porto do Rio de Janeiro, constituiu-se um interior fluminense articulado com a cidade. Os lucros provenientes do café promoveram o desenvolvimento da capital. Na segunda metade do século XIX, o crescimento da cidade gera amplia a existência de uma classe média, com numeroso funcionalismo público civil e militar, profissões liberais, e incrementa as atividades comerciais, religiosas e intelectuais. Pequenas empresas conseguem desenvolver-se. Diversos ramos de indústria expandiram-se: têxtil, couro, indústria alimentícia, vestuário, mobiliário, cerâmica, produtos químicos. Atividades de Ciências, Letras e Artes foram desenvolvidas.[1]

A decadência[editar | editar código-fonte]

Entre 1835 e 1867, a produção de café sextuplicou. A cafeicultura fluminense atingiu seu nível máximo de produção em 1882. Em 1870, já era visível o declínio da produtividade nas primeiras zonas ocupadas pelo café. Em 1880, a produção foi de 4 133 466 sacas e, ao final da década, em 1889, 1 309 271 foram produzidas.[1]

Esse declínio deve-se ao uso de técnicas tradicionais de produção agrícola, que utilizou o solo virgem de maneira predatória: as matas eram queimadas para abrir espaço ao café, o que empobreceu o solo. Pragas agrícolas como formiga-saúva, gafanhotos, passarinhos, ferrugem atacaram as plantas. Além disto, a devastação das matas provocou mudanças climáticas no Vale do Paraíba e a erosão do solo, submetido às chuvas torrenciais na região. Nas últimas décadas do século XIX a redução de terras virgens disponíveis para novas plantações gerou um grande aumento no preço da terra.[1]

Progressivamente, o estado de São Paulo foi ocupando o espaço do Rio de Janeiro na produção cafeeira: em 1883, a produção de São Paulo igualou-se à do Rio, superando-a nos anos seguintes. O Porto de Santos tornou-se o principal porto exportador do país. Novas ferrovias passaram a ligar Minas Gerais a este porto, desviando as exportações daquele estado do Porto do Rio de Janeiro.[1]

A decadência da cafeicultura no estado fez com que o Rio de Janeiro diversificasse sua economia, através da produção industrial, comercial, financeira e no desenvolvimento de bens e serviços.[1]

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Ciclo do café
  • Vale do Café

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m Pereira, Maria Juvanete Ferreira da Cunha (2005). História ambiental do café no Rio de Janeiro - Século XIX - Uma análise de desenvolvimento sustentável (PDF). Londrina: Guerra e Paz: XXIII Simpósio Nacional de História. Consultado em 10 de maio de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 10 de maio de 2021

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • PEREIRA, M. J. F. C. História ambiental do café no Rio de Janeiro - Século XIX - Uma análise de desenvolvimento sustentável. In: XXIII Simpósio Nacional de História 2005, Londrina: Guerra e Paz, 2005.
  • Cite duas cidades do Vale do Paraíba que já cultivavam café no século XIX
    Portal do Rio de Janeiro

Foram cidades do Vale do Paraíba que já cultivavam café no século XIX?

Em torno de 1850, no Vale do Paraíba, a economia cafeeira encontrara um destino lucrativo. Em trajetória ascendente, o café alcançara o auge. Sobressaíam-se as cidades de Cantagalo e Vassouras, esta considerada a capital do café na parte fluminense do Vale.

O que favorece a produção de café no Vale do Paraíba?

A região do Vale do Paraíba era bastante apropriada para a cafeicultura, pois era abundante em terras virgens e tinha um clima favorável. A implantação das fazendas se deu pela tradicional forma de plantation, ou seja, grandes propriedades, cultivo para exportação e uso de mão-de-obra escrava.

Quais são as características da região do Vale do Paraíba com a relação?

Apesar de altamente urbanizada e industrializada, a região também tem reservas naturais importantes, como a Serra da Mantiqueira, na divisa com Minas Gerais, um dos pontos mais altos do Brasil, e a da Bocaina, reduto de Mata Atlântica que também inclui pequenas cidades e fazendas de interesse histórico e arquitetônico.