Vários são os desafios dos profissionais de RH no atual cenário organizacional

Alguns dias atrás, tive a enorme satisfação de ser o anfitrião virtual de um encontro de peso, que reuniu alguns dos #HRinfluencers2021 do Brasil para um bate-papo cheio de conteúdo, reflexão e insights. Durante mais de 1 hora, conversamos sobre os desafios que nos esperam neste ano, e como os profissionais de Recursos Humanos precisam se preparar para continuar liderando esse profundo processo de transformação no mundo do trabalho, que não começou agora, mas ganhou novos matizes com a pandemia. 

Confira a seguir um resumo dos Top 7 Desafios de RH para 2022, segundo nossos HR influencers:

1. Cuidado com o bem-estar das pessoas

Segundo Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work Brasil, “a pandemia deixou mais clara a importância de cuidar de pessoas” de uma forma ainda mais importante do que se vinha tratando até então. Este cuidado passou a envolver não só o ambiente de trabalho, mas também a vida pessoal dos colaboradores. Ruy destacou que “desde 1° de janeiro de 2022, a OMS incluiu o burnout em sua lista de enfermidades, como um problema de saúde ocupacional”. Ele também destacou a importância de acompanhar este assunto, com a preocupação que não se gere uma onda de processos trabalhistas relacionados.

O HR influencer Giancarlo Signore, especialista em Recursos Humanos no Digio, lembrou bem que algumas pessoas vêm se sentindo pressionadas pelo novo modelo de trabalho, sendo diagnosticadas com burnout, enquanto outras também têm sofrido com a desmotivação e falta de engajamento no trabalho, fenômeno chamado de boreout e que também vem sendo estudado.

São distintas as estratégias usadas para lidar com este tema, de importância crescente, passando pela implementação e fortalecimento de programas de bem-estar e saúde, reforço de capacitação de colaboradores e líderes, desafio de monitoramento de novos KPIs. Mas é indiscutível que este tema ganhou muita importância nas mesas executivas e até mesmo nos conselhos de administração.

Por fim, a HR influencer Brasil #1, Edna Vasselo Goldoni, Presidente e Fundadora do IVG, resumiu que “o grande desafio é enfrentar a saúde mental nas organizações, seja como indivíduo, como gestor, e acima de tudo como seres humanos”.

2. Conexão e propósito entre colaboradores e organizações

Como lembrou bem Sofia Esteves, Fundadora e Presidente do Conselho da Cia. de Talentos, “a evasão nas empresas é uma crise grave, pois as pessoas não conseguem se conectar com o ambiente corporativo”. O mesmo tema foi reforçado por Caio Infante, VP da Radancy e fundador da Employer Branding Brasil, que disse que “quem não trabalha o Employer Branding está perdendo talentos”, seja pelos talentos que saem da organização, ou por talentos que não se candidatam às vagas em aberto.

A executiva Christiane Berlick, CHRO na OLX e ex-IBM, lembrou que na sua experiência tem visto “um trabalho imenso das organizações para reter o colaborador, se conectar com ele, moldar uma cultura interna, fortalecer todo o potencial do colaborador, até incentivar sua relação com a sociedade”. Mas ela mesma também destacou que “o momento atual é tão intenso que o RH mal tem tido tempo de parar, refletir e planejar”. Este é o desafio que as áreas de gestão de pessoas têm enfrentado, ao apoiar tantas transformações e mudanças ao mesmo tempo.

Por outro lado, Antonio Linhares, Global Compensation & Performance Manager na Vale e integrante do Comitê dos HR influencers, lembrou que para pensar no “employee experience a organização tem que pensar em soluções a partir da co-criação com as pessoas”, ou seja, envolver os líderes e os colaboradores no processo de geração de ideias para definir a experiência de trabalho da própria organização.

3. People Analytics: Gestão dos dados e informações

Um tema explorado e comentado sob múltiplas perspectivas, mas com uma visão unânime entre os HR influencers é o People Analytics. Na visão deles, a gestão de informações relacionadas a pessoas ainda carece de bastante estrutura, planejamento e importância.

Caio Infante disse que “o RH precisa aprender a trabalhar ainda melhor os dados e informações”, lembrando que muitas vezes as organizações sequer têm clareza sobre quais dados precisam monitorar, como workforce planning, turnover, motivos de pedido de demissão e para onde esses talentos estão migrando.

Elton Moraes, que é Expert em People Analytics, sócio da Weplace e Professor na FGV, FDC e INSPER, também reforçou que vivenciou experiências em que a companhia queria entender e prever melhor a saída de seus colaboradores, mas não tinha coletado informações históricas sobre os motivos que levaram essas pessoas a saírem da empresa e para onde elas foram, algo que seria necessário para construir um modelo preditivo.

Elton destacou que o papel de people analytics é justamente ajudar as organizações a “trazer para o tangível as impressões do intangível da gestão de pessoas, para se tomar melhores decisões”.

O mesmo tema de People Analytics também foi abordado na reflexão sobre como medir o bem-estar dos colaboradores,uma vez que este é um aspecto crítico para as organizações.
Ainda sobre esse assunto, Thalita Gelenske, que é fundadora da Blend Edu e especialista em Diversidade e Inclusão, lembrou da importância de passar a definir e acompanhar indicadores de D&I nas organizações, algo que as empresas ainda estão apenas iniciando a avaliar.

4. Humanização dos modelos e processo de trabalho

”Equilibrar o rigor e a generosidade, principalmente dos líderes das companhias. Fala-se muito em performance, mas agora com humanidade”. Com esta frase, Alberto Roitman, CEO e Fundador da Escola do Caos e do Armazém do Caos, reforçou a importância da humanização nos dias atuais, que é a tendência de entender e levar em consideração aspectos humanos que estão por trás do profissional e dos processos corporativos. Alberto também lembrou que “demissão tem que ser humanizada” e que “os processos de onboarding e integração têm que melhorar muito”, de forma que o RH passa atualmente por um “processo de reinvenção total”.

Giancarlo também pontuou bem que “é importante olhar métricas de produtividade, mas com cuidado para não gerar a sensação de microgerenciamento das equipes”, que é um motivo de reclamação constante entre colaboradores.

Ainda sobre este tema, Thalita lembrou que o processo de “transformação digital precisa considerar aspectos da tecnologia social”, ou seja, aspectos da relação das pessoas com a tecnologia. E Edna lembrou da importância dos gestores e líderes de transmitir mais calma e paz, em meio a tantas mudanças que vêm ocorrendo no ambiente pessoal e profissional de cada um.

5. Desafios do modelo de trabalho híbrido ou remoto

Vários profissionais destacaram que estão atualmente buscando estabelecer o novo modelo de trabalho remoto ou híbrido em suas organizações, confessando que não tem sido fácil construir este novo modelo.

Bia Nóbrega, Chief People Officer do Banco Digio, indicou que estão buscando “como oferecer ao colaborador a melhor experiência possível quando estiver no modelo presencial e no virtual ao mesmo tempo”, já que o modelo híbrido tem exigido oferecer qualidade em ambos momentos.

Déa Waleska Machado, Executiva de Gestão de Pessoas e Comunicação Corporativa na SLC Agrícola, também contou que a companhia conta com um novo edifício sede, de última geração, mas está passando pelo desafio de ter que incentivar os colaboradores a usufruírem desse ambiente nos dias atuais.

A reorganização do modelo de trabalho passa inclusive pela reflexão de qual política adotar para distintas áreas da organização, já que áreas operacionais, fabris e de serviços exigem a presencialidade, enquanto outras se beneficiam da possibilidade de um modelo híbrido, e outras áreas podem estar ainda mais avançadas e preparadas para um modelo de trabalho 100% remoto. Executivos e companhias devem levar todas essas características em consideração, somada à cultura organizacional, para definir o seu modelo ideal.

Marcelo Nóbrega, Especialista em Inovação e Tecnologia em RH, Investidor e Conselheiro de HRTechs e integrante do Comitê dos HR influencers, também destacou que a reflexão sobre o modelo híbrido precisa ser ainda mais profunda do que ele tem acompanhado nas organizações, já que vai exigir realmente pensar em estabelecer novos modelos de trabalho home-centric, ou seja, pensados para que a casa ou o ambiente escolhido pelo colaborador seja sua principal base de trabalho.

6. Diversidade & Inclusão

Este importante tema, tão discutido e aprofundado, não poderia deixar de constar da lista de prioridades para o RH em 2022, e foi levantado diversas vezes na discussão entre os HR influencers.

Por um lado, Déa Waleska trouxe o desafio vivenciado no agronegócio em aumentar a presença feminina e de diversidade em geral neste segmento que, por tradição, é predominantemente masculino. Um dos trabalhos desenvolvidos na SLC visa justamente fortalecer a liderança feminina.

Thalita destacou também que “Diversidade & Inclusão é um tema que segue em crescimento exponencial dentro das empresas”. E foi além, lembrando que “D&I precisa contar com estrutura, ou seja, organização, orçamento, objetivos e metas, e não pode simplesmente ser formada por iniciativas isoladas”, caso a empresa queira obter resultados reais.

Antonio destacou que “ESG e Diversidade são temas muito importantes no Brasil e no mundo, passando a fazer parte dos indicadores analisados pelos executivos e pelos Conselhos de Administração”, mostrando que atualmente nenhuma organização séria pode ignorar aspectos de D&I em sua estratégia. Antonio também lembrou que “trazer equidade de remuneração é um desafio prioritário nas organizações".

7. Inovação e Transformação Organizacional

Alguns aspectos de inovação e de transformação organizacional foram mencionados pelos HR influencers.

Marcelo lembrou, citando o livro de Frederic Laloux “Reinventando as Organizações”, que as empresas estão mudando influenciadas pelas mudanças da sociedade, e que efetivamente as organizações demoram mais para mudar do que os indivíduos. Ele mencionou companhias buscando novas estruturas de trabalho, e Alberto também mencionou que “a pirâmide hierárquica já não faz mais sentido”.

Tanto Bia como Déa comentaram que vêm refletindo sobre qual será o impacto do Metaverso no ambiente organizacional e nas suas organizações.O tema ainda é bastante recente, e o posicionamento das empresas neste ambiente virtual ainda está em fase exploratória, mas é importante ver como os executivos já estão pensando sobre as possibilidades dessa nova tecnologia/ambiente digital.

Thalita, por sua vez, lembrou bem aos profissionais de RH que “ser ágil não é ser rápido”, em uma reflexão sobre como algumas organizações têm tentado estabelecer um modelo de trabalho “ágil”, mas acabam esbarrando em tentativas rasas de implementar novos modelos de trabalho, que podem acabar sendo superficiais e incompletos.

Também foi mencionada a importante tendência de incluir ESG na pauta dos RHs e das organizações, algo que ainda pode ser incipiente em muitas organizações, mas que vem ganhando importância em multinacionais e que certamente se expandirá muito no Brasil nos próximos anos. Déa destacou que, em sua vivência, o ESG não é apenas importante, mas altamente tangível a partir dos impactos gerados nas pessoas e no meio-ambiente.

Considerações Finais

“Longevidade, várias gerações no mercado de trabalho, tecnologia & dados, gig economy, preocupação com bem-estar e saúde, trabalho híbrido/remoto, diversidade: O que não é responsabilidade do RH nesse momento?” Com essa pergunta instigante, Marcelo resumiu o desafio que executivos e colaboradores de RH vêm enfrentando com o impacto da pandemia, que acelerou bruscamente diversas tendências de transformação digital e social nas organizações.

O diretor executivo de Gente da Localiza, Daniel Linhares, complementou muito bem dizendo que “os executivos de RH atuais estão em um momento privilegiado, em que estão construindo um novo jeito de trabalhar, que, junto com a pandemia, trouxe um lado social e humano, impulsionando uma transformação da experiência do colaborador e da cultura corporativa”, movimento este que certamente ficará marcado na história.

Danielle Corgozinho Lopes, Diretora de Pessoas, Planejamento & Projetos na Livelo, destacou que um dos maiores desafios do RH atualmente é "preparar a organização para enfrentar os desafios do futuro, através de uma cultura forte e ancorada em dados, metodologias ágeis e uma liderança preparada para lidar com mudanças, que sabemos, são e serão constantes”.

Alberto lembrou que, com os impactos gerados pela pandemia, a sociedade passou por um marco chamado de “The Great Reset”, que foi o nome dado à 50ª reunião anual do Fórum Económico Mundial (WEF), realizada em junho de 2020, com o objetivo de tratar do tema da reconstrução da sociedade e da economia de forma mais sustentável, após a pandemia de COVID-19. Em seguida, a sociedade testemunhou um novo fenômeno, chamado de “The Great Resignation”, observado em diversos países, no qual uma grande parcela da população economicamente ativa decidiu sair do mercado formal de trabalho, seja para buscar outros meios de subsistência ou para empreender, gerando uma crise de falta de trabalhadores em muitas indústrias. E agora estamos vendo um terceiro movimento, chamado de “The Great Reshuffle”, no qual milhões de trabalhadores estão decidindo mudar de trabalho, aproveitando a possibilidade de trabalhar de forma remota e conseguindo obter melhores oportunidades e maiores remunerações.

As respostas para temas tão complexos não estão prontas, e certamente não serão iguais para todas as organizações. Mas, certamente veremos estes temas sendo refletidos, debatidos e construídos ao longo deste ano.

Aproveito para agradecer uma vez mais a todos os HR influencers que estiveram nesse encontro, e para dizer que nosso objetivo é seguir fortalecendo este grupo, para trazer a toda a comunidade de RH reflexões de alto nível, que nos ajudem a moldar o futuro do trabalho e melhorar a vida dos colaboradores em nossas organizações.

Artigo escrito por Daniel Bogomoltz, Country Manager GOintegro Brasil, com a contribuição dos HR influencers: Edna Vasselo Goldoni, Sofia Esteves, Déa Waleska Machado, Marcelo Nóbrega, Daniel Linhares, Giancarlo Signore, Danielle Corgozinho Lopes, Christiane Berlinck, Thalita Gelenske, Elton Moraes, Alberto Roitman, Ruy Shiozawa, Caio Infante e Antônio Linhares.

Quais os maiores desafios para o profissional de RH no cenário atual?

Os 10 principais desafios de RH e suas soluções.
Competição (atrair e reter bons talentos) ... .
Trabalho e adaptação cultural. ... .
Remuneração e benefícios. ... .
Gestão de Mudanças. ... .
Aprendizado contínuo e planejamento de sucessão. ... .
Gestão de Desempenho e Alinhamento. ... .
Diversidade. ... .
Desenvolvimento de liderança..

Quais são os principais desafios da área de RH?

Quais são os principais desafios de RH e como solucionar?.
1 – Recrutar bons talentos. ... .
2 – Manter funcionários na empresa. ... .
3 – Alinhar metas e objetivos. ... .
4 – Gerenciar crises. ... .
5 – Evoluir com a tecnologia. ... .
6 – Garantir engajamento e produtividade. ... .
7 – Proporcionar um ambiente corporativo saudável..

Quais os desafios enfrentados pela gestão de recursos humanos atualmente nas organizações?

Quando se pergunta quais os principais desafios da gestão de pessoas, uma frente que sempre vem à tona é a capacitação e o desenvolvimento dos profissionais. A maioria dos gestores têm consciência de que um aprimoramento contínuo é fundamental para que o time se mantenha atualizado e com bons resultados.

Quais os desafios atuais das organizações?

A seguir serão abordados sete desses principais desafios..
Conhecer o consumidor e colocá-lo no centro das decisões. ... .
Tratar a inovação como um desafio de todos. ... .
Ter um processo de inovação estruturado. ... .
Criar um ambiente interno propício para a criatividade. ... .
Aprender a lidar com o fracasso como parte do processo..