Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega essa criança
Que tem medo de careta
Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega essa criança
Que tem medo de careta
Eu não chorei, porque não sei chorar
Nem reclamei, porque não sou de reclamar
Só exaltei, Eneida, amor e fantasia
Cantei entrudo, Zé Pereira, o rei da folia
Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega essa criança
Que tem medo de careta
Limoeiro é limoeiro
Uma flor é uma flor
Batuqueiro é
batuqueiro
Cantador é cantador
Vela inteira não me ilumina
Cotoco de vela quer me iluminar
Chuva grossa não me molha
Sereno quer me molhar
Meu senhor
Eu não chorei, porque não sei chorar
Nem reclamei, porque não sou de reclamar
Só exaltei, Eneida, amor e fantasia
Cantei tudo, Zé Pereira, o rei da folia
Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega essa criança
Que tem medo de careta
Não há dados estatísticos. Graduando em História pela USP. Autores
DOI:
//doi.org/10.11606/issn.1982-7547.hd.2011.106194 Palavras-chave:
sertão nordestino – ciclo do gado – escravidão
– literatura de cordel – cultura popular. Resumo
Tendo como ponto de partida a literatura de cordel nordestina, o texto analisa o ciclo do gado no sertão e a representação simbólica da figura do boi preto, como criatura mítica no qual o escravo é travestido. Podemos enxergar na saga do boi o drama dos africanos escravizados no Brasil, entoada por cantadores de origem ou de descendência africana, amalgamando realidade e imaginário. Tais expressões populares
apontam o quanto foi conflituosa e complexa a transformação do africano em escravo para ser comprado no Brasil. O universo dos folhetos de cordel produziu imagens referentes à não aceitação dessa condição escrava, na figura do boi preto mágico, misterioso, veloz e livre, quebrando as correntes do confinamento e da submissão. Estas referências também são presentes nos cantos populares, nas cantigas de capoeira, nos cantos cerimoniais do candomblé e nas cantigas de ninar.
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Biografia do Autor
Ivan Luiz Chaves Feijó, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Como Citar
Feijó, I. L. C. (2011). Boi da Cara Preta: Transfiguração do Escravo, Humanização do Boi. Humanidades Em diálogo, 4(1), 135-148. //doi.org/10.11606/issn.1982-7547.hd.2011.106194
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O Boi da Cara Preta é uma criatura folclórica bastante presente nas cantigas de ninar ou acalantos, cantadas pelas mães das crianças que cantam com o intuito de que durmam cedo. [1]Junto do Bicho-Papinha, é um dos principais servos do Rei Bicho-Papão no Mundo dos Telhados.
Descrição
Semelhante a um boi comum, sua característica mais marcante é justamente sua cara de cor preta. Sua história de origem ainda é um mistério, enquanto sua clássica cantiga segue sendo:
"Boi, boi, boi
boi da cara preta
pega este(a) menino(a)
que tem medo de careta"
Aparições
Referências
- ↑ Magali 2º Série Nº 14 (Editora Panini) - Bicho Papão, Saia do Telhado...