Quanto o Brasil pretende reduzir a emissão de gases poluentes até 2030?

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, apresentou, na manhã desta segunda-feira (1º), as metas do Brasil na COP26, mais ousadas do que as cogitadas inicialmente. Segundo o ministro, o Brasil deve reduzir 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2030 e neutralizar as emissões de carbono até 2050.

“Apresentamos hoje uma nova meta climática, mais ambiciosa, passando de 43% para 50% até 2030; e de neutralidade de carbono até 2050, que será formalizada durante a COP26”, disse o ministro na manhã. “Reforço nossos compromissos com a geração de uma economia neutra em emissões de gases de efeito estufa, mas ao mesmo tempo garantindo geração de empregos e renda”, completou Leite.

Inicialmente, a proposta do governo era apresentar uma redução entre 45% e 48% das emissões até o final da década, conforme antecipou o analista de assuntos internacionais da CNN, Lourival Sant’Anna, no domingo (31). Havia ainda a expectativa de que o Brasil não firmasse nenhuma decisão relacionada à neutralização das emissões de carbono até a metade do século.

O ministro condicionou a realização das metas a entrada de dinheiro. “Financiamento é urgente para que o mundo possa fazer frente aos desafios apresentados. É fundamental que tenhamos robustos volumes, e nas quantidades necessárias, para que a transição e a construção desta nova economia ocorram de forma justa, em cada região do planeta.”

Leite disse ainda que, no Brasil, a responsabilidade maior está com quem tem mais dinheiro. “Os mais ricos e desenvolvidos devem ser mais ambiciosos nas suas curvas de redução de emissões para a neutralidade até 2050, para, juntos, atuarmos como uma nação unida, na direção de criar uma economia verde justa e inclusiva.

O presidente Jair Bolsonaro participou via vídeo gravado e disse que a proposta para os próximos anos é “transformar o Brasil em uma potência verde”. “O Brasil é parte da solução (para as metas climáticas) e os resultados alcançados até 2020 mostram que podemos ser mais ambiciosos”.

Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite também afirmou que o país pretende diminuir neutralidade de carbono até 2050

WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Quanto o Brasil pretende reduzir a emissão de gases poluentes até 2030?

Joaquim Leite anunciou novas metas para mudanças climáticas até 2030

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou nesta segunda-feira, 1º, durante a COP26, que o país pretende reduzir em 50% a emissão de gases poluentes até 2030. Antes, a meta era reduzir 43%. “Apresentamos hoje uma nova meta climática, mais ambiciosa, passando de 43% para 50% até 2030 e de neutralidade de carbono até 2050, que será formalizada durante a COP26”, disse Leite. O ministro fez a declaração em Brasília, mas a fala foi transmitida na COP26. Pouco antes do anúncio, um vídeo do presidente Jair Bolsonaro também foi exibido, no qual ele afirmou que o Brasil é “parte da solução”, e não do problema das mudanças climáticas. “O Brasil é uma potência verde. Temos a maior biodiversidade do planeta, a maior e mais rica cobertura florestal e uma das maiores áreas oceânicas. No combate à mudança do clima, sempre fomos parte da solução, não do problema”, declarou. “Os resultados alcançados por nosso país até 2020 demonstram que podemos ser ainda mais ambiciosos. Por isso autorizei o ministro do meio ambiente, Joaquim Leite, a apresentar novas metas climáticas”, completou.

Cálculo inédito foi apresentado nesta segunda-feira pelo Observatório do Clima e mostra que país pode superar ambição da meta global com tecnologia existente.

O Brasil pode reduzir suas emissões de metano em 36% até 2030 em relação aos níveis de 2020 apenas ampliando políticas e medidas já existentes na agropecuária, no setor de energia, no saneamento e no controle do desmatamento. A conclusão é de um cálculo inédito apresentado nesta segunda-feira (17/10) pelo Observatório do Clima. 

Num novo relatório do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), a rede aponta que o Brasil tem condições de adotar para si uma meta de corte de metano maior do que os 30% propostos para 2030 pelo Compromisso Global do Metano, um acordo voluntário assinado em 2021 em Glasgow por cerca de 120 países. 

Mas o potencial brasileiro é ainda maior: no longo prazo, com políticas mais profundas e maior investimento, o potencial do país é de reduzir as emissões desse potente gás de efeito estufa em até 75%. 

O metano (CH4) é o segundo maior responsável pelo aquecimento global. Cada molécula desse gás esquenta o planeta 28 vezes mais do que uma molécula de dióxido de carbono (CO2) num prazo de cem anos. Em 20 anos, esse potencial de aquecimento é ainda maior: 80 vezes. Quase metade do aumento de temperatura global observado hoje se deve às emissões desse gás.  

Apesar de mais perigoso, o metano é produzido em quantidades muito menores do que o gás carbônico: a humanidade emitiu 52 bilhões de toneladas de CO2 em 2020, contra 364 milhões de toneladas de metano. O CH4 também dura bem menos na atmosfera — menos de 20 anos, contra mais de 100 anos do CO2. Essa meia-vida mais curta torna o metano um bom alvo para estratégias de combate a emissões que ajudem a humanidade a ganhar tempo para frear o aquecimento global agora e se livrar gradualmente dos combustíveis fósseis. Isso ajudaria a manter viva a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5oC neste século. 

O Brasil é o quinto maior emissor mundial de metano, com 5,5% das emissões globais desse gás, ou 20,2 milhões de toneladas em 2020, segundo estimativa do SEEG (valor que vai a 21,7 milhões de toneladas se contabilizadas emissões que hoje não são incluídas no inventário oficial brasileiro). Desse total, 72% vêm da agropecuária, em particular as emissões da fermentação entérica do rebanho bovino — o proverbial “arroto do boi”. Apenas as eructações do gado de corte respondem por mais de metade (11,5 milhões de toneladas) do metano lançado na atmosfera pelo Brasil. 

Num distante segundo lugar está o setor de resíduos, com 3,17 milhões de toneladas, ou 16% do total nacional. A maior parte dessas emissões deriva da disposição final de lixo e do esgoto doméstico e industrial. Em seguida vem a queima de biomassa associada ao desmatamento, principalmente na Amazônia. A fumaça da queima das árvores que tombam para dar lugar a pastos e lavouras responde por 9% das emissões brasileiras, ou 2,7 milhões de toneladas de metano anualmente. Os setores de energia e processos industriais respondem juntos por 3% das emissões brasileiras (616 mil toneladas por ano). 

O relatório do SEEG estima que, se fossem mantidas as políticas atuais de controle de emissões de metano, o país chegaria a 2030 emitindo 7% a mais do que em 2020. A aplicação de uma série de políticas e medidas em todos os setores, porém, permitiria reduzir as emissões até 2030 para 13,75 milhões de toneladas, ou 36,5% de corte — meta proposta pelo OC ao Brasil. 

Entre as medidas para alcançar esse objetivo estão zerar o desmatamento com indícios de ilegalidade, algo com que o governo brasileiro já havia se comprometido, a erradicação dos lixões, a eliminação gradual da deposição em aterros sanitários e o aproveitamento de 50% do biogás nos aterros.  

No setor de agropecuária, as práticas mapeadas são o manejo dos dejetos animais, a eliminação da queima da palha da cana — já uma realidade no Estado de São Paulo, maior produtor nacional —, o melhoramento genético do rebanho bovino e a chamada terminação intensiva, como é conhecido o abate precoce com engorda acelerada dos animais.  

“O que chama atenção nas políticas e medidas mapeadas nesse estudo é que todas elas trazem ganho econômico. São iniciativas que o poder público ou os produtores rurais, no caso da agropecuária, já deveriam estar fazendo em grande escala, porque se trata de práticas já conhecidas e utilizadas”, afirma Tasso Azevedo, coordenador técnico do SEEG. “Agora temos, pela primeira vez, um mapa do caminho para a aplicação dessas práticas e mostramos que o Brasil pode ser ainda mais ambicioso do que o compromisso global e ganhar dinheiro com isso.” 

“Sabemos que a agropecuária detém a maior parte das emissões de metano do Brasil, mas também sabemos que o país já possui várias tecnologias que podem colaborar com a alteração desse cenário. Com este relatório, evidenciamos o quanto cada uma delas, se aplicadas de forma eficiente e sustentável, podem impactar positivamente e reduzir as emissões vistas hoje e futuramente no meio ambiente de maneira geral”, explica Renata Potenza, coordenadora de projetos em Clima e Emissões do Imaflora. 

“O acesso e a universalização do saneamento básico são primordiais para o setor de resíduos, devendo ser pensados juntamente com as estratégias de mitigação das emissões de metano. A maior parte dessas tecnologias já esta disponível para utilização e possuem baixo ou médio custo de implementação. O CH4 tem um alto potencial energético, que pode ser aproveitado para geração de energia, por exemplo. É uma situação de ganha-ganha”, disse Kaccny Carvalho, analista de Baixo Carbono e Resiliência do ICLEI.  

“Muitos brasileiros ainda sofrem com a falta de acesso a energia limpa para cozinhar, dependendo de coletar lenha e gerando poluição do ar dentro de suas casas. A substituição do uso de lenha por fogões a gás, ou melhor ainda, elétricos, pode reduzir a maior parte das emissões de metano relacionadas ao uso de energia, enquanto promove um grande salto de qualidade de vida dessas pessoas em condições de vulnerabilidade”, afirmou David Tsai, gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente. 

"A maior parte das emissões de uso da terra vêm de queimadas associadas ao desmatamento, em especial na Amazônia. Elas fazem mal ao clima e à saúde, e o país só perde com elas. Este estudo fornece ainda mais um motivo para zerarmos o desmatamento o quanto antes: além de ajudar o clima no longo prazo, reduzindo emissões de CO2, isso ainda ajuda a estabilizar a temperatura no curto prazo, com o corte nas emissões de metano", disse Bárbara Zimbres, pesquisadora do Ipam. 

Sobre o Observatório do Clima — Fundado em 2002, é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com 77 organizações integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática. Desde 2013 o OC publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil. 

Informações para imprensa 

Solange A. Barreira – Observatório do Clima 

[email protected] 

+ 55 11 9 8108-7272 

O que o Brasil está fazendo para diminuir a emissão de gases poluidores?

Incentivo ao reflorestamento; Redução do desmatamento e queima das florestas; Incentivo à agricultura sustentável; Incentivo a diminuição do uso de agrotóxicos.

É urgente e o Brasil se comprometeu a reduzir a emissão de gases do efeito estufa até 2025 mas de quanto deve ser essa redução?

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou na segunda-feira (1º) o compromisso do Brasil em reduzir a emissão de carbono em 50% até 2030. A novidade fez parte do discurso de abertura da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26).

Qual a meta de emissão de carbono para 2050?

A meta brasileira será de neutralidade de carbono em 2050. “Apresentamos hoje uma nova meta climática, mais ambiciosa, passando de 43% [de emissão de gases do efeito estufa] para 50% até 2030; e de neutralidade de carbono até 2050, que será formalizada durante a COP26”, disse o ministro.

O que empresas brasileiras estão fazendo para reduzir a emissão de poluentes?

Essas companhias vêm adotando medidas para reduzir e compensar as emissões de gases causadores do efeito estufa, fazer a precificação interna de carbono, descarbonizar as operações e as cadeias de valor e estabelecer metas de neutralidade climática até 2050.