“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre.” A frase, que transcreve bem a ideia de que educar não é apenas transmitir o saber, mas possibilitar a criação de conhecimentos, foi dita pelo pedagogo Paulo Freire que, nesta quarta-feira (19), completaria 97 anos. Leia também: Considerado uma referência mundial na Educação, Freire é reconhecido enquanto agente político de transformação social e seus fundamentos fazem parte da Política Municipal de Ensino do Recife, adotada em 2015. O educador pernambucano desenvolveu o método de alfabetização de adultos, que ainda hoje é aplicado nas escolas municipais dentro da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) - destinada a jovens a partir de 15 anos e adultos que não deram continuidade nos estudos ou não tiveram acesso ao ensino fundamental e médio na idade apropriada. O legado de Paulo Freire mostra a educação como ferramenta libertadora e emancipadora, principalmente para aqueles alunos do EJA. Eles vêm estudar com uma série de bagagens que se somam a questão da alfabetização e aproveitamos em sala de aula esses diversos saberes”, afirmou a professora Janaína Cabral, que atualmente trabalha na alfabetização de 15 profissionais da limpeza urbana do Recife. O gari José Rafael dos Santos, 26 anos, precisou abandonar os estudos na 4º série para poder trabalhar e ajudar no sustento de sua família. Foi quando precisou tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) que viu a necessidade de voltar aos estudos e poder fazer o exercício da cidadania plena. “É preciso estudar muito para mudarmos de vida. Já não conseguia nem ler e escrever bem, por isso voltei a estudar. Quero aproveitar essa oportunidade”, disse. Nos últimos cinco anos, a rede municipal de ensino acolheu quase 30 mil alunos na modalidade EJA (27,8 mil) e, desses, mais da metade (15.511) eram referentes a estudantes em processo de letramento (alfabetização) e Anos Iniciais (1º ao 5º ano). “A educação garante respeito a esses homens e mulheres, nós aproveitamos a experiência de vida, realidade e o universo dos estudantes, o seu mundo de trabalho, para trazer exemplos mais próximos que facilitem seu processo de aprendizagem”, ressaltou a professora. Cátedra Paulo Freire Segundo a professora Monica Folena, a partir da Cátedra, a UFRPE amplia a produção e socialização do conhecimento em educação. Também buscará se vincular à Unesco no primeiro ano de trabalho. “A cátedra vem somar esforços aos outros espaços onde Paulo Freire já é guia, para gerar ações no tripé universitário. O pensamento de Paulo
Freire é imortal; é mais atual do que nunca. E um dos ensinamentos que ele nos traz é de que a educação precisa ser problematizadora, viva, dialógica, humanizadora”, destaca. |