Qual grupo social apoiou a centralização do poder nas mãos do rei por quê?

No decorrer da Idade Média, a figura política do rei era bem distante daquela que usualmente costumamos imaginar. O poder local dos senhores feudais não se submetia a um conjunto de leis impostas pela autoridade real. Quando muito, um rei poderia ter influência política sobre os nobres que recebiam parte das terras de suas propriedades. No entanto, o reaquecimento das atividades comerciais, na Baixa idade Média, transformou a importância política dos reis.

A autoridade monárquica se estendeu por todo um território definido por limites, traços culturais e linguísticos que perfilavam a formação de um Estado Nacional. Para tanto, foi preciso superar os obstáculos impostos pelo particularismo e universalismo político que marcaram toda a Idade Média. O universalismo manifestava-se na ampla autoridade da Igreja, constituindo a posse sobre grandes extensões de terra e a imposição de leis e tributos próprios. Já o particularismo desenvolveu-se nos costumes políticos locais enraizados nos feudos e nas cidades comerciais.

Os comerciantes burgueses surgiram enquanto classe social interessada na formação de um regime político centralizado. As leis de caráter local, instituídas em cada um dos feudos, encareciam as atividades comerciais por meio da cobrança de impostos e pedágios que inflacionavam os custos de uma viagem comercial. Além disso, a falta de uma moeda padrão instituía uma enorme dificuldade no cálculo dos lucros e na cotação dos preços das mercadorias.

Além disso, a crise das relações servis causou um outro tipo de situação favorável à formação de um governo centralizado. Ameaçados por constantes revoltas – principalmente na Baixa Idade Média – e a queda da produção agrícola, os senhores feudais recorriam à autoridade real com o intuito de formar exércitos suficientemente preparados para conter as revoltas camponesas. Dessa maneira, a partir do século XI, observamos uma gradual elevação das atribuições políticas do rei.

Para convergir maiores poderes em mãos, o Estado monárquico buscou o controle sobre questões de ordem fiscal, jurídica e militar. Em outros termos, o rei deveria ter autoridade e legitimidade suficientes para criar leis, formar exércitos e decretar impostos. Com esses três mecanismos de ação, as monarquias foram se estabelecendo por meio de ações conjuntas que tinham o apoio tanto da burguesia comerciante, quanto da nobreza feudal.

Com o apoio dos comerciantes, os reis criaram exércitos mercenários que tinham caráter essencialmente temporário. Ao longo dos anos, a ajuda financeira dos comerciantes tratou de formar as milícias urbanas e as primeiras infantarias. Tal medida enfraqueceu a atuação dos cavaleiros que limitavam sua ação militar aos interesses de seu suserano. A formação de exércitos foi um passo importante para que os limites territoriais fossem fixados e para que fosse possível a imposição de uma autoridade de ordem nacional.

A partir de então, o rei acumulava poderes para instituir tributos que sustentariam o Estado e, ao mesmo tempo, regulamentaria os impostos a serem cobrados em seu território. Concomitantemente, as moedas ganhariam um padrão de valor, peso e medida capaz de calcular antecipadamente os ganhos obtidos com o comércio e a cobrança de impostos. A fixação de tais mudanças personalizou a supremacia política dos Estados europeus na figura individual de um rei.

Além de contar com o patrocínio da classe burguesa, a formação das monarquias absolutistas também contou com apoio de ordem intelectual e filosófica. Os pensadores políticos da renascença criaram importantes obras que refletiam sobre o papel a ser desempenhado pelo rei. No campo religioso, a aprovação das autoridades religiosas se mostrava importante para que os antigos servos agora se transformassem em súditos à autoridade de um rei.

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O Absolutismo foi o sistema político e administrativo dos países europeus nos séculos XVI ao XVIII.

Nele, o soberano centralizava todos os poderes do Estado em suas mãos, sem prestar contas à sociedade.

A fim de controlar as revoltas camponesas, parte da nobreza apoia que o rei seja mais poderoso. Igualmente, o monarca recebe auxílio da burguesia, pois a centralização significava a padronização das políticas fiscais e monetárias.

O clero também admira este movimento, pois era uma forma da Igreja continuar a não pagar impostos e seguir cobrando várias taxas.

Para concentrar o poder em suas mãos, o rei precisou acabar com os exércitos particulares, proibir a cunhagem de diferentes moedas e centralizar a administração do reino.

Teóricos do absolutismo

Os teóricos absolutistas escreveram sobre o novo regime político que estava nascendo. Destacamos os mais importantes:

Nicolau Maquiavel (1469-1527): defensor do Estado e dos soberanos fortes, os quais deveriam lançar mãos de todos os meios para garantir o sucesso e a continuidade no poder. Maquiavel se afasta da justificativa religiosa e descreve a política como algo racional e sem interferência espiritual.

Thomas Hobbes (1588-1679): segundo Hobbes, para fugir da guerra e do estado de barbárie, os homens uniram-se num contrato social e atribuíram poderes a um líder para protegê-los. Este, por sua vez, deveria ser forte o suficiente para não deixar os seres humanos se matarem entre si e garantir a paz e a prosperidade.

Jean Bodin (1530-1596): associava o Estado à própria célula familiar, onde o poder real seria ilimitado, tal qual o chefe de família. Assim, o absolutismo seria uma espécie de família onde todos deviam obediência a um chefe. Este, por sua vez, seria encarregado de protegê-los e provê-los.

Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704): defendeu o absolutismo a partir do "direito divino dos reis". Para ele, o poder era entregue pelo próprio Deus ao soberano e assim, a vontade do rei era a vontade de Deus. Bossuet foi o principal teórico do absolutismo do rei Luís XIV.

Estado Absolutista

O Estado absolutista se caracteriza por centralizar o poder e fazer valer a mesma lei em todo território do reino.

Desta maneira, o rei administrava apenas com a ajuda de alguns ministros. Em alguns países, existiam assembleias, mas esta só se reuniam quando convocadas pelo soberano.

O Absolutismo estabeleceu uma burocracia civil capaz de auxiliar o Estado. Isto significava que somente o governo central estabeleceria padrões monetários e fiscais iguais para todos. Assim, antigas medidas como "varas" e "onça" vão sendo abandonados e substituídos por "metros" e "quilos".

Igualmente, somente o rei poderia cunhar moedas e garantir seu valor. A conservação e a segurança das estradas também seriam atribuições reais, uma medida que agradou os burgueses.

Da mesma forma, apenas um idioma foi escolhido para se tornar a língua falada em todo reino. Um exemplo foi o francês, em detrimento das línguas regionais. Vemos este fenômeno ocorrer na Espanha e até no Brasil, com a proibição de se usar a “língua geral”.

Veja também: Estado Absolutista

Reis absolutistas

Os principais reinos absolutistas foram Espanha, França e Inglaterra.

Na Espanha, a unificação política começou em 1469 por meio do casamento do rei Fernando de Aragão e a rainha Isabel de Castela. A centralização foi concluída durante o reinado de seu neto, o rei Felipe II.

Na França, durante a dinastia Bourbon (séc. XVI), consolidou-se o poder absolutista na pessoa do rei Luís XIV, o "Rei Sol" (1643-1715).

Já na Inglaterra, o absolutismo de Henrique VIII (1509-1547), também foi apoiado pela burguesia, a qual consentiu no fortalecimento dos poderes monárquicos em detrimento do poder parlamentar.

Todavia, com a difusão dos valores iluministas e da Revolução Francesa, os valores que sustentavam o período conhecido como o “Antigo Regime” ruíram derrubando todo aquele sistema.

Para saber mais sobre o Absolutismo, leia também:

  • Revolução Inglesa
  • República
  • Estado Moderno
  • O Príncipe, de Maquiavel
  • O que é Autocracia?
  • Questões sobre Absolutismo
  • Formação das Monarquias Nacionais

Qual grupo social apoiou a centralização do poder nas mãos do rei por quê?

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

Qual foi o grupo social que se aliou aos reis e apoiou a centralização política?

Qual foi o principal grupo social que se aliou aos reis e apoiou a centralização política? Quais eram os interesses envolvidos nessa aliança? RESPOSTA: A burguesia comercial se aliou aos reis porque pretendia driblar os tributos e as variadas moedas cunhadas em cada feudo, o que prejudicava seus negócios.

Qual grupo foi responsável por financiar a centralização do poder nas mãos dos reis?

O Absolutismo Monárquico foi alcançado através de uma aliança entre Reis e Burguesia, na qual esta financiava a tomada de poder pela Monarquia.

O que favoreceu a centralização do poder nas mãos do rei?

Explicação: Os reis começaram então a concentrar grandes poderes, em parte por causa do apoio e do dinheiro recebido dos burgueses. Ao longo de algum tempo, a aproximação entre o rei e a burguesia colocariam fim à fragmentação do poder.

Por que parte da nobreza apoiou a centralização do poder real?

A nobreza representava uma forte base de sustentação política capaz de legitimar a autoridade do monarca. Por essa razão, os nobres foram amplamente privilegiados no interior do estado absolutista ao ter a isenção sobre diversos impostos, além do expressivo poder de barganha política para obter favores pessoais do rei.