Qual é o significado de dezembro vermelho?

Você sabe por que o termo DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) foi substituído por ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis)? A gente esclarece!

A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu mudar a nomenclatura uma vez que a palavra “doença” está relacionada a sinais e sintomas visíveis, e a palavra “infecção” abrange condições assintomáticas.

Causadas por mais de 30 vírus ou bactérias, as ISTs são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual, mas também podem ocorrer da mãe para a criança, durante a gestação, o parto ou a amamentação.

Diante do crescente número de novos casos de ISTs — especialmente na população jovem —, torna-se, cada vez mais, importante investir em campanhas de prevenção. Assim, nasceu o Dezembro Vermelho, um mês que tem como objetivo trazer informação e conscientização sobre essas infecções. 

Convidamos você para conhecer melhor a campanha e esclarecer as principais dúvidas. Para isso, contamos com a ajuda do Dr. Alexandre Cunha, consultor médico do Sabin Medicina Diagnóstica. Vamos lá?

Criada em 2017, a partir da Lei nº 13.504, a campanha Dezembro Vermelho tem o objetivo de levar informação às pessoas sobre as infecções sexualmente transmissíveis, ressaltando pontos como:

• o que são essas doenças;
• como elas são transmitidas;
• como é possível se contaminar com elas;
• quais são os seus agentes causadores;
• quais são os seus principais sintomas;
• como é feito o diagnóstico;
• quais são os tratamentos;
• como são os métodos de prevenção.

A campanha é promovida no país inteiro durante todo o mês de dezembro, e inicia-se pelo Dia Mundial de Luta contra a Aids (1º/12).

QUAIS AS PRINCIPAIS ISTS?

A seguir, conheça as ISTs mais comuns na população.

HERPES GENITAL

Importante não confundir com outro tipo de herpes. Causada pelo vírus herpes simples tipo 2, a herpes genital é caracterizada por bolhas e feridas nas mucosas das genitálias feminina e masculina.

SÍFILIS

É uma infecção gerada pela bactéria Treponema pallidum e seu tratamento envolve o uso de antibióticos. A sífilis é uma doença que pode causar morte fetal caso acometa uma gestante.

GONORREIA

A gonorreia, originária da bactéria Neisseria gonorrhoeae, é uma das ISTs mais transmissíveis que temos notícia. Ela também é tratada com o uso de antibióticos e pode trazer prejuízos para o bebê em caso de gestação.

CLAMÍDIA

Causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, é uma infecção geralmente assintomática. A clamídia, se não tratada, pode causar sérias complicações.

CANCRO MOLE

Causada pela bactéria Haemophilus ducreyi, essa infecção afeta homens e mulheres e é mais frequente em países tropicais.

HPV

Incurável, o HPV é uma patologia que causa verrugas nas regiões genital e anal. Nas mulheres, é um causador do câncer de colo do útero. É evitável com a vacinação.

HEPATITE B 

Outra doença que também pode ser evitada com a vacinação, a hepatite B é gerada por um vírus que afeta principalmente o fígado dos pacientes.

AIDS

Por fim, temos a aids, doença causada pelo vírus HIV. Ela não tem cura e é potencialmente fatal, ainda que hoje existam tratamentos muito eficientes. Exige comprometimento do paciente ao tratamento para evitar consequências graves.

QUAL É A SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS ISTS ATUALMENTE? 

As ISTs, no Brasil, estão sob controle muito superior do que o que era observado há alguns anos. A aids, por exemplo, era uma sentença de morte quando surgiu na década de 80, mas hoje é considerada crônica, com tratamento e controle, e apresenta uma certa queda no número de novos casos.

O grupo mais comumente afetado por essas doenças está concentrado entre os jovens (especialmente os que não conviveram com a massiva propaganda de preservativos nos anos 90 e 2000).

No entanto, o número de casos entre pessoas mais velhas (e até mesmo idosos) também tem demonstrado um crescimento acentuado nos últimos anos.

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS TIPOS DE EXAMES PARA IST?

Isso depende. Os exames solicitados não são uma “receita de bolo”, sendo personalizados a cada pessoa, situação, hábitos, estilo de vida, entre outros detalhes que devem ser levados em consideração.

Na maior parte das vezes, são feitos testes de sorologia, obtidos através de uma amostra de sangue analisada em laboratório. Em geral, são realizados rapidamente, com resultados em poucas horas.

Em determinados casos, o check-up envolve também outros tipos de exame, sobretudo quando o paciente apresenta sintomas. Nesse caso, é necessário conversar com o profissional de saúde responsável pelo seu acompanhamento.

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS FORMAS DE PREVENÇÃO? 

Para melhor compreensão, preparamos um infográfico com os principais métodos de prevenção das ISTs. Confira:

Além das maneiras mencionadas acima, há outras formas de prevenção que não podem deixar de ser listadas. Veja a seguir!

REDUZIR O NÚMERO DE PARCEIROS

Essa é uma maneira de limitar suas chances de entrar em contato com algum vírus ou bactéria potencialmente causadores de uma IST. A prática do sexo seguro ainda é a melhor prevenção, ainda que você tenha muitos parceiros.

EVITAR COMPARTILHAR OBJETOS PERFURANTES

Algumas ISTs, como a aids, são também causadas pelo compartilhamento de objetos perfurantes (agulhas, por exemplo). É por essa razão que há uma incidência grande desse problema entre usuários de drogas. É fundamental se cuidar, independentemente de qual seja a natureza do objeto compartilhado.

FAZER PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS APENAS EM LOCAIS CONFIÁVEIS

Por conta do uso de objetos perfurantes, é recomendável escolher locais adequados para realizar procedimentos estéticos, como liftings, tatuagens e colocação de piercings. Desse modo, é possível garantir que todo o processo de esterilização seja feito da maneira correta e que a sua segurança não seja comprometida.

USAR CAMISINHA

Nunca é demais reforçar a importância do preservativo durante as práticas sexuais. Em alguns casos, como na aids, ele protege 100% do contágio, já que a contaminação depende dos fluidos corporais.

No caso da herpes genital e outras ISTs, a taxa de prevenção não chega a tanto, mas reduz consideravelmente. Isso porque o contato com verrugas que estejam em outras áreas íntimas, que não são cobertas pela camisinha, também pode gerar a infecção. 

Por fim, dois pontos de relevância. O primeiro: a contaminação por ISTs não acontece apenas com a ejaculação masculina. A prática sexual entre mulheres também pode ocasionar a transmissão. Portanto, seja qual for sua orientação sexual, proteja-se sempre.

O segundo: estar em um relacionamento estável não quer dizer, necessariamente, que você está imune às ISTs. Dados mostram que tem crescido o número de casos de mulheres casadas (e com um único parceiro) contaminadas com o vírus HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. Sendo assim, cuide de você acima de tudo.

COMO SÃO OS TRATAMENTOS PARA AS ISTS?

Os tratamentos também variam de acordo com as ISTs. Em alguns casos, são utilizados antibióticos. Em outros, é aplicado apenas a terapia de suporte.

No caso da aids, por exemplo, o paciente toma uma série de remédios. Eles têm como objetivo adormecer o vírus, fazendo com que o microrganismo se multiplique mais lentamente, deixando o corpo da pessoa afetada em equilíbrio.

Em outros casos, o paciente terá problemas secundários à doença, como alterações renais, hepáticas e de pele, o que exige cuidados específicos. Por isso, cada indivíduo será tratado de uma forma personalizada.

POR QUE O SEXO SEGURO AINDA DEVE SER PRIORIZADO?

Seja para cuidar da saúde da mulher e do homem e para evitar problemas com as ISTs, é essencial o sexo seguro — com a utilização de preservativos.

O método de barreira, como é conhecido, é o melhor aliado contra esses tipos de infecção. Afinal, outras medidas — como a abstenção sexual — não condizem com o estilo de vida de muitas pessoas. É possível se relacionar tranquilamente, desde que sejamos responsáveis!

Lembrando que há infecções que são adquiridas até mesmo pelo sexo oral. Assim, é importante usar proteção em todos os tipos de práticas sexuais.

POR QUE O DEZEMBRO VERMELHO É IMPORTANTE PARA COMBATER ESTIGMAS?

Quando não falamos sobre algo, isso se torna um assunto do qual supostamente não devemos falar, surgindo, assim, o tabu. Conscientizar a população é uma forma de normalizar esse tema, fazendo com que ele seja parte das rodas de conversa e se insira no dia a dia da população.

Discutir sobre saúde sexual e reprodutiva pode ajudar a reduzir o preconceito e os casos de infecções sexualmente transmissíveis, tanto pelo cuidado que as pessoas passam a ter consigo mesmas, quanto com os outros. 

Como podemos ver, a campanha Dezembro Vermelho é de extrema importância para a conscientização acerca das infecções sexualmente transmissíveis. Agora que você já tem todas essas informações, se previna e oriente as pessoas que você conhece sobre essas medidas tão importantes!Para finalizar, separamos um artigo que fala sobre outro tema importantíssimo: o Novembro Azul. Informe-se também sobre o câncer de próstata e quais as formas de prevenção.