De acordo com o que aprendemos da Sagrada Tradição, a resposta é SIM. O Nosso Senhor Jesus Cristo subiu aos céus numa quinta-feira, 10 dias antes de Pentecostes.
E como sabemos disto?
A Tradição da Igreja se baseia no relato que São Lucas nos deu no início dos Atos dos Apóstolos:
E a eles se manifestou vivo depois de sua Paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas do Reino de Deus.
(Atos 1, 3)
Se contarmos quarenta dias que o Senhor se “manifestou vivo” desde o Domingo da Ressurreição, chegamos exatamente na quinta-feira da 6ª Semana da Páscoa, data consolidada pela Tradição para a Solenidade da Ascensão do Senhor, um dia de preceito conforme o Código de Direito Canônico:
O domingo, em que se celebra o mistério pascal, por tradição apostólica, deve guardar-se como dia festivo de preceito em toda a Igreja. Do mesmo modo devem guardar-se os dias do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Epifania, Ascensão e santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, Santa Maria Mãe de Deus, e sua Imaculada Conceição e Assunção, São José e os Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, e finalmente de Todos os Santos.
(Cân. 1246 — § l. )
Lembrando que um dia de preceito, segundo o mesmo Código de Direito Canônico, é aquele que o fiel católico tem obrigação de participar da Santa Missa, assim como no domingo.
Mas por que então só celebramos a Ascensão do Senhor no Domingo Seguinte?
O Direito Canônico, no segundo parágrafo do mesmo artigo, abre para as Conferências episcopais a possibilidade de alterar o calendário de algumas celebrações:
A Conferência episcopal contudo pode, com aprovação prévia da Sé Apostólica, abolir alguns dias festivos de preceito ou transferi-los para o domingo.”
(Cân. 1246 — § 2. )
No caso do Brasil, a CNBB definiu o seguinte:
“São festas de preceito os dias de: Natal do Senhor Jesus Cristo, do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, de Santa Maria Mãe de Deus, e de sua Imaculada Conceição. As celebrações da Epifania, da Ascensão, da Assunção de Nossa Senhora, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e a de Todos os Santos ficam transferidas para o domingo, de acordo com as normas litúrgicas. A festa de preceito de São José é abolida, permanecendo sua celebração litúrgica.”
(Legislação Complementar ao Código de Direito Canônico – CNBB Decreto nº 2/1986 – e Decreto nº 4/1986)
Por causa disso, alguns países, como o Vaticano, por exemplo, celebram a Ascensão do Senhor nesta quinta-feira da 6ª Semana da Páscoa enquanto nós celebramos no próximo domingo.
E qual a razão de transferir para o domingo?
Uma vez que, na maioria dos lugares, os dias em que caem estas festas não são feriados e, tendo em vista a sua importância, a transferência para o domingo nos proporciona viver e celebrar melhor esses importantes preceitos que marcam a nossa fé.
Após a Ascensão do Senhor no Monte das Oliveiras, os Apóstolos voltaram para o Cenáculo em Jerusalém onde, em atenção à ordem do Senhor, permaneceram em oração até a manifestação do Espírito Santo no dia de Pentecostes.
A Beata Elena Guerra, no final do século 19, rogou ao papa Leão XIII que, em nome da Igreja, instituísse novena de Pentecostes, a única instituída por Cristo, conforme a sua exegese, lembrando os dias que os discípulos ficaram reunidos em oração, entre a Ascensão e o Pentecostes. Em 9 de maio de 1897, o papa promulgou a Encíclica Divinum Illud Múnus, mandando que toda a Igreja rezasse a novena em honra ao Divino Espírito Santo e em preparação à solenidade de Pentecostes.
Helber ClaytonNavegação de posts
:::+Ofício Divino:::
Na quinta-feira da sexta semana do Tempo Pascal celebra-se no Vaticano e em alguns países do mundo, a solenidade da Ascensão do Senhor, que no Brasil e em outras nações, é comemorada no domingo. Dom Edmar Peron, bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) explica que a Igreja no Brasil transferiu a festa da Ascensão para o domingo para poder facilitar a participação do povo na celebração.
A Ascensão de Cristo celebra a subida de Jesus ao céu 40 dias após sua ressurreição. O período conclui a presença de Cristo no contexto histórico e inaugura a história da Igreja. Neste contexto, dom Edmar afirma que o período marca um fim e um começo. O fim de acordo com ele é por conta da conclusão da missão do Senhor, na qual ele a entrega aos Apóstolos para que levem o anúncio às nações. “E ao mesmo tempo é o início, ou seja, a Igreja que depois da Ascensão é chamada a ir”, afirma o bispo.
Dom Edmar explica que nos Atos dos Apóstolos, a Ascensão é descrita por meio de uma mensagem aos Apóstolos, que continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia. Na ocasião, ele conta que apareceram dois homens vestidos de branco (mensageiros) que lhes disseram: ‘Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu’.
Ainda conforme o bispo, o Evangelho retoma essa mesma compreensão acerca da Ascensão, apresentando o encontro final de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, em um monte da Galileia. Dom Edmar salienta que a comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus ressuscitado, reconhece-o como o seu Senhor e recebe dele a missão de continuar no mundo o testemunho do Reino. “Jesus disse que o seu Evangelho, o Evangelho do Reino deve chegar a todas as nações”, aponta dom Edmar.
Esse reconhecimento também pode ser percebido nos textos do Missal Romano, conforme dom Edmar. “Na Ascensão, o Senhor não subiu aos céus para nos afastar da nossa humanidade, mas para nos garantir de que a nossa meta é também chegar à casa do pai, então a nossa humanidade segundo o cânon romano entra no paraíso com a Ascensão de Jesus aos céus”, finaliza.