Qual é a diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho?

A desigualdade de gênero no mercado de trabalho é um fato comprovado por dados em todo o mundo. Ainda que avanços possam ser notados, as diferenças entre homens e mulheres dentro do mercado de trabalho, assim como as diferenças salariais, são gritantes. No Brasil, a realidade segue as estatísticas mundiais e isso pode ser visto em bases de informações e análises

As mulheres seguem ganhando menos que homens quando analisamos a atuação nos mesmos cargos e, além disso, estatisticamente, elas ocupam cada vez menos cargos gerenciais, ainda que o nível de escolaridade das mulheres no Brasil seja maior do que o dos homens. Segundo a pesquisa Estatísticas de Gênero, entre pessoas do gênero masculino, 21,5% deles frequentaram o ensino superior. Já entre as mulheres, a taxa é de 29,75%. Veja mais a respeito nesta publicação que fala sobre as dificuldades da mulher no mercado de trabalho. 

A desigualdade de gênero no mercado de trabalho brasileiro é tão significativa, que segundo o relatório Global Gender Gap Report (Relatório Global Sobre a Lacuna de Gênero), o país ocupa a 130a posição em igualdade de salário. A situação é ainda pior no caso de mulheres negras. Dados do IBGE (2019) relatam que uma mulher negra recebe cerca de 44,4% – menos da metade – da renda média dos homens brancos, que de acordo com o mesmo estudo, são o perfil de maior renda média no país.

O impacto da pandemia 

A pandemia da Covid-19 teve seu estado de maior alerta mundial em 2020 e afetou as pessoas de diversas formas: físicas, psicológicas, financeiras, dentre outras. No caso das mulheres, os impactos gerados pelos períodos de isolamento, lockdown e a crise econômica foram ainda mais severos em relação ao campo financeiro e do trabalho. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE), comandado pela pesquisadora Janaína Feijó, mostra que houve uma queda na inserção das brasileiras no mercado de trabalho. 

No ano de 2019, a taxa de participação foi de 54,3% e em 2021, caiu para 51,5%. Essa desigualdade de gênero no mercado de trabalho se torna ainda mais perceptível quando comparamos a presença feminina em relação à masculina. De acordo com o mesmo estudo, atualmente homens têm uma participação de pouco mais de 71%, ou seja, a presença das mulheres é cerca de 20% inferior.

Dados divulgados pela ONG Think Olga também demonstram que a participação feminina no mercado de trabalho retrocedeu em 30 anos durante a pandemia. Isso porque diversos setores que historicamente têm alta empregabilidade de mulheres foram impactados, como educação, serviços domésticos e educação.

As circunstâncias da pandemia podem ser entendidas como fatores que tiveram grande peso nas diferenças apresentadas. Além da dupla jornada de trabalho, que já é uma discussão de enorme relevância e que nos acompanha há muito tempo, durante a pandemia, as tarefas domésticas e os cuidados de crianças, por exemplo, podem ter aumentado ainda mais a sobrecarga sobre muitas mulheres.

Tipos de desigualdade de gênero

Existem diversas formas de manifestação da desigualdade de gênero no mercado de trabalho brasileiro e na sociedade.

Dentro das empresas, temos como exemplos: a disparidade salarial que ainda persiste, apesar de proibida pela legislação trabalhista; a ocorrência de assédios; comportamentos sexistas como mainsplaining, manterrupting e bropriating; e o “teto de vidro”, termo que designa a dificuldade imposta às mulheres para crescerem na carreira.

Na sociedade como um todo, esses fatores aparecem da mesma maneira. A política é um exemplo disso: na atual legislatura da Câmara Federal, apenas 15% das cadeiras são ocupadas por mulheres.

Em carreiras normalmente associadas aos homens (e que pagam maiores salários, como engenharia e tecnologia da informação), elas também são minoria.

Apesar de ocuparem a maior parte das vagas universitárias no Brasil. as mulheres ainda não têm acesso às melhores oportunidades de trabalho e renda.

Causas e consequências da desigualdade de gênero

As causas da desigualdade de gênero possuem raízes históricas. Passando pela formação patriarcal da nossa sociedade, que sempre privilegiou os homens, e pela divisão histórica do trabalho, que relegou às mulheres o trabalho doméstico e de cuidado dos filhos. Falamos bastante sobre isso nesse outro artigo, clique e confira!

As consequências dessa desigualdade também são bastante conhecidas. Ainda hoje, mulheres vivem em relações abusivas, por dependência financeira e emocional.

As mulheres também podem acabar tendo baixa autoestima (devido a uma vida inteira de cobranças e pressões estéticas), maior propensão a desenvolver depressão (não apenas por fatores hormonais, mas também sociais), entre diversas outras consequências graves.

A cultura da sua empresa é inclusiva?

Todos esses fatores históricos que mencionamos desenvolveram nas empresas uma cultura organizacional que privilegia os homens, em detrimento das mulheres. Essa questão acaba muitas vezes aparecendo na pesquisa de clima organizacional, embora seja um problema estrutural.

Se uma cultura organizacional não é verdadeiramente inclusiva, essa desigualdade que existe na sociedade tende a se replicar dentro da empresa. Para solucionar esse desafio, uma consultoria de cultura organizacional pode ser uma aliada importante no processo de diminuição da desigualdade de gênero nas empresas.

Maternidade

Outro ponto que destaca a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, são dados do IBGE que analisaram a porcentagem de mulheres e homens que têm filhos de até 3 anos de idade, em relação a pessoas sem filhos.

Os resultados obtidos apontaram que mulheres que são mães de crianças de até 3 anos de idade e estão empregadas, representam 54,6% do total, o que é um percentual inferior àquelas que têm filhos dependentes e mais velhos. Estas últimas representam 67,2%.

No entanto, o cenário em relação aos homens é completamente diferente. O oposto, na verdade. Homens que vivem com crianças de até 3 anos têm uma porcentagem registrada de ocupação equivalente a 89,2%. Os que não têm filhos nessa idade, representam 83,4%. 

Ou seja, para as mulheres, ter filhos influencia muito, até mesmo no processo de contratação. É importante salientar que as porcentagens apresentadas acima, se referem apenas a brasileiros e brasileiras que têm filhos. Uma possível explicação para isso, segundo especialistas, é o fato de que a responsabilidade de cuidado dos filhos é atribuída quase que unicamente à mulher. 

Portanto, muitas empresas, ao se depararem com mães nos processos seletivos, já associam isso a uma maior possibilidade de ter que se ausentar para cuidados com a criança. Enquanto isso, por não serem tão social e historicamente responsabilizados pelo cuidado de seus filhos quanto as mulheres, homens são praticamente isentados da relevância desse fator em um momento de contratação.

Além disso, o fato de que mulheres estão sujeitas a engravidar e se ausentar de seus cargos em função de licenças maternidade, é outro fator que influencia muitas pessoas a optarem pela não contratação feminina, aumentando ainda mais a desigualdade de gênero no mercado de trabalho no nosso país.

Uma dificuldade adicional para inserção no mercado pode ser observada a partir do recorte racial. As mulheres pretas ou pardas com crianças de até 3 anos apresentaram os menores níveis de ocupação, inferiores a 50%, enquanto as brancas registraram um percentual de 62,6% (dados do IBGE).

Apesar disso, sabemos que existem pessoas e empresas que querem se posicionar de uma maneira diferenciada, mas não sabem por onde começar. Se é esse o caso na empresa em que você trabalha, e está precisando de apoio para implementar políticas de inclusão, entre em contato com a Santo Caos. Com mais de 120 clientes atendidos em todo o Brasil, dos mais diversos setores, podemos ajudar você encontrar opções e desenvolver soluções efetivas para aumentar a equidade na sua empresa.

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