Qual a relação entre desenvolvimento tecnológico e a ética dentro da ciência

�tica e Ci�ncia: urg�ncia do debate

Prof. Raul Enrique Cuore

http://www.artigonal.com/educacao-artigos/etica-e-ciencia-urgencia-do-debate-982236.html

Resumo

�tica e ci�ncia, esta discuss�o necessita previamente passar pela concep��o filos�fica de �ser humano�, ��tica� e �ci�ncia�. Na perspectiva existencialista, o homem � um ser capaz de autodetermina��o, ou seja, ser sujeito do conhecimento e da a��o. Em conseq��ncia, no campo �tico, tudo aquilo que tira ou diminui essa dimens�o de sujeito � considerado viol�ncia. Por sua vez, a ci�ncia moderna ocidental cont�m em si um amplo projeto de domina��o: da natureza, de si mesmo e do outro. Portanto, uma ci�ncia �tica s� � poss�vel a partir de uma nova postura diante da pr�pria ci�ncia e dos valores da sociedade.

Palavras-chave: Debate; Ci�ncia; �tica.

1 Introdu��o

A rela��o �tica e ci�ncia � um dos debates que nos foram equacionados no s�culo XXI. A partir do lan�amento da bomba nuclear nas cidades de Hiroshima e Nagasaki no Jap�o no fim da II Guerra Mundial em 1945, e mais neste s�culo com a degrada��o do meio ambiente, a ambig�idade do progresso cient�fico e tecnol�gico passou do plano te�rico para o existencial. Come�amos a perceber na vida cotidiana a deteriora��o do ambiente f�sico e social ao lado do mundo maravilhoso da tecnologia. Isto cria um paradoxo entre a ci�ncia e a �tica.

As conquistas tecnol�gicas nos campos da comunica��o, transporte, alimenta��o, moradia, sa�de e lazer convivem ao lado do desequil�brio ecol�gico, da mis�ria, da fome, o desemprego, os sem-terra, sem-teto, enfim ao lado de toda a viol�ncia que destr�i dignidade humana.

Para falarmos da rela��o entre ci�ncia e �tica � preciso, ao principio buscarmos uma defini��o para a �tica, e como esta vem a se contrapor a ci�ncia.

2 Como definirmos �tica?

Poder�amos entender �tica de v�rias formas. Uma delas poderia ser como a busca ou caminho para ou pela �verdade� que seria, talvez, e em algumas condi��es, subjetiva.

Se relembrarmos da origem da filosofia na Gr�cia, por exemplo, os sofistas, que atrav�s da ret�rica e do convencimento pelas palavras, da orat�ria, julgavam que �a verdade � resultado da persuas�o e do consenso entre os homens�. Isso era combatido por S�crates, Plat�o e Arist�teles que julgavam ser a ess�ncia da verdade atrav�s da raz�o e n�o do �simples� convencimento e consenso. S�crates fazia isto atrav�s de perguntas b�sicas, feitas a diversos profissionais especialistas, tais como: ao �sapateiro� � o que � um sapato? Ao �juiz� - o que � a justi�a? Ou o que � a verdade? E assim, a partir de um questionamento, buscava desvendar, atrav�s da raz�o e da l�gica e n�o mais por um simples convencimento ret�rico, o que seria esta verdade.

Poder�amos dizer ent�o que, de certa forma, S�crates inaugura a �tica dentro do discurso. S�crates, como comenta MARCONDES (1998) seria:

�(...) um divisor de �guas. � nesse momento que a problem�tica �tico-pol�tica passa ao primeiro plano da discuss�o filos�fica como quest�o urgente da sociedade grega superando a quest�o da natureza como tem�tica central, pois a tem�tica racionalista filos�fica, inicialmente, era a natureza, iniciada por Tales de Mileto que buscava na pr�pria natureza a explica��o para ela pr�pria, se afastando assim do mito em que tudo era explicado pelos deuses...

Assim ter�amos a quest�o da subjetividade na �tica, e a forma��o da pr�pria sociedade interagindo entre ela e os indiv�duos. A �tica ajudando-nos a refletir sobre os costumes, sobre as pr�ticas da ci�ncia, da religi�o, da fam�lia, da empresa, em fim, em todas as institui��es da sociedade. A �tica nos ajuda a pensar a subjetividade. Que sujeito � esse em tal momento da hist�ria? Que sujeito � este hoje? Que �conhecimento� � este que buscamos pela ci�ncia?

Ainda MARCONDES (1998) nos define �tica da seguinte forma: �A �tica do gregoethike�, diz respeito aos costumes e tem por objetivo elaborar uma reflex�o sobre os problemas fundamentais da moral (finalidade e sentido da vida humana, os fundamentos da obriga��o e do dever, natureza do bem e do mal, o valor da consci�ncia moral.�

3 A ci�ncia, a �tica e a filosofia

N�o existe um profissional �tico, sem antes um homem �tico. Portanto, a discuss�o sobre �tica deve ser vista como uma situa��o-problema que provoca e estimula uma reflex�o abrangente sobre a pr�pria natureza da rela��o �tica e ci�ncia.

Em sua reflex�o sobre o conceito de progresso MATOS (1993) conclui que: �como n�o h� progresso que n�o seja tamb�m moral, a principal tarefa dos nossos dias � o combate pelo progresso dos direitos humanos.�

Referenciando a utopia que temos em comum: a humanidade com vida digna e feliz. Visto deste ponto, a reflex�o filos�fica n�o tem a utilidade imediata no sentido do senso comum. Sua contribui��o � ci�ncia e � t�cnica explicando os fundamentos epistemol�gicos e metodol�gicos e certamente, �ticos. Citando CHAU� (1994): �N�o se trata, pois, rigorosamente de uma ci�ncia, mas de uma reflex�o em busca de uma fundamenta��o te�rica e cr�tica dos nossos conhecimentos e de nossas pr�ticas�.

Segundo o existencialismo, o ser humano est� em processo de autoconstru��o. Em outras palavras, � um agente transformador da Natureza que, ao transform�-la, constr�i sua pr�pria ess�ncia. A natureza humana vem sendo constru�da pela pr�pria humanidade no processo hist�rico atualizando sua potencialidade com agente transformador. Sobre este conceito MATOS (1993) nos exp�e:

�Temos uma natureza em devir. O ser humano �, ao mesmo tempo, um ser atualmente advindo e um ser ainda a vir, apenas prometido a si mesmo. (...) � aqui que se manifesta a estrutura fundamental da a��o: de um lado, ela � aquilo em que se tornou, aquilo que ela � agora: do outro, tamb�m � uma antecipa��o de seu ser realizado e, por ser a��o de um agente aut�nomo, ela implica em si a responsabilidade daquilo que fazemos de n�s mesmos. E veremos como a responsabilidade de cada ser humano para consigo mesmo constitui, ao mesmo tempo, um responsabilidade que ele tem com todos os homens�.

4 Ci�ncia e �tica nos dias atuais

A ci�ncia, tra�o que singulariza as sociedades modernas, vem sendo analisada sob os mais diversos �ngulos. Desde o enfoque mais cl�ssico da epistemologia ao olhar mais recente dos estudos culturais, multiplicam-se os estudos sobre a atividade cient�fica. Entretanto, em nossos dias, uma perspectiva, a da �tica, exerce particular interesse, associada ao desenvolvimento contempor�neo das ci�ncias da vida.

Alternativas in�ditas, antigamente nem sequer questionadas, fazem hoje, parte do cotidiano. Possibilidades como a preserva��o duradoura da vida em condi��es artificiais, a interven��o em fetos ou as que decorrem do amplo repert�rio de a��es ligadas � clonagem evidenciam a expans�o do nosso poderio cient�fico-tecnol�gico. Poderio que nos inscreve, de imediato, no horizonte �tico: podendo fazer, devemos fazer?

Os �rg�os que regulam a �tica nas pesquisas cient�ficas que envolvam seres humanos, o crescente cuidado no trato dos animais associados � pesquisa cient�fica, a aten��o e a sensibilidade com que s�o vistas as quest�es relativas � interven��o no meio ambiente s�o indicadores de que estamos diante de um novo cen�rio. Mas, se, de um lado, devemos celebrar o reaparecimento da tem�tica �tica, na medida em que se localiza no campo da a��o humana, por outro lado, cabe perguntar sob que condi��es � razo�vel esperar uma aproxima��o permanente entre a ci�ncia e a �tica.

�tica, entre outras coisas, significa restri��o. O recurso a valores, constitutivos de qualquer agenda �tica, implica aceitar proibi��es e limites. Caso existisse, uma sociedade inteiramente permissiva levaria � supress�o da dimens�o �tica, que se tornaria sup�rflua num ambiente onde tudo fosse tolerado.

Se aceitarmos a associa��o entre a atitude �tica e o estabelecimento de alguma esp�cie de limite, como poder�amos aproximar a �tica e a ci�ncia, entre os procedimentos �ticos e a busca do conhecimento?

No contexto da sociedade atual, � que pertencemos, a cria��o dos campos cient�ficos na modernidade ocidental � decorr�ncia, entre outros fatores, da ideologia que preconiza a defesa da liberdade mais plena no que diz respeito ao conhecimento. A concep��o moderna de ci�ncia, a que estamos, ainda hoje, associados, � insepar�vel da progressiva reafirma��o do princ�pio da autonomia da pesquisa e da rejei��o, inegoci�vel, da tutela, seja religiosa, seja pol�tica.

5 Conclus�o

Notamos que nos dias de hoje v�rias institui��es se preocupam em elaborar um c�digo de �tica. Isso demonstra claramente a necessidade que a sociedade tem de �controlar� as medidas e atitudes das diversas profiss�es. Ser� que podemos permitir que a ci�ncia, por exemplo, fa�a o que ela quiser? A ci�ncia pode pesquisar o que ela quiser?

A �tica seria desta maneira ent�o, intermedi�ria, buscaria a justi�a, a harmonia e os caminhos para alcan��-las. Quando buscamos, a justi�a, a verdade, o entendimento e o conhecimento, o buscamos para satisfazer uma necessidade do sujeito.

O que � que distingue a ci�ncia da n�o-ci�ncia? Como podemos demarcar a fronteira entre elas? � importante mencionar que a ci�ncia deve ser entendida de maneira diversa, conforme o tempo em que a estudamos. O que chamamos de �conhecimento cient�fico�, tamb�m, pode variar conforme os diversos per�odos da hist�ria. Na �rea m�dica, por exemplo, quando ouvimos uma voz cient�fica dizendo: evite comer ou fazer tal coisa, que faz mal � sa�de, e depois alguns anos mais tarde se contradizem dizendo que n�o � bem assim. Podemos citar o recente comunicado da Agencia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) com respeito � gema do ovo mal cozida.

Concluiu-se que ci�ncia � um conhecimento sistem�tico, d�-se pela leitura, reflex�o, sistematiza��o, conhecimento l�gico, sendo quase imposs�vel vivermos sem seus benef�cios. A ci�ncia tenta discernir com sabedoria �tica o melhor para o ser humano. Sendo de muita import�ncia este apelo �tico na ci�ncia, pois a sociedade depende das conseq��ncias.

A �tica � uma caracter�stica pr�pria a toda a��o humana, tendo como objetivo facilitar a realiza��o das pessoas. A ci�ncia envolve investiga��o e busca pela verdade. Na ci�ncia temos a �tica como suporte para n�o haver erros, pois a responsabilidade faz parte da �tica e � fundamental no meio cientifico. A produ��o cientifica n�o se realiza fora de um determinado contexto social e pol�tico.

6 Refer�ncias

CHAU�, M. Convite � filosofia. S�o Paulo: �tica, 1994.

MATOS, O. C. F. A escola de Frankfurt: luzes e sombras do iluminismo. S�o Paulo: Editora Moderna, 1993 (Cole��o Logos).

MARCONDES, D. Inicia��o � Hist�ria da Filosofia. 2.ed. S�o Paulo: JZE, 1998.

Qual a relação entre o desenvolvimento tecnológico e a ética dentro da ciência?

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Qual a relação entre a ética e a tecnologia?

Usar a ética na tecnologia não vai apenas proteger a empresa contra possíveis punições por transgressões, mas ajudar aos setores responsáveis a criar inovações que desenvolvam soluções inteligentes para evitar esse tipo de problema.

Qual é a relação que existe entre a ciência e a ética?

A ética é uma característica própria a toda ação humana, tendo como objetivo facilitar a realização das pessoas. A ciência envolve investigação e busca pela verdade. Na ciência temos a ética como suporte para não haver erros, pois a responsabilidade faz parte da ética e é fundamental no meio cientifico.

Qual é a importância da ética para orientar as atividades científicas e tecnológicas?

Ética na ciência é um ramo da filosofia voltado para a ética na pesquisa. Ela é um conjunto de obrigações morais que definem o certo e o errado nas práticas e decisões científicas. Muitos profissionais da ciência possuem um sistema formalizado de práticas éticas que ajudam a orientar os profissionais da área.