Qual a relação dos trabalhadores com uso de máquinas para execução de tarefas?

Regina Helena do Nascimento*


O trabalho sempre esteve presente na hist�ria da humanidade, sendo seu objetivo inicial, sobreviv�ncia. Por�m, com a Revolu��o Industrial, passou-se a o lucro e para obt�-lo era preciso m�o-de-obra de baixo custo, fato que teve como conseq��ncia a explora��o do trabalhadores.

Essas caracter�sticas pertencem ao modo de produ��o capitalista, que se consolidou na Inglaterra, atrav�s da primeira Revolu��o Industrial, que ocorreu no final do s�culo XVIII e foi poss�vel gra�as ao ac�mulo de capital, conquistado atrav�s do mercantilismo. A partir da�, surgem as f�bricas, h� o uso de m�quinas � vapor, ocorre uma maior divis�o do trabalho e, consequentemente, o aumento da produ��o. O capitalismo desde sua origem � um sistema de explora��o da m�o-de-obra, pois j� nessa �poca houve a concentra��o de riquezas nas m�os dos grandes propriet�rios capitalistas.

Na segunda metade do s�culo XIX, houve a segunda Revolu��o Industrial, a qual foi a inser��o de outros pa�ses nesse processo, proporcionando assim, a expans�o do capitalismo, sendo a passagem do capitalismo competitivo para o monopolista, com forma��o de grandes empresas e a fus�o do capital banc�rio com o capital industrial. Houve o progresso t�cnico-cient�fico, possibilitando o desenvolvimento de novas m�quinas, utiliza��o do a�o, do petr�leo e da eletricidade, evolu��o dos meios de transporte e expans�o dos meios de comunica��o.

Na d�cada de 1970, de acordo com MAGNOLI (1995) ocorreu a terceira Revolu��o Industrial, a qual alterou o panorama produtivo mundial, devido ao surgimento de tecnologias microeletr�nica e da transmiss�o de informa��es sobre a automatiza��o e robotiza��o dos processos produtivos. Al�m disso, surgiram novos ramos industriais, como a ind�stria de computadores e softwares, telecomunica��es, qu�mica fina, rob�tica e biotecnologia, os quais caracterizam-se por utilizarem m�o-de-obra qualificada.

Deste modo, as ind�strias se difundem por todo o mundo em busca de mercado consumidor, mat�ria-prima mais barata e acentua-se a explora��o do trabalhador, visando a acumula��o de capital. Segundo COHN & MARSIGLIA (1999, 59) o controle do processo de trabalho � importante para esta acumula��o devido ao fato de os trabalhadores produzirem atrav�s de formas cada vez mais avan�adas de divis�o do trabalho.

De acordo com MARX apud COHN & MARSIGLIA (1999, 60) com a dinamiza��o do processo de produ��o, passou-se a investir em uma organiza��o de trabalho mais lucrativa, visando uma maior produ��o em um menor tempo. Deste modo, pode-se estabelecer "momentos caracter�sticos do processo de trabalho na hist�ria do modo de produ��o capitalista:

*Coopera��o Simples- o trabalhador executa diversas atividades, correspondentes �s do artes�o, utilizando ferramentas deste. O controle capitalista ocorre devido a rela��o de propriedade, utilizando-se da for�a de trabalho comprada pelo dono da mesma.

*Manufatura- H� nova divis�o do trabalho, na qual os trabalhadores executam tarefas parcializadas , dando in�cio a uma desqualifica��o do trabalho e aumento da produtividade, ocorrendo a separa��o entre concep��o e execu��o do trabalho.

*Maquin�ria- Acentua-se a divis�o entre concep��o e execu��o do trabalho, h� inser��o de m�quinas no processo de produ��o, ocorrendo desqualifica��o do trabalhador, uma vez que realizam tarefas isoladas, impedindo de conhecer todo o processo de trabalho".

Devido a essas caracter�sticas, a maquin�ria possibilita diferentes formas de divis�es e organiza��es do trabalho:

- "Maquin�ria Simples- O trabalhador mant�m algum controle no seu ritmo de trabalho, tendo liberdade para acionar as m�quinas, fato que � estimulado atrav�s de remunera��o por produ��o.

- Organiza��o Cient�fica do Trabalho- O ritmo de trabalho � determinado pela m�quina, ocorrendo separa��o extrema entre concep��o e execu��o do trabalho. No Taylorismo h� a redu��o m�xima do tempo gasto para executar cada tarefa, fracionando o processo de trabalho em tarefas simples. J� no Fordismo h� um ordenamento seq�encial de tarefas, utilizando-se de uma esteira, que define o ritmo de trabalho."

- Automa��o- Este item foi inclu�do neste processo por FREYSSENET, uma vez que atrav�s do desenvolvimento t�cnico-cient�fico, a fun��o do trabalhador se restringe a vigil�ncia do processo produtivo.

Com a evolu��o tecnol�gica do processo de produ��o, h� altera��es na organiza��o do trabalho, com o objetivo de aumentar a produtividade para garantir o lucro. De acordo com COHN & MARSIGLIA (1994, 68) h� diferentes escolas que defendem tipos diversos de organiza��o do trabalho, sendo elas:

Escola Cient�fica ou Cl�ssica- Principais fundadores: F. Taylor; H. Fayol e H. Ford. Defende a tese de que o trabalhador � impulsionado pelo esp�rito competitivo, bastando recompens�-lo economicamente de acordo com sua produ��o, assim os conflitos internos da unidade de produ��o ser�o eliminados. A organiza��o do processo produtivo deve ser formal, hierarquizada, autorit�ria e racionalizada para maximizar a produ��o, devendo exercer um r�gido controle sobre o trabalho, seu ritmo e o modo que deve ser executado. A ger�ncia deve exercer vigil�ncia sobre o trabalho de n�veis hier�rquicos inferiores, a fim de aumentar a produtividade.

De acordo com MONTEIRO & GOMES (1998, 30) Taylor, nas primeiras d�cadas do s�culo XX, iniciou experi�ncias visando aumentar a produtividade, baseando-se na "interfer�ncia e disciplina do conhecimento oper�rio sob comando da ger�ncia, sele��o e treinamento, valorizando as habilidades pessoais para atender as exig�ncias do trabalho". Estas experi�ncias iniciadas por Taylor foram complementadas por Fayol, em 1916, pautadas nos princ�pios da unidade de comando, da divis�o do trabalho, da especializa��o e da amplitude de controle. Os mesmos autores ressaltam que em 1913 Ford faz uso dos princ�pios da linha de montagem, resultando na desqualifica��o oper�ria e na intensifica��o do trabalho.

Segundo RAGO & MOREIRA (1986, 25), "o taylorismo, enquanto m�todo de organiza��o cient�fica da produ��o, mais do que uma t�cnica de produ��o � essencialmente uma t�cnica social de domina��o. Ao organizar o processo de trabalho, distribuir individualmente a for�a de trabalho no interior do espa�o fabril, a classe dominante faz valer seu controle e poder sobre os trabalhadores para sujeit�-los de maneira mais eficaz e menos custosa � sua explora��o econ�mica".

Atrav�s desse modo de organiza��o do trabalho, passou-se a "separar, radicalmente, o trabalho intelectual do trabalho manual, o sistema Taylor neutraliza a atividade mental dos oper�rios" (DEJOURS,1997, 19). Deste modo, pode-se afirmar que o modo de organiza��o do trabalho exerce um fator essencial sobre a sa�de do trabalhador, sendo fonte de esgotamento f�sico e mental, originado pela frustra��o da atividade repetitiva e desprovida de modifica��es, as quais poderiam favorecer as necessidades fisiol�gicas e os desejos psicol�gicos do trabalhador, fato que n�o ocorre, prejudicando a rela��o homem-trabalho, como tamb�m a rela��o sa�de e trabalho.

Escola das Rela��es Humanas- Principal fundador: E. Mayo. Defende a tese da necessidade psicol�gica do homem de sentir-se como membro de um grupo social. Deste modo, al�m da recompensa financeira, h� necessidade de que a organiza��o da produ��o favore�a a coopera��o e a integra��o neste processo.

Segundo MONTEIRO & GOMES (1998, 31) Mayo destaca a "concep��o do homem no trabalho, relacionado a motiva��o, sociabilidade e aspira��o de que o trabalho se torne um instrumento de realiza��o pessoal".

Elton Mayo apud BERNARDES (1988) introduz a abordagem human�stica com o objetivo de tornar mais humana e democr�tica as rela��es entre as pessoas e a organiza��o, surgindo a preocupa��o com aspectos psicol�gicos e sociol�gicos, iniciando a aplica��o de conceitos como a motiva��o, lideran�a e comunica��o.

A partir das conclus�es de Mayo, percebe-se a import�ncia de melhorar o relacionamento social dos funcion�rios , verificando o n�vel de satisfa��o dos mesmos, pois este fator, segundo ROBBINS (1998), influi na qualidade da produ��o. O mesmo autor argumenta que h� necessidade de melhorar as rela��es pessoais de modo que propicie a sua participa��o, fato que gera maior motiva��o e, consequentemente, aumento de produtividade. A falta de um bom relacionamento prejudica a comunica��o, al�m de poder causar conflitos.

Teorias Modernas de Administra��o: Teoria Estruturalista; teoria Comportamental e Abordagem S�cio-t�cnica. Defende a tese que o homem tem necessidades b�sicas e psicossociais. Prop�e a participa��o do mesmo no processo de organiza��o da produ��o, incentivando a comunica��o, desenvolvendo a motiva��o no trabalho, descentraliza��o nas decis�es, delega��o de autoridade, consulta e participa��o dos trabalhadores.

Para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade, passou-se a utilizar princ�pios da administra��o japonesa na organiza��o do trabalho, sendo este um novo paradigma de produ��o industrial, iniciado na d�cada de 60. Este � denominado de Toyotismo e segundo BEZERRA MENDES (1997, 57) "pressup�e a polival�ncia dos trabalhadores , a fabrica��o de produtos diferenciados, a responsabilidade com o mercado e uma estrutura organizacional que comporte mudan�as e inova��es constantes, bem como a mudan�a da rela��o social no trabalho e a participa��o dos trabalhadores no sistema produtivo".

Para BEZERRA MENDES (1997) a participa��o dos trabalhadores nas decis�es e transforma��es referentes � organiza��o do trabalho � essencial � promo��o da sa�de mental, bem como para a melhoria da qualidade de vida no trabalho e do trabalhador.

Esta mesma autora (1997, 59) destaca que h� algumas condi��es da flexibiliza��o na organiza��o do trabalho que proporcionaria maior qualidade de vida no trabalho, como:

*"A integra��o e globaliza��o dos processos, m�todos e instrumentos de trabalho;

*O conte�do significativo das tarefas, a autonomia, o uso das compet�ncias t�cnicas e da criatividade;

*As rela��es hier�rquicas baseadas na confian�a, coopera��o, participa��o e defini��o de regras pelo coletivo de trabalhadores".

Essas condi��es contrap�em os modelos de organiza��o do trabalho cl�ssicos, fazendo com que atrav�s do novo paradigma, os trabalhadores sintam-se integrantes do processo produtivo , valorizando suas tarefas, aumentando sua auto-estima e contribuindo para melhorar sua qualidade de vida e satisfa��o no trabalho.


REFER�NCIAS BIBLIOGR�FICAS

BERNARDES, C.. Teoria geral das organiza��es: os fundamentos da administra��o integrada. S�o Paulo, Atlas, 1988.

COHN, A . ; MARSIGLIA, R. G.. Processo e Organiza��o do Trabalho. In: BUSCHINELLI, J.T; ROCHA, L.E.; RIGOTTO, R.M. Isto � trabalho de gente?:vida, doen�a e trabalho no Brasil. Petr�polis, Vozes,1994.

DEJOURS, C. A loucura do trabalho. Estudo de Psicopatologia do trabalho. 5. ed. S�o Paulo, Cortez, 1997.

RAGO, L. M. ; MOREIRA, E. F. P.. O que � taylorismo. 3� ed. S�o Paulo, Brasiliense, 1986.

ROBBINS, S.P.. Fundamentos de comportamiento organizacional. M�xico, Prentice Hall, 1998.

MAGNOLI, D. As for�as econ�micas da globaliza��o. In: Globaliza��o - Estado Nacional & Espa�o Mundial. Ed. Moderna, 1995.

MONTEIRO, M. S. ; GOMES, J. R. - De Taylor ao modelo japon�s: modifica��es ocorridas nos modelos de organiza��o do trabalho e a participa��o no trabalho. Revista Brasileira de Sa�de Ocupacional - n.93/94, vol. 25, 1998.

MENDES BEZERRA, A . M. -Os novos paradigmas de organiza��o do trabalho: implica��es na sa�de mental dos trabalhadores. Revista Brasileira de Sa�de Ocupacional - n.85/86, vol.23, 1997.


*Aluna do Curso de Gradua��o em Enfermagem da Unicamp e bolsista de Inicia��o Cient�fica do PIBIC - CNPq.
Orientadora Profa. Dra. Maria In�s Monteiro Cocco.
Co-orientadora Profa. Dra. Maria Helena Baena de Moraes Lopes.


Qual a relação dos trabalhadores com o uso de máquinas para a execução de tarefas?

A relação entre máquinas e homens tende a se tornar cada vez mais integrada, resultando em um sistema de colaboração que visa maior qualidade e segurança. Com a automação de tarefas, saem ganhando clientes e profissionais, trazendo um modo de produção com maior aproveitamento.

Quais são as vantagens de usar uma máquina para realizar as tarefas?

10 Grandes vantagens da automação industrial.
1 – Diminui o tempo de produção. ... .
2 – Menos erros humanos. ... .
3 – Menos custos com mão de obra. ... .
4 – Mais segurança no chão de fábrica. ... .
5 – Maior volume de produção. ... .
6 – Flexibilidade da linha de produção. ... .
7 – Maior qualidade de processo e produto..

Qual é a relação dos trabalhadores?

As relações de trabalho são os vínculos estabelecidos no universo do trabalho. São as relações entre o trabalho/a mão-de-obra (que presta o trabalhador) e empregador ou capital (pago pela entidade empregadora) no âmbito do processo de produção.

Como as máquinas ajudam no trabalho dos seres humanos?

Obter precisão além dos limites de qualquer ser humano Além da repetição, robôs auxiliam seres humanos com sua precisão, que é muito superior em todos os quesitos. Se for construído corretamente, ele pode realizar movimentos milimétricos sem nenhum desvio, algo além da capacidade da maioria das pessoas.