Qual a legislação aplicada para as cozinhas profissionais no município de São Paulo?

Sabemos que administrar um restaurante não é nada fácil. Além de ser um dos setores da economia de fácil entrada para o empreendedor de primeira viagem, restaurantes são negócios com muitas variáveis, tanto internas quanto externas.

Comida única e de qualidade, preços competitivos, fornecedores, treinamento de equipe e lidar com reclamações de clientes são apenas alguns dos desafios que todo gestor do ramo de alimentos e bebidas tem de enfrentar diariamente.

Assim, em meio a esse redemoinho de problemas demandando atenção incessante, não é raro que o gestor se esqueça de dar a devida atenção à legislação sanitária, colocando tanto seus clientes quanto seu negócio em grave risco.

Para ajudar você a ficar em dia com todas as exigências sanitárias que a lei aponta, preparamos este artigo. Aqui você vai saber como a Anvisa fiscaliza os restaurantes, o que os fiscais procuram, quais os pontos mais críticos e como você pode estar à frente da fiscalização. Confira!

Motivos para seguir à risca a legislação sanitária

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão responsável, entre outras coisas, pela fiscalização dos padrões de higiene e segurança alimentar de todo estabelecimento que lida com o manuseio e a venda de alimentos e bebidas.

Sua atuação desenvolve um importante papel para a sociedade, garantindo que as pessoas possam estar tranquilas sempre que comprarem ou consumirem alimentos, seja em casa ou em locais diversos, como bares, restaurantes e lanchonetes.

Antes de tudo, é preciso quebrar o mito, muito comum entre empreendedores dos serviços de gastronomia, de que a Anvisa é algum tipo de vilão que deseja fechar o seu negócio. A atuação da Vigilância Sanitária é importante não só para os cidadãos, cuja saúde está resguardada pela atuação da agência, mas também para os empresários mais sérios.

Ao fiscalizar os estabelecimentos e aplicar multas e sanções àqueles que não se adequam à lei, a Anvisa também está protegendo o empreendedor responsável, que pode se ver prejudicado pela existência de restaurantes que, não cumprindo a lei, conseguiriam oferecer preços bem mais baixos às custas da saúde do consumidor.

O gestor responsável, portanto, está atento ao correto cumprimento da legislação sanitária não apenas para evitar multas e suspensões, mas também, e sobretudo, porque se importa com seu cliente e entende que garantir uma experiência gastronômica marcante não se limita a oferecer uma boa comida e atender bem, mas inclui também o zelo pela saúde de quem visita sua casa.

Principais elementos de verificação da Anvisa

Embora cada negócio apresente problemas em potencial diferentes, existem alguns pontos críticos que costumam ser o foco da atenção da fiscalização. São eles:

Documentações

Todo restaurante precisa ter, sempre em dia e em local de fácil acesso, alguns documentos que atestam a legalidade do empreendimento e o cumprimento das exigências estruturais e fiscais do negócio. Esses documentos podem variar entre os municípios, mas existem quatro que são exigidos universalmente:

  • Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ);
  • alvará de funcionamento cedido pela Prefeitura;
  • alvará do Corpo de Bombeiros, atestando a segurança estrutural do local;
  • alvará da Vigilância Sanitária, atestando a adequação das estruturas aos requisitos sanitários legais.

Como dissemos, as administrações municipais são livres para exigirem outras licenças, como autorização da Secretaria de Urbanismo ou licenças ambientais, por exemplo. Portanto, é importante que você se informe junto à administração do seu Município quais os documentos exigidos para o seu tipo específico de negócio e como você pode obtê-los.

Registros

Aqui não falamos de registros junto a órgãos ou juntas comerciais, mas sim dos registros de alguns procedimentos realizados dentro do seu empreendimento. São eles:

  • registro das temperaturas de geladeiras e congeladores nos últimos 30 dias;
  • registro de limpeza e manutenção dos equipamentos e utensílios;
  • manual de boas práticas, a ser elaborado por um nutricionista;
  • procedimentos operacionais padronizados (os POPs), também a serem elaborados por um nutricionista.

O manual de boas práticas é um documento no qual estão detalhadas todas as instruções referentes à higiene dos manipuladores de alimentos. Já os POPs são orientações acerca de como se devem realizar todos os procedimentos dentro do restaurante, indo desde o recebimento de mercadorias de fornecedores até a limpeza dos ambientes de trabalho ao final do expediente e o correto manuseio de alimentos.

Esses dois documentos devem ser elaborados por um profissional de Nutrição, que deve também ministrar treinamentos periódicos ao corpo de funcionários da empresa. Eles devem também ser acessíveis tanto aos fiscais da Anvisa quanto a toda a equipe da empresa.

Rotinas de limpeza do ambiente

Dentre todos os ambientes do restaurante, a cozinha é obviamente o que demanda maiores cuidados de limpeza e higiene. A limpeza da cozinha deve ser feita todos os dias pelo menos uma vez, mas em casas muito movimentadas, que operam em mais de um turno ou em dias de giro acima do normal, é interessante orientar a equipe de cozinha a fazer a limpeza do ambiente também nos intervalos do serviço, a fim de impedir que a sujeira se acumule.

Existem produtos de limpeza pensados especificamente para uso em cozinhas de grande porte, que possuem maior poder abrasivo e não têm perfume. Para utilizar esses produtos, eles precisam estar registrados no Ministério da Saúde.

É comum que empresas especializadas em produtos de higiene para restaurantes ministrem treinamentos quanto ao seu correto uso, além de oferecerem equipamentos que facilitam sua aplicação, como diluidores e pulverizadores.

Treinamento da equipe

Nós já falamos que todos os profissionais envolvidos no manuseio dos insumos devem receber treinamentos periódicos sobre segurança alimentar e manipulação de alimentos. Esses treinamentos abordam:

  • agentes contaminadores de alimentos;
  • correta manipulação dos alimentos;
  • doenças causadas pela ingestão de alimentos impróprios para consumo;
  • armazenamento adequado e validade dos alimentos.

Existem profissionais especializados em ministrar esses treinamentos, e é possível contratar até mesmo serviços de consultoria completos, que incluem a capacitação da equipe e a elaboração do manual de boas práticas e dos POPs.

É importante lembrar que o restaurante deve ter um registro desses eventos, indicando a data do último deles e o registro dos profissionais que estiveram presentes.

Utensílios e equipamentos

Também os utensílios utilizados dentro da cozinha devem atender a alguns padrões técnicos de qualidade. Todo instrumento que entra em contato com os alimentos deve ser liso, de material não contaminante (ou seja, nada de madeira!), de limpeza fácil e resistente à descontaminação, além de estar em bom estado de conservação.

Os equipamentos devem estar em boas condições, com registro diário de temperatura para geladeiras e congeladores. Deve haver sistema de exaustão para fogões, fornos e fritadeiras, os quais devem estar sempre limpos. Todas as lixeiras devem possuir tampa e acionamento por pedal, evitando o contato das mãos com agentes contaminantes.

Embalagens

Modelos de serviços de alimentação mais modernos, como aqueles que contam com autoatendimento ou delivery, muitas vezes servem seus produtos em embalagens descartáveis, em vez dos tradicionais utensílios de louça.

Além de praticidade, essas embalagens podem trazer o logo e a identidade visual do seu restaurante, além de ajudarem a manter as características do produto, como temperatura e crocância, tonando-se particularmente interessantes para serviços de entrega.

Ao escolher seus fornecedores de embalagens, certifique-se de que elas são confeccionadas com materiais seguros aprovados pela Anvisa, que podem entrar em contato com alimentos quentes ou frios sem soltar resíduos.

Acondicionamento correto do estoque

Um dos pontos observados pela Vigilância Sanitária que às vezes é esquecido pelos gestores é o estoque. Ao organizar o do seu restaurante, você deve garantir que seus produtos não estejam em contato direto com as paredes nem com o chão, que haja circulação de ar no ambiente e que as janelas sejam todas teladas, para evitar a entrada de animais.

Além disso, os insumos devem ser estocados de forma que os de vencimento mais iminente sejam utilizados primeiro, aplicando o sistema PVPS (o primeiro produto que vence é o primeiro que sai). Dessa forma, você garante a redução de desperdícios e evita que alimentos estragados fiquem guardados no estoque.

Etiquetagem

Uma vez que a embalagem de um produto seja aberta, é preciso acondicioná-lo de acordo com as especificações do fabricante, atentando sempre para o prazo de validade estipulado.

Assim, todos os itens abertos na sua cozinha, sejam de geladeira, alimentos congelados ou mesmo secos, devem conter uma etiqueta indicando a data da abertura da embalagem e o prazo de validade.

Limpeza do salão

Embora o foco principal seja nos ambientes nos quais a comida é manuseada mais diretamente, alguns cuidados são necessários também no salão. A limpeza dos filtros de ar condicionado deve ser feita periodicamente, e as louças e talheres de serviço devem ser limpos e esterilizados todos os dias.

Não se esqueça também de verificar o prazo de validade de itens como azeites e sachês para molhos. Por serem pequenos e terem validade longa, esses produtos costumam ser negligenciados.

Estratégias para manter o padrão exigido

Todos esses pontos são de extrema importância na organização do seu restaurante, mas, para que suas ações não se percam com o tempo e você consiga manter tudo em ordem sempre, é preciso adotar estratégias de verificação desses padrões.

Uma das estratégias mais eficientes é incluir, na rotina da sua equipe, verificações diárias. Assim, você pode estabelecer que a primeira pessoa que entra na cozinha deve verificar e registrar as temperaturas das geladeiras e dos congeladores, por exemplo, ou que o primeiro garçom a chegar na casa será o responsável por montar as mesas.

Converse com os líderes de cada setor (estoque, cozinha, salão e bar) e criem juntos uma rotina de checagem, designando um responsável para cada item. Depois, converse com a equipe sobre as verificações, indique quem será responsável por cada coisa e mostre exatamente como proceder.

Além disso, o treinamento constante da equipe é fundamental. Equipes de restaurante costumam ser bastante reduzidas, e as pessoas podem facilmente ficar mergulhadas em uma série de afazeres urgentes, atropelando as boas práticas.

Por fim, escolher bons fornecedores também vai ajudar você a evitar dores de cabeça com a Vigilância Sanitária. Notas fiscais de compras, produtos dentro do prazo de validade e entregues da forma correta são fundamentais quando se lida com alimentação.

Imagine, por exemplo, um fornecedor de carne. É preciso que ele tenha caminhões refrigerados, que acondicionem seus produtos em uma temperatura adequada. Da mesma forma, um bom fornecedor de hortifruti traz produtos frescos, com boa vida de prateleira.

Riscos e prejuízos de não se adequar às normas da Anvisa

Mesmo com todos os benefícios de adequar sua operação à legislação sanitária, há empreendedores que ainda consideram que alguns detalhes sejam bobagem, uma mera formalidade, como não usar utensílios de madeira ou armazenar produtos em embalagens adequadas, que não as originais. Há também aqueles que seguram itens com prazo de validade expirado em estoque por não apresentarem sinais de degradação.

Os fiscais sanitários, porém, atuam dentro do espectro da lei e não hesitarão em aplicar pesadas sanções aos estabelecimentos que não se adequarem às normas vigentes. As multas aplicadas podem chegar até mesmo à casa dos R$ 9 milhões, e em alguns casos há interdição imediata da casa.

Outra fonte de prejuízo para restaurantes que não atentam à legislação sanitária são os tribunais. Clientes que tenham experimentado algum tipo de intoxicação alimentar podem acionar sua empresa judicialmente, requerendo ressarcimentos e pagamento de multas por danos à saúde.

Além disso, graças à popularidade crescente da gastronomia, cada vez mais pessoas se interessam em conhecer as cozinhas dos restaurantes que visitam, fascinadas pela dinâmica intensa daquele universo. Se, no momento dessa visita, sua cozinha não apresentar um aspecto de organização e limpeza, com funcionários bem uniformizados e usando os equipamentos de proteção adequados, o cliente pode sair de lá com um profundo sentimento de insatisfação.

Cozinhas sujas e bagunçadas podem acabar com a reputação do seu restaurante e de toda a sua equipe, motivo pelo qual casas que não prezam pela organização e pela higiene não conseguem atrair profissionais de alto nível.

Gostou do nosso material? Agora ficou bem mais fácil seguir a legislação sanitária e deixar seus clientes e sua empresa fora de risco, não é mesmo? Aproveite para compartilhar este artigo em suas redes sociais e mostre aos seus clientes que você se preocupa com a saúde deles!

Qual é a legislação sanitária aplicada nos serviços de alimentação município de São Paulo?

Decreto 50079 2008 de São Paulo SP.

O que a Vigilância Sanitária exige para cozinha?

Quais são as normas de vigilância sanitária para uma cozinha industrial?.
Higiene do estabelecimento;.
Higiene dos manipuladores de alimentos;.
Manejo dos resíduos;.
Controle de pragas;.
Presença de um Manual de Boas Práticas e dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP);.
Presença de um responsável técnico;.

Qual a RDC mais utilizada dentro da cozinha?

A RDC 216 de 2004 é o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Esta RDC foi aprovado pela ANVISA com o objetivo de aperfeiçoamento constante das ações de controle sanitário na área de alimentos visando sempre a proteção à saúde da população.

Qual legislação do Município de São Paulo aborda as Boas Práticas de manipulação de alimentos?

A RDC 216 04 Anvisa dispõe sobre o regulamento técnico e manual de boas práticas de manipulação de alimentos para serviços de alimentação. Ela estabelece procedimentos de boas práticas para serviços de alimentação com a finalidade de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado.

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