Qual a intensidade que utiliza para utilizar as gorduras como fonte de energia?

Introdu��o

    A preval�ncia de doen�as relacionadas ao excesso de peso cresce no mundo todo, sendo de origem multifatorial, o sobrepeso e, principalmente, a obesidade, s�o doen�as complexas, por possu�rem condi��es polig�nicas, que s�o afetadas por fatores ambientais1. McArdle, Katch e Katch (2008), apontaram as estimativas mundiais, que indicavam que 300 milh�es de pessoas no mundo sofrem de obesidade e pelo menos 750 milh�es possuem sobrepeso, onde a obesidade seria a segunda maior causa de mortes previs�veis nos Estados Unidos (300.000 mortes por ano), perdendo apenas para o fumo.

    O sedentarismo � considerado por alguns autores2,3,4 como uma das principais causas do sobrepeso e obesidade, sendo at� mesmo t�o comprometedor quanto o excesso de calorias consumidas diariamente, de forma desnecess�ria. H� uma redu��o progressiva da energia gasta em atividades de trabalho, atividades dom�sticas, ocupacionais e tamb�m nas atividades das necessidades di�rias e de lazer, devido �s altera��es decorrentes da urbaniza��o, das altera��es na alimenta��o e da automa��o dos grandes centros urbanos3.

    Hoje em dia, os novos h�bitos alimentares e a falta de atividades f�sicas desordenaram a biologia humana, afetando diretamente, de forma negativa, diversos outros sistemas do corpo humano (sistema cardiovascular, musculoesquel�tico, metabolismo de carboidratos e gorduras), contribuindo assim para o aumento da preval�ncia de sobrepeso e de outras doen�as cr�nico-degenerativas na atual sociedade ocidental, tamb�m denominada �s�ndrome dos obesos� como: intoler�ncia � glicose, resist�ncia � insulina, dislipidemia, diabetes tipo 2, hipertens�o, concentra��es plasm�ticas elevadas de leptina, tecido adiposo visceral aumentado e maior risco de doen�a card�aca coronariana e de c�ncer1,3,4,5.

    Entretanto, existem evid�ncias de que in�meras estrat�gias para intervir na obesidade podem ser usadas para induzir e manter uma significativa perda de peso. Essas medidas incluem: mudan�as na ingest�o de energia e na composi��o desta, aumento da energia gasta atrav�s de exerc�cios e atividades f�sica, altera��es na composi��o corporal � aumento da massa magra e diminui��o da gordura corporal � e, em casos mais graves, o tratamento farmacol�gico com o uso de rem�dios/drogas e at� cir�rgico4,6,7,8,9.

    A regula��o do peso corporal e a homeostase energ�tica est�o sujeitas a mecanismos complexos de regula��o e manuten��o do metabolismo, entre o consumo de energia, o gasto energ�tico e o armazenamento dessa mesma energia, que sofrem altera��es com a pr�tica do exerc�cio f�sico. Neste estudo, ser� apresentada a rela��o direta do exerc�cio na regula��o do metabolismo da gordura corporal e seus poss�veis efeitos cr�nicos que influenciariam o tratamento da obesidade, como a ajuda na redu��o ponderal, a altera��o da composi��o corporal e da Taxa Metab�lica Basal. Contudo foi elaborada uma revis�o bibliogr�fica com o objetivo de apresentar as altera��es no metabolismo da gordura corporal promovidas pelo exerc�cio f�sico.

M�todos

    Para a realiza��o da pesquisa de revis�o bibliogr�fica foram selecionados: material bibliogr�fico textual (livros) e artigos cient�ficos atrav�s de pesquisas em bancos de dados da Pubmed, LILACS, Scielo, CAPES, Science Direct. A busca foi restrita aos artigos encontrados em revistas indexadas que apresentassem a discuss�o sobre os efeitos do exerc�cio no metabolismo dos lip�dios e obesidade. Os descritores utilizados para pesquisa foram: exerc�cio f�sico; metabolismo; gordura corporal; tecido adiposo; obesidade.

Discuss�o

1.     O tecido adiposo como reserva energ�tica

    A gordura constitui o combust�vel celular ideal, pois cada mol�cula de gordura cont�m grandes quantidades de energia por unidade de peso, sendo transportadas e armazenadas facilmente, al�m de proporcionarem uma fonte ilimitada de energia2. A principal forma de estocagem de lip�dios no organismo � o triacilglicerol (TG), armazenado no tecido adiposo10.

    O tecido adiposo (TA) representa a maior fonte de energia org�nica e de reserva energ�tica de todo o corpo. O TA, al�m de sua capacidade de reserva energ�tica, tamb�m age como um �rg�o secretor, tanto de horm�nios quanto de outras subst�ncias qu�micas, e � respons�vel por diversas altera��es qu�mico-fisiol�gicas do organismo, tanto do excesso quanto da defici�ncia de gordura corporal, ambos com significante repercuss�o m�dica, social e econ�mica11,12.

    As c�lulas do TA encontram-se difundidas ao longo do corpo sem uma conex�o f�sica aparente entre suas partes, ao inv�s de estarem todas aglomeradas em um �nico local, ou numa �nica cavidade espec�fica, como a maioria dos outros �rg�os. Em segundo lugar, o TA � composto por diferentes tipos de c�lulas, que participam em propor��es distintas em sua fun��o secretora. O terceiro ponto � que o TA � um tecido heterog�neo em termos de capacidade metab�lica, ou seja, dependendo de sua localiza��o, subcut�nea ou visceral, ele pode desempenhar pap�is distintos. A quarta: algumas adipocinas (mol�culas bioativas de prote�nas secretoras que atuam em diferentes partes do organismo), tamb�m s�o secretadas por outros tecidos do organismo, sendo quase imposs�vel estabelecer uma rela��o direta quanto � contribui��o do TA em sua libera��o. E, por �ltimo, ainda pouco se sabe acerca dos mecanismos moleculares envolvidos na s�ntese e libera��o das adipocinas1,13.

    As adipocinas influenciam na regula��o da homeostase e atuam em diversos processos como: na ingest�o de alimentos, no balan�o energ�tico, na a��o da insulina, no metabolismo de lip�dios e glic�dios, na angiog�nese e remodelamento vascular (desenvolvimento de novos vasos e vias de circula��o sangu�nea), na regula��o da press�o sangu�nea e coagula��o1,14.

    Devido � sua vasta atua��o no organismo, essas subst�ncias t�m sido consideradas ultimamente como um dos principais elos entre o excesso de gordura corporal e outras patologias, sendo mantida a associa��o entre algumas adipocinas e determinadas doen�as, como a obesidade1,14. A secre��o de adipocinas no organismo, bem como outras caracter�sticas metab�licas, pode ajudar a identificar e esclarecer a diferencia��o entre os efeitos do ac�mulo de gordura em diferentes partes do corpo1. O tecido adiposo visceral tem uma maior atividade metab�lica, sendo mais sens�vel � a��o de catecolaminas e beta-agonistas, e mais resistente � a��o insul�nica4.

    As diferen�as na localiza��o dos dep�sitos de gordura corporal s�o mais acentuadas no corpo feminino do que no dos homens. A diferen�a sexual na gordura corporal e no padr�o de distribui��o da gordura em geral est� relacionada tamb�m com as varia��es de lipase lipoprot�ica (LLP), a LLP controla a capta��o de TG circulante pelos adip�citos (armazenamento)11. Os adip�citos nas regi�es do quadril, da coxa e das mamas produzem uma quantidade consider�vel de LLP nas mulheres, enquanto os adip�citos abdominais mostram uma maior atividade de LLP nos homens2.

    O maior risco para a sa�de, do aumento e do ac�mulo de gordura corporal na regi�o abdominal (obesidade central ou tipo andr�ide, em forma de ma��), particularmente os dep�sitos viscerais, pode resultar da lip�lise ativa desse tecido com a estimula��o das catecolaminas (adrenalina, dopamina e noradrenalina). A gordura acumulada nessa regi�o demonstra uma maior situa��o de risco � sa�de biol�gica dos homens do que, de fato, a gordura que se localiza nas regi�es gl�teas e femorais das mulheres (obesidade perif�rica ou tipo gin�ide, em forma de p�ra). Os aumentos na gordura corporal central estimulam mais rapidamente os processos causadores de doen�as cr�nicas, cardiovasculares, c�ncer, diabetes tipo 2 e cataratas2.

    As mulheres t�m um percentual de lip�lise inferior � dos homens em exerc�cios, o que talvez explique por que os homens diminuem as reservas de gorduras mais eficientemente com o treinamento f�sico do que as mulheres11.

    A taxa lipol�tica, durante o exerc�cio, � maior no tecido adiposo subcut�neo abdominal do que no tecido adiposo subcut�neo gl�teo-femoral, principalmente nas mulheres, no entanto, n�o h� diferen�as entre os sexos no repouso11. Evidentemente, isso refor�a o caso de que seria, tanto na teoria quanto na pr�tica, muito mais trabalhoso e, conseq�entemente, mais demorado eliminar os dep�sitos de gorduras centrais, ou abdominais, do que de fato, os dep�sitos de gorduras perif�ricos (bra�os, pernas, quadril e gl�teos).

2.     O exerc�cio como regulador de gordura corporal

    Os exerc�cios f�sicos representam um dos mais potentes est�mulos fisiol�gicos para a efetiva��o da lip�lise. Durante os exerc�cios prolongados, a aproximadamente 50% do VO2max, verifica-se um aumento do fluxo sangu�neo no tecido adiposo10,11. Em exerc�cios de alta intensidade (acima de 60% do VO2max), a taxa de oxida��o dos lip�dios � muito baixa, com isso, apenas a energia proveniente da lip�lise n�o consegue produzir ATP suficiente para a contra��o muscular e, cada vez mais, o ATP derivado da oxida��o dos carboidratos e da glic�lise anaer�bias�o fundamentais para suprir as necessidades energ�ticas2,10.

    As vias energ�ticas utilizadas em uma atividade sempre ir�o depender de dois fatores: intensidade dos exerc�cios e o tempo de dura��o dos mesmos4,15. Diante disso, podemos afirmar que, quanto mais intensa for a atividade, ou exerc�cio, e quanto mais r�pida for a necessidade de se obter energia imediata, menor ser� a degrada��o dos �cidos graxos livres para a produ��o de ATP2,4. Em exerc�cios de intensidades moderadas por per�odos constantes, os meios aer�bios de produ��o de ATP passam a predominar, sendo estes um tanto quanto mais demorados, por�m essas fontes energ�ticas s�o mais duradouras que as anaer�bicas2,4.

    Durante curtos per�odos de tempo em atividades leves ou moderadas, a energia proveniente para os exerc�cios � derivada de quantidades aproximadamente iguais �s da oxida��o dos carboidratos ou das gorduras. No entanto, se o exerc�cio persistir por uma hora, ou mais, e as reservas de carboidratos forem fortemente depledadas, ocorrer�, gradualmente, um aumento equivalente na quantidade de gorduras utilizadas como substrato energ�tico. Em exerc�cios prolongados, os lip�dios (principalmente os AGL) podem fornecer aproximadamente 80% do disp�ndio energ�tico total. Segundo Maughan, Gleeson e Greenhaff (2000), �isso provavelmente ocorre por causa de uma pequena queda da concentra��o da glicose sangu�nea e de um subseq�ente aumento da libera��o de glucagon (e diminui��o da insulina) pelo p�ncreas.�

    As concentra��es de adrenalina e de cortisol no plasma sangu�neo tamb�m aumentam � medida que o exerc�cio progride. Essas altera��es hormonais estimulam a mobiliza��o e a utiliza��o subseq�ente de lip�dios como fonte de energia. A capta��o de AGL pelo m�sculo em atividade aumenta durante 1-4 h de exerc�cio moderado cont�nuo. O processo lipol�tico � estimulado pelo exerc�cio, mas ocorre somente de forma gradual. Al�m disso, n�o cessa imediatamente ap�s a interrup��o do exerc�cio, ao t�rmino do exerc�cio, a capta��o de AGL pelos tecidos musculares caem subitamente, mas os n�veis s�ricos hormonais ainda continuam alterados, incluindo a estimula��o da lip�lise que tamb�m se mant�m constante ap�s o termino do exerc�cio, o que gera um aumento agudo da concentra��o plasm�tica dos AGL10.

    O principal problema associado � utiliza��o de lip�dios como combust�vel para a realiza��o de exerc�cios � a velocidade com que podem ser captados pelo m�sculo e oxidados para prover energia10. Essa limita��o das vias oxidativas de energia, significa que a utiliza��o das gorduras, enquanto fonte metab�lica de ress�ntese de ATP, apenas pode suprir energia numa taxa suficiente para manter os n�veis de glicose est�veis, ou seja, numa intensidade em que o exerc�cio n�o ultrapasse os 60% do VO2max10.

    Durante a maioria dos exerc�cios subm�ximos, uma mistura de lip�dios e carboidratos � oxidada para fornecer energia para a contra��o muscular. Obviamente, quanto mais gordura puder ser utilizada como fonte energ�tica, maior ser� a economia das reservas limitadas de carboidratos e maior a prolonga��o do exerc�cio10.

3.     Exerc�cio f�sico e regula��o hormonal

    O exerc�cio f�sico � conhecido pela sua efic�cia no controle e redu��o da gordura corporal, e assim, os n�veis s�ricos de alguns horm�nios seriam afetados. A leptina tem demonstrado fundamental import�ncia no controle do peso corporal e no metabolismo dos lip�dios, controlando o comportamento da ingest�o de alimentos e atuando na regula��o do gasto energ�tico, al�m de encontrar-se diretamente envolvida em outros processos, como respostas imunol�gicas e inflama��es1,16.

    No entanto, a leptina n�o limita o armazenamento de gorduras apenas pela inibi��o da ingest�o de alimentos, mas tamb�m estimula a libera��o de glicerol do tecido adiposo, a oxida��o de �cidos graxos e inibe a lipog�nese, al�m de estar relacionada � redu��o da express�o g�nica de enzimas envolvidas na s�ntese de �cidos graxos16.

    A pr�tica habitual de exerc�cios (aer�bios ou resistidos) e a continuidade do treinamento podem influenciar os n�veis de leptina por meio da associa��o entre redu��o dos n�veis de colesterol e �cidos graxos circulantes, promovidas pelo treinamento, favorecendo o controle da ingesta cal�rica di�ria e, conseq�entemente, da redu��o do peso corporal total1,3,4. Diante disto, temos uma poss�vel justificativa para o fato de como o exerc�cio afetaria a obesidade, primeiramente, por meio do gasto cal�rico total, levando a um balan�o energ�tico neutro ou negativo (gasto cal�rico = ou > ingesta cal�rica)1,4.

    O processo de s�ntese end�gena de �cidos graxos � comumente denominado lipog�nese, muito responsivo a mudan�as na composi��o diet�tica. O aumento da lipog�nese de novo ocorre em raz�o do excesso de carboidratos, assim, quando ocorre satura��o dos estoques de glicog�nio, a lipog�nese funcionaria como uma �v�lvula� para que ocorra o estoque do excesso de carboidratos ingeridos16.

    As mudan�as no estado alimentar, como tamb�m a pr�tica de exerc�cios pode induzir a diversas altera��es na concentra��o s�rica de alguns horm�nios, como a insulina, o horm�nio do crescimento (GH), a adrenalina e o glucagon. Esses horm�nios possuem importantes pap�is referentes � regula��o da lipog�nese e possuem respostas agudas em fun��o de diferentes tipos de exerc�cio, particularmente, a insulina tem seus n�veis s�ricos diminu�dos com o aumento da intensidade do exerc�cio, sendo que o GH, as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e o glucagon apresentam n�veis s�ricos aumentados. O cortisol aumenta proporcionalmente no exerc�cio prolongado e extenuante16.

    Al�m da insulina, outro horm�nio importante na modula��o da lipog�nese � o GH. Esse horm�nio tem a capacidade de estimular a lip�lise, aumento consideravelmente a massa muscular e promovendo a redu��o do tecido adiposo. Al�m disso, o GH tamb�m pode reduzir a sensibilidade tecidual � insulina e, com isso, a capta��o de glicose nos tecidos. Esses efeitos, por si s�, j� seriam capazes de reduzir, de maneira consider�vel, a a��o da lipog�nese no organismo, j� que isso reduziria o principal substrato intracelular para s�ntese de lip�dios e, aumentariam assim a oxida��o de gorduras16.

    Outros horm�nios que tamb�m participam na modula��o da lipog�nese s�o a adrenalina e o glucagon e seus efeitos podem ser indiretamente antagonistas aos da a��o da insulina, pois eles s�o secretados � medida que as concentra��es de a��car no sangue sofrem redu��es, como durante o exerc�cio com o aumento da intensidade e dura��o. Os principais efeitos da libera��o desses horm�nios s�o: a redu��o da capta��o de glicose pelos tecidos: muscular e adiposo; a indu��o da oxida��o dos �cidos graxos no m�sculo e no TA; e a estimula��o hep�tica da glicogen�lise e da gliconeog�nese para libera��o de glicose na corrente sangu�nea16.

4.     O exerc�cio aer�bio e resistido como reguladores das altera��es metab�licas

    As evid�ncias de que existem rela��es diretas entre a pr�tica de atividades f�sicas e a regula��o da ingest�o de alimentos no metabolismo das gorduras � not�rio. Por�m, essa regula��o n�o se trata apenas de adapta��es fisiol�gicas, mas trata-se tamb�m de diversas adapta��es metab�licas em um n�vel molecular.

    Em rela��o ao treinamento aer�bio, uma das adapta��es mais evidentes � o aumento da capacidade oxidativa muscular, determinada principalmente pelo aumento do n�mero e tamanho das mitoc�ndrias e pela maior atividade enzim�tica. Acerca das adapta��es morfol�gicas do exerc�cio, outra modifica��o importante, determinada pelo aumento da densidade mitocondrial na musculatura esquel�tica, � a amplia��o na capacidade oxidativa de gorduras (�cidos graxos livres) durante o exerc�cio17.

    A pr�tica de exerc�cios � primordial enquanto forma de tratamento terap�utico para v�rias doen�as e/ou dist�rbios metab�licos. Diversos estudos comprovam que a pr�tica freq�ente de atividades f�sicas pode trazer benef�cios melhores do que qualquer interven��o farmacol�gica. A partir da�, o exerc�cio f�sico, enquanto tratamento terap�utico orientado provoca altera��es positivas no controle da obesidade, j� que, assim o exerc�cio pode controlar os processos patol�gicos de resist�ncia � insulina1,3,11.

    � importante ressaltar que o exerc�cio, seja adicionado ou n�o ao controle diet�tico, como estrat�gia no tratamento da obesidade deve ajudar na perda de peso corporal ou ajudar a manter esta perda de peso. Uma redu��o dos valores m�nimos de gordura corporal (de 5 a 6% para homens e de 8 a 10% para mulheres), mesmo que a longo tempo s�o considerados essenciais para o tratamento da obesidade, podendo gerar altera��es metab�licas na sa�de desses indiv�duos, que diminuam os fatores de risco de doen�as cr�nicos degenerativas da obesidade7.

    Estrat�gias para o tratamento da obesidade que incluam o exerc�cio aer�bio promovem diminui��es no peso corporal atrav�s da redu��o dos n�veis de gordura corporal, mas h� tamb�m uma perda relativa de massa corporal magra. A inclus�o do exerc�cio resistido, tamb�m denominado treinamento de for�a, como prescri��o para o emagrecimento tem apresentado resultados significativos no aumento e manuten��o da massa magra (isenta de gordura)7.

    No treinamento resistido, a hipertrofia muscular (aumento na se��o transversa das fibras musculares) � uma das adapta��es mais acometida, mas n�o � a �nica. H� tamb�m uma importante adapta��o ao metabolismo de repouso em resposta ao treinamento resistido, o aumento da taxa metab�lica de repouso (TMR), que nada mais � do que a quantidade de calorias necess�rias para manter as necessidades fisiol�gicas b�sicas de uma pessoa viva no estado de repouso, mantendo assim uma rela��o diretamente proporcional com a quantidade de massa corporal magra do individuo18.

    No dia a dia, devido �s longas jornadas de trabalho, muitas pessoas (principalmente sedent�rios e pessoas obesas) passam a maior do dia dentro ou nas proximidades dessa faixa de metabolismo de repouso, o que em longo prazo, e com um aumento da massa corporal magra (hipertrofia muscular), aumentariam significativamente os valores do gasto cal�rico di�rio (principalmente em repouso) desses adeptos ao treinamento com pesos para que n�o haja perda desses tecidos org�nicos7.

    Desta forma, um pequeno aumento na TMR pode ter significativo impacto no total de calorias metabolizadas durante o dia e, conseq�entemente, ajudar a controlar o peso corporal, j� que o treinamento de for�a possui contribui��o direta no processo de emagrecimento devido � tentativa de preserva��o da massa corporal magra7.

    A preserva��o e ou aumento da massa corporal magra � fator importante, visto que o tecido muscular esquel�tico � considerado como o principal ponto de adapta��es metab�licas promovidas pela pr�tica do exerc�cio que ir�o regular e direcionar o metabolismo das fontes energ�ticas, particularmente dos carboidratos e gorduras (lip�dios). Essa regula��o de outros tecidos e outros �rg�os sobre o metabolismo lip�dico pode causar diversas altera��es fisiol�gicas importantes na preven��o e tratamento da obesidade. Resumindo, a pr�tica do exerc�cio regular � primordial no controle e regula��o dos processos metab�licos e fisiol�gicos da gordura corporal1,2,10.

Conclus�es

    Pesquisadores e estudiosos da �rea v�m tentando demonstrar a funcionalidade e os efeitos do exerc�cio f�sico, resistido e/ou o aer�bio, enquanto m�todo de diminui��o do peso corporal e de redu��o das reservas energ�ticas lipol�ticas do corpo, que fossem efetivas propostas na preven��o do sobrepeso e no tratamento da obesidade.

    Ainda h� diverg�ncias quanto aos efeitos dos exerc�cios aer�bios, do treinamento resistido e da dieta nas altera��es da composi��o corporal, no peso corporal e na taxa de metabolismo basal de pessoas obesas podem ser atribu�das a diversos fatores, como a intensidade dos exerc�cios, as propor��es das restri��es cal�ricas, a quantidade e distribui��o da gordura corporal, �s in�meras possibilidades de combina��es de dietas e exerc�cios utilizando diferentes protocolos.

    Este estudo apontou alguns aspectos relevantes ao processo do metabolismo das fontes lip�dicas, durante e ap�s o exerc�cio com diferentes intensidades. A combina��o de exerc�cios resistidos, treinamento aer�bio e a um programa de redu��o cal�rica, apresentam-se como os mais eficientes para a efetiva��o de um protocolo de exerc�cios voltados para o emagrecimento. Este protocolo levaria o organismo a gerar um aumento na taxa de metaboliza��o de gorduras (tecido adiposo), promoveria a perda de peso corporal ou manuten��o desta perda, seguido de significativa redu��o nos estoques lip�dicos e ainda, aumentaria os valores percentuais de tecido corporal isento de gordura (massa magra), tendo como reflexo, o aumento na taxa de metabolismo de repouso, fatores estes, importantes para no tratamento da obesidade.

    Portanto, o exerc�cio f�sico, apresentou-se como uma interven��o efetiva e funcional no emagrecimento, podendo ter implica��es diretas no tratamento do sobrepeso e obesidade. Assim, a interven��o com exerc�cios (aer�bicos e tamb�m resistidos), combinada ao controle diet�tico ou n�o, poderia ajudar a diminuir a preval�ncia de interven��es farmacol�gicas e cir�rgicas na obesidade.

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Qual a intensidade que utiliza para utilizar as gorduras como fonte de energia?

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Como a gordura é usada como fonte de energia?

A gordura que ingerimos, ou mesmo a de nosso tecido adiposo, pode ser utilizada como combustível. Para tanto, o fígado precisa primeiramente transformar essa gordura em corpos cetônicos – e são esses corpos cetônicos que nosso corpo consegue utilizar como fonte de energia.

Como a intensidade do exercício pode contribuir para o metabolismo das gorduras?

A perda de gordura pode ser otimizada durante exercícios executados em determinadas intensidades. Quanto maior é a intensidade de um exercício, maior é o gasto de energia obtido da oxidação de nutrientes e, conseqüentemente, maior é o consumo de oxigênio.

Porque o corpo prefere usar gordura como fonte de energia?

Existe um motivo para os lipídios, e não os carboidratos, serem a principal forma de estoque de energia: a queima de gordura gera mais que o dobro de calorias que a queima de carboidratos. Um dos pontos-chave desse processo é que as gorduras são armazenadas quase sem água, enquanto os carboidratos são mais hidratados.

Que tipo de gordura é utilizada como fonte de energia para as funções metabólicas que utilizam a via aeróbica?

O tecido adiposo (TA) representa a maior fonte de energia orgânica e de reserva energética de todo o corpo.