Qual a influência da industrialização no processo de formação do território brasileiro?

O resumo sobre Organização do território e Industrialização Brasileira que vai salvar a sua prova da escola ou do vestibular está te esperando bem aqui.

O que é território?

Formação do território brasileiro

Antes de entender a organização do território brasileiro, é fundamental saber qual a definição de território. O território é definido como qualquer espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder. Entendido esse ponto, podemos avançar e perceber de que forma o território do Brasil foi sendo formado através da delimitação de suas fronteiras, até chegarmos à configuração atual. Nesse sentido, vamos perceber que os diversos ciclos econômicos foram fundamentais para o processo de ocupação e expansão do território brasileiro.

Arquipélagos econômicos: Os ciclos econômicos e a organização do território brasileiro

Arquipélago econômico brasileiro

  • O CICLO DO PAU BRASIL – O território Brasileiro, inicialmente, se restringia a parte sob o domínio português determinada pelo tratado de Tordesilhas. Sendo assim, Portugal fez a divisão em capitanias hereditárias, como forma de ocupar essa nova colônia. Nessa fase inicial destacou-se o ciclo econômico do Pau Brasil, com o intuito de utilizar o corante vermelho extraído do interior da madeira. No entanto, esse primeiro ciclo econômico não foi fundamental para a ocupação e organização do território, uma vez que a atividade tinha caráter seminômade e predatório, sem o intuito de fixação no lugar, acarretando apenas a construção de algumas vilas e povoados. Em alguns casos chegaram a ser construídas feitorias para proteção contra navios inimigos e para armazenar as madeiras até serem transportadas, mas o resultado foi a grande devastação das matas costeiras e nenhum núcleo de povoamento permanente.
  • O CICLO DO AÇÚCAR –  Esse ciclo foi muito importante para a criação dos primeiros povoados, principalmente pela participação da figura dos bandeirantes. A necessidade de mão de obra para trabalhar nas lavouras e no beneficiamento da cana-de-açúcar leva ao surgimento das bandeiras que tinham como principal objetivo capturar índios para trabalharem nas plantações e produção do açúcar. A partir dessas expedições, começa o processo de ocupação portuguesa em território espanhol, ultrapassando a linha do Tratado de Tordesilhas. É importante destacar que a ocupação do território brasileiro se deu nas regiões litorâneas, principalmente pela importância que as cidades portuárias tinham na época, sendo a navegação o principal meio de transporte, e por onde se escoava toda a produção de açúcar e por onde chegavam os escravos. Os engenhos e as lavouras de açúcar foram fundamentais para a ocupação do território brasileiro e o açúcar transformou-se no alicerce econômico da colonização portuguesa no Brasil entre os séculos XVI e XVII.
  • O CICLO DO OURO – Com o crescimento da produção de açúcar por parte das colônias Holandesas e Francesas, principalmente nas Antilhas e nas guianas, a produção do açúcar no Brasil não era mais tão vantajosa, de forma que a coroa Portuguesa decidiu voltar a busca por metais preciosos. Novamente, os bandeirantes vão ter um papel fundamental, pois ao desbravarem terras ainda desconhecidas vão abrir caminho para a descoberta do ouro em Minas Gerais, e também no Mato Grosso e em Goiás. Esse ciclo vai ser importante por se tratar de regiões interioranas, sendo importante para a ocupação e formação do território nacional. Com essa descoberta, vai ocorrer uma intensa migração em busca do ouro e metais preciosos, que vai proporcionar a criação de diversos povoados e cidades.  Com o intuito de diminuir os contrabando do Ouro, Portugal vai transferir a capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. Com isso o eixo de desenvolvimento vai se transferir e se localizar na região hoje conhecida como Sudeste, devido à importância política do Rio de Janeiro, a mineração em Minas Gerais, e com o crescimento da produção do Café, ciclo econômico seguinte, e que se desenvolve fortemente no Rio de Janeiro e principalmente em São Paulo.
  • O CICLO DO CAFÉ – A atividade cafeeira surge no século XVII, mas teve sua fase mais vigorosa no século XIX. O café foi fundamental para o Brasil, pois foi nesse período que podemos dizer que a consolidação do território nacional e o povoamento ocorreu, sem falar na importância que a atividade teve como motor da economia e o início do processo de industrialização. O desenvolvimento da produção do café leva ao crescimento das áreas separadas para a plantação dessa cultura, que se expande e organiza ao redor das ferrovias, com o objetivo de facilitar o escoamento para a exportação. A introdução dessa cultura pelo interior, principalmente da região sudeste, permitiu que essa região tivesse um maior desenvolvimento e investimento, de forma que mesmo após o declínio do ciclo do café, a região sudeste assegurou a supremacia na economia nacional, devido a melhor infraestrutura disponível, fruto das riquezas oriundas da atividade cafeeira.
  • OUTROS CICLOS ECONÔMICOS BRASILEIROS – Outros ciclos econômicos também tiveram papel importante na organização do território brasileiro, principalmente para interiorizar a ocupação, saindo um pouco da região litorânea. Nesse sentido, podemos destacar o ciclo das drogas do sertão, que foi a descoberta de frutas e especiarias na região amazônica, possibilitando a criação de povoados. Outro ciclo importante nesse sentido de interiorização foi o ciclo da borracha, que surgiu no século XIX e foi muito importante para a ocupação e desenvolvimento da economia da região norte, como a urbanização de cidades como Belém e Manaus. O algodão também teve a sua importância, enquanto ciclo econômico, por levar o desenvolvimento, principalmente ao Maranhão e ao Rio Grande do Norte.

Quando observamos todos esses ciclos econômicos geograficamente, fica claro que o desenvolvimento do território brasileiro ocorreu em forma de arquipélagos (ilhas). Conforme as atividades econômicas mudavam ocorria o surgimento de novas cidades no entorno dessa nova atividade, e em muitos casos, muito distante umas das outras. Então podemos destacar que as atividades ocorriam de formas isoladas, e não interligadas entre si, basicamente buscando atender a demanda externa. Então podemos dizer que a expansão de nosso território ocorre de forma desigual, e não existe articulação entre as áreas. Tudo isso é fruto do modo de produção latifundiário para exportação, impedindo que as mercadorias fossem comercializadas entre as regiões do país, preferindo atender ao comercio externo, até mesmo porque devido a sociedade escravocrata existia pouco mercado interno.

O início do processo de industrialização brasileiro: O governo Vargas e as indústrias de base

Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda, Rio de Janeiro.

Para entendermos a industrialização do Brasil é necessário voltar ao ciclo do café, que foi o motor inicial para que esse processo ocorresse. Até o início da década de 1930, como ressaltado anteriormente, o espaço geográfico brasileiro foi estruturado exclusivamente ao redor do modelo primário-exportador, fazendo com que a configuração das atividades econômicas fosse dispersa e com rara ou ausente interdependência. A partir do crescimento da economia cafeeira, o processo de urbanização se intensificou, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, com o objetivo de facilitar o escoamento da produção e a distribuição, através da ampliação das linhas férreas. Com o fim da escravidão e a chegada dos imigrantes, o mercado consumidor cresceu consideravelmente, o que possibilitou a produção para o mercado interno e o desenvolvimento das indústrias. A concentração da riqueza na região Sudeste, devido a riqueza oriunda do café, fez com que as indústrias também se concentrassem na região aumentando as disparidades interregionais. Dentre os fatores que beneficiaram a concentração industrial na região Sudeste podemos destacar:

  • Concentração de infraestrutura de energia, comunicação e, sobretudo, transportes
  • Concentração de mão de obra qualificada (lembrando a entrada de mão de obra estrangeira, em sua maior parte, já qualificada para os serviços fabris);
  • Concentração de mercado consumidor;
  • Rede bancária desenvolvida, por conta da presença de centros de produção de café.

É importante destacar o contexto mundial deste período. O mundo passava pelo fim da Primeira Guerra Mundial, conflito em que muitos dos principais países produtores de produtos industrializados estavam envolvidos o que afetou o abastecimento mundial. Neste sentido, iniciou-se no Brasil a política de substituição de importações, ou seja, passou-se a produzir aqui o que antes se importava de outros países. É importante destacar o papel de Getúlio Vargas para o impulso da indústria nacional, principalmente através da criação das indústrias de base, fundamentais para o surgimento de outras indústrias, dentre as quais podemos destacar a Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce e a Petrobrás.

O processo de industrialização durante o governo JK: O avanço das indústrias de bens de consumo

JK incentivou a entrada de montadoras como a Ford, Volkswagen e Mercedes Benz.

Durante o governo de Juscelino Kubitschek a economia brasileira se abriu para os investimentos internacionais – momento este em que entraram no Brasil grandes montadoras como a Ford e a Volkswagen – atendendo a proposta desenvolvimentista de JK que visava a “decolagem” (“take off”) da industrialização brasileira. O lema “50 anos em 5” demonstrou o objetivo audacioso de JK de desenvolver em apenas 5 anos o equivalente a 50 anos através de 31 metas apresentadas no Plano de metas, dentre as quais se encontrava a construção de Brasília. No governo JK as indústrias que receberam o maior número de investimentos foram as do setor energético e de transportes e a fonte de capitais para serem investidos no projeto de industrialização baseava-se em um tripé econômico formado pelo investimento estatal em infraestrutura, o investimento de capital privado nacional em indústrias de bens de consumo com menor carga tecnológica e pelo capital privado estrangeiro responsável pelo investimento em indústrias de bens de consumo com investimento tecnológico.

Exercícios

1. (UECE) Sobre o crescimento da exploração do café no século XIX no Brasil, assinale o correto.

a) Essa fase coincide com uma fase de vitalidade e expansão dos mercados europeus e com o desenvolvimento dos Estados Unidos.

b) O café era produzido em larga escala, porém a preços baixos e com baixa rentabilidade.

c) Desde o período colonial que a produção cafeeira competia no mercado internacional com a produção açucareira brasileira.

d) O norte do Brasil era, por excelência, a região produtora de café, pois podia contar com vasta mão de obra escrava.

2.(Mackenzie-SP) Duas atividades econômicas destacaram-se durante o período colonial brasileiro: a açucareira e a mineração. Com relação a essas atividades econômicas, é correto afirmar que:

a) na atividade açucareira, prevaleciam o latifúndio e a ruralização, a mineração favorecia a urbanização e a expansão do mercado interno.

b) o trabalho escravo era predominante na atividade açucareira e o assalariado na mineradora.

c) o ouro do Brasil foi para a Holanda e os lucros do açúcar serviram para a acumulação de capitais ingleses.

d) geraram movimentos nativistas como a Guerra dos Emboabas e a Revolução Farroupilha.

e) favoreceram o abastecimento de gêneros de primeira necessidade para os colonos e o desenvolvimento de uma economia independente da metrópole.

3. (IFMT) Sobre a indústria brasileira, sua concentração e desconcentração espacial, a alternativa correta é:

a) A industrialização brasileira foi tardia, ao longo do século XIX, concentrando-se na região Sudeste do Brasil, reproduzindo as desigualdades regionais sociais e econômicas.

b) No governo de Getúlio Vargas, no período do Estado Novo, a preocupação estatal foi com a indústria de base, com enfoque na produção de energia e setor de transportes; já no governo de Juscelino Kubitschek, o setor automobilístico teve a atenção maior.

c) A industrialização como substituição de importações, com capital estatal abundante e mão-de-obra barata, acontece no Brasil através da indústria de bens de consumo duráveis e com destaque para o setor têxtil e produção de alimentos.

d) A partir de 1950, como parte do planejamento estatal do governo federal, inicia-se a desconcentração industrial, acentuada depois de 1990, pela crescente abertura econômica e desenvolvimento técnico- científico.

e) Com a desconcentração industrial, o Sudeste brasileiro, principalmente São Paulo, passou por grandes mudanças espaciais e sociais, deixando de ser a área de maior concentração industrial, posto ocupado hoje pelo Nordeste brasileiro.

GABARITO

1. A

2. A

3. A

Qual a influência da industrialização na organização do território brasileiro?

Conforme as atividades econômicas mudavam ocorria o surgimento de novas cidades no entorno dessa nova atividade, e em muitos casos, muito distante umas das outras. Então podemos destacar que as atividades ocorriam de formas isoladas, e não interligadas entre si, basicamente buscando atender a demanda externa.

Como se deu o processo de industrialização no território brasileiro?

A industrialização no Brasil ocorreu de forma tardia por meio da política de substituição das importações no contexto de ocorrência da Primeira Guerra Mundial. Os capitais oriundos de cultivos agrícolas, com destaque para o café, foram primordiais para o desenvolvimento da indústria brasileira.

Quais fatores influenciaram o processo de industrialização do Brasil?

Vários fatores contribuíram para o processo de industrialização no Brasil no começo do século XX: a exportação de café gerou lucros que permitiram o investimento na indústria; os imigrantes estrangeiros traziam consigo as técnicas de fabricação de diversos produtos; a formação de uma classe média urbana consumidora.

O que o processo de industrialização provoca no território?

A industrialização é um dos principais fatores de transformação do espaço geográfico, pois interfere nos fluxos populacionais, reorganiza as atividades nos contextos da sociedade e promove a instrumentalização das diferentes técnicas e meios técnicos, que são essenciais para as atividades humanas.

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