Pós-doutorado em História da Cultura (Unicamp, 2011)
Doutor em Ciências da Religião (Umesp, 2001)
Mestre em Teologia e História (Umesp, 1996)
Licenciado em Filosofia (Unicamp, 1992)
Bacharel em Teologia (Mackenzie, 1985)
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No século 16, na Europa central, foi iniciado um movimento de renovação da Igreja cristã denominado Reforma Protestante. Já no final da Idade Média vários fatores contribuíram para que isso ocorresse: a formação dos Estados Nacionais ou as modernas nações europeias, com toda a descentralização política e com príncipes limitando a autoridade do Imperador e com forte tensão entre o Estado e a Igreja.
Após o surgimento do protestantismo, em 1517, houve a reação chamada de Contrarreforma, um esforço teológico, político e militar da Igreja Romana para se reorganizar e também confrontar o protestantismo que se espalharia pela Europa toda. Houve guerras e muitos conflitos entre católicos e protestantes, por décadas, até com a Guerra dos Trinta Anos, envolvendo metade da Europa, e só terminando com a Paz de Vestfalia, em 1648 que encerrou o período da Reforma e demarcou os territórios e fronteiras políticas e religiosas das duas vertentes do cristianismo.
No século 16, quando ocorreu essa Contrarreforma ou também chamada de a Reforma Católica, o catolicismo fez um esforço ingente para responder às críticas dos protestantes e demais grupos opositores. Na Espanha, houve movimentos místicos como o da teóloga e primeira doutora da Igreja, Teresa de Ávila, e de João da Cruz, com sua espiritualidade mística. Com Inácio de Loiola (1491-1556), deu-se a criação da Companhia de Jesus – os jesuítas que objetivava expandir e fortalecer o catolicismo e suplantar o protestantismo. Deste modo, as ordens franciscana, dominicana e jesuíta foram muito importantes para a reação católica e realizaram grandes obras missionárias neste período, no Oriente e nas Américas.
A Contrarreforma ficou marcada pela realização do Concílio de Trento, entre 1545 e 1563, com algumas séries de sessões, e que foi muito eficaz para a Reforma Católica. Seus efeitos foram violentos e determinantes para a rejeição explícita ao protestantismo, a oficialização do Tomismo (de São Tomás de Aquino) e da Vulgata (versão latina da Bíblia), a condenação de livros apócrifos ou deuterocanônicos, a divulgação de uma lista de livros proibidos – o Index Librorum Prohibitorum (de 1559) e a Inquisição.
Assim, a Contrarreforma foi a resposta da igreja católica nos séculos 16 e 17, quando o catolicismo tomou medidas para sua reorganização, para reavivar a fé e a disciplina religiosa. Suas ferramentas mais eficazes foram o Concílio de Trento, a Inquisição ou Santo Ofício, o Index dos livros proibidos, para a reconquista de territórios que o catolicismo havia perdido para os protestantes.
Referências bibliográficas:
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SEFFNER, Fernando. Da reforma à contra-reforma. Coleção História geral em documentos. São Paulo: Atual.
Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/historia/contrarreforma/
O reformismo iniciado por Lutero e propagado por toda a Europa provocou a reação da Igreja de Roma, que tratou de promover reformas no sentido de reafirmar os princípios fundamentais da moral católica, a chamada Contrarreforma.
A Igreja Católica reagiu ao movimento reformador, pois perdia fiéis e patrimônio rapidamente. A movimentação contrarreformadora contou com a participação dos reinos ibéricos católicos e com nobres que se mobilizaram em defesa da instituição.
Exemplo dessa contribuição é atestado pela criação da Companhia de Jesus por Inácio de Loyola, nobre que doou seu patrimônio para a Igreja e organizou o grupo que seria conhecido como o “Exército de Cristo” da Contrarreforma.
Os jesuítas tiveram participação ativa na luta contra a heresia protestante, sendo reconhecidos e absorvidos pela estrutura da Igreja Católica. Sua importância não é dada apenas pelo combate ao protestantismo, mas também pela ação missionária, principalmente no Novo Mundo. A obra de catequese foi a evangelização das comunidades indígenas, o que ampliou o número de fiéis da instituição.
Além de reconhecer a Companhia de Jesus, a Igreja, por meio do papa Paulo III, convocou o Concílio de Trento (de 1545 a 1563), que, após dezoito anos de trabalho, decidiu:
- reativar os Tribunais de Inquisição;
- reconhecer o papa como suprema autoridade da Igreja;
- criar seminários para formar sacerdotes;
- confirmar os dogmas e as práticas da Igreja, como salvação pela fé e pelas obras, presença real de Cristo na eucaristia, culto à Virgem Maria e aos santos, e os sete Sacramentos;
- redigir o Index Libro rum Prohibitorum: catálogo de livros de leitura proibida aos católicos, por serem considerados perniciosos à fé
Quanto ao livros proibidos à leitura. Quem mantivesse em seu poder obra considerada imprópria seria julgado pelo Tribunal de Santo Ofício, a Inquisição. Enquanto o mundo protestante se alfabetizava e lia não apenas a Bíblia, mas também outras obras publicadas graças ao advento da imprensa, o mundo católico submergia na ignorância dos analfabetos, conduzidos pelas autoridades eclesiásticas.
Consequências da Contrarreforma
Assim, a Igreja Católica se preparava para enfrentar os novos tempos na Europa. Apesar de utilizar métodos repressivos para fazer valer sua hegemonia, numa época em que o Renascimento cultural apontava para o humanismo, para uma nova relação entre o homem e Deus, as decisões do Concílio de Trento serviram para orientar os católicos por quase quatrocentos anos.
A Inquisição realizou torturas e enviou muitas pessoas para a fogueira. Do lado dos protestantes, a situação não foi diferente, pois católicos também eram perseguidos, torturados e mortos
Deve-se ressaltar o significativo papel das monarquias católicas de Portugal e Espanha na Contrarreforma, pois se mantiveram fiéis a Roma e ajudaram na propagação do catolicismo para boa parte da América, porém, a estagnação cultural e econômica foi elemento comum nos espaços em que a Contrarreforma teve êxito.
Outros fatores para o entendimento da decadência econômica dos países ibéricos podem ser relacionados ao quadro de intolerância e perseguições que se seguiu em relação a livres pensadores e a homens que pudessem dar outros conteúdos à vida produtiva de Portugal e Espanha.
É importante ressaltar que as relações entre economia e Contrarreforma são assuntos controversos, pois há debates em torno da importância das determinações do Concílio de Trento (base da política contrarreformadora) para se entender a estagnação econômica do mundo católico.
Alguns autores deslocam a discussão para o universo político, principalmente nos casos de Portugal e Espanha. De qualquer forma, o pensamento defendido pela Santa Sé, se não impediu o desenvolvimento econômico, não contribuiu para a dinamização das atividades produtivas e comerciais.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
Veja também:
- Reformas Religiosas
- A Igreja e a Colonização
- Reforma Luterana
- Reforma Anglicana
- Reforma Calvinista
- História da Igreja Católica