Pós-doutorado em História da Cultura (Unicamp, 2011) Show Ouça este artigo: No século 16, na Europa central, foi iniciado um movimento de renovação da Igreja cristã denominado Reforma Protestante. Já no final da Idade Média vários fatores contribuíram para que isso ocorresse: a formação dos Estados Nacionais ou as modernas nações europeias, com toda a descentralização política e com príncipes limitando a autoridade do Imperador e com forte tensão entre o Estado e a Igreja. Após o surgimento do protestantismo, em 1517, houve a reação chamada de Contrarreforma, um esforço teológico, político e militar da Igreja Romana para se reorganizar e também confrontar o protestantismo que se espalharia pela Europa toda. Houve guerras e muitos conflitos entre católicos e protestantes, por décadas, até com a Guerra dos Trinta Anos, envolvendo metade da Europa, e só terminando com a Paz de Vestfalia, em 1648 que encerrou o período da Reforma e demarcou os territórios e fronteiras políticas e religiosas das duas vertentes do cristianismo. No século 16, quando ocorreu essa Contrarreforma ou também chamada de a Reforma Católica, o catolicismo fez um esforço ingente para responder às críticas dos protestantes e demais grupos opositores. Na Espanha, houve movimentos místicos como o da teóloga e primeira doutora da Igreja, Teresa de Ávila, e de João da Cruz, com sua espiritualidade mística. Com Inácio de Loiola (1491-1556), deu-se a criação da Companhia de Jesus – os jesuítas que objetivava expandir e fortalecer o catolicismo e suplantar o protestantismo. Deste modo, as ordens franciscana, dominicana e jesuíta foram muito importantes para a reação católica e realizaram grandes obras missionárias neste período, no Oriente e nas Américas. A Contrarreforma ficou marcada pela realização do Concílio de Trento, entre 1545 e 1563, com algumas séries de sessões, e que foi muito eficaz para a Reforma Católica. Seus efeitos foram violentos e determinantes para a rejeição explícita ao protestantismo, a oficialização do Tomismo (de São Tomás de Aquino) e da Vulgata (versão latina da Bíblia), a condenação de livros apócrifos ou deuterocanônicos, a divulgação de uma lista de livros proibidos – o Index Librorum Prohibitorum (de 1559) e a Inquisição. Assim, a Contrarreforma foi a resposta da igreja católica nos séculos 16 e 17, quando o catolicismo tomou medidas para sua reorganização, para reavivar a fé e a disciplina religiosa. Suas ferramentas mais eficazes foram o Concílio de Trento, a Inquisição ou Santo Ofício, o Index dos livros proibidos, para a reconquista de territórios que o catolicismo havia perdido para os protestantes. Referências bibliográficas: BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-XVIII. São Paulo: Martins Fontes, 1995. CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil, 1988. CHAUNU, Pierre. O tempo das reformas (1250-1550): a Reforma protestante. Lugar na História, v. 49-50, Edições 70, 1993. FERNÁNDEZ-ARMESTO, Felipe. Milênio: Uma história de nossos últimos mil anos. Rio de Janeiro: Record, 1999. MARTINA, Giacomo. História da Igreja: de Lutero aos nossos dias. V. 1: A era da Reforma. São Paulo: Loyola, 1997. SILVA, Marcos (org.) et al. A cabala e a cultura criptojudaica na diáspora atlântica dos sefarditas. Revista Brasileira de História das Religiões. ANPUH, Ano IV, n. 12, Janeiro 2012. Disponível em: http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/index.html. COMUNICAÇÕES. Acesso em 10 jan. 2017. SEFFNER, Fernando. Da reforma à contra-reforma. Coleção História geral em documentos. São Paulo: Atual. Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/contrarreforma/ O reformismo iniciado por Lutero e propagado por toda a Europa provocou a reação da Igreja de Roma, que tratou de promover reformas no sentido de reafirmar os princípios fundamentais da moral católica, a chamada Contrarreforma. A Igreja Católica reagiu ao movimento reformador, pois perdia fiéis e patrimônio rapidamente. A movimentação contrarreformadora contou com a participação dos reinos ibéricos católicos e com nobres que se mobilizaram em defesa da instituição. Exemplo dessa contribuição é atestado pela criação da Companhia de Jesus por Inácio de Loyola, nobre que doou seu patrimônio para a Igreja e organizou o grupo que seria conhecido como o “Exército de Cristo” da Contrarreforma. Os jesuítas tiveram participação ativa na luta contra a heresia protestante, sendo reconhecidos e absorvidos pela estrutura da Igreja Católica. Sua importância não é dada apenas pelo combate ao protestantismo, mas também pela ação missionária, principalmente no Novo Mundo. A obra de catequese foi a evangelização das comunidades indígenas, o que ampliou o número de fiéis da instituição. Além de reconhecer a Companhia de Jesus, a Igreja, por meio do papa Paulo III, convocou o Concílio de Trento (de 1545 a 1563), que, após dezoito anos de trabalho, decidiu:
Quanto ao livros proibidos à leitura. Quem mantivesse em seu poder obra considerada imprópria seria julgado pelo Tribunal de Santo Ofício, a Inquisição. Enquanto o mundo protestante se alfabetizava e lia não apenas a Bíblia, mas também outras obras publicadas graças ao advento da imprensa, o mundo católico submergia na ignorância dos analfabetos, conduzidos pelas autoridades eclesiásticas. Consequências da ContrarreformaAssim, a Igreja Católica se preparava para enfrentar os novos tempos na Europa. Apesar de utilizar métodos repressivos para fazer valer sua hegemonia, numa época em que o Renascimento cultural apontava para o humanismo, para uma nova relação entre o homem e Deus, as decisões do Concílio de Trento serviram para orientar os católicos por quase quatrocentos anos. A Inquisição realizou torturas e enviou muitas pessoas para a fogueira. Do lado dos protestantes, a situação não foi diferente, pois católicos também eram perseguidos, torturados e mortos Deve-se ressaltar o significativo papel das monarquias católicas de Portugal e Espanha na Contrarreforma, pois se mantiveram fiéis a Roma e ajudaram na propagação do catolicismo para boa parte da América, porém, a estagnação cultural e econômica foi elemento comum nos espaços em que a Contrarreforma teve êxito. Outros fatores para o entendimento da decadência econômica dos países ibéricos podem ser relacionados ao quadro de intolerância e perseguições que se seguiu em relação a livres pensadores e a homens que pudessem dar outros conteúdos à vida produtiva de Portugal e Espanha. É importante ressaltar que as relações entre economia e Contrarreforma são assuntos controversos, pois há debates em torno da importância das determinações do Concílio de Trento (base da política contrarreformadora) para se entender a estagnação econômica do mundo católico. Alguns autores deslocam a discussão para o universo político, principalmente nos casos de Portugal e Espanha. De qualquer forma, o pensamento defendido pela Santa Sé, se não impediu o desenvolvimento econômico, não contribuiu para a dinamização das atividades produtivas e comerciais. Por: Wilson Teixeira Moutinho Veja também:
Assuntos relacionados:Qual a importância da Contrarreforma?Como o próprio nome indica, a Contrarreforma Católica tinha por objetivo ponderar as críticas protestantes, retendo delas o que seria importante para as transformações internas na Igreja, mas, ao mesmo tempo, repelir o que acreditava ir contra a tradição e os dogmas.
Quais os objetivos da Reforma Católica ou Contrarreforma?A intenção da contrarreforma era espalhar a fé católica, catequizando as regiões não cristianizadas. Seu objetivo era agrupar as variações de religiões, ou então condená-los por heresia, como o caso da religião protestante.
O que se entende por Contra Reforma ou Reforma Católica?Foi o "ajuste" da doutrina católica durante o século XVI, feito para não perder e recuperar fiéis, quando Martinho Lutero criou 95 teses contra a Igreja Católica. Formando o movimento Protestante.
Quais foram os efeitos da ContraSeus efeitos foram violentos e determinantes para a rejeição explícita ao protestantismo, a oficialização do Tomismo (de São Tomás de Aquino) e da Vulgata (versão latina da Bíblia), a condenação de livros apócrifos ou deuterocanônicos, a divulgação de uma lista de livros proibidos – o Index Librorum Prohibitorum (de ...
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