Qual a diferença entre o pensamento estóico e epicurista em relação ao prazer?

Qual a diferença entre o pensamento estóico e epicurista em relação ao prazer?

Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

O que é o epicurismo:

Epicurismo é uma corrente filosófica baseada na busca pela felicidade. A felicidade para os epicuristas consiste em uma vida pautada pelo autoconhecimento, pela amizade e pela prudência.

É a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e de libertação da dor, com a ausência de sofrimento a partir do conhecimento de si, do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos.

Os desejos exacerbados, por exemplo, o desejo de riqueza, são fontes de perturbações constantes, dificultando o encontro do que realmente gera a felicidade.

O que leva as pessoas a viverem uma vida infeliz seria a má compreensão de suas verdadeiras necessidades e má interpretação sobre os prazeres.

É impossível viver prazerosamente sem viver prudentemente, belamente e justamente; nem viver "prudentemente, belamente e justamente" sem viver prazerosamente. (Epicuro)

O epicurismo é a corrente criada a partir do pensamento de um filósofo ateniense chamado Epicuro de Samos, no século IV a.C. Epicuro devotou sua vida a estudar o que, de fato, conduz as pessoas à felicidade.

Afirma que o prazer é o princípio básico das escolhas humanas. É a partir do prazer que algo é alvo do desejo ou da aversão. No entanto, há a necessidade de se calcular o prazer gerado pela ação, imediatamente e a longo prazo. Esse pensamento é chamado "cálculo hedonista".

Nenhum prazer é em si mesmo um mal, mas aquilo que produz certos prazeres acarreta sofrimentos bem maiores do que os prazeres.

Os seguidores do epicurismo são chamados de epicuristas e, segundo a corrente filosófica, devem procurar evitar a dor e as perturbações, levar uma vida longe das multidões (mas não solitário), dos luxos excessivos, se colocando em harmonia com a natureza e desfrutando da paz.

Outro valor defendido pelo epicurismo e seus defensores é a amizade. A amizade traz uma grande felicidade para as pessoas, já que a convivência pode ocasionar uma troca saudável de pensamentos e opiniões enriquecedoras.

Segundo Epicuro, o criador do epicurismo, as pessoas não podem viver de forma agradável se não forem prudentes, gentis com os outros e justas em suas atitudes e pensamentos sem viver prazerosamente. As virtudes então devem ser praticadas como garantia dos prazeres.

Segundo o epicurismo, para alcançar a felicidade é necessário conhecer a si mesmo (perceber as próprias necessidades), ter amigos e evitar os excessos.

Veja também:

  • Hedonismo
  • Estoicismo
  • Cinismo
  • Ceticismo
  • Helenismo
  • Filosofia antiga

Qual a diferença entre o pensamento estóico e epicurista em relação ao prazer?

Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).

Ataraxia (em grego: Ἀταραξία) traduz-se por “ausência de inquietude/preocupação“, “tranquilidade de ânimo”. É um conceito epicurista.

Apatheia (em grego: ἀπάθεια, (a)- “ausência” e  (pathos) – “sofrimento” ou “paixão”) é um estado de espírito alcançado quando uma pessoa está livre de perturbações emocionais. É um conceito estoico.

Os estoicos e os epicuristas frequentemente travavam disputa uns com os outros. Epicteto explica em várias passagens onde a Estoa difere do Jardim (“Contra Epicuro”, Discursos 1.23), já Sêneca diz a seu amigo Lucílio que toma emprestado alegremente de Epicuro quando faz sentido, dado que é seu “porque eu sou acostumado a entrar até mesmo no campo do inimigo, – não como um desertor, mas como um observador.” (Carta 2: Sobre a falta de foco no Estudo).

A grande diferença entre as duas escolas, como sabemos, é que os estoicos acreditavam que a coisa crucial na vida era a virtude e o seu desenvolvimento, enquanto os epicuristas defendiam que o propósito seria buscar o prazer e evitar o dor.

Não obstante, as duas escolas defendiam que um componente crucial da eudaimonia (vida boa) era algo muito similar, ao que os estoicos se referiam como apatheia (literalmente, estar sem paixões) e os epicuristas, como ataraxia (literalmente, “tranquilidade”). Há, no entanto, algumas diferenças entre os dois conceitos na maneira como as duas escolas ensinavam como se atingir estes respectivos estados de espírito.

No que diz respeito aos estoicos, é bom lembrar que “paixão” não significava o que agora queremos dizer pelo termo, e de fato não significava sequer “emoção” no sentido moderno do termo. É por isso que é incorreto dizer que os estoicos visavam a uma vida desapaixonada, ou à supressão das emoções.

De fato, eles dividem as “paixões” em insalubres e salubres. O primeiro grupo incluía a dor, o medo, a ânsia e o prazer. O segundo, a cautela, a vontade e a alegria/deleite. Os últimos três eram o oposto do primeiro grupo, com a exceção da dor, que não tem uma contraparte positiva. Eis um diagrama sumário:

Pathê
paixões insalubres
Eupatheiai
Paixões saudáveis
Dor (ou sofrimento): falha em evitar algo ruim / (não há dor emocional racional)
Medo: expectativa irracional de algo nocivo x Cautela: aversão racional ao vício e coisas nocivas
Ânsia (ou Luxúria): busca irracional por algo considerado bom por erro. x Desejo/vontade: busca racional pelo que é virtuoso
Prazer: euforia irracional por algo que não vale ser perseguido x Alegria/deleite: gozo racional pelo virtuoso (o que é bom)

No que diz respeito aos estoicos, é bom lembrar que “paixão” não tinha o significado atual, e na verdade nem sequer significava “emoção” no sentido moderno do termo. Assim, é completamente incorreto dizer que os estoicos visavam uma vida sem paixão, ou a supressão da emoção. Na verdade, eles dividiram as “paixões” em paixões insalubres e saudáveis. O primeiro grupo incluiu o medo, o desejo, o prazer/luxúria e a dor. O segundo, “cautela“, “vontade” e “deleite“. Para a “dor” não havia uma contraparte positva.

Assim, para os estoicos, as “paixões” não são reações automáticas, instintivas, que não podemos evitar sentir. Pelo contrário, são o resultado de um julgamento, de um consentimento a uma sensação. Portanto, ao ler a palavra “medo”, não pense na resposta automática que é de fato inevitável quando nos é apresentado algo perigoso (mesmo que apenas aparentemente). O que os estoicos queriam dizer com “medo” era o que vem depois: a nossa opinião ponderada sobre o que causou a reação instintiva. A psicologia estoica é sutil: eles sabiam que nós temos respostas automáticas que não estão sob nosso controle. Por isso eles se concentraram no que está sob nosso controle: o julgamento feito sobre as causas prováveis de nossas reações instintivas, um julgamento feito pelo que Marco Aurélio chamava de faculdade dominante (raciocínio).

Os estoicos também usam em seu vocabulário ataraxia, não apenas apatheia. Uma maneira de pensar sobre a relação entre os dois é que a apatheia, uma mudança de emoções negativas para positivas, que por sua vez produz ataraxia, uma sensação de tranquilidade que vem de ter desenvolvido uma atitude de equanimidade em relação ao que quer que o mundo nos lance.

A diferença crucial entre as duas escolas é que chegam até a eudaimonia a por caminhos bem diferentes. Os epicuristas buscaram acima de tudo evitar a dor, o que significava especialmente privar-se da vida social e política. Era bom, para Epicuro, cultivar suas amizades íntimas, mas tentar ter um papel pleno na política era uma maneira segura de sofrer (física e mentalmente) e portanto deveria ser evitado. Os estoicos, ao contrário, abraçavam a vida social. Marco Aurélio escreve constantemente nas Meditações que precisamos levantar de manhã e fazer o trabalho de um ser humano, que significa sermos úteis para a sociedade. Para os estoicos, o sábio poderia ser feliz até na ruína e passando por enorme sofrimento, contanto que esteja exercendo a sua virtude e agindo para o benefício da humanidade. Isso seria inconcebível para um epicurista.

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Qual a diferença entre o pensamento estóico e o epicurista em relação ao prazer?

A diferença fundamental entre ambas é que enquanto os Epicuristas buscavam serem felizes tendo a maior quantidade possível de bons prazeres durante a vida, os estoicos buscam o mesmo objetivo fugindo das dores e dos infortúnios, aceitando com total indiferença todas as desgraças humanas que por ventura acontecessem.

Qual é a diferença entre o estoicismo e o epicurismo?

Para os epicuristas, diferente dos estoicos, os homens eram movidos por interesses individuais e o dever de cada um estava em buscar nos prazeres a felicidade. Para os estoicos, a alma deveria ser cultivada, enquanto os epicuristas não acreditavam na reencarnação.

Qual o sentido do prazer na filosofia epicurista?

Em sua ética Epicuro aponta a felicidade como sendo diretamente ligada ao prazer. O prazer é o início e o fim de uma vida feliz. O homem é inclinado a buscar o prazer e a fugir da dor e através do critério do prazer é que nós avaliamos todas as outras coisas.

Como estoicos e epicuristas lidavam com a questão do prazer?

Em uma oposição direta ao epicurismo, recusaram as paixões ou prazeres como fontes de felicidade e consideraram que essas eram fontes de agitações que perturbavam a alma.