O que é?
Nas últimas décadas tem-se observado um aumento significativo dos vários tipos de cancro de pele. Mais de 95% destes cancros de pele não são do tipo melanoma. Os mais frequentes são o carcinoma basocelular, ou basalioma, e o carcinoma espinocelular.
As células da pele são as responsáveis pela constituição do tecido cutâneo. No seu estado normal, estas
células crescem e dividem-se em novas células, que são formadas à medida que vão sendo necessárias, este processo chama-se regeneração celular.
Quando as células normais da pele envelhecem ou são danificadas, morrem naturalmente. Quando as células perdem este mecanismo de controlo e sofrem alterações no seu genoma (DNA), tornam-se células de cancro, que não morrem quando envelhecem ou se danificam, e produzem novas células que não são necessárias de forma descontrolada, resultando na formação de um cancro.
Prevenção
Provavelmente já ouviu dizer que o método mais eficaz de prevenir o melanoma é evitar o sol. Com efeito, a exposição excessiva ao sol não só provoca o envelhecimento da pele, como pode contribuir para o desenvolvimento cancros da pele, nomeadamente do melanoma.
A reforçar esta associação temos o aumento da incidência de melanoma maligno em pessoas com antecedentes de queimaduras solares na infância.
No entanto, a exposição à luz solar com moderação é benéfica.
Além do efeito psicológico, a exposição solar é essencial para a sintetização da vitamina D na pele. A vitamina D promove a saúde das articulações e ossos, mas também tem sido associada com a prevenção de certos tipos de cancro e doenças auto-imunes.
Uma pessoa saudável necessita de 5 a 15 minutos de exposição solar na maioria dos dias, nas mãos, braços e rosto, para produzir uma quantidade suficiente de vitamina D.
Durante o Inverno, necessita de 2 a 3 horas semanais. Os tempos de exposição necessários aumentam para peles mais escuras. Nem a utilização de protetor solar, nem a utilização de vestuário protetor no verão (chapéu, óculos escuros ou camisola de manga comprida) causam deficiência de vitamina D. Em caso de deficiência de vitamina D os suplementos podem ajudar.
Nunca deve efetuar solário com o objetivo de sintetizar vitamina D. Os solários são fontes artificiais de radiação ultravioleta. A sua utilização está associado ao aumento de risco de melanoma, em particular em pessoas que iniciaram essa prática com idade inferior a 35 anos.
Proteja a pele usando os seguintes métodos:
- Permaneça à sombra: a melhor forma de evitar os raios UV quando estiver ao ar livre;
- Vista roupas que protejam a sua pele: roupa de manga comprida, calças e chapéus com abas fazem toda a diferença. Pode encontrar roupas e artigos de desporto confeccionados com materiais desenhados para limitar a exposição à radiação UV;
- Use protetor solar: com factor protetor (SPF) de 30 ou mais. Siga as instruções do rótulo do protetor solar. Reforce a aplicação do protetor se transpirar ou depois de cada banho. Utilize protetor em dias de sol, nublados ou cinzentos, uma vez que os raios UV estão sempre presentes. Lembre-se que a luz solar reflete na água, por isso tenha cuidados adicionais quando estiver na praia. Não utilize o protetor para aumentar o tempo que permanece ao sol. Os raios UV conseguem atingir a pele mesmo quando usamos protetor solar;
- Use um protetor labial ou um creme com protetor solar de amplo espetro para proteger os lábios.
No entanto, a utilização de protetores de mais alto SPF pode ser enganosa. Os filtros solares com SPF mais elevados podem impedir que a pele fique vermelha, mas não evitam que parte dos raios ultravioletas atinjam a pele provocando lesões cumulativas. Não existe um protetor que seja “ecrã total”. Deve-se evitar uma falsa sensação de segurança pela utilização do protetor solar. A utilização de protetores solares de SPF elevado não justifica a diminuição da quantidade aplicada, a diminuição da frequência das aplicações, nem deve excluir a aplicação dos restantes métodos de prevenção solar anteriormente descritos.
- Utilize óculos de sol: com 99% ou 100% de protecção UV. Este tipo de óculos são os que oferecem maior proteção para os olhos;
- Não utilize solários nem lâmpadas UV: este tipo de equipamentos expõem a pele a radiação UV e não são mais seguros que a exposição solar. Adicionalmente, “obter um bronzeado base” no solário não evita as queimaduras solares nem baixa a exposição aos raios UV. Se quiser ter um aspeto bronzeado, utilize produtos como os auto bronzeadores ou sprays de bronzeamento.
Auto-exame e exame dos seus familiares
A importância do auto-exame está cientificamente demonstrada.
É recomendado fazer um auto-exame completo mensal.
Sintomas
Os principais sinais de alerta para cancro de pele são:
- A alteração do tamanho ou da cor de um sinal ou verruga
- Aparecimento de escama ou crosta persistente ao longo de meses ou anos, em especial num local exposto ao sol
- Ferida que não cicatriza no tempo habitual apesar dos cuidados aplicados
- Lesão que sangra espontaneamente ou após traumatismo ligeiro (ex. ao barbear, pentear, assoar ou pelo contacto com os óculos) ao longo de semanas ou meses.
- Pigmentação castanha ou rosada que se estende além dos limites da lesão da pele
- Comichão ou dor num sinal ou verruga
Fatores de risco
O basalioma e o carcinoma espinocelular estão associados a uma exposição solar excessiva e aos seus raios ultravioleta (UV). A exposição excessiva aos raios UV está associada a alguns comportamento de risco:
- Queimaduras graves acompanhadas ou não da formação de bolhas, em especial durante a infância (vulgarmente designados por escaldões)
- Passar demasiado tempo ao sol ao longo de muitos anos, quer seja na praia, no local de trabalho ou no decorrer da prática de desporto
- Utilização de solários, que são fontes artificiais de raios UV
Existem outros fatores de risco como:
- Pele clara
- Infecção da pele por alguns tipos de vírus papiloma humano (HPV)
- Exposição ocupacional ou médica à radiação X ou ao arsénio
- História na família de cancros da pele
- Múltiplos nevos (sinais) ou nevos atípicos
Os fatores de risco combinam-se com a exposição solar excessiva aumentando significativamente o risco de cancro de pele.
A quem me devo dirigir?
Deve dirigir-se além do seu médico de família, a um Dermatologista, a um Cirurgião Geral ou em alternativa, menos habitual, a um Oncologista.
Subtipos do cancro da pele
Carcinoma basocelular e Carcinoma espinocelular:
O Carcinoma Basocelular é o mais comum de todos os tipos de cancro e pele, sendo o Carcinoma Eespinocelular o segundo mais comum. A maioria destes carcinomas é tratável com as terapias atuais e disponíveis à população.
Queratose actínica:
A queratose actínica é uma lesão da pele induzida pela radiação ultravioleta que pode progredir para carcinoma espinocelular invasivo. É a lesão cutânea com potencial maligno mais comum. O seu diagnóstico e tratamento pode evitar a ocorrência de carcinoma espinocelular.
O desenvolvimento do carcinoma espinocelular na pele lesada pela exposição solar é um processo gradual que se manifesta por um espetro de lesões de malignidade crescente, que vão desde a lesão precursora pré-neoplásica, denominada de queratose actínica, passando pelo carcinoma espinocelular in situ (limitado à epiderme), carcinoma espinocelular invasivo (quando atinge a derme) até, no extremo oposto, ao carcinoma espinocelular metastático.
A queratose actínica é mais frequente em indivíduos com idade superior a 55 anos, de pele e olhos claros, principalmente em áreas submetidas a longos períodos de exposição solar.
Atendendo ao risco de progressão para carcinoma espinocelular, é mandatório que se proceda ao seu diagnóstico precoce e tratamento adequado.
O tratamento das queratoses actínicas inclui tratamentos em formulações de aplicação tópica (creme ou gel) ou a destruição da lesão pela aplicação de um químico que produz um efeito de peeling localizado, pelo frio do azoto líquido, através de laser ou, ainda, a terapêutica fotodinâmica tópica. Em lesões mais evoluídas pode ser efetuada uma excisão cirúrgica.
Estes métodos não excluem o cumprimento das recomendações de proteção solar como o cuidado com o horário solar, o uso de vestuário protetor e a aplicação regular de protetor solar.