Grande parte da energia do mundo vem de materiais formados há centenas de milhões de anos, e isso tem consequências ambientais.
Por Christina Nunez
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As plantas em decomposição e outros organismos, enterrados sob camadas de sedimentos e rochas, levaram milénios para se tornarem nos depósitos ricos em carbono que atualmente chamamos combustíveis fósseis. Estes combustíveis não renováveis, que incluem carvão, petróleo e gás natural, fornecem cerca de 80% da energia mundial. Fornecem eletricidade, calor e transporte, além de alimentar os processos de fabrico de uma enorme variedade de produtos, do aço ao plástico.
Quando os combustíveis fósseis são queimados, libertam dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa, que retêm o calor na nossa atmosfera, sendo os principais responsáveis pelo aquecimento global e pelas alterações climáticas.
Principais tipos de combustíveis fósseis
Existem vários grupos principais de combustíveis fósseis, incluindo:
Carvão: Pedaços pretos ou castanhos de rocha sedimentar que variam entre quebradiços e relativamente duros. O carvão começou a formar-se durante o período Carbonífero, há cerca de 300 a 360 milhões de anos, quando algas e detritos de vegetação em florestas pantanosas se foram estabelecendo cada vez mais profundamente sob camadas de lama. Minerado por métodos de superfície ou subterrâneos, o carvão fornece um terço de toda a energia no mundo. Em 2018, os principais consumidores e produtores de carvão eram a China, a Índia e os Estados Unidos. O carvão é classificado em quatro categorias, dependendo do seu teor de carbono: antracite, betuminoso, sub-betuminoso e lenhite.
As emissões de dióxido de carbono provocadas pela queima de carvão representam 44% do total mundial. Esta atividade é a principal responsável pelo aumento da temperatura global acima dos níveis pré-industriais. As consequências para a saúde e para o meio ambiente do uso do carvão, bem como a crescente concorrência do gás natural barato, contribuíram para o declínio desta fonte de energia nos EUA e outras regiões do mundo ocidental. Mas, em lugares como a Índia, a procura deve continuar a aumentar até 2023.
Petróleo: O petróleo bruto, um líquido composto principalmente por carbono e hidrogénio, costuma ter cor preta, mas está presente numa variedade de cores e viscosidades, dependendo da sua composição química. Grande parte deste material foi formado durante o período Mesozóico, entre 252 e 66 milhões de anos atrás, quando o plâncton, algas e outros materiais se afundaram no fundo dos mares antigos até serem soterrados.
Extraído de poços terrestres e marítimos, o petróleo bruto é refinado numa variedade de produtos petrolíferos, incluindo a gasolina, gasóleo e óleo para aquecimento. Os principais países produtores de petróleo são os EUA, a Arábia Saudita e a Rússia, que juntos são responsáveis por quase 40% da oferta mundial.
O uso do petróleo é responsável por quase metade das emissões de carbono nos EUA e por cerca de um terço do total global. Para além da poluição atmosférica provocada pela queima de petróleo, a perfuração e o transporte deste material ocasionaram vários acidentes graves, como o derrame dos navios Exxon Valdez em 1989 e Prestige em 2002, o desastre na plataforma Deepwater Horizon em 2010, ou o devastador descarrilamento do comboio de transporte de petróleo Lac Megantic em 2013, bem como milhares de incidentes com oleodutos. No entanto, a procura por petróleo continua a aumentar, impulsionada não apenas pela nossa sede de mobilidade, mas pelos muitos produtos (incluindo plásticos) cujo fabrico requer petroquímicos, que geralmente são derivados de petróleo e gás.
Gás natural: Trata-se de um gás inodoro composto principalmente por metano. O gás natural encontra-se frequentemente em depósitos que, tal como os do carvão e do petróleo, se formaram há milhões de anos a partir da decomposição de matéria vegetal e organismos. Tanto a produção de gás natural como a de petróleo aumentaram nos EUA nas últimas duas décadas, graças aos avanços nas técnicas de perfuração, que a maioria das pessoas conhece como fracking, ou fraturamento hidráulico.
Ao combinar o fraturamento hidráulico com a perfuração horizontal e outras inovações, a indústria de combustíveis fósseis conseguiu extrair recursos que antes eram muito dispendiosos de alcançar. Em resultado disso, o gás natural superou o carvão como principal combustível para a produção de eletricidade dos EUA. Os EUA são os líderes mundiais na produção de gás natural, seguidos pela Rússia e pelo Irão.
O gás natural é mais limpo do que o carvão e o petróleo em termos de emissões. Ainda assim, representa um quinto do total de emissões mundiais, sem contar com as chamadas emissões fugitivas, que podem ser significativas. Nem todas as fontes de gás natural mundiais estão a ser ativamente extraídas. Os hidratos de metano submarinos, por exemplo, onde o gás está preso na água congelada, estão a ser encarados como um potencial recurso de gás.
Redução das emissões dos combustíveis fósseis
Os governos de todo o mundo estão agora empenhados em reduzir as emissões de gases com efeito de estufa provocadas pelos combustíveis fósseis, por forma a evitar os efeitos mais devastadores das alterações climáticas. A nível internacional, os países comprometeram-se com as metas de redução de emissões como parte do Acordo de Paris de 2015, enquanto outras entidades, incluindo cidades, regiões e empresas, assumiram os seus próprios compromissos. Estes esforços concentram-se geralmente na substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis, no aumento da eficiência energética e na eletrificação de setores como os transportes e a construção de edifícios.
Muitas fontes de emissões de carbono, como as centrais elétricas que funcionam com gás natural e carvão, já estão em encerramento. Tendo em conta a contínua dependência mundial de combustíveis fósseis, muitos argumentam que, além dos esforços destinados a substituí-los, também é necessário captar o carbono do ar com tecnologias como a captura de carbono, desviando as emissões para armazenamento subterrâneo ou para serem recicladas antes de chegarem à atmosfera. Diversos projetos de escala comercial em todo o mundo já capturam o dióxido de carbono das chaminés de fábricas que recorrem a combustíveis fósseis. Embora os seus altos custos tenham impedido uma adoção mais ampla, os defensores desta estratégia esperam que os avanços tecnológicos acabem por tornar esta solução mais acessível.
Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site nationalgeographic.com
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