Quais são os principais fatores que desencadeiam o aparecimento de doenças de veiculação hídrica?

A água, apesar de ser essencial para nossa sobrevivência, está relacionada com diversas doenças que afetam os seres humanos. Denominamos de doenças relacionadas com a água aquelas que sua transmissão, de alguma maneira, está ligada a essa substância. Essas doenças podem estar diretamente relacionadas com a água, quando são ocasionadas, por exemplo, por sua ingestão, ou indiretamente, isto é, quando a água serve de criadouro para algum vetor, como é o caso da dengue.

De uma maneira geral, as doenças relacionadas com a água poderiam ser evitadas com medidas bastante simples. Além disso, o investimento em saneamento básico é essencial para evitar grande parte dessas enfermidades.

Tópicos deste artigo

  • 1 - → As formas de transmissão das doenças relacionadas com a água
  • 2 - → As formas de prevenção contra as doenças relacionadas com a água

As formas de transmissão das doenças relacionadas com a água

Veja as principais formas de transmissão:

  • Doenças relacionadas com a ingestão de água contaminada:A ingestão de água que contém substâncias ou organismos patogênicos pode desencadear uma série de problemas, que, na maioria das vezes, resultam em casos de diarreia. Uma das principais doenças relacionadas com a ingestão de água contaminada é a amebíase, causada pela Entamoeba histolytica. Essa doença pode causar febre, dores abdominais, diarreia com sangue, flatulência, anemia e, até mesmo, morte. Além da amebíase, podemos citar a cólera, a giardíase e a hepatite A.

  • Doenças relacionadas com o contato com água contaminada: Algumas vezes o simples contato com a água pode expor nosso corpo a agentes patogênicos. Esse é o caso da esquistossomose, que é transmitida após a penetração de larvas (cercárias) pela nossa pele e mucosas. Essa doença pode ser aguda ou crônica. Na fase aguda, pode desencadear diarreia, febre, dores de cabeça, emagrecimento, náusea e vômitos. Na fase crônica, podem ocorrer problemas como o aumento do fígado. Outro exemplo de doença transmitida dessa maneira é a leptospirose, causada por urina de rato contaminada.

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  • Doenças relacionadas com a falta de saneamento básico e má higiene: A falta de saneamento básico e hábitos de higiene precários podem colocar o sujeito em situações de risco. Ao não lavar as mãos adequadamente ou ainda não lavar os alimentos ou lavá-los com água contaminada, podemos entrar em contato com agentes patogênicos, sendo esse o caso de algumas verminoses, como a ascaridíase, também chamada de lombriga.

  • Doenças relacionadas com vetores que se desenvolvem na água:Nesse caso, temos doenças transmitidas por organismos que passam parte do seu ciclo de vida na água e são essenciais para a transmissão de algumas enfermidades. Como exemplo de doenças transmitidas por vetores e que se relacionam com a água, podemos citar a malária, a zika, a chikungunya e a dengue. Em todos os casos citados, a doença é transmitida por um mosquito, que passa parte de seu desenvolvimento em ambientes aquáticos.

As formas de prevenção contra as doenças relacionadas com a água

Como é possível perceber, as formas de prevenção quando o assunto é doenças relacionadas com a água são várias, uma vez que existem diferentes formas de transmissão. Apesar desse fator, algumas medidas básicas são fundamentais para evitar essas e outras doenças:

  • Lavar bem as mãos e os alimentos;

  • Beber apenas água filtrada ou fervida;

  • Não fazer as necessidades fisiológicas em locais não apropriados;

  • Não deixar expostos recipientes que podem acumular água;

  • Tampar a caixa d'água.;

  • Não jogar lixo em ambientes aquáticos e em locais impróprios para o descarte desse material;

  • Evitar água de enchentes e locais em que a qualidade da água não é conhecida.

Por Ma. Vanessa dos Santos

Ter�a-Feira, 27 de Setembro de 2022.

 Gloss�rio de Doen�a Relacionadas � �gua

AMEB�ASE

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Etiologia e sinon�mia

Infec��o causada por um protozo�rio que se apresenta em duas formas: cisto e trofozo�to. Esse parasito pode atuar como comensal ou provocar a invas�o de tecidos, originando as formas intestinal e extra- intestinal da doen�a. O quadro cl�nico varia de at� uma forma branda, caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderado, com sangue e/ou muco nas deje��es, a uma diarr�ia aguda e fulminante, de car�ter sanguinolento ou muc�ide, acompanhada de febre e calafrios. Podem ou n�o ocorrer per�odos de remiss�o. Em casos graves, as formas trofozo�ticas se disseminam pela corrente sang��nea, provocando abcesso no f�gado (com maior freq��ncia), nos pulm�es ou c�rebro. Quando n�o diagnosticadas a tempo, podem levar o paciente a �bito.

2. Reservat�rio

O homem.

3. Modo de transmiss�o

As principais fontes de infec��o s�o as ingest�es de alimentos ou �gua contaminados por fezes contendo cistos amebianos maduros. Ocorre mais raramente na transmiss�o sexual, devido a contato oral-anal. A falta de higiene domiciliar pode facilitar a dissemina��o de cistos nos componentes da fam�lia. Os portadores assintom�ticos, que manipulam alimentos, s�o importantes disseminadores dessa protozoose.

4. Caracter�sticas epidemiol�gicas

Estima-se que mais de 10% da popula��o mundial est� infectada por E. dispar e E. histolytica, que s�o esp�cies morfologicamente id�nticas, mas s� a �ltima � patog�nica, sendo a ocorr�ncia estimada em 50 milh�es de casos invasivos/ano. Em pa�ses em desenvolvimento, a preval�ncia da infec��o � alta, sendo que 90% dos infectados podem eliminar o parasito durante 12 meses. Infec��es s�o transmitidas por cistos atrav�s da via fecal-oral. Os cistos, no interior do hospedeiro humano, liberam os trofozo�tos. A transmiss�o � mantida pela elimina��o de cistos no ambiente, que podem contaminar a �gua e alimentos. Estes permanecem vi�veis no meio ambiente, ao abrigo de luz solar e condi��es de umidade favor�veis, durante cerca de 20 dias. Sua ocorr�ncia est� associada com condi��es inadequadas de saneamento b�sico, defici�ncia de higiene pessoal/ambiental e determinadas pr�ticas sexuais.

C�LERA

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Etiologia e Sinon�mia

Doen�a infecciosa intestinal aguda, causada pela enterotoxina do Vibrio cholerae, podendo se apresentar de forma grave, com diarr�ia aquosa e profusa, com ou sem v�mitos, dor abdominal e c�imbras. Esse quadro, quando n�o tratado prontamente, pode evoluir para desidrata��o, acidose, colapso circulat�rio, com choque hipovol�mico e insufici�ncia renal. Mas, freq�entemente, a infec��o � assintom�tica ou oligossintom�tica, com diarr�ia leve. A acloridria g�strica agrava o quadro cl�nico da doen�a. A infec��o produz aumento de anticorpos e confere imunidade por tempo limitado (em torno de 6 meses).

2. Modo de Transmiss�o

A transmiss�o ocorre principalmente pela ingest�o de �gua contaminada por fezes ou v�mitos de doente ou portador. Os alimentos e utens�lios podem ser contaminados pela �gua, pelo manuseio ou por moscas. A propaga��o de pessoa a pessoa, por contato direto, tamb�m pode ocorrer.

3. Reservat�rio

O principal � o homem. Estudos recentes sugerem a exist�ncia de reservat�rios ambientais.

4. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

A s�tima pandemia de c�lera, iniciada em 1961 nas Ilhas C�lebes e causada pelo Vibrio cholerae El Tor, chegou ao Brasil em 1991 pela fronteira do Amazonas com o Peru, expandindo-se de forma epid�mica para as regi�es Norte e Nordeste e fazendo incurs�es ocasionais nas demais regi�es. A partir de 1995, a doen�a tornou-se end�mica, com 95% dos casos concentrados na regi�o Nordeste. Em 2001, foram registrados os �ltimos casos de c�lera no pa�s: 7 casos procedentes dos estados do Cear�, Alagoas, Sergipe e Pernambuco. A interrup��o da ocorr�ncia de casos a partir de 2002 certamente decorre de v�rios fatores, destacando-se aqueles relacionados aos indiv�duos, como o esgotamento de suscet�veis e fatores ligados ao agente etiol�gico e ao meio ambiente, hip�tese que pode ser refor�ada pela mesma tend�ncia de redu��o ocorrida a partir de 1995 em outros pa�ses das Am�ricas outros continentes.

Em fevereiro de 2003, em continuidade � pesquisa das amostras de �gua de lastro, realizada pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria - Anvisa, foi verificada a presen�a de duas cepas patog�nicas Vibrio cholerae O1 toxig�nico em amostras coletadas em navios nos portos de Bel�m-PA e Recife-PE. Foram intensificadas as a��es nestes munic�pios, com a ado��o de medidas emergenciais, em um trabalho integrado das equipes das esferas nacional, estaduais e municipais das �reas de vigil�ncia epidemiol�gica, ambiental, sanit�ria, portos, aeroportos e fronteiras e laborat�rios de sa�de p�blica.

Em 2004, foram confirmados 21 casos da doen�a, sendo 18 pelo crit�rio laboratorial (Vibrio cholerae O1 Ogawa toxig�nico) e tr�s pelo crit�rio cl�nico-epidemiol�gico, todos procedentes do munic�pio de S�o Bento do Una, localizado na zona agreste do estado de Pernambuco, caracterizando o recrudescimento da doen�a no pa�s.

Em 2005, foram confirmados cinco casos: quatro no munic�pio de S�o Bento do Una e um em Recife.

DENGUE

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Etiologia e Sinon�mia

� uma doen�a infecciosa febril aguda, que pode se apresentar de forma benigna ou grave. Isso vai depender de diversos fatores, entre eles: o v�rus e a cepa envolvidos, infec��o anterior pelo v�rus da dengue e fatores individuais como doen�as cr�nicas (diabetes, asma br�nquica, anemia falciforme). Esta doen�a, tamb�m, � conhecida como Febre de quebra osso.

2. Modo de Transmiss�o

A doen�a � transmitida pela picada da f�mea do mosquito Aedes aegypti. N�o h� transmiss�o pelo contato direto com um doente ou suas secre��es, nem por meio de fontes de �gua ou alimento.

3. Reservat�rio

O ser humano � a fonte de infec��o e � tamb�m o reservat�rio vertebrado.

4. Vetores

S�o mosquitos do g�nero Aedes. A esp�cie Aedes aegypti � a mais importante na transmiss�o da doen�a e tamb�m pode ser transmissora da febre amarela urbana.

5. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

O dengue tem sido relatado h� mais de 200 anos. Na d�cada de 50, a febre hemorr�gica da dengue foi descrita, pela primeira vez, nas Filipinas e Tail�ndia. Ap�s a d�cada de 60, a circula��o do v�rus da dengue intensificou-se nas Am�ricas. A partir de 1963, houve circula��o comprovada dos sorotipos 2 e 3 em v�rios pa�ses. Em 1977, o sorotipo 1 foi introduzido nas Am�ricas, inicialmente pela Jamaica. A partir de 1980, foram notificadas epidemias em v�rios pa�ses, aumentando consideravelmente a magnitude do problema. Cabe citar: Brasil (1982, 1986, 1998, 2002), Bol�via (1987), Paraguai (1988), Equador (1988), Peru (1990) e Cuba (1977/1981). A FHD afetou Cuba em 1981 e foi um evento de extrema import�ncia na hist�ria da doen�a nas Am�ricas. Essa epidemia foi causada pelo sorotipo 2, tendo sido o primeiro relato de febre hemorr�gica da dengue ocorrido fora do sudoeste asi�tico e pac�fico ocidental. O segundo surto ocorreu na Venezuela, em 1989. Em 1990/1991, alguns casos foram notificados no Brasil (Rio de Janeiro), bem como em 1994 (Fortaleza - CE).

No Brasil, h� refer�ncias de epidemias de dengue em 1916, em S�o Paulo, e em 1923, em Niter�i, sem diagn�stico laboratorial. A primeira epidemia documentada cl�nica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista - RR, causada pelos sorotipos 1 e 4. A partir de 1986, foram registradas epidemias em diversos estados, com a introdu��o do sorotipo 1. A introdu��o dos sorotipos 2 e 3 foi detectada no Rio de Janeiro, em 1990 e dezembro de 2000 respectivamente. O sorotipo 3 apresentou r�pida dispers�o para 24 estados do pa�s no per�odo de 2001-2003. Em 2003, apenas os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina n�o apresentavam transmiss�o aut�ctone da doen�a. As maiores epidemias detectadas at� o momento ocorreram nos anos de 1998 e 2002, com cerca de 530 mil e 800 mil casos notificados, respectivamente. Os primeiros casos de FHD foram registrados em 1990, no estado do Rio de Janeiro, ap�s a introdu��o do sorotipo 2. Nesse ano foram confirmados 274 casos, que, de forma geral, n�o apresentaram manifesta��es hemorr�gicas graves. A faixa et�ria mais atingida foi a de maiores de 14 anos. Na segunda metade da d�cada de 90, ocorreram casos de FHD em diversos estados. Nos anos de 2001 e 2002, foi detectado um aumento no total de casos de FHD, potencialmente refletindo a circula��o simult�nea dos sorotipos 1, 2 e 3 do v�rus da dengue. A letalidade m�dia por FHD se manteve em torno de 5% no per�odo de 2000-2003.

DOEN�AS DIARR�ICAS AGUDAS

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Descri��o

S�ndrome causada por v�rios agentes etiol�gicos (bact�rias, v�rus e parasitas), cuja manifesta��o predominante � o aumento do n�mero de evacua��es, com fezes aquosas ou de pouca consist�ncia. Com freq��ncia, � acompanhada de v�mito, febre e dor abdominal. Em alguns casos, h� presen�a de muco e sangue. No geral, � autolimitada, com dura��o entre 2 a 14 dias. As formas variam desde leves at� graves, com desidrata��o e dist�rbios eletrol�ticos, principalmente quando associadas � desnutri��o. Dependendo do agente, as manifesta��es podem ser decorrentes de mecanismo secret�rio provocado por toxinas ou pela coloniza��o e multiplica��o do agente na parede intestinal, levando � les�o epitelial e, at� mesmo, � bacteremia ou septicemia. Alguns agentes podem produzir toxinas e, ao mesmo tempo, invas�o e ulcera��o do epit�lio. Os v�rus produzem diarr�ia autolimitada, s� havendo complica��es quando o estado nutricional est� comprometido. Os parasitas podem ser encontrados isolados ou associados (poliparasitismo) e a manifesta��o diarr�ica pode ser aguda, intermitente ou n�o ocorrer.

2. Agentes Etiol�gicos

Bact�rias - Staphyloccocus aureus, Campylobacter jejuni, Escherichia coli enterotoxig�nica, Escherichia coli enteropatog�nica, Escherichia coli enteroinvasiva, Escherichia coli enterohemorr�gica, salmonelas, Shigella dysenteriae, Yersinia enterocol�tica, Vibrio cholerae e outras;

V�rus - Astrov�rus, caliciv�rus, adenov�rus ent�rico, norov�rus, rotav�rus grupos A, B e C e outros;

Parasitas - Entamoeba histolytica, Cryptosporidium, Balatidium coli, Giardia lamblia, Isospora belli e outras.

3. Reservat�rio, modo de transmiss�o, per�odo de incuba��o e transmissibilidade

Espec�ficos para cada agente etiol�gico.

4. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

Importante causa de morbimortalidade no Brasil e em pa�ses subdesenvolvidos. T�m incid�ncia elevada e os epis�dios s�o freq�entes na inf�ncia, particularmente em �reas com prec�rias condi��es de saneamento. O SRO diminui a letalidade por essas doen�as, mas a morbidade ainda � importante causa de desnutri��o e do retardo de crescimento.

ESQUISTOSSOMOSE

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Descri��o

Infec��o produzida por parasito tremat�deo digen�tico, cuja sintomatologia cl�nica depende de seu est�gio de evolu��o no homem. A fase aguda pode ser assintom�tica ou apresentar-se como dermatite urticariforme, acompanhada de erup��o papular, eritema, edema e prurido at� cinco dias ap�s a infec��o. Com cerca de tr�s a sete semanas de exposi��o, pode evoluir para a forma de esquistossomose aguda ou febre de Katayama, caracterizado por febre, anorexia, dor abdominal e cefal�ia. Esses sintomas podem ser acompanhados de diarr�ia, n�useas, v�mitos ou tosse seca, ocorrendo hepatomegalia. Ap�s seis meses de infec��o, h� risco do quadro cl�nico evoluir para a fase cr�nica, cujas formas cl�nicas s�o:

- Intestinal - Pode ser assintom�tica ou caracterizada por diarr�ias repetidas, mucossang�inolentas, com dor ou desconforto abdominal;

- Hepatointestinal - Diarr�ia, epigastralgia, hepatomegalia, podendo ser detectadas nodula��es � palpa��o do f�gado;

- Hepatoespl�nica compensada - Hepatoesplenomegalia, hipertens�o portal com forma��o de varizes de es�fago;

- Hepatoespl�nica descompensada - Considerada uma das formas mais graves. Apresenta f�gado volumoso ou contra�do devido � fibrose, esplenomegalia, ascite, varizes de es�fago, hemat�mase, anemia, desnutri��o e hiperesplenismo. A fibrose de Symmers � caracter�stica da forma hepatoespl�nica. O aparecimento de formas grave est� relacionado � intensidade da infec��o.

2. Reservat�rio

O homem � o principal reservat�rio. Os roedores, primatas e marsupiais s�o potencialmente infectados; o camundongo e hamster s�o excelentes hospedeiros, n�o estando ainda determinado o papel desses animais na transmiss�o. Hospedeiro intermedi�rio - No Brasil s�o os caramujos do g�nero Biomphalaria: B. glabrata, B. tenagophila, B. straminea.

3. Modo de Transmiss�o

Os ovos do S. mansoni s�o eliminados pelas fezes do hospedeiro infectado (homem). Na �gua, eclodem, liberando uma larva ciliada denominada mirac�dio, que infecta o caramujo. Ap�s quatro a seis semanas, abandonam o caramujo, na forma de cerc�ria, ficando livres nas �guas naturais. O contato humano com �guas infectadas pelas cerc�rias � a maneira pela qual o indiv�duo adquire a esquistossomose.

4. Caracter�sticas epidemiol�gicas

No mundo, ocorre em 54 pa�ses, destacando-se os da �frica, leste do Mediterr�neo e da Am�rica do Sul e Caribe. No Brasil, � considerada uma endemia, que atinge 19 estados, estando presente, de forma end�mica, do Maranh�o at� Minas Gerais, com focos no Par�, Piau�, Rio de Janeiro, S�o Paulo, Paran�, Santa Catarina, Goi�s, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Possui baixa letalidade e as principais causas de �bito est�o relacionadas �s formas cl�nicas graves.

FILARIOSE

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Etiologia e Sinon�mia

Doen�a parasit�ria cr�nica de car�ter end�mico, restrita a �reas focais.

2. Sinon�mia

Os quadros cl�nicos decorrentes da presen�a de Filariose Linf�tica (FL) no ser humano s�o referidos como morbidade filarial, sendo especialmente conhecida � elefant�ase.

3. Qual o microrganismo envolvido?

O parasita respons�vel pela doen�a humana � o nemat�ide Wuchereria bancrofti, sendo vetor o mosquito Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muri�oca).

4. Como se transmite?

O ser humano � a fonte prim�ria de infec��o, o parasita � transmitido de pessoa a pessoa por meio da picada do mosquito Culex quinquefasciatus (pernilongo).

5. Aspectos epidemiol�gicos

A filariose linf�tica (FL), doen�a parasit�ria cr�nica, � uma das maiores causas mundiais de incapacidades permanentes ou de longo-prazo. Estimativas da d�cada de 1990 apontavam para cerca de 100 milh�es de pessoas acometidas pela doen�a em todo o mundo. Embora permane�a como um grave problema de sa�de p�blica, a FL � considerada atualmente uma das sete doen�as pass�veis de erradica��o global, devido a certas caracter�sticas biol�gicas do parasito e �s estrat�gias de interven��o dispon�veis. Tendo essa perspectiva, em 1997 a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) lan�ou um plano de elimina��o da FL at� o ano 2020.

No Brasil, o perfil epidemiol�gico dessa doen�a foi estabelecido na d�cada de 1950, quando foram realizados diversos inqu�ritos hemosc�picos em todo o Pa�s. Com base nos resultados desses inqu�ritos, foram identificadas as �reas de transmiss�o ativa e definidas as �reas priorit�rias para as interven��es. Um total de 11 cidades em 6 estados foram consideradas ent�o os "focos de filariose" no Pa�s. Desde ent�o, uma s�rie de a��es foram implantadas/ implementadas com o prop�sito de combater a endemia.

Ao longo das �ltimas cinco d�cadas, o trabalho visando � redu��o da infec��o apoiou-se principalmente na elimina��o das fontes humanas de infec��o. Assim, milhares de exames hemosc�picos foram realizados anualmente nas popula��es residentes nas �reas end�micas, e os casos de microfilaremia etectados foram tratados, interven��o principal na elimina��o a longo prazo de 10 dos 11 focos. Em determinadas �reas end�micas (sul do Pa�s) foi introduzido o tratamento em massa, certamente contribuindo para a elimina��o da doen�a naquelas espec�ficas. Atualmente as �reas com transmiss�o est�o restritas � Regi�o Metropolitana do Recife (RMR).

FEBRE TIF�IDE

DESCRI��O DA DOEN�A

1. Etiologia e Sinon�mia

Doen�a bacteriana aguda, tamb�m conhecida por febre ent�rica, causada pela bact�ria Salmonella enterica sorotipo Typhi. Bacilo gram-negativo da fam�lia Enterobacteriaceae.

2. Reservat�rio

O homem doente ou portador assintom�tico.

3. Modo de transmiss�o

Doen�a de veicula��o h�drica e alimentar, cuja transmiss�o pode ocorrer pela forma direta, pelo contato com as m�os do doente ou portador, ou forma indireta, guardando estreita rela��o com o consumo de �gua ou alimentos contaminados com fezes ou urina do doente ou portador. Os legumes irrigados com �gua contaminada, produtos do mar mal cozidos ou crus (moluscos e crust�ceos), leite e derivados n�o pasteurizados, sorvetes, etc. podem veicular salmonelas. A contamina��o de alimentos, geralmente, � feita por portadores ou pacientes oligossintom�ticos, motivo pelo qual a febre tif�ide � conhecida como a doen�a das m�os sujas.

4. Caracter�sticas epidemiol�gicas

A ocorr�ncia da doen�a est� diretamente relacionada �s condi��es de saneamento existentes e aos h�bitos de higiene individuais. Est�o mais sujeitas � infec��o as pessoas que habitam ou trabalham em ambientes com prec�rias condi��es de saneamento. A doen�a acomete com maior freq��ncia a faixa et�ria entre 15 e 45 anos, em �reas end�micas. A taxa de ataque diminui com a idade. A suscetibilidade, em geral, � maior em indiv�duos com acloridria g�strica. A imunidade ap�s a infec��o ou vacina��o n�o � definitiva. Observando-se o comportamento da febre tif�ide no Brasil nas �ltimas d�cadas, constata-se tend�ncia de decl�nio nos coeficientes de incid�ncia, mortalidade e letalidade. Por�m, as informa��es dispon�veis devem ser analisadas com cautela, tendo em vista o importante sub-registro de casos.

GIARD�ASE

DESCRI��O DA DOEN�A

Etiologia e Sinon�mia

1. Descri��o

Infec��o por protozo�rios que atinge, principalmente, a por��o superior do intestino delgado. A maioria das infec��es s�o assintom�ticas e ocorrem tanto em adultos quanto em crian�as. A infec��o sintom�tica pode apresentar diarr�ia, acompanhada de dor abdominal. Esse quadro pode ser de natureza cr�nica, caracterizado por fezes amolecidas, com aspecto gorduroso, fadiga, anorexia, flatul�ncia e distens�o abdominal. Anorexia, associada com m� absor��o, pode ocasionar perda de peso e anemia. N�o h� invas�o intestinal.

2. Sinon�mia

Enterite por gi�rdia.

3. Reservat�rio

O homem e alguns animais dom�sticos ou selvagens, como c�es, gatos e castores.

4. Modo de Transmiss�o

Fecal-oral. Direta, pela contamina��o das m�os e conseq�ente ingest�o de cistos existentes em dejetos de pessoa infectada; ou indireta, atrav�s da ingest�o de �gua ou alimento contaminado.

5. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

� doen�a de distribui��o mundial. Epidemias podem ocorrer, principalmente em institui��es fechadas que atendam crian�as, sendo o grupo et�rio mais acometido e situado entre oito meses e 10 a 12 anos. A Giardia lambria � reconhecida como um dos agentes etiol�gico da "diarr�ia dos viajantes" em zonas end�micas. Os cistos podem resistir at� dois meses no meio exterior e s�o resistentes ao processo de clora��o da �gua. A infec��o pode ser adquirida pela ingest�o de �gua proveniente da rede p�blica, com falhas no sistema de tratamento, ou �guas superficiais n�o tratadas ou insuficientemente tratadas (s� por clora��o). Tamb�m � descrita a transmiss�o envolvendo atividades sexuais, resultante do contato oro-anal.

HEPATITE A

DESCRI��O DA DOEN�A

Etiologia e Sinon�mia

1. Descri��o

Doen�a viral aguda, de manifesta��es cl�nicas variadas, desde formas subcl�nicas, oligossintom�ticas e at� fulminantes (menos que 1% dos casos). Os sintomas se assemelham a uma s�ndrome gripal, por�m h� eleva��o das transaminases. A freq��ncia de quadros ict�ricos aumenta com a idade, variando de 5 a 10% em menores de 6 anos, chegando a 70 a 80% nos adultos. O quadro cl�nico � mais intenso � medida que aumenta a idade do paciente. No decurso de uma hepatite t�pica, temos v�rios per�odos Doen�a infecciosa viral, contagiosa, causada pelo v�rus A (HAV) e tamb�m conhecida como "hepatite infecciosa", "hepatite epid�mica", "hepatite de per�odo de incuba��o curto".

2. Reservat�rio

O homem, principalmente. Tamb�m primatas como chimpanz�s e sag�is.

3. Modo de Transmiss�o

Fecal-oral, veicula��o h�drica, pessoa a pessoa (contato intrafamiliar e institucional), alimentos contaminados e objetos inanimados. Transmiss�o percut�nea (inocula��o acidental) e parenteral (transfus�o) s�o muito raras, devido ao curto per�odo de viremia.

4. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

A hepatite A tem distribui��o universal e apresenta-se de forma espor�dica ou de surto. Tem maior preval�ncia em �reas com m�s condi��es sanit�rias e higi�nicas. � freq�ente em institui��es fechadas. Nos pa�ses subdesenvolvidos, acomete com mais freq��ncia crian�as e adultos jovens; nos desenvolvidos, os adultos. A mortalidade e le-talidade s�o baixas e essa �ltima tende a aumentar com a idade do paciente.

LEPTOSPIROSE

DESCRI��O DA DOEN�A

Etiologia e sinon�mia

1. O que �?

A leptospirose � uma doen�a infecciosa aguda causada por uma bact�ria chamada Leptospira, presente na urina de animais infectados. Em �reas urbanas, o rato � o principal reservat�rio da doen�a, a qual � transmitida ao homem, mais freq�entemente, pela �gua das enchentes. O homem se infecta pelo contato da pele ou mucosas (dos olhos e da boca) com a �gua ou lama contaminadas pela urina dos ratos.

A leptospirose pode apresentar-se de v�rias formas, desde um quadro simples, parecido com uma gripe (febre, dor de cabe�a e dores pelo corpo), at� formas graves que podem levar � morte.

A leptospirose ocorre em todo o mundo, mais freq�entemente em regi�es tropicais e subtropicais onde o calor e as chuvas favorecem a sua transmiss�o.

No Brasil, a doen�a ocorre com maior freq��ncia em �reas urbanas e regi�es metropolitanas, onde as condi��es sanit�rias prec�rias e a alta infesta��o de ratos aumentam o risco de contrair a doen�a.

O alto custo hospitalar, os dias de trabalho perdidos e o elevado grau de letalidade (at� 40% dos casos graves podem morrer) demonstram a import�ncia da leptospirose para a sa�de p�blica.

1.1 Sinon�mia

Doen�a de Weil, s�ndrome de Weil, febre dos p�ntanos, tifo canino e outras. Desaconselha-se a utiliza��o desses termos, pois s�o pass�veis de causar confus�o.

2. Reservat�rio

Os animais s�o os reservat�rios essenciais de leptospiras; o principal � constitu�do pelos roedores sinantr�picos (ratos dom�sticos). O Rattus norvegicus (ratazana ou rato-de-esgoto) � o principal portador do sorovar Icterohaemorraghiae, um dos mais patog�nicos para o homem. Reservat�rios de menor import�ncia: caninos, su�nos, bovinos, eq�inos, ovinos e caprinos.

3. Como se transmite?

Durante as enchentes, a urina dos ratos, presente nos esgotos e bueiros, mistura-se � enxurrada e � lama. Qualquer pessoa que tiver contato com a �gua ou lama pode infectar-se. As leptospiras penetram no corpo pela pele, principalmente por arranh�es ou ferimentos. O contato com esgotos, lagoas, rios e terrenos baldios tamb�m podem propiciar a infec��o. Veterin�rios e tratadores de animais podem adquirir a doen�a pelo contato com a urina, sangue, tecidos e �rg�os de animais infectados.

4. Caracter�sticas Epidemiol�gicas

� uma zoonose de grande import�ncia social e econ�mica e sua ocorr�ncia est� freq�entemente relacionada a prec�rias condi��es de infra-estrutura sanit�ria e alta infesta��o de roedores. Ocorre em �reas urbanas e rurais. Toda a popula��o � suscet�vel e a faixa de 20 a 49 anos � o principal grupo et�rio afetado. As inunda��es propiciam a dissemina��o e persist�ncia das leptospiras no ambiente, facilitando a eclos�o de surtos. Algumas atividades e profiss�es facilitam o contato com as leptospiras: limpeza e desentupimento de esgotos, catadores de lixo, agricultores, veterin�rios, tratadores de animais, pescadores, magarefes, laboratoristas, bombeiros, nadadores e militares em manobras, dentre outras.

O que causa as doenças de veiculação hídrica?

Doenças de veiculação hídrica são aquelas causadas pela presença de microrganismos patogênicos (bactérias, como a Salmonella, vírus, como o rotavírus, e parasitas como a Giardia lamblia) na água utilizada para diferentes usos.

Quais são as principais doenças de origem hídrica?

As principais são: amebíase, giardíase, gastroenterite, febre tifoide e paratifoide, hepatite infecciosa (Hepatite A e E) e cólera. Indiretamente, a água também está ligada à transmissão de verminoses, como esquistossomose, ascaridíase, teníase, oxiuríase e ancilostomíase.

Quais as principais formas de contaminação do homem por doenças de veiculação hídrica?

Exemplos de doenças causadas pelo contato com a água contaminada: esquistossomose, que é contraída após o contato com água contaminada com cercárias do Schistosoma mansoni, e a leptospirose, que é transmitida por água contaminada, principalmente por urina de rato com a bactéria do gênero Leptospira.

Quais são as principais formas de evitar doenças de veiculação hídrica?

São elas:.
Ficar atento à coloração da água dos poços artesianos e/ou encanamentos;.
Manter os recipientes para armazenamento de água sempre limpos e bem fechados;.
Beber água que tenha sido filtrada e/ou fervida;.
Limpar caixas d'água a cada seis meses;.
Higienizar alimentos com água potável;.

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