Quais os efeitos agudos imediatos do exercício de baixa moderada intensidade sobre resposta imunológica celular?

    O corpo humano tem a capacidade de resistir a quase todos os tipos de organismos ou toxinas que tendem a lesar os tecidos e �rg�os. Essa capacidade � denominada imunidade (GUYTON, 1998). Dessa forma, o sistema imunol�gico tem como objetivo reconhecer os organismos invasores, impedir sua dissemina��o e finalmente elimin�-los do corpo (PARHAM, 2001).

    Segundo Parham (2001), o sistema imunol�gico divide-se em dois componentes: o inato e o adaptativo. O componente inato caracteriza-se por responder aos est�mulos de maneira n�o especifica, onde ele utiliza um mecanismo de reconhecimento molecular geral para detectar a presen�a de bact�rias e de v�rus. Al�m disso, o sistema imune inato inclui ainda uma diversidade de barreiras f�sicas, qu�micas e tamb�m as defesas fixas que est�o de prontid�o para interromper as infec��es antes que elas possam se concretizar.

    J� o componente adaptativo, focaliza o pat�geno em quest�o e leva uma condi��o de prote��o duradoura denominada imunidade adaptativa somente aquele pat�geno, sendo assim, essa resposta do sistema imune e mais lenta e especifica.

    O sistema imunol�gico compreende v�rios �rg�os, incluindo a medula espinhal, o ba�o, o timo, e os g�nglios linf�ticos (HOCKENBURY & HOCKENBURY, 2003). Al�m disso, Abbas e Lichtman (2003) relatam que os linf�citos, produzidos na medula �ssea, s�o as c�lulas mais importantes desse sistema. Da medula �ssea eles migram para outros �rg�os do sistema imune, como o timo e o ba�o, onde se desenvolvem completamente e s�o armazenados at� serem utilizados (TIRARD, 1992; O�LEARY, 1990 apud HOCKENBURY e HOCKENBURY, 2003).

    Segundo Peakman e Veiga (1999), as barreiras f�sicas englobam a pele, mucosas, e as secre��es que lavam e limpam as mucosas e os c�lios que atuam removendo res�duos e as subst�ncias estranhas. Segundo esse mesmo autor os componentes celulares desse sistema s�o o neutr�filo, o eosin�filo e o mast�cito, bem como a c�lulas natural killer (NK).

    Os leuc�citos s�o c�lulas denominadas de gl�bulos brancos, respons�veis pela defesa do organismo contra agentes patog�nicos (ABBAS & LICHTMAN, 2003). Os leuc�citos t�m suas origens distintas, e os granul�citos e mon�citos, considerados de linhagem mieloc�tica, s�o formados e armazenados na medula �ssea (PEAKMAN & VERGANI, 1999). Segundo os mesmos autores, os linf�citos s�o considerados de linhagem linfoc�tica, tendo sua forma��o na medula �ssea e nos tecidos linfog�nicos, local onde s�o armazenados.

Exerc�cio f�sico e respostas imunol�gicas

    Segundo Leandro et al (2002), o exerc�cio f�sico pode proporcionar diferentes respostas no sistema imunol�gico. O exerc�cio de intensidade moderada, praticado regularmente, melhora a capacidade de resposta do sistema imunol�gico, enquanto o exerc�cio com alta intensidade praticado sob condi��es estressantes provoca um estado transit�rio de imunossupress�o (COSTA ROSA & VAISBERG, 2002).

    Mackinnon (1992) apud Sharkey (1998) relata que os treinamentos moderados tr�s respostas imunol�gicas saud�veis. Al�m disso,Hockenbury e Hockenbury (2003) afirmam que o exerc�cio f�sico de baixa intensidade ajuda a diminuir a a��o estressante ap�s o exerc�cio, dessa forma n�o sobrecarrega o sistema imunol�gico do organismo humano. Sendo assim, Barra Filho et al (2002) afirmam que � importante a necessidade do controle das vari�veis do treinamento desportivo para evitar o estresse excessivo.

    Kapasi et al (2003) buscaram verificar poss�veis altera��es do sistema imunol�gico em indiv�duos idosos, sendo inserido um programa de treinamento resistido, associado ao treinamento aer�bio. O programa foi realizado com a freq��ncia de cinco dias por semana, ao longo de oito meses, n�o sendo observada ap�s trinta e oito e duas semanas de interven��o, alguma altera��o significativa, no sentido positivo ou negativo dos par�metros imunes avaliados. Importante ser frisado n�o ter havido altera��es na incid�ncia de infec��es do grupo treinado, quando comparado ao grupo controle.

    Sharkey (1998) relata que o sistema imunol�gico � consistido de linf�citos, c�lulas T, c�lulas eliminadoras naturais, anticorpos, imunoglobulinas e outros. De acordo com este autor, o sistema serve para proteger o corpo de ataques externos, contudo, quando exposto � estresse prolongado, o sistema tende a falhar, permitindo a prolifera��o de microorganismos invasores.

    O supertreinamento pode acarretar um enfraquecimento do sistema imunol�gico, aumentando as possibilidades de infec��o do organismo (POWERS & HOWLEY, 2000). Maughan e Gledson (2000), afirmam que quando as cargas de treinamento s�o elevadas, pode ocorrer uma diminui��o da fun��o global do sistema imunol�gico. A intensidade, dura��o, freq��ncia excessiva de treinamento pode proporcionar um mau funcionamento do sistema imunol�gico, devido � sobrecarga imposta ao organismo, que pode ocasionar fadiga (SHARKEY, 1998). Portanto, o supertreinamento prolongado provoca altera��es que se manifestam como redu��o cr�nica do desempenho, acompanhada de um ou mais sintomas f�sicos, como eleva��o da freq��ncia card�aca de repouso, perda de peso, diminui��o da libido, altera��es no sono entre outros (FAHRNER & HACKNEY, 1998; FOSS & KETEYIAN, 1998 apud FRAN�A et al 2006).

Exerc�cio f�sico e altera��es nos n�veis de leuc�citos e linf�citos

    Os leuc�citos, denominados como gl�bulos brancos, s�o respons�veis pela defesa do organismo contra agentes patog�nicos, e os que est�o presentes no sangue perif�rico s�o: neutr�filos, eosin�filos, bas�filos, linf�citos e mon�citos (DACIE & LEWIS, 1995). De acordo com Abbas e Lichtman (2003), os linf�citos s�o as �nicas c�lulas com receptores espec�ficos para ant�genos e, portanto s�o os principais mediadores da imunidade adaptativa. Estes por sua vez representam 20 a 30% dos leuc�citos na circula��o (DACIE & LEWIS, 1995).

    A leucopenia e linfoponia est�o relacionados com o aumento do cortisol que pode ser provocado pelo exerc�cio intenso (BERK, 1990). Assim, Wilmore e Costill (2001) afirmam que supertreinamento parece estar associado � depress�o da fun��o imunol�gica. Entretanto, o exerc�cio pode provocar a leucocitose, um aumento da quantidade de leuc�citos, como efeito agudo (�VILA, 2006). A leucocitose pode ser uma resposta a infec��es ou a subst�ncias estranhas, ou ser resultante de um c�ncer, de um traumatismo, do estresse ou de determinadas drogas (PARHAM, 2001).

    Santos, Candeias e Magalh�es (s.d.) verificaram altera��es imunol�gicas em um estudo de caso com um cano�sta que participou de uma ultra maratona (UM) de 42 quil�metros em Kayak. Foram medidos o n�mero de leuc�citos e o n�mero e porcentagens de linf�citos, mon�citos, neutr�filos, eosin�filo e bas�filos. As altera��es mais significativas ap�s a UM incidiram na redu��o das c�lulas CD4+CD45RA+(-14.8%), CD94+ (-40%), da ratio CD4+/CD8+ (-15.7%) e no aumento das CD4+CD25+ (28%), CD8+ (19%), CD8+CD25+ (36%), CD25+ (29%). Com exce��o das c�lulas totais CD25+, cujos valores se mantiveram elevados, e das c�lulas NK, em que se acentuou a depress�o p�s-esfor�o (-13.6%), ao 10� dia ap�s esfor�o todos os valores de partida foram recuperados e por vezes ultrapassados. A evolu��o dos indicadores imunol�gicos, neste estudo, indicou uma boa capacidade adaptativa do sujeito a este tipo de esfor�os. As altera��es provocadas pela UM parecem ter um car�ter transit�rio e n�o se exprimiram por qualquer crise infecciosa das vias respirat�rias superiores em todo o tempo do estudo.

    Em um estudo de caso realizado por Rodrigues (2007), que abordava um paciente com HIV/AIDS, sexo masculino, 43 anos, solteiro, natural de Montes Claros- MG que foi encaminhado para um programa de treinamento resistido de 36 sess�es, onde foram realizados exames laboratoriais das vari�veis dependentes pr� e p�s- treino da 13�, 25� e 36� sess�es e tamb�m 48 horas ap�s a 36� sess�o. Os n�veis de cortisol aumentaram nas sess�es coletadas: 1.8 mcg/dl (13� sess�o), 4.3 mcg/dl (25� sess�o) e 6.5 mcg/dl (36� sess�o). J� o cortisol da ultima coleta quando comparada com a primeira diminuiu 1.1 mcg/dl. Ocorreu tamb�m aumento dos n�veis de leuc�citos totais (LET) e linf�citos totais (LIT) nas sess�es: 2.300 mm3

    O estudo de Oliveira, Rogatto e Luciano (2002) teve como objetivo verificar os efeitos de um treinamento f�sico de alta intensidade sobre a contagem total e diferencial de leuc�citos em ratos diab�ticos. Ratos machos jovens Wistar foram distribu�dos em quatro grupos: controle sedent�rio (CS), controle treinado (CT), diab�tico sedent�rio (DS) e diab�tico treinado (DT). O diabetes foi induzido por aloxana (35mg/kg de peso corporal). Durante seis semanas os animais dos grupos CT e DT realizaram um protocolo de treinamento f�sico, que consistiu na realiza��o de quatro s�ries de 10 saltos (intercaladas por um minuto de intervalo) em piscina, com o n�vel da �gua correspondendo a 150% do comprimento corporal e sobrecarga equivalente a 50% da massa corporal dos animais. Ao final do per�odo experimental, amostras de sangue foram coletadas para a contagem total e diferencial dos leuc�citos. A glicemia foi aumentada entre os diab�ticos e a insulin�mica diminu�da. N�o foram observadas diferen�as significativas na contagem diferencial dos linf�citos, neutr�filos, eosin�filos e contagem total de leuc�citos entre os grupos estudados. Houve aumento dos mon�citos entre os treinados (CS = 10,0 � 4,5, CT* = 25,4 � 7,9, DS = 19,75 � 7,4, DT* = 25,8 e pelo diabetes (CS = 125,0 � 37,7, CT* = 74,6 � 8,2, DS* = 47,5 � 12,2, DT* = 40,1 � 16,9mg/100g). Esses resultados permitem concluir que o treinamento f�sico de alta intensidade n�o alterou o estado geral do diabetes, mas aumentou os mon�citos, o que pode representar um efeito positivo sobre a resposta imunol�gica desses animais.

    De acordo com Potteiger et al (2001), Ramel, Wagner e Elmadfa (2003) e Natale et al (2003), o treinamento de for�a muscular tem menor influ�ncia sobre a imunossupress�o dos leuc�citos, quando comparados ao treinamento aer�bico.

    Wilmore e Costill (2001) relatam que o exerc�cio excessivo supriu a fun��o imunol�gica, aumentando a suscetibilidade do atleta que apresenta a infec��o. A imunossupress�o � caracterizada por n�veis anormalmente baixo de linf�citos (WILMORE & COSTILL, 2001).

    Al�m disso, Wilmore e Costill (2001) sugerem que a principal amea�a � fun��o imunol�gica de um individuo pode ocorrer durante o per�odo de transi��o do estado de n�o-treinamento para o estado treinado; se o atleta est� adaptado �s demandas imunol�gicas � normal.

  • ABBAS, A. K; LICHTMAN, A. H. Imunologia B�sica: Fun��es e Dist�rbios do Sistema Imune. Rio de Janeiro: Revinter. 2003.

  • �VILA, W. R. M. Efeitos agudos do treinamento resistido sobre os leuc�citos, linf�citos, hemat�critos e hemoglobina de idosas do DF. 30p. Disserta��o (Mestrado em Educa��o F�sica) - Programa de P�s- Gradua��o da Universidade Cat�lica de Bras�lia � UCB, 2005.

  • COSTA ROSA, L. F. P. B; VAISBERG, M. W. Influencia do Exerc�cio na Resposta Imune. Rev. Bras. Medicina do Esporte, v. 8, n. 4, p.167-172, jul/ago, 2002.

  • DACIE J. V; LEWIS S. M. Practical Haematology. 8 ed. Churchill Livingstone, 1995.

  • FOSS, L. M.; KETEYIAN, J. S. Fox Bases Fisiol�gicas do Exerc�cio e do Esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 2000.

  • FRAN�A et al. Resposta divergente da testosterona e do cortisol s�ricos em atletas masculinos ap�s uma corrida de maratona. Arq. Bras. Endocrinol Metab, S�o Paulo,  v.50 n.6, dec, 2006.

  • GUYTON, A.C. e HALL, J. E. Fisiologia Humana e Mecanismos das Doen�as. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara/ Koogan, 1998.

  • GUYTON, H. Tratado de Fisiologia M�dica. S�o Paulo: Guanabara Koogan, 2002.

  • HOCKNBURY, D. H; HOCKNBURY, S. E. Descobrindo a Psicologia. 2 ed. S�o Paulo: Manole, 2003.

  • KAPASI, Z. F. Effects of na exercise intervention on immunologigic parameters in frail elderly nursing home residents. J. Gerontol. A. Biol. Sci. Msd. Sci, v. 58 n. 7, p. 636-43, 2003.

  • LEANDRO, C. et al. Exerc�cio f�sico e sistema imunol�gico: mecanismos de integra��es. Rev. Portuguesa de Ci�ncia do Desporto, v. 2, n. 5, p.80-90, 2002. Manole, 2000.

  • MAUGHAN, R.; GLEESON, M.; GREENHAFF, P. L. Bioqu�mica do Exerc�cio e do Treinamento. S�o Paulo: Manole, 2000.

  • OLIVEIRA, C. A. M; ROGATTO, G. P; ELIETE LUCIANO, E. Efeitos do treinamento f�sico de alta intensidade sobre os leuc�citos de ratos diab�ticos. Rev Bras Med Esporte, v. 8, n. 6, nov/dez, 2002.

  • PARHAM, P. O Sistema Imune. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

  • PEAKMAN, M; VERGANI, D. Imunologia B�sica e Cl�nica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

  • POWERS, S. K; HONWLEY, E.T. Fisiologia do Exerc�cio � Teoria e Aplica��o ao Condicionamento e ao Desempenho. 3. ed. S�o Paulo:

  • RODRIGUES, V. D. Efeitos agudos e cr�nicos do treinamento resistido nos n�veis de cortisol, leuc�citos totais e linf�citos totais em um paciente portador de HIV/AIDS. 63p. Monografia (Gradua��o em Educa��o F�sica) - Curso de Bacharelado e Licenciatura em Educa��o F�sica da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES, 2006.

  • SHARNEY, B. J. Condi��o F�sica e Sa�de. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

  • WILMORE, J. H; COSTIL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exerc�cio. 2 ed. S�o Paulo: Manole, 2001.

  • Quais os efeitos agudos imediatos do exercício de alta intensidade sobre resposta imunológica celular?

    Os efeitos agudos imediatos correspondem à sudorese, ao aumento da frequência cardíaca e da ventilação pulmonar, e os efeitos tardios consistem na melhora da sensibilidade à insulina e da secreção de catecolaminas.

    Quais são os efeitos do exercício físico sobre o sistema imunológico?

    O mecanismo de melhora do sistema imunológico está associado ao efeito que a atividade física regular proporciona ao organismo: aumento dos linfócitos, ou seja, das células de defesa que cumprem a função de combater e destruir agentes patogênicos como as células tumorais ou as infectadas por vírus e bactérias.

    Quais os efeitos crônicos de médio e longo prazo adaptação do exercício de baixa moderada intensidade sobre resposta imunológica humoral *?

    O exercício moderado promove alterações em parâmetros do sistema imunológico, resultando em uma melhor resolução de infecções por micror- ganismos intracelulares, enquanto no exercício intenso estas alterações resultam no aumento da susceptibilidade à infecções por esses microrganismos.

    Quais as principais alterações que ocorrem em células imunológicas em resposta ao estímulo agudo do exercício?

    Exercício de alta intensidade (acima de 60% do VO2max) se associa a uma alteração bifásica dos leucócitos circulantes. No pós-exercício imediato é visto um incremento de 50 a 100% do número total de leucócitos, aumento que se dá principalmente às custas de linfócitos, neutrófilos e em menor proporção de monócitos1.

    Toplist

    Última postagem

    Tag