Um ponto culminante para a eclosão do foco de tensão entre Rússia e Geórgia foi desencadeado pelo interesse dos países citados em anexar o território da República de Ossétia do Sul aos seus domínios.
Em 20 de setembro de 1990, surgiu a República da Ossétia do Sul. Apesar de estar dentro do território da Geórgia, alcançou sua autonomia. No entanto, os líderes da Geórgia não aceitaram o fato, declarando ser inconstitucional.
A partir da autonomia da República da Ossétia do Sul houve o surgimento de um foco de tensão, uma vez que a Geórgia não desistiu de reintegrar a região, a Rússia, por sua vez, apóia a decisão da Ossétia do Sul em continuar independente.
No dia 08 de agosto, as tropas da Geórgia realizaram uma ofensiva apoderando-se da Ossétia do Sul. Segundo o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashuili, a Rússia executou bombardeios em seu território, figurando como uma invasão que fere a soberania nacional.
O principal motivo que envolve a Rússia nessa questão é que a Ossétia do Sul pretende ser anexada ao território russo para se juntar ao restante de sua etnia que se encontra na Ossétia do Norte, localizada em território russo, indo totalmente contra os interesses da Geórgia.
O presidente da Geórgia afirmou que a Rússia enviou veículos militares para a Geórgia e a Ossétia do Sul com a finalidade de impedir a entrada das forças militares georgianas.
Esses fatos levam a crer que essa divergência geopolítica pode conduzir a uma guerra, tendo em vista que já ocorreram confrontos armados com vítimas.
Segundo o dirigente da república, Eduard Kokoiti, a Geórgia tem objetivos de realizar uma limpeza étnica na Ossétia do Sul, sendo que esse último ataque figura o terceiro genocídio promovido pelas forças militares georgianas.
Esse conflito está alicerçado na troca de acusações entre Rússia e Geórgia, o primeiro afirma que a Geórgia destruiu uma cidade na Ossétia do Sul através de ataques aéreos. O segundo acusa a Rússia de atacar sua base e se defende afirmando às autoridades internacionais que está sendo vítima das forças armadas russas.
De forma genérica, esse é mais um problema geopolítico desenvolvido no leste europeu que parece estar longe de terminar, especialmente nas antigas repúblicas soviéticas, quase sempre motivadas pela intolerância étnica, cultural e religiosa.
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Abecásia (Apsny em abecásio) é uma das duas repúblicas separatistas da Geórgia, de reconhecimento internacional bastante limitado. Seu nome é a forma como os abecásios denominam seu território, e significa "Terra dos Apsianos". Originalmente, a Abecásia fazia parte do antigo reino Cólquida, embrião da moderna Geórgia. Mais tarde, a área constitui um reino próprio, chamado de Egrisi. Os gregos instalariam colônias no litoral por volta de 1000 a 550 a.C. Seguiram-se os romanos e bizantinos até que por volta de 780 surgiu um reino independente autodenominado Abecásia, que chegou a dominar a área da atual capital georgiana, Tbilisi. Segue-se uma fase de unificação sob uma monarquia georgiana, até o século XVI, quando surge o principado da Abecásia. Pouco depois os turcos otomanos ocupam o território e convertem a população ao islamismo. No século XIX crescem as disputas entre turcos otomanos e Rússia por terras naquela área, o que faz com que a Rússia absorva a Abecásia.
Com a presença russa, boa parte da população muçulmana migra para a atual Turquia e a região passa a receber população de áreas cristãs do Cáucaso. A Geórgia declara-se independente em 1918 e inclui a Abecásia como parte do novo estado. Pouco depois, a Rússia (prestes a se tornar União Soviética) retoma o controle sobre a Geórgia, transformando-a numa república soviética (a Abecásia ganha o mesmo status, mas é administrada em conjunto com a Geórgia). Um ano depois, a Geórgia passa a integrar a República Socialista Federativa Soviética Transcaucasiana, que é dissolvida em 1936, voltando a vigorar o arranjo anterior. A partir de 1957 até o fim da URSS, a Abecásia, ainda dentro da Geórgia, passa ao status de República soviética autônoma, ou seja, é reconhecida como uma etnia em separado, que é administrada por outra etnia maior, e com esta forma uma república soviética dentro da URSS. Às vésperas do colapso soviético, os abecásios temem pela perda de seu status de autonomia, e lutam para constituir uma república soviética em separado, enquanto a Geórgia prepara-se para a independência, incluindo a Abecásia em seu território. Logo após a separação da Geórgia, começam os conflitos na região, que passa a buscar sua própria emancipação.
Segue-se uma guerra civil em 1992 e as tropas georgianas sofrem vários revezes, sendo estabelecido um cessar-fogo em 1994. A partir daí, cerca de 83% do território permanece na mão dos separatistas enquanto que o restante é administrado pela República Autônoma da Abecásia, reconhecida pela Geórgia. Em 2008 a Rússia anunciou o reconhecimento da Abecásia e da Ossétia do Sul, mas os dois conflitos seguem sem solução. Com sua capital em Sukhumi e pouco reconhecimento internacional, os separatistas dependem quase que exclusivamente da Rússia para manter o movimento até os dias de hoje.
Além da Rússia, decidiram por reconhecer o novo estado Nicarágua, Venezuela, Nauru e Tuvalu. Além destes, outro estado de reconhecimento parcial considera a Abecásia um país emancipado, a Ossétia do Sul, a outra região separatista da Geórgia. Finalmente, mais outros dois estados sem reconhecimento internacional consideram a Abecásia independente, sendo um deles Nagorno-Karabakh, outra área separatista no Cáucaso, parte integrante da República do Azerbaijão, cuja população é de origem armênia e que se declara uma república independente; o segundo é a Transnístria, parte integrante do território da República da Moldávia, mas povoada em sua maioria por ucranianos e russos.
Bibliografia:
REPUBLIC OF ABKHAZIA (em inglês). Disponível em <//www.therepublicofabkhazia.org/>. Acesso em: 16 abr. 2012.
Regions and territories: Abkhazia(em inglês). Disponível em <//news.bbc.co.uk/2/hi/europe/3261059.stm>. Acesso em: 16 abr. 2012.
Abkhazia(em inglês). Disponível em <//www.abkhazia.org/>. Acesso em: 16 abr. 2012.
Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/europa/abecasia/