Quais fatores influenciam no aumento e na diminuição de uma população?

A crescente população contribui para aumentar a pressão sobre os recursos naturais do planeta, mas a questão é complexa e há poucas soluções, afirmaram cientistas reunidos na conferência  "Planeta sob Pressão", celebrada em Londres, a poucos meses da Rio+20.

Segundo os especialistas, reunidos durante quatro dias para discutir a saúde do planeta, as respostas têm seguido na direção de educar as mulheres de países pobres e ampliar seu acesso aos anticoncepcionais, mas também com vistas à reforma dos padrões de consumo nos países ricos.

Os cientistas participantes apontaram o crescimento populacional como um grande responsável indireto pelo aquecimento global, pelo esgotamento de recursos, pela poluição e pela perda de biodiversidade.

Mas também afirmaram que o tema desapareceu quase que completamente das discussões políticas, em parte devido a questões religiosas, mas também por causa das lembranças traumáticas de controles coercitivos da natalidade em países pobres nos anos 1970 que ninguém quer repetir.

Prédios residenciais são vistos em Po Lam, uma das 'cidades-satélites' de Hong Kong, na China (Foto: Bobby Yip/Reuters)

Controle populacional
Para a professora Diana Liverman, da Universidade do Arizona, o vínculo entre crescimento populacional e danos ambientais emergiu em meados do século XX. "Os 50 anos entre 1950 e 2000 foram um período de mudanças dramáticas e sem precedentes na história humana", afirmou.

Neste tempo, a proporção de pessoas no planeta dobrou, de três para seis bilhões. Agora, está em sete bilhões e segundo algumas estimativas pode chegar a nove bilhões em 2050. A boa notícia é que a taxa de fertilidade - número de filhos por mulher - caiu pela metade, de 5 para 2, desde 1950 e diminuirá abaixo da taxa de reposição, de 2,1 por volta de 2025, afirmou Liverman.

"Isto significa que há uma forte probabilidade de que o crescimento da população se estabilizará em torno dos nove bilhões e pode, na verdade, cair depois disso", acrescentou Liverman.

Outros especialistas alertaram que a estatística pura pode mascarar muitas complexidades. "A capacidade de suporte do mundo não é um número puro, mas depende de estilo de vida, tecnologia e assim por diante", rebateu Lorde Martin Rees, da Royal Society, a academia britânica de ciências, que publicará no próximo mês um estudo sobre demografia e meio ambiente.

Consumo
Embora a população esteja se estabilizando ou diminuindo nos países ricos, estas ecomomias permanecem, de longe, as maiores fontes de danos ambientais, com emissões de gases-estufa per capita correspondentes ao dobro ou ao quádruplo daquelas dos países em desenvolvimento.

O grande crescimento populacional acontecerá em países em desenvolvimento, especialmente na África subsaariana. Estes países têm pouca responsabilidade nas mudanças climáticas, mas são os mais afetados porque têm poucos recursos financeiros e condições de se adaptar.

As estratégias para trabalhar com os fatores demográficos que contribuem para os danos ambientais seguem essencialmente em dois caminhos, afirmaram os especialistas.

Um é o da mudança de padrões de consumo, de forma que os países ricos - e os gigantes emergentes ansiosos por reproduzir o estilo de vida dos primeiros - usem energia e recursos de forma mais sustentável.

Mulheres
O outro é proteger os direitos das mulheres, seu acesso à educação, ao trabalho e à contracepção. "Se você tem desenvolvimento econômico e educa as mulheres e elas conseguem oportunidades no mercado de trabalho, elas tendem não só a reduzir o número de filhos, mas a retardar crucialmente o momento de tê-los", explicou Sarah Harper, diretora do Instituto de Envelhecimento da População da Universidade de Oxford.

"E se você atrasa o momento de começar a ter filhos, tende a ter famílias menores", acrescentou. Tais mudanças podem ter um efeito "surpreendentemente rápido" na redução das taxas de natalidade, disse Stephen Tyler, que trabalha com um grupo denominado Rede de Cidades Asiáticas Resistentes às Mudanças Climáticas (ACCCRN, na sigla em inglês).

No entanto, segundo os cientistas, mais de 200 milhões de mulheres de países em desenvolvimento ainda não conseguem atender às suas necessidades de planejamento familiar. Mas o financiamento para o acesso à contracepção caiu 30% entre 1995 e 2008, "como resultado da pressão legislativa de grupos religiosos nos EUA e em outros países", afirmaram.

  VER INFOGRÁFICO: O crescimento da população mundial [PDF]

CAUSAS DO CRESCIMENTO POPULACIONAL

Segundo a ONU

 três fatores determinam o crescimento da população mundial:

  Taxas de fecundidade

O crescimento populacional depende, em grande medida, das tendências nas taxas de fecundidade. Espera-se que a taxa de fecundidade mundial passe de 2,5 crianças por mulher em 2019 para 2,2 em 2050, conforme dados do estudo World Populations Prospects da ONU.

  Aumento da longevidade

Nas últimas décadas a expectativa de vida global aumentou significativamente e essa tendência vai continuar: a previsão é atingir 77,1 anos em 2050 (atualmente se situa em torno de 73). Apesar desse avanço, convém destacar que continua existindo uma diferença muito grande com os países menos desenvolvidos (7,7 anos a menos de expectativa de vida).

  Migração internacional

É um fator menos influente que os dois anteriores, mas relevante. De fato, os países que receberam um grande número de refugiados ou migrantes econômicos (entre o período de 2010 a 2020 (quatorze países ou regiões tiveram um fluxo líquido de entrada de mais de um milhão de pessoas) podem oferecer uma maior expectativa de vida para os recém-chegados.

CONSEQUÊNCIAS DO CRESCIMENTO POPULACIONAL

O crescimento da população mundial tem aspectos positivos para o desenvolvimento sustentável da sociedade, mas também provoca efeitos negativos no planeta. A seguir, enumeramos os mais importantes:

  Acelera as mudanças climáticas

As mudanças climáticas referem-se às alterações do clima atribuídas, direta ou indiretamente, às atividades humanas. Portanto, quanto mais seres humanos, maior será o impacto. Aqui entram em jogo os gases de efeito estufa que se acumulam na atmosfera e retêm calor aumentando seus efeitos e contribuindo para a elevação da temperatura média do planeta.

  Diminui a segurança alimentar

Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), a segurança alimentar ocorre quando todas as pessoas têm acesso físico, social e econômico permanente a alimentos seguros, nutritivos e em quantidade suficiente para satisfazer suas necessidades nutricionais. A explosão demográfica afeta os fundamentos da segurança alimentar, ou seja, sua disponibilidade, estabilidade, acesso e consumo.

  Incide na perda de biodiversidade

A perda de biodiversidade se refere à diminuição ou desaparecimento da diversidade biológica, ou seja, a variedade de seres vivos que habitam o planeta. O crescimento populacional tem consequências na biodiversidade ao intensificar a atividade humana e a presença do artificial sobre o natural, fenômeno conhecido como antropoceno.

  Superexploração dos recursos

Os seres humanos estão esgotando os recursos naturais do planeta. É o que adverte o Fundo Mundial para a Natureza (WWF): a atual superexploração dos recursos naturais está gerando um enorme déficit, pois anualmente se consomem 20 % a mais em relação à quantidade regenerada e essa porcentagem continua aumentando.

PROJEÇÕES E TENDÊNCIAS NA EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL

Após estabelecer tanto as causas quanto as consequências do crescimento da população mundial, cabe perguntar-se: como será sua evolução? A seguir, contrapomos as estimativas já indicadas pela prestigiada revista médica The Lancet e pela ONU:

  • The Lancet. Essa publicação afirma que o pico populacional será alcançado em 2060, chegando a 9,7 bilhões de habitantes na Terra. Nessa altura a população irá decrescendo até situar-se em 8,8 bilhões de habitantes em 2100. O fator-chave para que isso ocorra será a melhoria generalizada e precoce da educação da mulher. O maior acesso a métodos contraceptivos também proporcionará um crescimento demográfico mais lento.
  • ONU. De acordo com suas previsões, em 2050 a população da África Subsaariana poderia dobrar e a Índia ultrapassaria a China como país mais populoso, o que levaria o planeta a ter 9,7 bilhões de habitantes. A principal divergência em relação à previsão da The Lancet é afirmar que o crescimento não parará durante a segunda metade do século XXI e que, consequentemente, o planeta alcançará seu ponto populacional máximo no final do século, ultrapassando a cifra de mais de 11 bilhões de habitantes.

Mas independentemente dessas previsões, a humanidade tem um desafio pela frente: minimizar o impacto do crescimento populacional e, por conseguinte, das mudanças climáticas. Para evitar que o planeta seja conduzido a uma situação limite, é crucial trabalhar conjuntamente para reduzir a pegada de carbono, construir infraestruturas e edificações em linha com um desenvolvimento urbano sustentável, promover a mobilidade inteligente e sustentável, favorecer a economia circular e o consumo responsável, fomentar as energias renováveis, etc.

Quais são os fatores que influenciam o crescimento da população?

Inúmeros fatores influenciam o crescimento populacional, mas os principais são natalidade, migração, qualidade de vida, geração de empregos e desenvolvimento social.

Quais fatores contribuem para à diminuição do crescimento da população?

A urbanização, o aumento do custo de vida nas cidades e a maior inserção da mulher no mercado de trabalho conduziram a uma queda na taxa de natalidade no Brasil a partir de então, o que culminou na lenta diminuição do crescimento vegetativo da população.

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