Quais eram os principais interesses das potências em relação ao império chinês?

As chamadas Guerras do Ópio foram conflitos travados entre o Reino Unido e o Império Chinês nas décadas de 1840 e 1850 que tiveram como motivo principal o comércio do ópio, isto é, uma droga derivada da flor de papoula, que tem efeito analgésico, cultivada na Ásia e largamente consumida na Europa e na América durante o século XIX.

Sabemos que o século XIX foi, entre outras características, o século do imperialismo e que a Inglaterra foi uma das nações que mais alcançaram extensões de terras no globo nesse período. No continente asiático, os britânicos tiveram sob a sua Coroa a Índia e chegaram, por meio das Guerras do Ópio, a se estabelecerem nos domínios de Xangai, na China. À Inglaterra era altamente lucrativos os negócios empreendidos pela Companhia Britânica das Índias Orientais. Entre os produtos mais negociados, estavam o chá e o ópio.

Os ingleses compravam o chá dos chineses e levavam o ópio para a venda no Ocidente. Havia uma demanda muito grande por ópio na Europa e na América, demanda tanto farmacêutica (o ópio era usado em feridos de guerra e pessoas acometidas de doenças causadoras de dor intensa) quanto recreativas (havia muitos clubes para consumo de ópio e haxixe nas principais cidades europeias). No entanto, os imperadores chineses viam com preocupação o uso do ópio entre a população da China, haja vista a dependência química e a decadência física e moral causadas pela droga. A partir de 1800, a China estabeleceu decretos proibindo o consumo do ópio. Entretanto, as sanções eram ignoradas, e o comércio do produto com os ingleses estimulava o uso entre os chineses também.

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Em 1839, a China impediu definitivamente o comércio do ópio e decretou a apreensão de cerca de 20 mil caixas do produto, expulsando os comerciantes ingleses que as estavam negociando. Essa ação afetou profundamente o Reino Unido, principal interessado no produto. Em 03 de novembro do mesmo ano, os ingleses decretaram guerra à China, que começou efetivamente no início do ano seguinte. Essa Primeira Guerra do Ópio durou de 1840 a 1842 e resultou na derrota chinesa e na consequente subordinação da China às potências ocidentais que exigiam abertura ao livre mercado.

O principal documento que assentou as bases para tal abertura foi o Tratado de Naquim, assinado em 1842, entre a dinastia chinesa de Manchu e o Reino Unido. Esse tratado foi considerado um dos “Tratados desiguais”, que “encurralavam” o império chinês a se abrir para o comércio com potências ocidentais. Não demorou muito para as cláusulas desse tratado serem rompidas. Em 1856, o governo chinês embargou um dos navios representantes da coroa inglesa, gesto que configurava violação do Tratado de Nanquim.

Esse gesto conduziu os dois países à Segunda Guerra do Ópio, que durou de 1856 a 1860. Essa segunda guerra culminou não apenas na tomada de mais regiões estratégicas do comércio chinês, como também na tomada da capital do império, a cidade de Pequim, em 1860, pelo oficial Lord Elgin, o qual, com a ajuda dos franceses, invadiu a cidade e incendiou o Palácio de Verão, do imperador chinês.


Por Me. Cláudio Fernandes

O termo imperialismo é utilizado para referir-se às práticas da política em que uma nação buscava promover uma expansão territorial, econômica e/ou cultural sobre outra nação. A utilização da palavra imperialismo pode ocorrer em contextos atuais como, por exemplo, quando um país resolver intervir militarmente em outro.

O termo “imperialismo” também é muito utilizado para fazer referência ao processo de colonização da África, Ásia e Oceania, que se iniciou na segunda metade do século XIX. Esse processo também é conhecido entre os historiadores como neocolonialismo. Durante o neocolonialismo, segundo o historiador Eric Hobsbawm, cerca de 25% das terras do planeta foram ocupadas por alguma potência imperialista|1|.

Eric Hobsbawm também exemplifica por meio de dados estatísticos a dimensão da expansão imperialista na época. As seguintes potências imperialistas tiveram um aumento significativo no tamanho de seus territórios e isso foi motivado pela dominação e a criação de colônias na Ásia, África e Oceania. Segue os dados abaixo|2|:

  • Inglaterra: teve um aumento de 10 milhões de km2 em seu território.

  • França: teve um aumento de 9 milhões de km2 em seu território.

  • Alemanha: teve um aumento de 2,5 milhões de km2 em seu território.

  • Bélgica e Itália: teve um aumento de 2 milhões de km2 em seu território.

Além dessas, outras nações como Portugal, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Japão etc. foram enxergadas como praticantes de políticas imperialistas. A influência do imperialismo sobre o planeta foi tamanho, e continentes como a África, até hoje, colhem as consequências desse processo de dominação colonial.

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Tópicos deste artigo

  • 1 - Causas do imperialismo
  • 2 - Imperialismo na África
  • 3 - Consequências do imperialismo

Causas do imperialismo

O imperialismo, na definição dada acima, surgiu como consequência das transformações causadas pela Revolução Industrial. Essa revolução foi iniciada pioneiramente na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e causou transformações profundas. A partir dela, houve o surgimento da indústria, e mudanças nos modos de produção e nas relações patronais aconteceram.

A Revolução Industrial resultou no surgimento de novas máquinas, novos meios de comunicação, novos meios de transporte e foi responsável pela utilização de combustíveis fósseis. Com o desenvolvimento da indústria, o comércio transformou-se, não somente em nível local, mas também em escala global.

Essa expansão do comércio por meio da Revolução Industrial aconteceu, porque o processo de produção de mercadorias cresceu consideravelmente. Com o crescimento na produção de mercadorias, as nações industrializadas precisaram ampliar seu acesso às matérias-primas utilizadas na produção e também de ampliar a sua capacidade de venda, isto é, eram necessários novos mercados consumidores.

Uma causa que explica, em grande parte, a expansão colonial da segunda metade do século XIX é a busca por novos mercados consumidores, segundo aponta Eric Hobsbawm|3|. Isso porque acreditava-se que a grande quantidade de mercadorias produzidas seria absorvida com a expansão dos mercados consumidores.

Hobsbawm também fala que “o ‘novo imperialismo’” foi o subproduto natural de uma economia internacional baseada na rivalidade entre várias economias industriais concorrentes, intensificada pela pressão econômica dos anos 1888”|4|. Motivadas pela expansão econômica, as nações europeias, principalmente, iniciaram o processo de expansão territorial.

Imperialismo na África


Mapa que informa as nações europeias que possuíram colônias no continente africano.

Dentro do processo neocolonialista que aconteceu no século XIX, a ocupação do continente africano teve grande destaque. Isso porque o continente africano foi amplamente impactado pelo imperialismo, uma vez que, no auge do ciclo imperialista (entre 1884 e 1914), o continente teve apenas dois territórios que não foram ocupados: Libéria e Etiópia.

O historiador Valter Roberto Silvério aponta que três acontecimentos entre 1876 e 1880 foram cruciais para iniciar a corrida de ocupação do continente africano|5|:

  1. a Conferência Geográfica de Bruxelas, encontro promovido por Leopoldo II, rei da Bélgica, com o objetivo de desenvolver os interesses dos belgas na região do Congo;

  2. as ações de Portugal para expandir seu domínio sobre as regiões do interior de Moçambique;

  3. a política francesa para promover sua expansão colonial em regiões da África como Egito, Tunísia e Madagascar.

Esses acontecimentos deram início a uma corrida pela ocupação do continente africano que resultou em uma série de atritos entre as nações europeias. Em decorrência disso, Otto von Bismarck, chanceler alemão, buscando defender os interesses da Alemanha e pôr fim a essas disputas, organizou a Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885.

Algumas das pautas debatidas na conferência foram as questões relativas à navegação dos rios Congo e Níger, a questão do mapa cor-de-rosa proposto por Portugal, e também foi organizada a divisão do continente africano, isto é, estabelecidas as fronteiras entre as regiões e estipulado quais nações teriam direitos sobre os territórios.

A ocupação do continente africano ocorreu sob a justificativa de ser uma “missão civilizatória”, na qual as nações europeias levaram a civilização para os povos “atrasados” da África. A exploração do continente para fins econômicos também utilizava-se de missionários. Todas essas justificativas utilizadas partiam de ideais racistas, como o darwinismo social, que estipulava que o homem branco era “superior”.

Hoje sabemos que as justificativas utilizadas não passavam de disfarce para os reais interesses que eram de promover a exploração econômica do continente africano. A ocupação do continente africano, por sua vez, não aconteceu de maneira pacífica, pois os povos africanos lançaram dura resistência contra a presença europeia. Neste texto é encontrado um dos exemplos de resistência ao imperialismo.

Acesse também: Conheça mais exemplos da resistência africana ao domínio europeu

Consequências do imperialismo

O imperialismo foi muito forte no mundo, durante o período citado (entre 1884 e 1914), mas a presença de europeus como colonizadores na África e na Ásia ocorreu até a segunda metade do século XX. O imperialismo deixou graves consequências nesses locais, expostas a seguir.

  • A demarcação de fronteiras artificiais gerou impactos negativos até hoje na África e causou inúmeras tensões entre as nações africanas.

  • Durante o neocolonialismo, surgiu uma série de disputas étnicas influenciadas por ação europeia. Um dos casos mais notáveis aconteceu em Ruanda, região que havia feito parte do Congo Belga. Em 1994, um massacre de grandes proporções aconteceu no país, e hutus foram responsáveis pela morte de aproximadamente 1 milhão de tutsis.

  • A exploração econômica deixou marcas profundas e, até hoje, a maioria absoluta dos países africanos sofre com economias instáveis.

  • Os nativos foram sujeitos a uma violência escabrosa. Um caso notável foi no Congo Belga, quando 10 milhões de pessoas morreram fruto da violência colonial dos belgas.

Notas

|1| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 97.
|2| Idem, p. 97.
|3| Idem, p. 108.
|4| Idem, p. 109.
SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013, p. 341.


Por Daniel Neves
Graduado em História

Porque a China era de grande interesse para as potências imperialistas?

No século XIX e início do século XX, a China era dominada pelas potências imperialistas europeias, principalmente pela Inglaterra. Essa por sua vez tinha interesse comercial no país, uma vez que por ser uma região populosa, facilitava o comércio de produtos.

Quais eram os interesses imperialistas na Índia e na China?

O Imperialismo na Ásia ocorreu no ao longo do século XIX quando potências europeias, o Japão e os Estados Unidos ocuparam regiões asiáticas. A expansão para a Ásia se deveu a fatores econômicos como a garantia de matérias-primas para as indústrias, mercado para os produtos e ideológicos como civilizar estes povos.

Qual o interesse dos europeus na China?

A inserção de uma nova cultura a partir da colonização europeia gerou reflexos diretos no modo de vida de muitas civilizações. O cultivo tradicional do arroz despertou nos europeus um grande interesse nas terras do Sudeste Asiático, no qual se desenvolvia o plantio dessa cultura há muitos séculos.

Qual a relação da China com as potências imperialistas do século XIX?

No final do século XIX, a China foi dividida pelas potências estrangeiras em zonas de influência. A derrota para os ingleses na Guerra do Ópio, em 1841, obrigou a China a abrir cinco dos seus portos ao comércio internacional e a entregar a ilha de Hong Kong.

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