Posso engravidar mesmo tomando a pilula

Há dois tipos de pílula do dia seguinte: levonorgestrel e acetato de ulipristal. Reprodução/Getty Images

Publicidade

Você pode nunca ter ouvido falar disso, mas a pílula do dia seguinte, medicamento usado em situações de emergência para evitar uma gravidez após uma relação desprotegida, não é 100% eficaz. E casos de gravidez após ingestão do remédio são bastante comuns.

Rachel (nome fictício), de 34 anos, engravidou há alguns anos depois de ter sido estuprada enquanto tirava um ano sabático no Canadá. Ela tomou a chamada “pílula do dia seguinte” na mesma noite, como parte do protocolo de saúde em casos de estupro. “Dois meses depois, quando descobri que estava grávida — além de ser uma situação bastante traumática —, foi um choque. […] Não lembro de ter havido sequer uma conversa sobre o fato de (a pílula) poder não ser realmente eficaz.””, relembra em entrevista à BBC.

Harriet, teve a mesma surpresa de Rachel: engravidou mesmo após ter seguido “todos os passos corretamente” e ter tomado a pílula “imediatamente”. Ela precisou recorrer ao método porque a camisinha furou durante uma relação consensual. “Não esperava que (a pílula) não funcionasse”, disse à BBC.

A única informação que recebeu sobre uma possível falha da pílula é quando se espera tempo demais para tomar. Como ela tomou dentro do período recomendado de 24 horas, não se preocupou. Mas logo depois, descobriu que estava grávida. “Eu não mudaria o que aconteceu — meu filho tem 15 anos e eu não deixaria de tê-lo. […]. Mas na época… Me fez muito mal sentir que a gravidez foi tão inesperada.”, contou.

Mas afinal, qual é a eficácia da pílula do dia seguinte? Segundo informações da BBC, estima-se que 0,6% a 2,6% das mulheres que tomam o medicamento, engravidam. Isso acontece porque a pílula, inventada em 1974, é reconhecida mundialmente por seu efeito contraceptivo, e não abortivo. Portanto, se a mulher já tiver ovulado antes de tomar a pílula e ainda estiver fértil no momento da relação, ela não irá impedir a gestação.

Continua após a publicidade

“Pílulas contraceptivas de emergência de levonorgestrel [princípio ativo] não são eficazes depois que o processo de implantação no útero teve início, não causando o aborto”, consta no guia oficial da OMS. 

Segundo a OMS, a pílula de emergência tem duas ações centrais. Quando tomada na primeira fase do ciclo menstrual – antes que a ovulação ocorra -, ela atrasa ou impede a liberação do óvulo pelo ovário. Caso o óvulo já tenha sido liberado, ela previne a fertilização ao modificar o muco cervical, deixando-o mais espesso e hostil – assim, os espermatozoides têm a mobilidade afetada e não conseguem chegar a tempo às trompas uterinas.

O problema é que essa ressalva está em letras miúdas nas bula. Portanto, frequentemente passa despercebida.

Há dois tipos de pílula do dia seguinte: levonorgestrel e acetato de ulipristal. A primeira deve ser tomada até 72 horas (três dias) após o sexo sem proteção. Mas sua faixa de maior proteção está nas primeiras 48 horas após o ato sexual. A segunda opção, funciona em até 120 horas (cinco dias).

Caroline Cooper, especialista em saúde sexual e reprodutiva, ressalta que alguns medicamentos também podem alterar a eficácia da pílula. “São remédios que podem interferir na maneira como o fígado processa a medicação”, explicou à BBC. Entre eles, estão alguns medicamentos contra HIV, remédios para epilepsia e até alguns à base de ervas.

Se a mulher estiver com sobrepeso, a pílula do dia seguinte também pode falhar. De acordo com Caroline, o levonorgestrel tem “muito mais chances de falhar” se a mulher pesa mais de 70 kg ou tem um Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 26, que já é considerado sobrepeso.

Continua após a publicidade


Veja pelo melhor preço do ano!

Assinando um dos títulos Abril você também tem acesso aos conteúdos digitais de todos os outros*
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

*Acesso digital ilimitado aos sites e às edições das revistas digitais nos apps: Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Placar, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH. **Pagamento único anual de R$52, equivalente à R$1 por semana.

É possível engravidar tomando a pílula anticoncecional?

A pílula anticoncecional é um método contracetivo muito eficaz. Se tomada corretamente, a pílula apresenta um elevado grau de eficácia (99%). Cada comprimido contém hormonas sintéticas semelhantes às que são produzidas pelos ovários (estrogénio e progesterona).

As hormonas libertadas fazem com que os ovários fiquem em repouso e, por isso, inibem as ovulações. Assim, a mulher que toma a pílula não tem período fértil, pelo que não engravida.

É possível engravidar tomando a pílula?

Para prevenir uma gravidez, a pílula anticoncecional deve ser tomada regularmente, sem tomas esquecidas e, preferencialmente, todos os dias sempre à mesma hora, sem mastigar.

Em determinadas circunstâncias, é possível engravidar tomando a pílula:

  • Esquecimento / falha de dois ou mais comprimidos, a eficácia da pílula fica comprometida e pode engravidar se tiver relações sexuais durante o período fértil.
  • No primeiro mês de toma, a eficácia da pílula é garantida se for iniciada no primeiro ou segundo dia da menstruação. Se começar a tomar a pílula noutra altura do mês, a proteção contracetiva não é imediata, sendo necessários 7 dias consecutivos de toma para que a pílula atue com eficácia. Se tiver relações sexuais nessa altura, deve utilizar um outro método contracetivo, como, por exemplo o preservativo.
  • O uso de certos medicamentos pode interferir na eficácia da pílula e aumentar o risco de uma gravidez como os antibióticos.
  • No caso de vómitos nas 4 horas seguintes à hora da toma a proteção contracetiva pode ficar comprometida. Para manter a sua eficácia, deve tomar-se outro comprimido e continuar a toma da embalagem da mesma forma e à hora habitual.
  • No caso de diarreia, esta situação só interfere na absorção da pílula se acontecer mais do que 4 horas relativamente à hora da toma e se forem diarreias líquidas e persistentes (5 ou mais episódios num mesmo dia). Deve tomar-se outro comprimido e continuar a toma da embalagem da mesma forma e à hora habitual para manter a proteção contracetiva.
  • Quando a pílula não é tomada sempre à mesma hora.

Antes de iniciar a toma da pílula é importante aconselhar-se com o seu médico para perceber se é método anticoncecional mais indicado para si. Em caso afirmativo, deverá ser o profissional de saúde a recomendar o tipo de pílula que pode tomar (ver Tipos de pílulas anticoncecionais).

O que fazer se estiver tomando a pílula e suspeitar que estou grávida?

Se suspeita que está grávida, mesmo tomando a pílula, deve realizar um teste de gravidez assim que possível. Caso esta se confirme, deve deixar de tomar a pílula uma vez que este medicamento é contraindicado na gravidez.

Mesmo que esteja a tomar a pílula anticoncecional, esta não interfere no resultado do teste de gravidez uma vez que este se baseia na análise da quantidade da hormona beta-hCG no sangue (hormona gonadotrofina coriónica humana).

O teste de gravidez ao sangue é mais preciso do que o teste de gravidez de farmácia uma vez que consegue detetar níveis reduzidos da hormona beta hCG na corrente sanguínea da mulher. Por este motivo, o teste ao sangue pode dar um resultado positivo mesmo antes do atraso menstrual.

Posso engravidar tomando a pílula e amamentando?

Quando a mulher está a amamentar, a pílula contracetiva indicada é a composta apenas por progestagénios (ou seja, sem estrogénios). Se a mulher se esquecer de tomar a pílula ou se estiver a tomar antibióticos, a eficácia do medicamento fica comprometida e pode engravidar.

Em algumas situações, amamentar pode impedir uma nova gravidez. A Organização Mundial da Saúde aceita este método desde que se verifiquem três condições em simultâneo: caso a mulher não tenha o período, amamente em exclusivo o bebé (isto é, o bebé não recebe nenhum outro alimento para além do leite materno) e o bebé tenha menos de 6 meses de vida.

Se estas três condições forem respeitadas, estima-se que a taxa de gravidez seja de 2%. Contudo, se qualquer uma destas condições não for observada (como fazer uma pausa na amamentação à noite), deve ser considerado outro método contracetivo.

Pílula do dia seguinte

A pílula do dia seguinte (também chamada de contraceção de emergência) permite prevenir uma gravidez não desejada após uma relação sexual desprotegida ou falha do método anticoncecional habitual.

No entanto, a sua eficácia na prevenção da gravidez ronda os 90% o que significa que não é um método seguro de contração. Se já estiver grávida, ou seja, se já estiver um embrião implantado nas paredes do útero, a pílula do dia seguinte não terá qualquer efeito.

  • Pílula do dia seguinte: o que é e quando usar?

Será que estou grávida? Mitos e verdades

Saiba como mudam os sintomas físicos ao longo da gravidez e o que se passa dentro do seu corpo nos primeiros dias da gestação.

Utilize a nossa calculadora da gravidez para calcular a idade da sua gravidez e descobrir a data provável para o parto.

Tem perigo de engravidar mesmo tomando a pílula?

A pílula é 99,7% eficaz com uso perfeito. Isso significa que menos de 1 em cada 100 mulheres que tomam a pílula engravidaria em 1 ano. No entanto, com o uso típico, a eficácia da pílula é de 91%. Isso significa que cerca de 9 em cada 100 mulheres correm o risco de engravidar em um ano de uso da pílula.

Quais as chances de engravidar mesmo tomando a pílula do dia seguinte?

Nas primeiras 24 horas, o índice de falha do contraceptivo de emergência é de 1%. O que significa que de 100 mulheres, de 1 a 3 podem engravidar tomando a pílula nas primeiras 24 horas. No entanto, se a medicação for ingerida após 24 horas, o risco de gravidez é de 2 a 3%.

Quais são os sintomas de gravidez mesmo tomando anticoncepcional?

São os mesmo sintomas indicativos de uma gravidez: atraso menstrual ou alteração do ciclo menstrual padrão, náuseas, vômitos, alterações nas mamas, cólicas.

Toplist

Última postagem

Tag