Por que o autor afirma que Dom Pedro estava separado do mundo da política?

A deflagração da Revolução Liberal do Porto empreendeu um sério abalo na situação política brasileira no início da década de 1820. O evento ocorrido em terras portuguesas foi organizado por uma elite liberal que desejava empreender diversas reformas na estrutura política lusitana. Para tanto, era necessário que o rei Dom João VI, fixado em terras brasileiras, voltasse ao seu país de origem para que tais mudanças fossem efetivamente consolidadas.

Temendo perder o trono por meio do evento liberal, D. João VI voltou para Portugal e deixou seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente em terras brasileiras. De certo modo, a adoção de tal medida parecia uma garantia de preservação do poder mediante uma possível dissolução da monarquia em Portugal. Não por acaso, os participantes da revolução exigiam que toda a Família Real retornasse imediatamente para Portugal. Afinal de contas, o objetivo dos portugueses era impor a recolonização do Brasil.

Ao saberem das intenções portuguesas, os integrantes da elite econômica brasileira se aproximaram da figura de Dom Pedro I e deram sustentação ao seu governo regencial. Projetando a perda dos privilégios alcançados com a abertura dos portos, figuras influentes da época tomaram o apoio a D. Pedro I como meio de se arquitetar a independência através da jovem figura do príncipe regente. Dessa forma, nosso processo de emancipação alcançava seus derradeiros passos.

Para manifestar suas intenções de apoio ao regente, a elite carioca organizou um abaixo-assinado com mais de oito mil nomes que defendiam a permanência de Dom Pedro I em terras brasileiras. Enquanto isso, portugueses – principalmente os comerciantes, burocratas e militares – reafirmavam a autoridade lusitana como meio de assegurar suas posições. Nesse contexto, vemos uma oposição política entre o que poderíamos chamar de “partido português” e “partido brasileiro”.

Prestigiado com os que defendiam sua permanência no Brasil, D. Pedro I tomou ações pretendendo cortar as despesas do governo, diminuir os impostos e equiparar os oficiais brasileiros aos portugueses. Tais medidas vieram a mostrar a aliança política entre os membros do “partido brasileiro” e o regente. As Cortes de Portugal, naturalmente, não viram com bons olhos o fortalecimento dessa relação política. Logo, os revolucionários de Portugal reforçaram as pressões para que o filho de Dom João VI saísse do Brasil.

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No dia 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I realizou a leitura de um documento oficial em que se comprometia a permanecer em terras brasileiras. Tal demonstração pública acabou ficando conhecida como o “Dia do Fico”. Indignados, os ministros portugueses de seu governo solicitaram demissão. A partir desse evento, o príncipe regente convocou um novo ministério composto somente por brasileiros. Entre os convocados estava José Bonifácio, figura próxima do regente e entusiasta da emancipação.

Em poucos meses, a figura política de Dom Pedro se fortaleceu com a adoção do “Cumpra-se”. O “Cumpra-se” consistia em uma medida em que qualquer decisão tomada pelas Cortes portuguesas só teria validade no Brasil com a prévia autorização do príncipe regente. Desse modo, o poder de mando lusitano era anulado e a autonomia política brasileira reafirmada.

Quando esta medida chegou a terras lusitanas, as autoridades de lá responderam com a anulação de todas essas determinações e exigiram o retorno de D. Pedro I ao país. Escritas em agosto de 1822, as ordens vindas de Lisboa deixavam claro que a intransigência de D. Pedro I seria respondida com o envio de tropas. Aconselhado por carta de José Bonifácio, o príncipe se convenceu de que a independência era inevitável. E foi o que aconteceu, com a proclamação feita no dia 7 de setembro daquele mesmo ano.

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No dia 7 de setembro de 1822, o príncipe regente dom Pedro, irritado com as exigências da corte, declarou oficialmente a separação política entre a colônia que governava e Portugal. Em outras palavras, ele proclamou a Independência do Brasil.

Um mês depois, mais precisamente em 12 de outubro de 1822, dom Pedro foi aclamado imperador e, em 1º de dezembro, coroado pelo bispo do Rio de Janeiro, recebendo o título de dom Pedro 1º.

Resumidamente, a conquista da independência do nosso país poderia ser contada dessa forma, mas a história não é tão simples assim. Começa realmente com o enfraquecimento do sistema colonial e a chegada da corte portuguesa ao Brasil (1808) e só termina em 1824, com a adoção da primeira Constituição brasileira.

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Os motivos da separação

Entre os séculos 18 e 19, cresceram no Brasil as pressões externas e internas contra o monopólio comercial português e a cobrança de altos impostos numa época de livre comércio.

Diversas revoltas - a exemplo da Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana e a Revolta Pernambucana de 1817 -, aliadas à Revolução Francesa e à independência dos Estados Unidos, provocaram o enfraquecimento do colonialismo e reforçaram o liberalismo comercial no Brasil. Em 1808, com a abertura dos portos, o Brasil passou a ter mais liberdade econômica e, com sua elevação à categoria de Reino Unido, deixou de ser, formalmente, uma colônia.

Em 1820, a burguesia portuguesa tentou resgatar sua supremacia comercial, promovendo a Revolução Liberal do Porto. No ano seguinte, o parlamento português obrigou dom João 6º a jurar lealdade à Constituição e a voltar para Portugal. Seu filho dom Pedro foi deixado no Brasil, na condição de príncipe regente, para conduzir uma eventual a separação política.

O rompimento

As pressões contra o controle de portugal cresceram na colônia, e a metrópole passou a exigir a volta de dom Pedro. O príncipe deu sua resposta a Portugal no dia 9 de janeiro de 1822 (dia do Fico), com a célebre frase "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, diga ao povo que fico".

Iniciou-se um esforço político por parte dos ministros e conselheiros de dom Pedro, pela permanência dos vínculos com Portugal, mantendo um pouco de autonomia para o Brasil. Queriam uma independência sem traumas, mas as críticas ao colonialismo ficaram insustentáveis. Dom Pedro, então, se viu pressionado a oficializar o rompimento.

Foi assim que, em 3 de junho de 1822, dom Pedro convocou a primeira Assembleia Constituinte brasileira. Em 1º de agosto, declarou inimigas as tropas portuguesas que desembarcassem no Brasil e, dias depois, assinou o Manifesto às Nações Amigas, justificando o rompimento com as cortes de Lisboa e garantindo a independência do país, como reino irmão de Portugal.

Em represália, os portugueses anularam a convocação da Assembleia Constituinte brasileira, enviaram tropas à colônia e exigiram o retorno imediato do príncipe regente a Portugal. No dia 7 de setembro de 1822, durante uma visita a São Paulo, nas proximidades do rio Ipiranga, dom Pedro recebeu uma carta com as exigências das cortes e reagiu proclamando a independência do Brasil. Bahia, Maranhão e Pará, que tinham juntas governantes de maioria portuguesa, só reconheceram a independência em meados do ano seguinte, depois de muitos conflitos entre a população e os soldados portugueses.

No início de 1823, houve eleições para a Assembleia Constituinte que elaboraria e aprovaria a Carta constitucional do império brasileiro, mas, em virtude de divergências com dom Pedro, a Assembleia logo foi fechada. A 1ª Constituição brasileira foi, então, elaborada pelo Conselho de Estado e outorgada pelo imperador em 25 de março de 1824.

Com a Constituição em vigor, a separação entre a colônia e a metrópole foi finalmente concretizada. Mesmo assim, a independência só é reconhecida por Portugal em 1825, com a assinatura do Tratado de Paz e Aliança entre Portugal e Brasil, por dom João 6º.

Reconhecimento da independência do Brasil

Dom Pedro 1º negociou com as nações estrangeiras o reconhecimento da independência do Brasil. Os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecê-la oficialmente. Não obstante, a adoção da forma de governo monárquico e as tendências absolutistas do imperador brasileiro gerou resistência ao reconhecimento da independência do Brasil por outros países americanos recém libertos do jugo colonial.

Na Europa, por outro lado, as nações conservadoras se opunham ao reconhecimento da independência de qualquer ex-colônia. A Inglaterra, porém, desempenhou um papel de mediadora, nas negociações para o reconhecimento internacional da independência do Brasil. Obteve deste modo, inúmeras vantagens comerciais. Foi por intermédio da Inglaterra que, em 1825, Portugal reconheceu a independência brasileira em troca de uma indenização de dois milhões de libras.

Porque Dom Pedro estava separado do mundo da política?

Temendo perder o trono por meio do evento liberal, D. João VI voltou para Portugal e deixou seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente em terras brasileiras. De certo modo, a adoção de tal medida parecia uma garantia de preservação do poder mediante uma possível dissolução da monarquia em Portugal.

Como se deu a abdicação de Dom Pedro I Brainly?

Os desdobramentos do exercício do Poder Moderador por D. Pedro, a rixa entre políticos conservadores e liberais, bem como a rivalidade entre brasileiros e portugueses que estavam radicalizados no Brasil, culminaram na abdicação do imperador, formalizada no dia 7 de abril de 1831.

Qual foi o auge da rejeição do governo de Dom Pedro?

Resposta. Explicação: O assassinato de Líbero Badaró foi da rejeição, pois ele era o fundador do jornal Observador Constitucional, principal instituições de críticas ao Imperador.

Qual a frase dita por Dom Pedro após ver o Abaixo

AO RECEBER O ABAIXO ASSINADO, EM 09 DE JANEIRO DE 1822, D. PEDRO DECLAROU: “COMO É PARA O BEM DE TODOS E FELICIDADE DA NAÇÃO, ESTOU PRONTO: DIGA AO POVO QUE FICO”!