Por que a queda do Muro de Berlim e o fim da URSS contribuíram para a globalização?

O Muro de Berlim, na Alemanha, símbolo de um país dividido Pixabay

Há 31 anos, em 9 de novembro de 1989, o mundo assitiu à Queda do Muro de Berlim, que acabou com o comunismo na Europa Ocidental e reunificou a Alemanha, que vivia dividida em dois blocos. A cortina de ferro que separava o país europeu surgiu em 1961, durante a Guerra Fria (1947-1991). Após ser derrotada na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Alemanha havia sido ocupada por tropas de quatro países. França, Reino Unido e Estados Unidos representavam o lado capitalista do país, e a União Soviética ficou responsável pela parte socialista.

As ocupações fizeram com que a Alemanha fosse dividida em duas nações: a República Federal da Alemanha (RFA), conhecida como Alemanha Ocidental, aliada aos Estados Unidos; e a República Democrática Alemã (RDA), nomeada de Alemanha Oriental, aliada da União Soviética.

O rompimento dessa barreira não representou apenas o fim da União Soviética, mas também o término de uma ditadura comunista e um símbolo de liberdade para o mundo. "Sem contar que o pós-Guerra Fria é marcado por várias características, entre as quais se destacam a nova divisão com a questão multipolar, o neoliberalismo, a globalização e os blocos econômicos", explica a historiadora Tânia Ferreira.

De acordo com Tânia, a Queda do Muro de Berlim representa o ápice da crise do socialismo e o estabelecimento da nova ordem mundial. A partir do momento em que houve a unificação das Alemanhas e a dissolução da União Soviética, o capitalismo se expandiu por todo o mundo, junto a grandes avanços tecnológicos.

Após a destruição do muro, o Brasil também rompeu as relações diretas com a União Soviética, o que gerou maior dependência com os Estados Unidos. "Além disso, durante esse período, ocorria em nosso país a Ditadura Militar [1964-1985]. Esse clima de tensão contribuiu para a perseguição de comunistas em solo brasileiro. Além disso, os EUA financiaram fortemente o avanço dos militares em nosso país", explica a historiadora.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 foi concebida antes da queda do Muro de Berlim e do fim do regime comunista da União Soviética. Por conta disso, carregava influências socialistas. "Com as mudanças, viabilizou-se importantes reformas estruturais e a modernização do Estado brasileiro, com a transformação do papel do setor público de produtor de bens e serviços para regulador da atividade econômica, que muito contribuiu para o sucesso do Plano Real", afirma Tânia.

A historiadora destaca que o fim da muralha de ferro contribuiu para que o Brasil pudesse reconquistar sua liberdade política, que criou profundas raízes nas instituições nacionais, após o fim da Ditadura Militar, a morte do presidente eleito Tancredo Neves (1910-1985) e o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello.

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Provavelmente você já estudou bastante Revolução Russa, o surgimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e também Guerra Fria, mas e o fim da URSS? Você sabe como rolou?

A desintegração da União Soviética é um assunto super cobrado no vestibular e que envolve vários fatores, então é preciso prestar bastante atenção e estudar bem para saber explicar cada um deles! Para você chegar lá, desenhamos um mapa mental para você entender tudo sobre o fim da URSS:

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Para estudar a fundo cada aspecto da desintegração da URSS, confira agora nosso resumo completão e, após entender tudo da teoria, parta para a prática com a nossa lista de exercícios:

Resumo

A Guerra Fria durou exatamente 46 anos. Em 1945, os Estados Unidos lançaram bombas nucleares nas cidades de Hiroshima e Nagasaki anunciando para o Mundo o seu poderia militar e bélico. Na verdade, a demonstração de força foi direcionada a uma nação: a URSS.

Tanto Estados Unidos quanto União Soviética saíram fortalecidos após o término da Segunda Guerra Mundial, tornando-se as duas maiores potências no globo. Os EUA defendiam o liberalismo e a democracia, enquanto a URSS vivia uma ditadura socialista. Começava a bipolaridade política e econômica que afetaria diversos acontecimentos desde o final da década de 1940 até o princípio de 1990. A Guerra Fria terminou em 1991, quando a União Soviética se desintegrou.

No início da década de 1980, Leonid Brejnev deixou o cargo para a sucessão de Yuri Andropov e Konstantin Chernenko no governo da URSS. Os governos de Andropov e Chernenko agravaram ainda mais a situação da economia soviética e, com o aumento das guerras na década de 1970, a URSS precisou acelerar ainda mais sua produção bélica para acompanhar os Estados Unidos.

A corrida armamentista fez com que o governo soviético gastasse um capital que serviria para melhorar os índices sociais de sua nação, levando o país a uma forte crise econômica e social na década de 1980. As petrolíferas, sem investimentos estatais, já não produziam o suficiente para as indústrias do país. O ramo energético ficou sucateado, como podemos ver no desastre ocorrido em Chernobyl no ano de 1986. A burocratização do governo tornou o país mais engessado e atrasado na política, na economia e nos aspectos sociais. Era necessário caminhar para uma mudança.

Após a desintegração da URSS em 1991, o PIB russo só conseguiu se recuperar no início da década de 2000.

O governo de Mikhail Gorbachev

Logo quando assumiu, em 1985, Mikhail Gorbachev anunciou duas mudanças importantes para a URSS: a Glasnost e a Perestroika. A Glasnost significa “transparência política”, ou seja, a URSS passaria por uma modificação em seu regime político: o socialismo baseado na ditadura leninista-stalinista se transformaria, com base nos princípios democráticos, como eleições e pluripartidarismo. Já a Perestroika, “reestruturação econômica”, tinha por finalidade recuperar a economia soviética. Gorbachev anunciou uma menor participação gradativa do Estado na economia soviética, tendendo, portanto, a uma “economia de mercado”, com aumento das privatizações e abertura para o capital estrangeiro.

Tais medidas anunciadas por Mikhail Gorbachev iniciaram uma onda de críticas muito fortes de setores conservadores do Partido Comunista, que queria preservar o regime socialista. Em contrapartida, a sociedade enxergou as medidas de Gorbachev como uma brecha para pressionar o fim da URSS.

Mikhail Gorbachev foi o último líder da URSS

Queda do Muro de Berlim

A partir de Novembro de 1989, a Guerra Fria começaria a contar seus dias até o sua conclusão. Na capital da Alemanha, Berlim, uma série de jovens e manifestantes saíram as ruas com ferramentas e marretas para demolir o muro que separava a cidade.

A queda do muro de Berlim é um marco simbólico do fim da Guerra Fria e a extinção da bipolaridade mundial. A URSS não resistiria por muito mais tempo, e uma série de revoltas e movimentos separatistas começaram a se espalhar pelo Leste Europeu. Na Tchecoslováquia, o líder Alexander Dubcek liderou a Revolução de Veludo e conseguiu assumir o governo decretando a sua separação do socialismo soviético. Na Romênia, a população saiu às ruas para tirar o líder comunista Nicolae Ceaucescu do poder. Letônia, Lituânia e Estônia declaravam-se independentes do regime socialista soviético.

A população inflamada no desejo de reunificar a capital alemã derrubou o Muro de Berlim

As propostas modernizantes de Mikhail Gorbachev levaram a uma ruptura política no Partido Comunista da União Soviética. Alas mais conservadores ligadas aos militares e a políticos no governo faziam forte oposição à abertura política e econômica. Todavia, liberais liderados por Boris Ieltsin defendiam a continuidade das mudanças anunciadas por Mikhail Gorbachev e pretendiam aprofundar as reformas com a ampliação da economia de mercado e a privatização do setor industrial. Um grupo de militares receosos com o futuro da URSS nas mãos de liberais tentou dar um golpe político.

O golpe militar fracassou e abriu portas para que os liberais tomassem o poder logo em 1991. Gorbachev renunciou e Boris Ieltsin liderou o processo de reestruturação da antiga URSS, agora Rússia. Temendo maiores agitações políticas na Rússia, as nações que compunham a antiga União Soviética começaram a exigir a independência. Tão logo Letônia, Estônia e Lituânia foram os primeiros países a se separarem e o processo de desmantelamento da antiga URSS concretizou o fim da ordem bipolar mundial.

Alexander Dubcek, líder da Primavera de Praga em 1968, liderou também a Revolução de Veludo em 1989

Exercícios

1. (Fuvest) Nunca, na história contemporânea mundial, como nesta virada de século e de milênio, a propriedade privada dos meios de produção em geral e da terra em particular foi tão forte e os ideais coletivos tão enfraquecidos. Essa situação pode ser atribuída

a) à vigência cada vez mais ampla dos Direitos Humanos e do multiculturalismo étnico.

b) às exigências da divisão internacional do trabalho e ao avanço da democracia social.

c) à imposição da política econômica keynesiana e à adoção da terceira via ou política do possível.

d) à vitória do capitalismo na guerra fria sobre o chamado socialismo real e à crise das utopias.

e) à força cada vez maior das religiões e das Igrejas, favoráveis, por princípio, ao individualismo.

2.(Uerj)

TROPAS RUSSAS AVANÇAM NA CHECHÊNIA

Tropas terrestres da Rússia começaram ontem a avançar sobre a Chechênia e ocuparam cinco pequenas cidades do Norte da república separatista. (…) Além da ofensiva militar, a Rússia ataca a Chechênia no terreno político. O primeiro ministro russo, Vladimir Putín, anunciou que não reconhecia mais a legitimidade do presidente checheno.

(“O Globo”, 02/10/99)

Os conflitos de caráter nacionalista que hoje se verificam no antiga URSS estão relacionados ao desmantelamento do antigo mundo comunista soviético. Um dos fatores que contribuiu para acelerar a crise da URSS foi:

a) falta de apoio do Ocidente às mudanças de Mikhail Gorbachev

b) implementação do indústria de bens de consumo por Boris Yeltsin

c) tentativa do golpe militar conservador de 1991 contra Boris Yeltsin

d) o processo de reformas políticas e econômicas de Mikhail Gorbachev

Gabarito

1. D

Comentário: A propriedade privada  umé dos princípios mais valiosos da teoria liberal econômica. Com a derrota do socialismo após a queda da URSS na Guerra Fria, o modelo liberal se impôs no Mundo como o principal modelo econômico. A partir dessa análise, podemos afirmar a grande vitória do Capitalismo face à desintegração da URSS e do socialismo.

2. D

Comentário: A Glasnost e a Perestroika tentariam mudar o rumo da economia soviética promovendo melhorias. Porém, através dessas ações, Gorbachev permitiu que um processo de crítica a manutenção da URSS fosse instaurado.

Como a queda do Muro de Berlim influenciou na globalização?

Há 20 anos, a queda do Muro de Berlim (1961-1989) abriu caminho para a reunificação da Alemanha, acelerou o fim dos regimes comunistas no Leste Europeu, colocou um ponto final na Guerra Fria (1945-1989) e foi um dos fatores que contribuíram para o surgimento do mundo globalizado.

Porque a queda do Muro de Berlim é usado como modelo do fim da URSS?

O muro de Berlim foi o símbolo máximo da bipolarização do mundo durante a Guerra Fria e sua queda representou o fim do socialismo como alternativa de modelo econômico naquele contexto.

Como a queda do Muro de Berlim influenciou no processo de desintegração do socialismo na Europa?

A queda do Muro de Berlim foi um ato apenas simbólico, mas marcou o início de um processo político que culminou com a reunificação da Alemanha. O chanceler da Alemanha Ocidental, Helmut Kohl, engajou-se para isso e, no dia 3 de outubro de 1990, a Alemanha reunificava-se e o lado socialista deixava de existir.

O que contribui para a queda do Muro de Berlim?

A queda do Muro de Berlim está relacionada com a crise econômica e política que atingiu a Alemanha Oriental, na década de 1980. A abertura das fronteiras da Alemanha Oriental foi anunciada pelo porta-voz do país, em novembro de 1989.

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