A apendicite é uma condição caracterizada pela inflamação no apêndice, órgão que lembra uma pequena bolsa, de formato longo e fino, e que fica localizado na primeira porção do intestino grosso. No processo inflamatório, ele fica cheio de pus, causando fortes dores abdominais.
Quando não tratada, a apendicite pode levar a sérias complicações. Entretanto, o problema é facilmente resolvido com uma cirurgia de remoção total do apêndice, também chamada de apendicectomia.
A grande maioria dos casos da doença é tratada como apendicite aguda, já que surge de forma repentina e é prontamente tratada para a recuperação do paciente. No entanto, há alguns casos raros de apendicite crônica, que acontecem quando o problema é recorrente e contínuo (com duração maior do que um mês).
As causas da apendicite não são sempre claras, mas algumas situações são conhecidas por provocar a inflamação no órgão. São elas:
- Obstrução do apêndice por partículas de gordura ou fezes
- Infecção, como a gastrointestinal causada por vírus.
Em ambos os casos, uma bactéria presente naturalmente dentro do apêndice começa a se multiplicar, causando a inflamação e o inchaço do apêndice, além de eventualmente estimular a produção de pus. Se não tratada prontamente, a apendicite pode causar o rompimento do apêndice.
O principal sintoma da apendicite é a dor abdominal, que varia de acordo com a idade da pessoa e da posição do seu apêndice inflamado. Normalmente, o primeiro sinal é uma dor na região próxima ao umbigo, que pode ser fraca no início, mas que vai se tornando cada vez mais aguda e intensa conforme as horas passam.
Minha Vida
À medida que aumenta a inflamação no apêndice, num processo que varia de 12 a 18 horas, a dor tende a se mover para baixo e à direita — local chamado de ponto de McBurney. Isso significa que uma das principais características da apendicite é a dor intensa no lado direito do abdômen.
Outros sintomas de apendicite que costumam surgir junto com a dor são:
- Náusea e vômitos
- Apetite reduzido
- Febre baixa
Se o apêndice se rompe, a dor pode desaparecer por um breve período e a pessoa se sente melhor repentinamente. No entanto, uma vez que o revestimento da cavidade abdominal fica inflamada e infectada (uma condição chamada de peritonite), a dor piora e os sintomas se intensificam — principalmente quando a pessoa caminha ou tosse.
Dessa forma, sintomas posteriores da apendicite incluem:
- Calafrios
- Constipação
- Diarreia
- Febre
- Perda de apetite
- Náusea a vômitos
- Tremores.
A apendicite provoca sintomas idênticos em homens e mulheres, não havendo qualquer influência de gênero no quadro da doença. O que acontece é que, nas mulheres, a apendicite pode ser confundida com uma inflamação nas tubas uterinas, no útero ou nos ovários, o que também provoca dor do lado direito do abdômen.
Portanto, as pacientes do sexo feminino precisam realizar exames complementares para estabelecer o diagnóstico definitivo de apendicite, feito normalmente através de exames de imagem, como ultrassom e tomografia.
Leia mais: Dor no lado esquerdo da barriga: o que pode ser?
Em geral, os médicos podem diagnosticar a apendicite apenas pela descrição dos sintomas e pelo exame físico no consultório ou hospital. Porém, especialmente no caso das mulheres, outros exames de laboratório e testes adicionais podem ser necessários.
Na apendicite, o nível de dor varia de acordo com o tempo, o que dificulta o diagnóstico inicial. Além disso, apendicite não é o único problema capaz de causar dores abdominais. Então, o médico deverá realizar alguns exames complementares para ter certeza absoluta de que se trata de um quadro de inflamação no apêndice.
Qualquer pessoa pode desenvolver inflamação no apêndice, desde crianças a adultos. Entretanto, a apendicite é mais comum entre pessoas de 10 a 30 anos. Não há, contudo, comportamentos considerados de risco e que possam contribuir para a inflamação.
Saiba mais: Apendicite é uma das doenças mais comuns do sistema digestivo
Para evitar a ocorrência de apendicite, muitas pessoas deixam de comer certas frutas e legumes que possuem caroços ou sementes, como é o caso da azeitona, da uva, da jabuticaba, do tomate e do pepino.
Porém, diferente do que prega a crença popular, não existe qualquer comprovação científica de que esses alimentos possam causar apendicite, uma vez que a origem da inflamação não se relaciona ao tipo de alimento ingerido.
O diagnóstico de apendicite pode ser feito a partir da realização de alguns exames, tais como:
- Exame físico: o tipo mais preciso de exame feito pelo médico é o exame físico, em que o médico pressionará a área dolorida. Na apendicite, quando a área em questão for pressionada, a dor sempre aumenta, indicando que naquele local há inflamação. O médico também deverá observar se há rigidez dos músculos do abdômen.
- Exame de sangue: o especialista também poderá optar por um exame de sangue, que mostrará o número de glóbulos brancos presentes no sangue do paciente. Se estiver mais alto do que o normal, é um sinal de infecção
- Exame de urina: este é mais utilizado para que o médico tenha certeza de que as dores não são fruto de pedra nos rins. Na análise dos resultados, é possível determinar a causa dos sintomas por meio da observação de glóbulos vermelhos, que ficam mais visíveis em microscópio quando há um quadro de cálculo renal. Caso eles não indiquem pedra nos rins, o médico suspeita de inflamação
- Raio X: o médico também poderá solicitar um raio X da região abdominal. Por meio da análise das imagens, que saem após poucos minutos, ele poderá fazer o diagnóstico correto.
É importante estar atento aos sintomas da apendicite. Se eles persistirem por mais do que 12 horas, procure atendimento médico e explique o que está sentindo e o quão forte estão as dores.
Na consulta, o médico poderá perguntar quais partes do seu abdômen doem e se a dor mudou de local com o passar das horas. Descreva também outros sintomas que estiver sentindo, como febre, náuseas e diarreia.
Os especialistas que podem diagnosticar a apendicite são:
- Clínico geral
- Gastroenterologista
- Cirurgião abdominal
Saiba mais: 11 atitudes que facilitam a consulta médica
O tratamento da apendicite é cirúrgico, ou seja, o apêndice inflamado precisa ser retirado durante uma cirurgia, em que a pessoa está anestesiada, no hospital. O procedimento é conhecido como apendicectomia.
O apêndice não é substituído durante a cirurgia, apenas é feita a sua remoção. Isso porque a retirada do apêndice não traz nenhum risco ou prejuízo para a vida do paciente, uma vez que ele não tem nenhuma atividade específica no corpo humano.
Se o caso estiver sem complicações, ou seja, se for feito o diagnóstico com o apêndice ainda inteiro, o cirurgião provavelmente optará por remover o órgão logo após a inflamação ser constatada.
A cirurgia de apendicite pode ser realizada de duas formas: a primeira é feita com uma pequena incisão de cerca de cinco centímetros no lado direito do abdômen, logo acima do apêndice, para a sua remoção. Normalmente, nesse tipo, o paciente pode ficar com uma cicatriz na barriga.
Já a segunda é feita através de laparoscopia, ou seja, o cirurgião faz três pequenos orifícios no abdômen, insere uma câmera para a visualização do procedimento e remove o apêndice. Esse método é menos invasivo que o tradicional e normalmente tem um tempo de recuperação menor.
Apenas o médico responsável poderá dizer qual o melhor tipo de cirurgia para cada caso e paciente.
Por ser um problema imprevisível, não há formas de se prevenir da apendicite. Todos nascemos com um apêndice e o processo de inflamação se dá naturalmente, sendo relativamente comum na população.
Todavia, é importante manter hábitos saudáveis e realizar exames de rotina regularmente. O diagnóstico precoce do problema é essencial para garantir o sucesso do tratamento e a melhora na qualidade de vida do paciente.
Leia mais: 4 dicas para mudar a rotina e a alimentação e se sentir bem
Em geral, se o apêndice inflamado for removido antes de se romper, o paciente provavelmente ficará bem logo após a cirurgia. Por outro lado, se o apêndice romper antes da cirurgia, o paciente se recuperará mais lentamente e terá uma probabilidade maior de desenvolver um abscesso ou outras complicações. Nesses casos, será necessário ficar no hospital por mais tempo, em observação.
A grande complicação da apendicite, quando não diagnosticada e tratada rapidamente, é o rompimento do apêndice — o que geraria o acúmulo de pus dentro do abdômen e poderia atingir outros órgãos. Nestes casos, o médico indicará a melhor forma de tratar o problema e que representa menos riscos para o paciente.
Normalmente, o abcesso e pus (apendicite supurada) precisam ser drenados, o que pode ser feito com o auxílio de um tubo sob a pele e com medicamentos. A apendicectomia poderá ser realizada depois que a infecção for controlada.
Entretanto, se o paciente com apendicite não for tratado imediatamente, ele poderá sofrer algumas complicações mais graves, como:
- Peritonite, causada por rompimento do apêndice, em que há inflamação na cavidade abdominal
- Acúmulo de pus no abdômen, causado por abscesso de um apêndice rompido
- Conexões anormais entre órgãos abdominais ou entre esses órgãos e a superfície da pele (fístula).
Ministério da Saúde
Mayo Clinic