Introdução e problematização: questões teórico-analíticas1Segundo relatórios recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), há mais da metade da população mundial (4,2 bilhões) com dificuldades de acesso pleno ao Saneamento Básico. Essa dificuldade envolve vários elementos, que vai desde o acesso a água tratada e potável – em geral servida por de redes de água, até a inacessibilidade de instalações básicas - como vasos sanitários e bicas para lavar às mãos. O referido estudo ainda aponta para a presença de inúmeras assimetrias no acesso. A renda e a diferença de classe podem afetar na oferta e coberturas dos serviços de saneamento. Assim, o estudo reconhece que a oferta de água e esgotamento sanitário “é pelo menos duas vezes maior” para pessoas mais ricas em detrimento as mais empobrecidas. Show
2A disparidade no acesso à água e ao esgotamento sanitário não está associada apenas a disponibilidade hídrica ou causas naturais, considerados fatores determinantes pela visão mais tradicional “visões dominantes sobre segurança hídrica” (LOFTUS. 2021). Mas, grande parte destes problemas está relacionado a questões econômicas e políticas que constroem infraestruturas inadequadas e desiguais no acesso a esses serviços que, na maioria das vezes, está “enraizada no poder, na pobreza e na desigualdade” (UNDP, 2006, apud LOFTUS, ibidem, p.6). 3Neste sentido, se torna primário compreender as nuances deste acesso desigual que compõem o que inúmeros autores vão chamar de “ciclo hidrossocial” da Água (SWYNGEDOUW, 2004; SWYNGEDOUW, KAIKA, CASTRO, 2002; BAKKER, 2012; IMBELONI & FELIPE, 2020; BRITO, FORMIGA-JHONSON, CARNEIRO, 2016; CASTRO, 2010, entre outros). O termo “ciclo hidrossocial” remete a compreensão de que o ciclo da água não se relaciona apenas a uma dinâmica do estado físico da água (ciclo da água), sobretudo pela íntima relação política, econômica e cultural que envolve o uso da água e as implicações de seu acesso. O termo é amplamente utilizado nas pesquisas no campo da ecologia política, de matriz crítica de língua anglo-saxã e tem adquirido espaço estudos e investigações de pesquisadores brasileiros e latino-americanos sobre a iniquidade do acesso à água e ao esgotamento sanitário. 4Nestes termos, entendemos que Alex Lotus (ibidem, p.8) faz um apontamento metodológico para compreender os quadros de iniquidade do acesso aos serviços relacionados à água. “Para entender melhor o envolvimento das sociedades humanas na formação do ciclo hidrossocial, é necessário um esforço para historicizar e espacializar um conjunto distinto de relações socionaturais.” (grifo nosso). 5Por isso, percebemos que, inevitavelmente, os quadros de desigualdades de acesso a esses serviços são territorializados. Isso se faz porque esse acesso à água e ao esgotamento se realiza, comumente, na dotação de infraestrutura técnica ou sociotécnicas (QUINTSLR, 2018), com de redes (canos, dutos) que dão sentidos aos fluxos de abastecimento. Diferenciando o espaço em sua instalação, entre aqueles que possuem e não possuem o acesso. Os fluxos relacionados à água são também “fluxos de poder” (SWYNGEDOUW, 2004). Concordamos, portanto, com Claude Raffestin (1993, p.204) quando indica que “As redes fazem e desfazem às prisões do espaço, tornado território, tanto libera como aprisiona”, porque as redes de água e esgotamento sanitário demarcam os territórios de uso destes serviços, diferenciando nos espaços as pessoas que poderão ter acesso a tais serviços. 6Outrossim, na pista de compreender o ciclo hidrossocial a partir de sua espacialização, não podemos ignorar as marcas desiguais de produção do espaço (SANTOS, 1976), onde as diferenciações perfilam sua forma de organização (SMITH, 1988), que está implicado com modelo de produção capitalista na qual os lugares estão relacionados (HARVEY, 2006). Sendo, na contemporaneidade o espaço urbano o lócus do modo de produção capitalista (CORREA, 2001), seu arranjo espelhará as contradições e diferenciações inerentes a esse modelo de produção. Implicando por consequência, na reprodução de quadros de iniquidade nos acessos à esses direitos/serviços no âmbito do espaço urbano, marcando assimetrias dos mais diferentes matizes. Essas diferenciações espacializadas tenderiam a formar caraterísticas dos lugares. 7As periferias, por exemplo, seriam espaços que qualitativamente expressariam quadros mais agudos de desigualdade. Mas numa análise apurada para o ciclo hidrossocial para pensar as iniquidades no acesso à água e ao esgotamento sanitário, seria correto pensar numa espécie de homogeneização dessa oferta? 8Neste sentido, o presente texto coloca como questão: em que medida o acesso as redes técnicas de água e esgotamento sanitário, permitem pensar as assimetrias na produção do espaço? Como a Baixada Fluminense, como parte da periferia metropolitana poderia servir de empiria para refletir tais problematizações? 9Para tentar trazer à tona algumas respostas aos questionamentos, o presente artigo traz na primeira parte do texto notas teóricas sobre diferenciação espacial e a caracterização das periferias, contextualizadas nas dinâmicas do acesso as redes de água e esgotamento sanitário. Na segunda parte, procuramos trazer elementos empíricos a partir da realidade da Baixada Fluminense, interpretando-a como parte integrante da periferia, e dando ênfase aos municípios localizados na porção oeste da metrópole que estão inseridos com a totalidade de seus territórios na Bacia do Guandu: Itaguaí, Seropédica, Japeri, Paracambi e Queimados. Nesta parte apresentamos também dados sobre a iniquidade no acesso à água e esgotamento sanitário nestes municípios periféricos. Essa parte da pesquisa é composta de análise de dados quali-quantitativos oriundos da pesquisa exploratória com informações de bases de dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (censo 2010), do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SINIS, usados para elaboração de gráficos, mapas e quadros que complementam a análise proposta. As periferias, a diferenciação espacial e o saneamento“Morar na Periferia é se condenar Duas vezes à pobreza” (SANTOS, 2007, p.143). 10Sendo o espaço, tomado como produto das relações sociais e historicizadas, quando compreendido diante do atual modelo produtivo passa a ser o “mesmo espaço que une e que separa os homens” (SANTOS, 2004, p.33). Essa produção espacial revela, uma face diferenciadora, que ao sabor das dinâmicas produtivas, do papel dos atores econômicos, das intervenções do Estado e da presença e diferenciação das políticas públicas, reproduz um modelo de fragmentação-exclusão de algumas áreas e a inclusão de outras. 11As chamadas periferias, conhecidas popularmente no Brasil como lugar de destino da população empobrecida (SANTOS, 2007), são reflexos desta produção espacial. São ao mesmo tempo uma forma-conteúdo. Ela é uma forma, na medida da compreensão clássica da geografia urbana, que identifica que a periferia, “é aquilo que está no entorno de algo”. Esse pensamento sugeriria que a periferia seria a porção geometricamente distante do centro. Ela é forma também, porque possui uma espacialidade oriunda da sua dimensão de reprodução social e econômica, que inevitavelmente, nos impele a sua dimensão qualitativa. No Brasil e nos países latino-americanos, as periferias urbanas assumiram a condição de espaço da moradia da população trabalhadora ou popular (SEABRA, 2003) que abrigaria condições desfavoráveis a uma condição de vida digna, marcada por ausência de infraestrutura básica de urbanização (CORRÊA, 2005) – o que incluiria a estrutura de saneamento básico e suas redes técnicas de água e esgotamento sanitário. 12Sobre está caraterística de infraestrutura, Roberto Lobato Corrêa reforça que:
13A estrutura precária relacionado ao saneamento é uma característica singular das periferias. O papel que ele adquiriu está ancorado na dotação de equipamentos que, são na prática, de “consumo coletivo”. Esses serviços envolvem pavimentação de ruas, escoamento e drenagem de águas pluviais, estrutura de redes de abastecimento, tratamento e captação de água e locais de tratamento coleta e tratamento de esgoto, e mais recentemente, baseado na lei que atualiza o novo marco legal do Saneamento, inclui-se nestes serviços a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos. Todos esses componentes são marcados pela ausência ou pelas precárias condições de ofertas nas áreas periféricas, cooperando para o imaginário e a materialidade de reprodução destas localidades. Os serviços de saneamento são, portanto, elementos que permitem distinguir e diferenciar os espaços. Por isso, à forma inclusiva ou excludente que tais serviços são distribuídos, remetem necessariamente a uma economia política do espaço com relações intimas de uma ecologia política da Água (LOFTUS, 2021). Por isso podemos pensar categoricamente em (des)ecologias excludentes do saneamento nas periferias, que cooperam para reforçar a forma-conteúdo da periferia. 14A periferia, é também na concepção de Roberto Lobato Correa (ibidem) uma forma-conteúdo que caracteriza a segregação de inúmeros fatores no atual modelo de produção (HARVEY, 1975; 2009). Fatores econômico e sociais, como a diferença de renda, por exemplo, são elementos que diferenciam o acesso aos serviços de água e esgotamento sanitário (OMS, 2007; LOFTUS, ibidem). Harvey (1975) compreende que a diferenciação de renda não marca apenas o local de moradia, mas os atributos que esse local apresenta. Por isso Correa indica, a partir da releitura de David Harvey que “a segregação, quer dizer, diferenciação residencial segundo grupos, significa diferencial da renda real” (CORREA, 2005, p.133). Em termos práticos, essa diferenciação incute no maior acesso que determinados grupos podem possuir a determinados elementos da vida urbana, que vai desde melhores serviços educacionais, hospitais até serviços de água e esgotamento sanitário. 15Assim, compreendemos com melhor clareza que para determinados grupos terem acesso a elementos básicos no cotidiano urbano necessitam desprender de maior quantia de recurso financeiros, isso é a “renda real”. Assim, populações mais pobres, que moram em lugares de difícil acesso e desprovido de estrutura, quando não ofertados de forma digna – o que na maior parte das vezes ocorre – necessitam gastar mais para que tenham acessos aos serviços básicos ou essenciais. A partir desta ideia, passamos a entender os custos que muitas populações possuem para ter acesso à água, que pode ser exemplificado nos gastos com ou chamados carros-pipa ou com criações de estruturas técnicas próprias, como os chamados poços artesianos. Nestes termos, passamos a dar sentido a epígrafe desta seção, quando Milton Santos (2007) aponta os problemas de morar nas periferias, dando a clara dimensão do que é “se condenar duas vezes à pobreza”. A pobreza duplicada se realiza, pelo dispêndio dos custos básico necessários para manter a reprodução social e a dignidade da vida nas periferias, sobretudo para manter uma cidadania incompleta. 16Nestes termos, para compressão do ciclo hidrossocial é inexorável compreender as estruturas de diferenciação e segregação espacial, porque ele indica a diferenciação no acesso as redes de água e esgotamento sanitário. Portanto, diferenciando pessoas neste contexto. 17É muito comum pensarmos nas assimetrias espaciais na produção do espaço urbano, a partir do binômio centro-periferia, onde já estaria posta uma condição subjacente e de quadros de pobreza e miséria, relacionadas eminentemente às supostas áreas periféricas. É importante ressaltar que quando estamos pensando na periferia metropolitana, não estamos tratando de uma área com homogeneidade econômica e produtiva, mas em heterogeneidade, sobretudo pela intensificação das relações complexas do período da globalização que tornam as assimetrias ainda mais complexas. As periferias são na atualidade espaços altamente heterogêneos como indicam os estudos de Caldeira (2000), que chegam a ser dotadas de áreas elitizadas e com maior acesso a serviços básicos, ao mesmo tempo ainda marcadas com áreas empobrecidas e com extrema vulnerabilidade social. Isso nos impele a perceber as diferenciações internas existentes na própria periferia. 18O acesso à água e o ao esgotamento sanitário, podem servir como pistas para verificar e comprovar as diferenciações espaciais internas, uma vez que tanto esses serviços além de essenciais a qualidade de vida das populações são parte daquilo que podemos chamar de “condições gerais de produção” (MARX, 2022), porém enquadradas com o perfil de ligação “indireta” à essa produção (LECIONI, 2007). Isso porque os serviços que envolvem redes com ligações de água e esgotamento sanitário são em maior parte associados à subsistência e atendimento das massas de população, sobretudo trabalhadora, que participa do modo de produção. Todavia, necessitamos compreender que em alguns setores tais redes estarão ligadas aos mecanismos diretos dos sistemas produtivos (pensando aqueles em que a água é um elemento essencial no perfil produtivo como empresas do ramo alimentício, cervejeiro, tecelagem e químicos) 19Por se tratar de um conjunto de serviços, cujas redes técnicas atendem de modo indireto os ciclos produtivos, ela estaria relegada aos sabores da diferenciação da renda, do histórico geral de ocupação dos espaços, e da necessidade de dotação de serviços que atendam o chamado “consumo coletivo”. Essas variações implicariam em compreender de fato, as redes de água e esgoto para além da trama produtiva, sendo em nossa concepção redes essenciais da manutenção da vida e dignidade humana, que é relegada na maioria dos espaços periféricos. Portanto a dinâmica de presença-ausência das redes técnicas de saneamento, e dos fluxos que elas carregam (ou deveriam carregar), indicam elementos para pensarmos a produção e diferenciação dos espaços periféricos. Caracterização de uma periferia e os quadros de desigualdade no acesso à água e esgoto20A periferia como forma-conteúdo, é parte do processo de diferenciação espacial que se realiza na dinâmica internas das cidades. Apesar de uma condição singular que permite classificar uma periferia, os conteúdos sociais, os processos históricos e as estruturas que relacionam modos de produção e lógicas de poder, permitem diferenciar os lugares. Por isso, o onde (ou o lugar/local) é um passo metodológico fundamental, para uma releitura da “história concreta de nosso tempo” (SANTOS, 2002 p.315) 21A possibilidade de refletirmos sobre processos singulares da periferia, da diferenciação espacial e das iniquidades no acesso ao saneamento, a partir da Baixada Fluminense, urgem como uma possibilidade de empiricizar tais questões para posicionar nas relações espaço-temporais os marcos das desigualdades e do ciclo hidrossocial desigual. A Baixada Fluminense, é de fato hoje relacionada a uma conjuntura social e urbana periférica, marcada por trezes municípios que estão na porção oeste da baía de Guanabara. Essa área é territorialmente atravessada por duas importantes bacias que servem de abastecimento da Região metropolitana do Rio de Janeiro. Sendo a principal delas a Bacia do Guandu (ver mapa 1). MAPA 1 – Localização da Baixada Fluminense – Periferia da Região Metropolitana do Rio de Janeiro – e Região Hidrográfica II – Guandu Fonte: ROCHA; OLIVEIRA (2022) 22Em primeiro lugar é importante considerar que a área conhecida como Baixada Fluminense é considerada uma “periferia por excelência” (ALBUQUERQUE, 2020), que possui íntima relação de relações de trabalho com a capital (LAGO, 2007) que foi marcada pelo processo espacial de incorporação à célula urbana do Rio de Janeiro, que criaram ambientes com paisagem e estruturas urbanas de precariedade social, posto pela substituição acelerada de áreas agrícolas (pomares) para loteamentos urbanos sem a devida dotação de estrutura habitacional (SEGADA SOARES,1962; GEIGER E SANTOS, 1954; ABREU, 2006). Essa área também é caracterizada pelos indicadores sociais de violência e miséria (ALVES, 2003) que qualificam esse espaço-território em estigma e representação (ROCHA, 2014; ENNE, 2013). São esses atributos de forma e conteúdo, que permitiram ver a Baixada como periferia e fizeram geógrafos como Roberto lobato Correa (2005), usarem essa região como exemplo de caracterização para esse conceito nos estudos urbanos. 23Em segundo, no que tange ao pensar um ciclo hidrossocial desigual, a história de organização territorial da Baixada Fluminense sempre esteve associada à grandes obras de saneamento e à necessidade de superação dos desafios de habitabilidade posta em sua condição natural (ROCHA, 2014b). A própria nomenclatura Baixada Fluminense, remete à essa associação, como uma “área baixa, limítrofe ao mar”. Porém essa concepção mais alargada poderia remeter a uma regionalização mais ampla, vista por exemplo nos planos de saneamento do primeiro quarto do século XX - que incluiria os territórios do sul fluminense ao norte do estado do Rio de Janeiro (GOES, 1934). Todavia, sabe-se que o termo Baixada Fluminense, remete-se aos municípios periféricos metropolitanos da porção oeste da Baía de Guanabara. 24As obras de saneamento que se desenrolaram nos séculos XIX e início do XX, privilegiaram intervenções na chamada Baixada da Guanabara e serviram de viabilizadores à ocupação da região. Essas obras obtiveram atenção direta do governo federal que atuou tanto na execução como na elaboração de corpo técnico destinado a pensar ações de drenagem, abastecimento, minimização de enchentes e estrutura urbana viável (FADEL, 2006, SOUZA, 2006). Pensando numa história mais recente, após a segunda metade do século XX, as políticas de saneamento também continuaram assumindo um papel importante na construção de áreas urbanas na Baixada (BRITO, JHONSON, CARNEIRO, 2016), incluído na tentativa de dirimir enchentes e aprimorar técnicas para o abastecimento de água e coleta de água na região. 25Ainda, se faz importante refletir sobre essa região periférica porque ela está intimamente ligada a segurança hídrica e ao abastecimento metropolitano no Rio de Janeiro (RIBEIRO, 2021), pois nela estão as principais nascentes e sistemas de abastecimento da metrópole: Acari – Guandu – Lajes (porção centro e oeste da metrópole) o sistema Inumana – Laranjal (porção leste da metrópole). A localização dessas áreas de captação levou a criar inúmeras ações que pudessem solucionar o abastecimento metropolitano desde o século XIX (ABREU,1992). Tais sistemas, estão associados diretamente a uma estrutura técnica – redes, estações de tratamento, unidades de elevação – porém estão intrinsicamente relacionados a disponibilidade dos corpos hídricos na região: bacias, rios e nascentes, que permitem a captação de água na região. Neste sentido, a conservação e a viabilidade de estruturas técnicas que permitiriam o tratamento e a coleta de esgoto na Baixada, está diretamente associada a “segurança hídrica”, não apenas da periferia, mas de toda a metrópole. 26Por isso, pensar as políticas de saneamento, em especial de coleta de esgotamento sanitário se realiza como um desafio ao desenvolvimento metropolitano segundo o PDUI-RMRJ - Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (2018). Ana Lucia Britto e Suyá Quintslr (2020) indicam que houveram muitos investimentos na região da Baixada, porém tais investimentos acabam por concentrar em alguns municípios e não conseguiram dar conta da demanda histórica da região. Por isso os impasses permanecem até os dias atuais no tocante a acessibilidade e tratamento do esgotamento sanitário e ao atendimento pleno com água. 27O que nos chama atenção, a partir dos trabalhos citados, é que há uma seletividade espacial das políticas públicas (ROCHA, 2012), que se manifesta na grande concentração de ações e intervenções de saneamento na chamada “Baixada Iguaçuana” que está relacionada a porção de municípios fortemente conurbados à estrutura urbana do Rio de Janeiro. Estes também estão inseridos na bacia hidrográfica da Guanabara, que receberam ao longo dos anos ações no entorno dos Rios Botas, Iguaçu e Sarapuí. Essa seletividade, coloca em parte uma questão importante, na diferenciação na própria periferia. Assim, é possível pensarmos que a própria disposição territorial das políticas públicas estaria implicitamente produzindo uma “periferia da periferia”. Desse modo os municípios da Baixada que estariam inseridos na Bacia do Guandu (Paracambi, Itaguaí, Seropédica, Japeri e Queimados) e os municípios alocados na porção central e leste da Baia de Guanabara (Magé e Guapimirim), tenderão a possuir indicadores mais precários. 28Cabe aqui um indicativo sobre o papel especial da Chamada Bacia-Hidrográfica do Guandu (RH-II). Essa é considerada uma das maiores bacias para abastecimento urbano, responsável pelo abastecimento de aproximadamente 8 milhões de habitantes. No contexto desta bacia estão alocados dois importantes sistemas de abastecimento: o Sistema-Lajes e o Sistema-Guandu. Segundo Christina Ricardo Ribeiro (2021, p.9):
29Todavia os territórios da Baixada que estão integralmente inseridos na Bacia do Guandu são os territórios alocados na porção oeste, que apresentam comparativamente os piores indicadores de acessibilidade à água e o esgotamento sanitário. Neste sentido, as reflexões sobre uma ecologia política de Alex Loftus (2021) encontram respaldo no fato de que não se trata de um problema de “escassez” de ordem natural, mas de ordem econômica e técnica, social e política. Neste sentido, reitera um ciclo hidrossocial desigual no contexto metropolitano que diferencia territórios, e tornam agudas as precariedades da periferia. 30Essa diferenciação se torna perceptível quando comparamos os dados de acesso as redes de água e esgoto nos municípios da Baixada, que são disponibilizado pelo SINIS - Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (ver mapa 2 e 3). MAPA 2 – Mapa do percentual de população da Baixada não atendida com esgoto (2018) em relação a estimativa da população em (2021). Fonte: SINIS-2018/ IBGE -2021 – Organizado pelo Autor. 31Neste caso dos municípios da Baixada que estão mais a oeste – Itaguaí, Seropédica, Paracambi, Queimados e Japeri - e que estão territorialmente inseridos na Bacia do Guandu, servem aqui de um bom exemplo. Tomando uma proposta para compreender os percentuais da população não atendida com água e esgotamento sanitário na Baixada, elaboramos os mapas 2 e 3. Esses mapas revelam as assimetrias territoriais nessa periferia, destacando que os municípios da Baixada que estão na chamada borda metropolitana estão com piores indicares de atendimento, a saber: Itaguaí, Seropédica, Magé Japeri e Guapimirim. No mapa 2, é visualizado que os três primeiros apresentam respectivamente percentuais superiores 60% de sua população sem acesso ao esgotamento sanitário, sendo que Japeri e Guapimirim não assinalaram informações na base do SINIS. Porém, segundo dados do Censo de 2010, a realidade de atendimento destes municípios era bastante precária (ROCHA; OLIVEIRA, 2020). 32O município de Paracambi é o melhor neste atendimento: apenas 30,88% não possui atendimento de esgoto sanitário, porém apresenta 22 pontos percentuais a mais [em relação a população sem acesso ao esgotamento sanitário] que a capital – Cidade do Rio de Janeiro. Assim, embora tenha um melhor indicador dentre os municípios periféricos inseridos na Bacia do Guandu, apresenta um pior indicador se comparado a capital. O efeito do esgotamento sanitário territorializa portanto os efeitos da desigualdade centro-periferia numa tendência de igualização e diferenciação de desenvolvimento desigual (SMITH,1988). Ainda reforça-se o quadro de possíveis problemas de ordem ambiental e das qualidades das águas da região – incluindo às águas subterrâneas (poços, lenções freáticos), que diretamente pode afetar a sustentabilidade da própria Bacia do Guandu. 33O mesmo efeito de diferenciação se reflete nos dados da população não atendida com água. O mapa 3 reafirma a tendência de diferenciação interna na periferia, marcando novamente os municípios da borda metropolitana como aqueles que possuem maior percentual de suas populações sem acesso à água. E importante considerar que Seropédica, Itaguaí e Paracambi (na porção oeste), juntamente com Magé e Guapimirim (porção centro-leste), apresentam os indicadores segundo os quais mais de 25% da população sem acesso a água. Entre esses, os com pior indicadores são Guapimirim 32,22% (marcando a porção leste da Baixada) e Paracambi com 31,03%, Japeri, 29,20% e Seropédica, 29,22% (marcando a porção Oeste). Queimados e Itaguaí apresentariam uma melhor proporção nesta “periferia da periferia” tendo, respectivamente, 17,54% e 23,30% de suas populações sem acesso à água. Porém, todos os municípios que estão na Bacia do Guandu possuem proporções maiores de pessoas sem acesso à água em relação à capital, cidade do Rio de Janeiro (3,84%), e aos municípios de urbanização já consolidada como Nilópolis (2,72%), Mesquita (3,77%), Nova Iguaçu (7,59%), São João de Meriti (8,69%), Duque de Caxias (16,87%). MAPA 3 – Mapa do percentual de população da Baixada não atendida com água (2018) em relação a estimativa da população em (2021) Fonte: SINIS-2018/ IBGE -2021. Organizado pelo Autor. 34Ao analisarmos espacialmente o mapa 3, também é possível observar a nítida diferenciação territorial na periferia, marcando o Oeste, com os municípios inseridos na Bacia do Guandu, e o Leste com os municípios de Magé e Guapimirim, como aqueles em situação crítica em relação ao acesso à água. A periferia vai se consolidando, revelando suas agruras na moradia da população mais empobrecidas. É importante também considerar a “complexidade hidrossocial” amplamente desigual desta área, pois a presença próxima de importantes bacias e mananciais não garantem o atendimento pleno às populações de forma “regular e confiável” (COSTA & IORIS, 2015, p.115). Na prática a ausência de plena condição de acessibilidade além de promover uma diferenciação espacial, está igualando essa periferia sob o estigma da miséria. A identidade de uma periferia como lugar “eminente da população pobre” na qual aponta Milton Santos (2007), pode ser interpretada também como lugar do (des) acesso à água e da sede – como marcas que se impõe ao morar na periferia. 35Não bastando os problemas no acesso à água e esgotamento sanitário, segundo dados do Painel do Saneamento 2020 (SINIS), os municípios da Baixada inseridos na Bacia do Guandu apresentam índice de coleta de esgoto baixos e pagam mais caro pela coleta de água e esgoto, que a média nacional e regional (Sudeste) [Gráfico 1 e quadro 1]. 36O índice de coleta de esgoto revela que os municípios, com exceção de Paracambi, estão com indicadores abaixo da média do Sudeste (73,55%), sendo que os piores dados são observados nos municípios de Seropédica (30,37%) e Queimados (35,56%) que estão abaixo da média nacional (60.27%) e do estado do Rio de Janeiro (64,13%). A mesma realidade destes poderia ser conferida para Japeri [diante do quadro socioespacial existente]. A ausência do dado para esse município é fruto de um constante problema de preenchimento das informações do SINIS por parte da administração municipal. 37É importante destacar que, implicitamente, a informação do gráfico 1 revela um certo disparate entre as “redes técnicas” de água e de esgoto. Como lembra Gabriel Dupuy (1984), essas redes são muitas vezes “invisíveis” por estarem alocadas em sistemas subterrâneos, mas estão revelando sua íntima relação na estruturação das cidades, por conduzirem fluxos que integram e diferenciam lugares. Ou seja, o dado revela em síntese que o volume de água que chega – via redes técnicas de água -, não é coletada de volta – via redes técnicas de esgotamento sanitário. 38Desse modo se deduz ao menos duas hipóteses. Ou a população possui um consumo inveterado de água, produzindo perdas diretas na natureza, ou de fato se materializa um problema sociotécnico de ausência de redes e infraestrutura para esgotamento sanitário. Na prática, o que se verifica a partir da conjuntura de informações aqui apresentadas é que o sistema de redes técnicas de esgotamento sanitário é deficitário na região, reforçando assim os desafios encontrando no PDUIR-RMRJ (2018) para o desenvolvimento metropolitano, reiterando condições gerais de produção assimétricas na periferia (ROCHA & OLIVEIRA, 2022). GRÁFICO 1 – comparativo do índice de coleta de esgoto entre municípios da Baixada inserida na Bacia do Guandu em relação ao estado e ao Brasil (2020) Fonte: SINIS (2020). Organizado pelo Autor QUADRO 1 – Comparativo da tarifa média de água/esgoto entre municípios da Baixada inserida na Bacia do Guandu em relação ao estado e ao Brasil (2020) Fonte: SINIS (2020). Elaborado pelo autor 39Além de problemas de acesso aos referidos serviços, o custo para ter acesso aos mesmos são mais caros que a média nacional (ver quadro 1). Isso reforça as assimetrias e diferenças internas que qualificam e potencializam os problemas dos que moram na periferia. 40É importante destacar que o debate sobre a precificação dos serviços relacionado à água e esgotamento sanitário não é novo. Para Ana Lucia Brito (2014) se torna cada vez mais nítido que as populações mais empobrecidas, moradoras das favelas e periferias sofrem com os custos efetivos para acesso a um componente básico essencial – a água. O quadro 1 é revelador deste disparate, pois se constata que o valor pago na periferia da metrópole (a Baixada que está inserida na Bacia do Guandu), é maior se comparado às médias do preço pago por R$/m³ em nível nacional, regional (levando em consideração o Sudeste) e, inclusive, é mais caro que a média estadual para quatros municípios listados. 41Em relação ao custo médio nacional (4,25 R$/m³), um morador de Queimados e Japerí teriam que pagar, respectivamente 1,10 R$/m³ e 1,51R$/m³ a mais. Por sua vez o citadino residente em Paracambi teria que arcar com o valor de 2,16 R$/m³ a mais em sua conta de água e esgoto. A situação fica ainda mais complicada para os moradores de Seropédica e Itaguaí que necessitaram custear, respectivamente, 3,60 R$/m³ e 4,67 R$/ m³ a mais dos valores da média nacional. Isso representaria, no caso de Itaguaí, pagar mais de duas vezes pela mesma conta. 42Itaguaí e Seropédica seriam os municípios desta periferia com o maior custo de m³ pagos pelos serviços de água e esgoto comparativamente com os demais municípios e em relação às médias nacional, regional e estadual. Por exemplo, o valor pago por um morador de Itaguaí (8,92 R$/m³) chega a ser 100% mais caro que média do sudeste (3,86 R$/m³) custando 5,06 R$/m³ a mais pelo mesmo serviço. Se comparado à média paga no estado do Rio de Janeiro (5,35 R$/m³) um itaguaiense pagará 3,57 R$/m³ a mais. O custo médio do estado do Rio de Janeiro é maior que as médias nacionais e da região sudeste, mesmo assim, o único município descrito no quadro 1 com valor de custo para os serviços de água e esgoto equivalente é Queimados. Todos os demais municípios periféricos necessitam pagar mais pelos mesmos serviços prestados. 43A descrição deste fato, confere, na prática o alto custo de se morar na periferia. Além do estigma existente, se materializa a pobreza inata da precariedade dos serviços e dos custos envolvidos para obtê-los. Isso faz com que o pobre se condene duas vezes a pobreza (SANTOS, 2007). Conclusões finais44Os estudos sobre as regiões periféricas metropolitana assumem um papel extremamente relevante, além das mesmas abrigarem porções consideráveis da população, superar as contradições inerentes as condições gerais de produção destas áreas, marcadas precariedade e contrastes estruturais em que se encontram, são de fundamental importância para novos rumos do desenvolvimento metropolitano. O tema do saneamento é revelador de como as condições gerais de produção das periferias estão intrinsicamente associadas à construção de redes técnicas que possam garantir o abastecimento de água e a coleta de esgotamento sanitário. Esses elementos são, na essência, estruturas de consumo coletivo, porém nitidamente marcados por uma seletividade espacial, que diferencia o espaço, inclusive revelando assimetrias internas. 45As periferias não são homogêneas porque, apesar de um certo grau de similitude de processos que materializam quadros de desigualdades, guardam diferenciações. A diferenciação das próprias periferias, quando as entendemos como forma-conteúdos sociais, adquirem em seu interior resquícios das condições gerais de produção. Neste sentido, concordamos com Neil Smith (1988) quando destaca uma complexa relação de igualização e diferenciação, que assume a roupagem do desenvolvimento desigual do espaço. Por isso, buscar elementos analíticos que possam revelar essas assimetrias são, na essência, fundamentais para avançarmos na construção de uma justiça espacial nas cidades (HARVEY, 2009). 46Essa justiça no espaço urbano-metropolitano necessita ser pensado em diferentes frentes. O desafio de superar os problemas relacionados a estrutura complexa do saneamento básico, a partir da universalização do acesso às redes de água e do esgoto, incita a avaliarmos as condições de produção das periferias e de sua condição de habitação. Não se trata apenas de pensar em “lugares distantes”, mas lugares que qualificam pessoas que tem maior probabilidade de terem problemas relacionados a qualidade da água no contágio de doenças de vinculação hídrica ou propícias a habitar áreas com alta susceptibilidades de enchentes, diante da ausência de políticas eficazes na drenagem de água pluviais. Além disso, o custo efetivo empregado para ter acesso aos serviços de água e esgoto podem ser mais caros pelo simples fato de residir na periferia – como visto nos municípios da Baixada Fluminense, que estão inseridos na bacia do Guandu. Por isso Milton Santos (2007) tem razão ao expor que “há cidadãos e cidadãos”, pois o lugar de moradia pode indicar, mesmo na própria periferia, um diferencial sobre a qualidades de direitos e serviços obtidos. 47Outrossim, a exemplificação sobre acessibilidade desigual da água e do esgoto na periferia da metrópole fluminense, sobretudo daqueles localizadas na “periferia da periferia” (Seropédica, Itaguaí, Paracambi, Queimados e Japeri) exemplificam a complexidade hidrossocial, reafirmando a hipóteses de autores críticos das ideias tradicionais de “escassez hídrica” (LOFTUS, 2021). Se torna perceptível que a inacessibilidade não é decorrente de falta de recursos hídricos. 48Na Baixada Fluminense, periferia da região metropolita, estão localizadas as nascentes e corpos hídricos responsáveis pelo abastecimento metropolitano do Rio de Janeiro - como é o caso da Bacia do Guandu que abastece mais de 8 milhões de habitantes. Porém, um número considerável de sua população não tem acesso à água, chegando a ter em torno de 30% de seus moradores desprovidos deste serviço (são os casos de Paracambi, Seropédica e Japerí). Além disso, quando possuem esses serviços pagam quase o dobro do valor (ou mais) da média nacional (4,35 R$/m³), como é o caso de Itaguaí e Seropédica que chegam a pagar, respectivamente, a mais 4,67R$/m³ e 3,60R$/m³ pelos mesmos serviços. Isso coloca em questão uma economia política que torna de fato a água uma mercadoria. Isso pode ter consequência sociais graves e amplificar os efeitos da segregação socioespacial e, consequentemente, do viver nas periferias. 49Se torna nítida a necessidade de pensar conjuntamente aspectos da urbanização e consolidação destas áreas no contexto metropolitano, com a espacialidade das injustiças no acesso a estes serviços de saneamento. 50Em primeiro lugar porque compreender aspectos sensíveis do saneamento nos permitirão pensar políticas públicas que busquem atender as populações residentes destas áreas. Neste caso, permite ampliar o debate sobre a constituição de políticas públicas que tentem promover a equidade e amparo de cidades saudáveis, mas também em promover ações que possam mitigar a pobreza inata das periferias marcadas nas condições precárias de urbanização e das habitações que não possuem uma estrutura básica mínima que garantam a dignidade humana. Em segundo, porque estamos agora diante de uma nova conjuntura para as políticas de saneamento, postos diante do novo marco legal, sobretudo da atualização posta pela Lei Nº 14.026, de 15 de Julho de 2020. O novo marco legal do saneamento traz modificações profundas na territorialização de projetos de saneamento, em especial por tornar possível a privatização destes serviços e a criação de blocos regionais/territoriais para concessão de serviços. Em termos práticos, isso poderia implicar em uma “exclusão” de áreas e populações pelo não interesse da iniciativa privada em arrendar tais blocos e territórios – sobretudo para aqueles municípios periféricas e sem dotação de estrutura técnica-produtiva consolidada de saneamento. 51Os municípios da Baixada Fluminense inseridos na Bacia do Guandu, experimentaram no ano de 2021 os efeitos desde novo marco. Com a privatização da CEDAE (Companhia Estadual de águas e esgoto do Rio de Janeiro), esses municípios juntamente com porções da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro formaram o chamado Bloco 3. Esse bloco não foi arrematado na primeira seção de concessão de 30/04/2021, sendo adquirido somente em dezembro do mesmo ano, numa segunda rodada, pela Águas do Brasil por 2,2 milhões de reais. Alguns críticos são categóricos em afirmar que o não interesse na primeira rodada advinha de problemas técnicos e financeiros (rentabilidade) que a concessão do então bloco 3 poderia remeter. É importante destacar que a venda só ocorre depois da inclusão de outros territórios no Bloco. Isso por si só é um indicador da necessidade de um profundo debate que envolve pensar a relação do saneamento na construção das periferias diante na nova conjuntura que se anuncia. O que significa morar em periferia e se condenar duas vezes?Morar na periferia é se condenar duas vezes à pobreza. À pobreza gerada pelo modelo econômico, segmentador do mercado de trabalho e das classes sociais, superpõe-se a pobreza gerada pelo mode- lo territorial. Este, afinal, determina quem deve ser mais ou menos pobre somente por morar neste ou naquele lugar.
O que significa morar em periferia?Existe ainda o uso desse termo por pessoas que vivem no Brasil, nesse caso, muitos costumam usar “periferia” para se referirem as favelas, os bairros mais pobres, loteamentos clandestinos, resultado da má distribuição de renda numa determinada região. Geralmente, esses locais são afastados dos grandes centros.
Quais são as vantagens e desvantagens de morar na periferia?Menor custo de vida
Uma das principais vantagens de viver fora das grandes cidades está relacionada com os menores custos da habitação. Dependendo da zona escolhida, poderá ser mais fácil e mais barato encontrar uma casa com maiores áreas (interiores e exteriores) na periferia do que no centro de uma cidade.
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