O que fazer quando a parte íntima está coçando é ardendo é inchado?

Sol, praia, piscina e... “doutora, estou com corrimento!” Corrimento vaginal � uma das principais queixas em consult�rio ginecol�gico e pode ter consequ�ncias importantes como dor, faltas escolares ou em trabalho, dificuldade na rela��o sexual ou preju�zo da pr�pria imagem.

Mas, ser� que todo corrimento vaginal � indicativo de doen�a? Claro que n�o. A vagina, assim como outras partes do corpo, produz secre��o que � clara e sem odor. As mulheres em per�odo f�rtil podem produzir secre��o clara e filante – como uma clara de ovo – no per�odo ovulat�rio. A gr�vida pode apresentar aumento de secre��o vaginal – clara e sem odor – que pode at� lev�-la a pensar em perda de l�quido amni�tico. Mulheres na p�s menopausa apresentam secre��o vaginal amarelo clara, fluida, em pequena quantidade e sem odor.

Entretanto, aquelas secre��es que n�o s�o caracterizadas como fisiol�gicas, precisam ser avaliadas. A inflama��o ou infec��o da vagina � chamada de vaginite e est� associada a um espectro de sintomas, incluindo coceira, queima��o, irrita��o, dor na rela��o sexual, odor forte (�s vezes de “peixe”) e corrimento alterado. Cerca de um ter�o das mulheres apresentar�o sintomas de vaginite em algum momento de suas vidas. Apesar de acometer as mulheres em todas as faixas et�rias, as vaginites s�o mais comuns entre mulheres na idade reprodutiva.

Vaginite tem v�rias causas e o sucesso do tratamento depende do diagn�stico preciso. As causas mais comuns de vaginite s�o candid�ase vulvovaginal (17%-39% dos casos), vaginose bacteriana (22%-50% dos casos) e tricomon�ase (4%-35% dos casos). At� 72% dos casos de vaginite ficam sem diagn�stico definido. Outras doen�as que podem causar sintomas semelhantes aos de vaginite s�o: doen�as de pele na vulva, vaginite inflamat�ria descamativa e s�ndrome genito-urin�ria da menopausa.

Com exce��o da tricomon�ase, a vaginite � causada por um desequil�brio da flora vaginal que leva a um quadro inflamat�rio e consequente infec��o. Antibi�ticos, mudan�as hormonais (gesta��o, amamenta��o, menopausa), uso de duchas, espermicidas e rela��o sexual (hetero ou homoafetiva) s�o alguns fatores que favorecem essa mudan�a da flora vaginal.

Cada tipo de vaginite tem quadro e tratamento espec�ficos:

Candid�ase vulvovaginal: causada pelo fungo Candida, que � encontrado na vagina de todas as mulheres. Entretanto, quando h� desequil�brio na flora vaginal e ocorre crescimento da popula��o de Candida na vagina, pode aparecer alguns sintomas. Alguns antibi�ticos aumentam o risco de candid�ase, por destru�rem as bact�rias vaginais e aumentarem a prolifera��o dos fungos.

Gestantes, mulheres diab�ticas ou imunossuprimidas t�m maior risco de ter candid�ase. No ver�o, o uso de roupas quentes e de roupas de banho umidas por muito tempo tamb�m favorecem o quadro. Sintomas mais comuns s�o coceira e queima��o na vulva e vagina. A vulva pode estar vermelha, inchada e com fissuras. O corrimento vaginal usualmente � branco-amarelado, sem cheiro, semelhante � “nata” ou “leite coalhado”. O tratamento inclui medica��o oral e/ou de uso local na vulva e/ou vagina. Nesta �poca do ano, d� prefer�ncia para uso de calcinha de algod�o, saias e vestidos, al�m de evitar permanecer com roupa de banho por muito tempo – isso inclui as meninas.

Vaginose bacteriana: causada pelo crescimento exacerbado de bact�rias anaer�bicas facultativas, como Gardnerella vaginalis, presentes na flora normal da vagina. Principal sintoma � um aumento do corrimento vaginal, que muda para cor acinzentada e com cheiro de “peixe”. Normalmente n�o co�a, mas pode ocorrer, caso haja muita secre��o. Tratamento pode ser feito atrav�s de medicamento oral ou t�pico vaginal. Apesar de n�o ser uma infec��o sexualmente transmiss�vel (IST), o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) Sexually Transmitted Diseases recomenda realiza��o de exames para rastreamento de IST nas pacientes com esse diagn�stico.

Tricomon�ase: causada pelo protozo�rio Trichomonas vaginalis. � transmitida por rela��o sexual, sendo necess�ria pesquisa tamb�m para outras IST. Sinais incluem corrimento vaginal amarelo-esverdeado ou acinzentado, pode haver sangramento vaginal ap�s rela��o sexual, odor de “peixe”, al�m de queima��o, irrita��o, vermelhid�o e edema na vulva e dor para urinar. Tratamento � feito atrav�s de antibi�tico por via oral, em dose �nica. Parcerias sexuais devem ser tratadas.

Mesmo com essa diversidade de diagn�sticos para um sintoma �nico – o corrimento vaginal –, � muito comum as mulheres se automedicarem quando come�am a apresentar tais inc�modos, principalmente quando pensam se tratar candid�ase vaginal. Os medicamentos usados s�o seguros e eficazes no tratamento. Entretanto, muitas mulheres pensam que est�o com candid�ase quando, na verdade, apresentam outros problemas. Nesses casos, os medicamentos para candid�ase n�o resolver�o o quadro, al�m de atrasar o diagn�stico e tratamento do real problema.

Mesmo que voc� j� tenha apresentado candid�ase anteriormente, seria uma boa ideia consultar um profissional de sa�de antes de se automedicar. Se for a primeira vez que apresenta os sintomas, voc� deveria procurar seu m�dico. Se voc� tem se automedicado e seus sintomas n�o melhoraram, voc� deve procurar seu m�dico.

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