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Psicologia do senso comum ou do quotidiano (Alltagspsychologie) (muitas vezes também é chamada de psicologia ingênua ou naive) "é um sistema de convicções culturalmente transmitidas a respeito do comportamento e das experiências pessoais humanas e suas causas"[1]. Em outras palavras, é o conjunto de teorias que cada pessoa tem a respeito de como o ser humano funciona. Essas teorias e convicções estão profundamente arraigadas no ser humano e servem de base para as decisões que as pessoas tomam no dia-a-dia.
A psicologia científica se desenvolve sobre o pano de fundo da psicologia do senso comum e deve tê-la sempre em conta. No entanto a relação entre as duas não é sempre pacífica. Alguns autores, como Harold Kelley (1992)[2] defendem que a tarefa da psicologia científica não é refutar a psicologia do senso comum, mas desenvolvê-la e sistematizá-la - afinal a psicologia do senso comum contém um conhecimento sobre o ser humano que permite às pessoas que se compreendam mutuamente, o que, de maneira geral, funciona. No entanto, muitas descobertas da psicologia científica contradizem a psicologia do senso comum - por exemplo, quando Freud afirmou pela primeira vez que crianças têm sexualidade, hoje uma ideia já difundida e confirmada, a opinião comum a respeito era ver as crianças como seres assexuados - e esta, além disso, propõe muitas vezes ideias contraditórias - por exemplo a ideia de que pessoas devam se relacionar com seus semelhantes ("lé com lé, cré com cré") coexiste com a ideia de que "os opostos se atraem", cada uma sendo escolhida conforme a situação. Por isso outros autores [3][4] vêem na psicologia do senso comum um do grandes obstáculos da psicologia científica, pois a influência daquela acaba por dificultar ou até mesmo impedir esta de desenvolver novas ideias e conceitos.[5] Por outro lado, como se vê no próprio exemplo da teoria de Freud, a psicologia do senso comum está sempre em mudança e é constantemente alimentada por ideias e conceitos da psicologia científica. A tensão entre as duas permeia assim toda a atividade da psicologia científica, exigindo do pesquisador uma redobrada atenção.
Referências
- ↑ "Die Alltagspsychologie ist ein System kulturell tradierter Überzeugungen über menschliches Erleben und Verhalten und dessen Ursachen" Asendorpf (2004), p.2.
- ↑ Kelly, Harold H. (1992). Common-sense psychology and scientific psychology. Annual review of psychology, 43, 1-23.
- ↑ Peters, R. S. (1960). The concept of motivation. London: Routledge & Kegan Paul.
- ↑ Cosmides, L. & Tooby, J. (1994). Beyond intuition and instinct blindness: Toward an evolutionary rigorous cognitive science. Cognition, 50, 41-77.
- ↑ Rudolph, Udo (2003). Motivationspsychologie. Weinheim: Beltz.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Asendorpf, Jens B. (2004). Psychologie der Persönlichkeit. Berlin: Springer. ISBN 3 540 66230 8
- Rudolph, Udo (2003). Motivationspsychologie. Weinheim: Beltz. ISBN 3-621-27508-8
- Portal da psicologia
Interesse pela ciência da psicologia.
Em meus anos de atuação como psicóloga é muito comum encontrar pessoas interessadas em conhecer mais sobre a psicologia.
Geralmente as pessoas são muito curiosas quanto ao tema. Algumas delas tentam fundamentar comportamentos por meio de experiências próprias, observação ou leituras de autoajuda.
Mas afinal qual o objetivo da psicologia?
Em suma, a psicologia enquanto ciência estuda o comportamento humano e os processos mentais. Assim, ela procura compreender porque as pessoas pensam, sentem e agem da maneira que o fazem.
Isso é instigante, afinal, cada ser humano é único e reage de forma diferenciada em cada situação. Talvez isso explique a curiosidade em investigar a mente humana. Afinal,
O estudo do comportamento é uma viagem que leva a vários caminhos, por isso o fascínio das pessoas pela psicologia.
Entretanto, a psicologia enquanto ciência faz isso de forma aprofundada. Concentra-se nos fenômenos relacionados ao funcionamento de indivíduos e dos grupos de forma científica e validada. Assim, prepara os profissionais para trabalharem com técnicas mais profundas.
Bastante diferente do senso comum.
A Psicologia do Senso Comum
Por outro lado, a psicologia da vida pode e deve ser aplicada no dia a dia, afinal, nem tudo precisa ter fundamento científico. Afinal, Inegavelmente, existem conhecimentos espontâneos. Aqueles que sabemos e ponto.
É o caso de uma mãe que esquenta a mamadeira e simplesmente sabe quando o leite está na temperatura ideal. Ela não fez nenhum cálculo científico e complicado para isso, simplesmente usou sua ideia de quente ou frio.
Infelizmente, muitas pessoas leigas, sem conhecimento científico utilizam a psicologia do senso comum e a vendem como ciência. Possivelmente para analisar, vender ou justificar uma ideia ou situação.
No entanto, em muitos casos, somente um bom psicólogo está preparado para analisar ou lidar com algumas coisas. É o exemplo de um sofrimento psíquico ou de uma dor emocional.
Saliente-se que não tenho nada contra o senso comum adquirido por meio das experiências vividas ou observadas. O que eu digo é que é necessário tomar certos cuidados. Já que:
O problema é que o conhecimento intuitivo e seu critério de verdade não é universal. Ele varia de acordo com a crença e com a cultura de cada pessoa. Por outro lado, a ciência é feita de um conjunto de conhecimentos sobre fatos reais e não da ficção. Acrescente-se a isso as normas, protocolos e linguagem precisa e rigorosa para relatar tais eventos.
Restrições ao Senso Comum
Sem dúvida, a relação entre Psicologia do senso comum e a ciência é muito estreita. Afinal, o conhecimento científico tem como objeto o estudo real que é a vida.
Aliás, há muitos conhecimentos da psicologia apropriados pelo senso comum.
Frequentemente ouvimos dizer que fulano “está neurótico”, ou “tem mania de perseguição”. Ainda que a pessoa não saiba cientificamente o que é isso, é possível que entenda e que se faça entender quando utiliza esses termos. Assim,
Aplique a psicologia do senso comum com moderação.
Se uma máquina de sua empresa apresentar problema, certamente você procurará um técnico para resolvê-lo.
Se o seu filho estiver doente, você consultará um médico. O mesmo procedimento vale para questões que envolvem sofrimentos e curas psicológicas.
Contribuições que Somente a Ciência da Psicologia Pode Oferecer
Logo, aplicando a mesma lógica, o diagnóstico e a cura (solução) de problemas psicológicos delimitam-se ao campo da psicologia.
Principalmente quando é necessário psicoterapia ou utilização de instrumentos de avaliação ou mensuração de natureza psicológica de uso privativo do psicólogo.
Nesse sentido, assim dispõe a legislação:
Psicólogos são profissionais que estudam, pesquisam e avaliam o desenvolvimento emocional e os processos mentais e sociais de indivíduos, grupos e instituições, com a finalidade de análise, tratamento, orientação e educação. Diagnosticam e avaliam distúrbios emocionais e mentais e de adaptação social, elucidando conflitos e questões e acompanhando do(s) paciente(s) durante o processo de tratamento ou cura. Investigam os fatores inconscientes do comportamento individual e grupal, tornando-os conscientes. Desenvolvem pesquisas experimentais, teóricas e clínicas e coordenam equipes e atividades de área e afins.
(Fonte: Classificação Brasileira de Ocupações – CBO – Ministério do Trabalho e Emprego)
Portanto, é preciso entender que o senso comum possui várias restrições que só podem ser transpostas pela ciência psicológica.
Psicologia Positiva: Uma Possibilidade
Mas se você deseja conhecer um pouco mais sobre a ciência psicológica mesmo não sendo psicólogo, existe uma possibilidade interessante. Refiro-me ao crescente movimento da Psicologia Positiva.
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