As festas juninas estão entre os mais prestigiados festejos públicos tradicionais do Brasil. Elas são comemoradas entre nós desde a época colonial e tem suas raízes na mistura das tradições rurais que se formaram no interior do Brasil com o catolicismo popular herdado da Europa.
Relação das festas juninas com o catolicismo popular
As festas juninas levam esse nome, evidentemente, porque são realizadas no mês de junho. Mas qual é o motivo de tais festas serem celebradas justamente nesse mês? A explicação é simples: em junho celebra-se o dia de quatro santos da Igreja Católica: Santo Antônio de Pádua (dia 13), São João Evangelista (dia 24), São Pedro e São Paulo (ambos celebrados no dia 29). Desse modo, as festas realizadas ao longo do mês giram em torno desses santos.
É importante ressaltar também que o imaginário popular referente a esses santos, principalmente a São João, dá a cara e o tom das festas. Por exemplo: um dos elementos principais de uma festa junina é a fogueira. Em torno da fogueira, são feitas simpatias, dança-se, come-se etc. A fogueira é símbolo de São João Batista. Por isso, a ocasião mais precisa para fazer a fogueira é na virada do dia 23 para o dia 24.
Relação das festas juninas com as tradições rurais brasileiras
As festas juninas formaram-se também no seio das tradições populares rurais, como a tradição caipira do Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, a tradição do interior do Nordeste (inclui elementos como o maracatu rural, que também faz parte do Carnaval), as tradições amazônicas, entre outras.
Por serem festas de caráter rural, as comidas típicas feitas à base de alimentos cultivados nas regiões do interior também são elementos importantes. É o caso dos pratos compostos à base de amendoim, como paçoca e pé de moleque, ou à base de milho, como pamonha, canjica, bolo de milho, angu etc. Há ainda aqueles que preferem o milho-verde assado na fogueira.
As comidas típicas são outro elemento bastante importante das festas juninas
Faz parte também das festas juninas, com destaque fundamental, o cenário adornado com bandeirolas coloridas, os trajes típicos do interior e a famosa dança da quadrilha. A quadrilha tem origem francesa e foi introduzida no Brasil na época da vinda da Família Real Portuguesa, no início do século XIX. É interessante notar algumas expressões aportuguesadas do francês das cantigas de quadrilha, como “anarriê”, “alevantú” e “balancê”.
Outros elementos que se destacam nas festas juninas são explosivos à base de pólvora, como traques, bombinhas, estalinhos e jorrões.
As festas juninas, como o próprio nome indica, são comemoradas no mês de junho e têm uma relação direta com o catolicismo popular, que foi herdado pelo Brasil da tradição portuguesa. Cada dia de comemoração das festas juninas está relacionado com um santo católico.
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Santos celebrados nas festas juninas
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O primeiro desses santos é Santo Antônio de Pádua, cuja morte ocorreu nessa cidade, em 13 de junho de 1231. Esse dia é o primeiro a ser celebrado nas festas juninas. Santo Antônio é tido como santo familiar, protetor do lar e também ganhou a fama de “santo casamenteiro”.
O segundo, na ordem das festas, é São João Batista, cujo dia é festejado em 24 de junho. João Batista era contemporâneo de Jesus Cristo e foi o responsável pela anunciação de sua vinda ao mundo. Não se sabe a data de seu nascimento. O dia 24 lhe foi atribuído pela tradição católica porque era geralmente nesse dia que se prestava culto ao deus Adônis, na Roma Antiga. A figura de João Batista substituiu a de Adônis.
Na sequência, vem São Pedro, um dos doze apóstolos escolhidos por Cristo. O seu dia é festejado em 29 de junho. Na verdade, essa data é dedicada tanto a São Pedro quanto a São Paulo de Tarso, pois ela foi eleita para relembrar o martírio de ambos, em Roma, já que foram sacrificados por defenderem a religião cristã.
Todos os elementos das crendices e superstições relacionadas com o clima das festas juninas estão atrelados à devoção desses santos. A fogueira de São João, por exemplo, remete à história da mãe de João Batista, que, para avisar Maria, mãe de Jesus, do nascimento de João, teria feito uma enorme fogueira.
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Características da tradição rural
Outro ponto importante para se compreender as festas juninas do Brasil é o fato de elas serem expressões da cultura popular rural. É sabido que o Brasil foi por muitos séculos eminentemente rural, tanto na época colonial quanto após a Independência. A formação da população brasileira, sobretudo nos sertões distantes do litoral, ocorreu pela formação de clãs rurais e pelas relações de compadrio (relações entre compadres) que ligavam um clã a outro.
Essas relações estão refletidas nas festas juninas tanto em ritos, como o apadrinhamento ou batismo na fogueira, quanto em bailados, como a quadrilha, e também nas comidas típicas. Sobre o apadrinhamento na fogueira, a pesquisadora Lúcia Rangel|1| diz o seguinte:
“Havia duas formas principais de tornar-se compadre e comadre, padrinho e madrinha: uma era, e ainda é, pelo batismo; a outra, por meio da fogueira. Nas festas de São João, os homens, principalmente, formavam duplas de compadres de fogueira e deveriam pular as brasas dando-se as mãos em sentido cruzado. Era comum recitarem versos como estes: ''São João dormiu/ São Pedro acordô/ vamo sê cumpadre/ que São João mandô”.
Já a quadrilha é um tipo de bailado que veio da França para o Brasil, na virada do século XVIII para o XIX. Nessa dança estão presentes alguns ícones da sociedade rural patriarcal que se formou no Brasil e sua origem remonta a Paris do século XVIII. A chamada quadrille era uma espécie de contradança (contredanse française) de dança campestre, rural, que se ajustou bem à tradição sertaneja caipira do centro-sul do país. A origem francesa desse bailado pode ser percebida em algumas expressões típicas, como:
anarriê (de anarriè, que significa “para trás”),
balancê (de balancet, que significa balanceio, giro) e
changê (de changé, que significa mudar, trocar de par).
As comidas típicas, por sua vez, relacionam-se com o tempo de colheita e com um dos principais alimentos cultivados no interior do Brasil, o milho, mas também estão presentes derivados do leite, batata e mandioca. Entre as comidas típicas principais, estão pipoca, bolo de milho verde, arroz-doce, biscoito de polvilho, canjica, milho cozido, batata-doce e mandioca assadas na fogueira, bolo de fubá, bom-bocado, maria-mole, entre outras.
Nota
|1| RANGEL, Lúcia Helena Vitalli. Festas juninas, festas de São João: origens, tradições e história. São Paulo: Publishing Solutions, 2008. p. 23.
Publicado por Cláudio Fernandes