O que e a comunicação total e como essa filosofia se manifesta na educação dos surdos

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O que e a comunicação total e como essa filosofia se manifesta na educação dos surdos

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realizadas nos EUA sobre a chamada “Filosofia da Comunicação Total”.
A Comunicação total
Por volta de 1960, Dorothy Shifflet, professora e mãe de uma menina surda, descontente com os 
métodos oralistas, utilizou um método que combinava sinais, fala, leitura labial e treino auditivo, 
denominando seu trabalho de Total Approach – (Abordagem ou Comunicação Total)
Comunicação Total respeita as características da pessoa com surdez utilizando todo e qualquer 
recurso possível para a comunicação, a fim de potencializar as interações sociais, considerando 
as áreas cognitivas, linguísticas e afetivas dos alunos. A ideia é usar o que for possível para se 
processar uma comunicação eficiente. Esta filosofia recomenda o tanto de códigos manuais 
como da língua oral.
Diferente do que é defendido pelo oralismo, a Comunicação Total acredita que somente o 
aprendizado da língua oral não assegura pleno desenvolvimento do surdo. A proposta filosófica 
da Comunicação Total valoriza a comunicação e a interação, e não apenas a língua. Outro 
aspecto relevante é o respeito e valorização da família e seu papel na hora de compartilhar 
valores e significados.
Esta filosofia defende a ideia que o deficiente auditivo deve ser aceito de forma que não haja 
discriminação pelo fato da criança surda não dominar a oralidade. Ainda assim há ainda resistência 
quanto a essa proposta, já que a oralidade continua a ser o objetivo principal de trabalho em 
muitas sessões de terapia, tanto por imposição de algumas famílias como pela visão de muitos 
profissionais.
Apesar das políticas públicas investirem no estabelecimento de modelos que valorizem o surdo 
na sua totalidade, os ganhos ainda são pequenos. O certo é que a Comunicação Total possibilitou 
o contato com sinais anteriormente proibidos pelo oralismo. Esse contato propiciou aos surdos 
à aprendizagem das línguas de sinais que, no uso da Comunicação Total, era frequentemente 
utilizado entre os alunos, enquanto na relação com o professor era usada uma mistura de língua 
de sinais com a língua oral. 
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CAPÍTULO 2 • A CULtURA SURDA
O Bilinguismo
O Bilinguismo é o uso de mais de uma língua, dentro de uma mesma comunidade linguística ou 
pela mesma pessoa. Essa posposta filosófica e metodológica visa capacitar a pessoa com surdez 
para a utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social: a Língua de Sinais (que 
no Brasil é a LIBRAS), e a língua da comunidade ouvinte (Português).
O bilinguismo surge como uma proposta de intervenção educacional com a finalidade de atender 
as especificidades linguísticas dos alunos surdos. Considera-se que a língua de sinais é uma língua 
natural adquirida de forma espontânea pela pessoa surda em contato com as pessoas que usam 
essa língua. A língua escrita, por sua vez, é adquirida de uma forma sistematizada. 
A filosofia do bilinguismo defende que as línguas (falada e de sinais) podem conviver, mas não 
simultaneamente. Para o Surdo a 1ª Língua (Língua Materna) deve ser a LIBRAS e a 2ª a Língua 
Portuguesa. Os resultados têm indicado que esta proposta, quando bem executada, apresenta 
resultados satisfatórios no ensino de crianças surdas, tendo como foco à língua de sinais como 
parte de um pressuposto para o ensino da língua escrita.
“No Bilinguísmo o surdo precisa compreender e sinalizar fluentemente sua língua 
de sinais e ler e escrever fluentemente no idioma do país.” 
CAPOVILLA (2000).
Um aspecto que deve ser considerado é que a Língua de Sinais são sistemas de sinais independentes 
das línguas faladas. Não existe uma língua de sinais utilizada e compreendida universalmente, pois 
uma se diferencia da outra. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) tem sua origem na Língua de 
Sinais Francesa – origem, e não reprodução. A LIBRAS é diferente da Língua de Sinais Americana 
(ASL), que é diferente da Língua de Sinais Britânica (BSL), que difere, por sua vez, da Língua de 
Sinais Francesa (LSF). Mesmo no Brasil, a LIBRAS possui variações linguísticas regionais, ou seja, 
diferenças de sinais por região. Isso comprova a rica expressividade presente na comunicação 
com a Língua de Sinais (SKLIAR, 1999).
Língua de Sinais e Escola para Surdos.
A Lei no 10.436/2002 considera a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como língua oficial da 
comunidade surda e defende a educação bilíngue para os surdos, reconhecendo a existência 
da cultura surda. 
“Por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de 
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua 
Brasileira de Sinais (LIBRAS)”.
Definição de sujeito surdo - Decreto Federal no 5.626/2005
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A CULtURA SURDA • CAPÍTULO 2
A partir do Decreto no 5.626/2005, que regulamentou a Lei de Libras, as propostas educacionais 
do Bilinguismo começaram a se estruturar. O Decreto prevê a organização de turmas bilíngues, 
constituídas por alunos surdos e ouvintes onde as duas línguas (LIBRAS e Língua Portuguesa) 
são utilizadas no mesmo espaço educacional, definindo para os alunos surdos LIBRAS como 
primeira língua é a Língua Portuguesa na modalidade escrita, como segunda. O decreto orienta 
ainda quanto à formação inicial e continuada de professores e formação de intérpretes para a 
tradução e interpretação da LIBRAS e da Língua Portuguesa.
Na perspectiva bilíngue, a Língua de Sinais é caracterizada como língua natural para o surdo e, portanto, sua primeira língua 
(L1). A Língua Portuguesa, língua oficial do país, na modalidade escrita, deve ser aprendida como segunda língua (L2).
Nesse sentido, o processo de alfabetização de uma criança surda deve ser entender que a Língua 
Portuguesa (L2), possibilita uma “leitura do mundo”, mas é por meio da Língua de Sinais (L1) que 
a criança conseguirá fazer uma “leitura de mundo”, ou seja, é por meio da língua de sinais que as 
crianças pensam e discutem sobre o mundo estabelecendo noções e organizando pensamentos, 
com base na descoberta da própria língua. (QUADROS, 2004).
Identidade, Cultura e Comunidade Surda
Em oposição ao discurso do “corpo danificado” os surdos lutam pelo reconhecimento da surdez 
como “uma, entre outras tantas, formas de estar no mundo”. Em diversas comunidades surdas, 
a luta é pelo reconhecimento da surdez como diferença. Nesse sentido a surdez vai além da 
deficiência e questões biomédicas, ocupando seu espaço nos estudos sociais, linguísticos, 
educacionais e antropológicos. Essas novas compreensões solidificam o “Ser Surdo” como uma 
forma de existir, desdobrando-se em uma série de expressões identitárias.
Se anteriormente eram identificados como “portador” de uma enfermidade ou doença; como 
“deficiente” no sentido no sentido pejorativo, hoje os surdos envolvem-se nas lutas políticas e 
movimentação popular, reivindicando e reafirmando seus direitos. Esses movimentos caminham 
em prol da afirmação das identidades surdas.
“Identidade é o processo de construção do significado com base num atributo 
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais inter-relacionados, o(s) 
qual(is) prevalece(m) sobre outras formas de significado” 
(CASTELLS, 2001, p. 3)
A identidade torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada 
continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados 
nos sistemas culturais que nos rodeiam (HALL, 1987). É definida historicamente, e não 
biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, 
identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente 
(HALL, 2006, p. 13).
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CAPÍTULO 2 • A CULtURA SURDA
Perlin (2005) cita algumas das várias identidades comuns entre o povo surdo, que podem ser 
definidas como:
 » Identidade Flutuante: o surdo vive e se manifesta de acordo com o mundo ouvinte, se 
espelhando na representação hegemonia do ouvinte.
 » Identidade Inconformada: o surdo se sente numa identidade subalterna, não conseguindo 
captar a representação da identidade ouvinte.
 » Identidade de Transição: o surdo passa por um conflito cultural, nos casos

O que é a comunicação total é como a filosofia se manifesta na educação dos surdos?

Comunicação Total Esta filosofia se preocupa também com a aprendizagem da língua oral pela criança surda, mas acredita que os aspectos cognitivos, emocionais e sociais não devem ser deixados de lado só por causa da aprendizagem da língua oral.

O que é comunicação total na educação dos surdos?

comunicação total: concepção que nasceu nos Estados Unidos nos anos 1960 e que chegou ao Brasil nos anos 1980, propõe o uso simultâneo de diversos recursos para a comunicação com os surdos, abrangendo oralização, sinalização e uso de sinais para tentar uma correspondência com a língua oral.

Qual a estratégia do modelo da filosofia de comunicação total na educação de surdos?

Para Lacerda (1998) a abordagem de ensino na educação dos surdos que ganhou impulso nos anos 1970 ficou conhecida de Comunicação Total, e defendia um ensino com uso de sinais, leitura orofacial, amplificação e alfabeto digital com o objetivo de inputs linguísticos para estudantes surdos.

O que foi a comunicação total?

Na Comunicação Total ocorre a utilização simultânea da linguagem oral e gestual, em- pregando todas as formas possíveis de comunicação, usando a fala, leitura labial, língua oral sinalizada, alfabeto manual, audição residual, e outros, diferenciando-se do Bilinguismo que aborda as duas línguas, de forma que, elas sejam ...