Manifestação 1 de maio 2022

Manifestações marcaram o Dia do Trabalhador, celebrado hoje (1º). Os atos dividem-se entre contrários e favoráveis ao governo.

Manifestação 1 de maio 2022
Manifestação 1 de maio 2022

No Rio de Janeiro, manifestantes pedem melhorias nas condições de emprego e de salários no Brasil. No Aterro do Flamengo, na zona sul do Rio, o ato em defesa dos direitos dos trabalhadores foi convocado por sindicatos e organizações. 

Também na zona sul do Rio, em Copacabana, ocorreu um ato a favor do presidente Jair Bolsonaro. Em Niterói, também houve outra manifestação pró-governo, com a presença do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).

Brasília

Em Brasília, manifestantes ocuparam o gramado de frente ao Congresso Nacional, na Esplanada dos Ministérios, e caminharam junto com o presidente Jair Bolsonaro – que participou do evento durante cerca de dez minutos. Bolsonaro não fez discursos, mas transmitiu imagens em suas redes sociais.

Na manhã deste domingo, a capital federal também foi palco de atos de centrais sindicais, pelo Dia do Trabalhador.

São Paulo

Em São Paulo, os atos do Dia do Trabalhador foram realizados na Praça Charles Miller, no bairro do Pacaembu, onde um palco foi montado para receber os representantes sindicais, convidados e artistas. O encontro teve início por volta das 10h.

Os discursos e apresentações começaram pela manhã. Entre os assuntos abordados na manifestação, os trabalhadores presentes pediram políticas de valorização do salário mínimo, geração de renda e emprego e ampliação de direitos sociais, incluindo para trabalhadores autônomos e de aplicativo.

Por volta de 16h, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou no ato dizendo que estava presente no ato de 1º de maio para discutir os problemas dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.

Já a Avenida Paulista foi fechada para receber manifestantes pró-governo. Os manifestantes defenderam a liberdade de expressão.

Durante a tarde, uma mensagem gravada pelo presidente Jair Bolsonaro foi exibida para os presentes.

Policiamento e SSP

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que 840 policiais militares foram mobilizados para atuar nos atos na Avenida Paulista e na Praça Charles Miller, com um esquema especial de policiamento, além do policiamento regular da capital.

Para isso, o patrulhamento será intensificado desde as primeiras horas no local e também nas imediações das estações do Metrô. No restante da capital e estado, o policiamento preventivo e ostensivo também está preparado para garantir a segurança da população.

Ainda segundo a SSP, as ações serão monitoradas pelo sistema Olho de Águia, por meio de câmeras fixas, móveis, motolink e body cams, e acompanhadas diretamente da Sala de Comando e Controle instalada no Centro de Operações da PM (Copom), e as delegacias territoriais também estarão preparadas para atender a população e registrar celeremente todas as ocorrências, se necessário. 

Está prevista ainda revista pessoal e mochilas devem ser vistoriadas em virtude da proibição do porte de objetos que possam atentar contra a vida dos presentes nas manifestações, população em geral e policiais.

Dia do Trabalhador

O Dia do Trabalhador é uma data celebrada em vários países do mundo e que, no Brasil, é feriado nacional. O dia faz memória a uma greve de trabalhadores que aconteceu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1886, por melhores condições de trabalho. Por conta desta mobilização, o Dia do Trabalhador virou um marco da luta por direitos trabalhistas.

São enganosas postagens que mostram vídeos de manifestações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e dão a entender que os atos ocorreram em 1º de maio de 2022, no Dia do Trabalhador. Um dos vídeos mostra uma manifestação com milhares de pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, outra em Copacabana, no Rio de Janeiro, e outra na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Os vídeos foram originalmente gravados nos atos convocados pelo presidente Bolsonaro em 7 de setembro de 2021, no Dia da Independência do Brasil. No dia 1° de maio de 2022 também houve manifestações ​pró-Bolsonaro, porém, com menos pessoas do que os atos do feriado da Independência, como repercutido pela imprensa.

As gravações podem ser encontradas circulando na internet desde 7 de setembro de 2021, quando o presidente Jair Bolsonaro convocou atos em apoio ao governo pelo país. Só em São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública do estado estima que mais de 125 mil pessoas participaram daquele ato. Números extraoficiais da Polícia Militar do Distrito Federal apontaram que havia pelo menos 400 mil pessoas na manifestação de Brasília. O Rio de Janeiro não apresentou estimativa de público.

O vídeo que mostra a Avenida Paulista foi compartilhado no Twitter pelo assessor especial para Assuntos Internacionais do Presidente da República, Filipe Martins, em 7 de setembro do ano passado. Em um vídeo publicado pelo UOL, também é possível ver que os manifestantes estenderam uma longa faixa verde e amarela, como a que aparece no vídeo enganoso, que também pode ser observada em outras gravações feitas no Dia da Independência.

No vídeo que mostra a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, uma das pessoas que aparece na filmagem narra que é "7 de setembro, 10h30 da manhã". Além disso, no vídeo, é possível ver um caminhão com a bandeira do Brasil que aparece em outras publicações da manifestação no Dia da Independência. O vídeo em questão pode ser visto no perfil do dono do caminhão que compartilhou a gravação no dia 7 de setembro e deixou salvo por meio da ferramenta "Destaques", no Instagram.

A gravação que mostra o Rio de Janeiro foi publicado na rede social Kwai no dia 7 de setembro de 2021, quando houve uma manifestação de apoio ao presidente Bolsonaro na praia de Copacabana. No canto inferior direito do vídeo, compartilhado no Facebook, é possível ver a identificação de um usuário do Kwai, que postou o vídeo com a data da gravação.

O próprio Facebook, no grupo onde o vídeo foi postado como tendo sido feito no dia 1º de maio de 2022, aponta o conteúdo do post como "informação parcialmente falsa". Ainda assim, a publicação, até o dia 3 de maio, já havia ultrapassado a marca de 5,4 mil curtidas.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. Em dois posts diferentes no Kwai, o vídeo com imagens do Rio de Janeiro teve 78,9 mil e 130,9 mil visualizações até 4 de maio. No Facebook, uma das postagens com este vídeo tinha 5,5 mil curtidas, 936 comentários e 44 mil visualizações. Outra tinha 10 mil compartilhamentos. Até a mesma data, no Facebook, uma publicação referente ao protesto realizado na Avenida Paulista tinha 1 mil curtidas, 242 comentários e 1,8 mil compartilhamentos e a outra chegou a 7,7 mil curtidas e 3,3 mil compartilhamentos. Juntos, os posts somam mais de 226 mil interações.

O que diz o autor da publicação: O Comprova fez contato, mas não obteve retorno dos autores dos posts até a publicação desta reportagem.

Como verificamos: Para começar, o Comprova procurou pelos vídeos nas redes sociais, o que nos levou até a publicação do assessor especial para Assuntos Internacionais do Presidente da República, Filipe Martins, no Twitter em 7 de setembro, com o vídeo de São Paulo. Para encontrar o vídeo de Brasília, procuramos no Google publicações sobre o caminhão com a bandeira do Brasil, que é visto no centro do vídeo. Por meio da busca, encontramos o perfil do dono do caminhão que tem o mesmo vídeo salvo nos destaques do Instagram. Nas buscas, usamos palavras-chave como "São Paulo", "manifestação", "Bolsonaro", "7 de setembro", "avenida paulista", "Brasília", "Esplanada dos Ministérios", "caminhão", "bandeira do Brasil". O vídeo do Rio de Janeiro, compartilhado no Facebook, tem a logo do perfil do Kwai que postou o vídeo com a data original de 7 de setembro.

Enganoso para o Comprova é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações ou que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que tenham viralizado nas redes sociais sobre a pandemia de covid-19, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Sobre o conteúdo aqui apurado, o Comprova investigou postagens que estão usando imagens de manifestações antigas para desinformar sobre protestos a favor do presidente Jair Bolsonaro no dia 1º de maio deste ano e questionar a credibilidade de pesquisas eleitorais, o que pode comprometer o processo democrático.

Outras checagens sobre o tema: O mesmo conteúdo também foi verificado por outras iniciativas de checagem como o Aos Fatos e a Agência Lupa. Todos chegaram à conclusão de que os vídeos não têm relação com as manifestações do Dia do Trabalhador.

Em verificações anteriores, o Comprova mostrou que vídeo de Neymar com apoio a Aécio em 2014 foi editado para parecer atual e em favor de Bolsonaro; que vídeos de manifestação contra Lula em Passo Fundo são de 2018; que é enganosa postagem afirmando que lançamento da campanha de Bolsonaro reunião multidão em Brasília e que vídeo de Bolsonaro é de inauguração de trecho do VLT na Grande Natal e não de ferrovia que liga o Pará ao Maranhão.

A investigação desse conteúdo foi feita por Estadão, Correio Braziliense e Imirante.com e publicada na quinta-feira (5) pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 33 veículos na checagem de conteúdos sobre coronavírus, políticas públicas e eleições. Foi verificada por Nexo, Plural, Metrópoles, SBT, SBT News, A Gazeta e O Dia.