ResumoObjetivo:Descrever a prevalência de hipertensão arterial (HA), segundo características sociodemográficas, no Brasil, e analisar os indicadores relacionados ao acesso aos serviços de saúde e orientações para controle do agravo no país. Show
Métodos:Estudo transversal descritivo utilizando a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Estimou-se a prevalência de HA com intervalo de confiança de 95% (IC95%), além das proporções dos indicadores da HA. Resultados:Foram 88.531 os entrevistados, dos quais 23,9% autorreferiram HA, mais prevalente entre o sexo feminino (26,4%) e idosos (55,0%). Entre aqueles que autorrelataram HA, 57,8% referiram atenção médica nos últimos seis meses; a maioria recebeu orientações sobre autocuidado; 66,1% foram atendidos em serviço público de saúde; e 45,8%, em unidade básica de saúde (UBS). Conclusão:A prevalência de HA na população brasileira foi alta, com a maioria das pessoas que autorreferiram o agravo sendo atendidas em serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), onde receberam orientações sobre promoção da saúde Palavras-chave: ResumenObjetivo:Describir la prevalencia de hipertensión arterial (HA) según características sociodemográficas en Brasil y analizar los indicadores relacionados con el acceso a los servicios de salud y orientaciones para su control. Métodos:Estudio descriptivo transversal utilizando la Encuesta Nacional de Salud 2019. Se estimó la prevalencia de HA con intervalo de confianza del 95% (IC95%) y proporciones de los indicadores de la HA. Resultados:Hubo 88.531 entrevistados, de los cuales 23,9% declararon haber HA, con mayor prevalencia entre el sexo femenino (26,4%) y ancianos (55,0%). Entre los autodeclarados con HA, 57,8% recibió atención médica en los últimos seis meses; la mayoría recibió orientación sobre el autocuidado; 66,1% fue atendido en un servicio público de salud y 45,8% en unidad básica de salud. Conclusión:La prevalencia de la HA en la población brasileña fue alta, con la mayoría de las personas que autorreferían al agravio siendo atendidas en los servicios del Sistema Único de Salud (SUS), donde han recibido orientación sobre el autocuidado. Palabras clave: Contribuições do estudo Principais resultadosA prevalência da hipertensão arterial (HA) autorreferida foi de 23,9%, mais prevalente entre o sexo feminino e idosos. A maioria recebeu orientações sobre autocuidado; 66,1% foram atendidos em serviço público de saúde e 45,8% em unidade básica de saúde (UBS). Implicações para os serviçosA maioria dos participantes realizou a última consulta em UBS, que é, portanto, porta de entrada no cuidado das pessoas com HA, essencial para o acesso às ações de promoção da saúde e aos medicamentos, exames e referenciamento para os especialistas. PerspectivasO cuidado em saúde é essencial para a redução dos fatores de risco modificáveis que impactam na ocorrência da HA. A avaliação contínua do acesso à saúde auxilia no desenvolvimento de políticas públicas que melhoram a qualidade de vida da população. IntroduçãoA hipertensão arterial (HA) é definida a partir de medidas persistentemente elevadas da pressão arterial (PA), com PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg.11. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Gomes MAM, Brandão AA,
Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020. Arq. Bras. Cardiol. 2021; 116(3): 516-658. doi: 10.36660/abc.20201238 Estima-se que, no mundo, a HA seja responsável por 10,4 milhões de mortes anuais e por 218 milhões de anos de vidas perdidos ajustados por incapacidade
(Disability Adjusted Life Years - DALYs),22. GBD 2016 Causes of Death Collaborators. Global, regional, and national age-sex specific mortality for 264 causes of death, 1980-2016: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Lancet 2017 set; 390(10100): 1151-210. doi: 10.1016/S0140-6736(17)32152-9 além de ser a causa atribuível de aproximadamente 40% das mortes em portadores de diabetes mellitus, 14% da
mortalidade materno-fetal na gravidez e 14,7% do total de DALYs para a doença renal crônica.22. GBD 2016 Causes of Death Collaborators. Global, regional, and national age-sex specific mortality for 264 causes of death, 1980-2016: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Lancet 2017 set; 390(10100): 1151-210. doi: 10.1016/S0140-6736(17)32152-9,33. Institute for Health Metrics and
Evaluation. GBD Compare, Viz Hub [Internet]. 2019 [acesso em 10 fev 2021]. Disponível em: https://vizhub.healthdata.org/gbd-compare/ A HA constitui um dos principais fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares, doença renal crônica, intolerância à glicose, diabetes mellitus, dislipidemia e obesidade
abdominal,11. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Gomes MAM, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020. Arq. Bras. Cardiol. 2021; 116(3): 516-658. doi: 10.36660/abc.20201238 A prevenção da HA é custo-efetiva e evidências demonstram a relevância das medidas de prevenção primária e secundária, com ações de prevenção, detecção precoce e controle da HA nos programas de Atenção Primária à Saúde (APS).1010. Dantas RCO, Dantas DCO, Lima VV, Silva JPT, Amador AE, Lopes MS, et. al. O uso
de protocolos na gestão do cuidado da hipertensão arterial na atenção primária à saúde: uma revisão integrativa. Rev Cienc Plur. 2018; 4(1): 117-131 A APS tem papel primordial na promoção da saúde, democratizando o acesso universal aos serviços de saúde e agindo diretamente na melhoria dos indicadores de saúde e redução dos anos potenciais de vida perdidos.1111. Tesser CD, Norman AH, Vidal TB. Acesso ao cuidado na atenção primária à saúde
brasileira: situação, problemas e estratégias de superação. Saúde Debate. 2018; 42: 361-378. doi: 10.5190/0103-11042018s125 Com base no exposto, este estudo objetivou descrever a prevalência de HA segundo características sociodemográficas no Brasil e analisar os indicadores relacionados ao acesso aos serviços de saúde e orientações para o controle do agravo no país. MétodosTrata-se de estudo transversal descritivo, que analisou os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde. Para se calcular o tamanho da amostra da PNS, foram considerados os valores médios, as variâncias e os efeitos do plano
amostral, e se supôs uma taxa de não resposta de 20%. A metodologia de amostragem está mais bem detalhada em publicação específica.1313. Stopa SR, Szwarcwald CL, Oliveira MM, Gouvea ECDP, Vieira MLFP, Freitas MPS, et al. National Health Survey 2019: history, methods and perspectives. Epidemiol Serv Saude 2020 out; 29(5): e2020315. doi:
10.1590/s1679-49742020000500004 Relativamente às variáveis, utilizaram-se as perguntas do módulo Q de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) referentes ao tema HA. A variável desfecho foi a HA autorreferida, definida por meio de resposta positiva para a pergunta: Algum médico já lhe deu o diagnóstico de hipertensão arterial (pressão alta)? (sim; não). As características sociodemográficas analisadas foram: sexo (masculino; feminino), idade (por faixa etária: 18-24; 25-39; 40-59; ≥ 60 anos), escolaridade (sem instrução/fundamental incompleto; fundamental completo/médio incompleto; médio completo/superior incompleto; superior completo) e raça/cor da pele autorreferida (branca; preta; parda). Apesar de os indivíduos de raça/cor da pele amarela e indígena estarem contidas no total, não se realizou a análise de seus dados discriminadamente, conforme recomendação do IBGE, uma vez que há pequeno número de observações e elevado coeficiente de variação. Posteriormente, entre os que autorreferiram diagnóstico de HA, analisaram-se as proporções das variáveis derivadas das perguntas, conforme descrito a seguir:
O questionário original da PNS se encontra disponível em sítio eletrônico (https://www.pns.icict.fiocruz.br/questionarios/) e contém mais detalhes das categorias das variáveis. A coleta de dados ocorreu entre agosto de 2019 e março de 2020. Para o presente estudo, extraiu-se a base divulgada pelo IBGE através do endereço eletrônico https://bit.ly/3Kp5Q8c, sendo os dados analisados em novembro de 2020. Para a análise estatística, as variáveis foram transformadas em variáveis dicotômicas, sendo a resposta “sim” igual a 1, e as outras iguais a “0”. Realizou-se o cálculo das prevalências e razão de prevalência ajustada por idade, com seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). Posteriormente, aplicou-se o teste qui-quadrado de Pearson para se compararem as prevalências de HA total e por sexo, segundo características sociodemográficas, ao nível de significância de 5%. Para as variáveis relacionadas ao acesso aos serviços e cuidados, realizou-se o cálculo de porcentagem entre os entrevistados que autorrelataram diagnóstico de HA para cada categoria, com seus respectivos IC95%. Devido ao desenho amostral complexo e às
probabilidades desiguais de seleção, a análise da PNS necessita de pesos amostrais para os domicílios e para os moradores selecionados.1313. Stopa SR, Szwarcwald CL, Oliveira MM, Gouvea ECDP, Vieira MLFP, Freitas MPS, et al. National Health Survey 2019: history, methods and perspectives. Epidemiol Serv Saude 2020 out; 29(5): e2020315. doi:
10.1590/s1679-49742020000500004 O consentimento de todos os participantes foi obtido diretamente no dispositivo, no momento da entrevista. O projeto da PNS foi encaminhado à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa/Conselho Nacional de Saúde e aprovado sob o parecer nº 3.529.376, emitido em 23 de agosto de 2019. O presente estudo utilizou dados secundários, não identificados e de domínio público da PNS, e por isso não houve necessidade de nova apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. ResultadosA amostra prevista para a PNS 2019 foi de 108.525 domicílios e os dados foram coletados em 94.114 (proporção de resposta de 86,7%). Neste estudo, foram analisados os dados de 88.531 indivíduos. A Figura 1 apresenta o fluxograma das questões referentes ao diagnóstico autorreferido de HA, mostrando o número de entrevistados e os fluxos seguidos no questionário. Figura 1 Entre os adultos que referiram hipertensão, apenas 59,5% relataram ir ao médico/serviço de saúde regularmente para acompanhamento da HA, 30,5% referiram não ir ao médico e 10,0% nunca buscarem serviços regularmente para o controle da HA. Ainda, 95,3% afirmaram que receberam prescrição de algum medicamento para HA e, entre estes, 91,1% disseram haver tomado todos os medicamentos nas últimas duas semanas (Figura 1). A prevalência da HA autorreferida, segundo diagnóstico médico prévio, foi de 23,9% (IC95% 23,5;24,4), sendo mais elevada entre o sexo feminino (26,4%; IC95% 25,8;27,1). Pessoas com 60 anos ou mais (55,0%; IC95% 53,9;56,1) tiveram prevalência 22 vezes maior de HA, em comparação com aquelas na faixa etária entre 18 e 24 anos (2,3%; IC95% 1,7;2,9). Já a população com ensino superior (18,2%; IC95% 17,1;19,3) apresentou prevalência 30% menor, comparada com as de mais baixa escolaridade (36,6%; IC95% 35,7;37,4). Em relação à raça/cor da pele autorreferida, as pessoas pretas (25,8%; IC95% 24,4;27,2) e brancas (24,4%; IC95% 23,6;25,2) apresentaram maior prevalência, quando comparadas com as pardas (22,9%; IC95% 22,2;23,6). Na análise por sexo, a prevalência se manteve maior entre pessoas do sexo feminino com idade ≥ 60 anos, com menor escolaridade e em toda raça/cor autorreferida (Tabela 1). Tabela 1 Em relação ao atendimento médico por causa da HA, 72,2% referiram ter recebido atenção médica nos últimos 12 meses, e destes, 57,8% em menos de 6 meses. O atendimento médico para HA ocorreu principalmente em serviços públicos de saúde, totalizando 66,1% dos atendimentos, sendo 45,8% feitos em unidade básica de saúde (UBS). A maioria dos participantes relatou ter recebido orientações sobre autocuidado para a HA, como: manter uma alimentação saudável (87,2%), manter o peso adequado (84,3%), ingerir menos sal (87,7%), praticar atividade física (AF) regular (81,7%), não fumar (67,2%) e não beber em excesso (66,5%), além de fazer acompanhamento regular com profissional de saúde (85,2%). Entre os procedimentos solicitados, observou-se que o exame de sangue foi pedido em 79,9% dos casos; de urina em 69,9%; eletrocardiograma, em 64,5% dos casos; e teste de esforço, em 33,6%. Foram encaminhados para consulta com especialistas 25,0% dos indivíduos com HA (Tabela 2). Tabela 2 Por último, 65,6% dos entrevistados que autorreferiram HA relataram atendimento pelo SUS e somente 14,8% referiram pagamento para atendimento referente à HA (Figura 2). Figura 2 DiscussãoO estudo identificou que a HA autorreferida foi declarada por cerca de 1/4 da população e teve maior prevalência entre o sexo feminino, pessoas com idade mais elevada e a população com baixa escolaridade. Quanto ao cuidado prestado, verificou-se que 3/4 dos atendimentos totais foram realizados pelo SUS e houve ampla orientação sobre promoção da saúde, o que sugere que as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão 2020 estão sendo aplicadas na APS de forma sistemática. A PNS consiste no inquérito em saúde mais amplo e importante realizado no país, acontece a cada cinco
anos1313. Stopa SR, Szwarcwald CL, Oliveira MM, Gouvea ECDP, Vieira MLFP, Freitas MPS, et al. National Health Survey 2019: history, methods and perspectives. Epidemiol Serv Saude 2020 out; 29(5): e2020315. doi: 10.1590/s1679-49742020000500004 Foram observadas prevalências mais elevadas de HA entre indivíduos do sexo feminino, o que pode ser explicado pelo fato de a HA ter sido estimada com dados autorreferidos. Dados aferidos de PA da PNS 2013 mostraram prevalências mais elevadas entre o sexo masculino, quando comparados com o sexo feminino (25,8% e 20,0%,
respectivamente).44. Malta DC, Santos NB, Perillo RD, Szwarcwald CL. Prevalence of high blood pressure measured in the Brazilian population, National Health Survey, 2013. Sao Paulo Med J. 2016 abr; 134(2): 163-70. doi: 10.1590/1516-3180.2015.02090911 O aumento da prevalência de HA com a progressão da idade, coerente com a literatura, leva a um aumento expressivo dos gastos pelo sistema de saúde, resultante do aumento da demanda. Há evidências de que a HA se associa com o envelhecimento, em função da menor complacência e da progressão de enrijecimento das grandes
artérias.11. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Gomes MAM, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020. Arq. Bras. Cardiol. 2021; 116(3): 516-658. doi: 10.36660/abc.20201238 A HA foi mais elevada em pessoas com baixa escolaridade, o que pode ser explicado pela maior exposição aos fatores de risco e às condições socioeconômicas
adversas, tais como falta de acesso aos serviços de saúde e menor alcance quanto às orientações sobre estilos de vida saudáveis, bem como menores oportunidades para acesso a alimentação saudável, AF e cuidados em saúde.1616. Fiório CE, Cesar CLG, Alves MCGP, Goldbaum M. Prevalence of hypertension in adults in the city of São Paulo and associated factors. Rev Bras Epidemiol. 2020 jun; 23: e200052. doi:
10.1590/1980-549720200052 Este estudo encontrou prevalências mais baixas entre pardos e mais elevadas entre pretos e brancos. Existem divergências na literatura sobre se prevalências mais elevadas de HA na raça/cor da pele autorreferida preta seriam por predisposição genética, além dos determinantes como as condições socioeconômicas, o estresse devido
à exposição ao racismo ou os estilos de vida.1515. Malta DC, Bernal RTI, Andrade SSCA, Silva MMA, Velasquez-Melendez G. Prevalence of and factors associated with self-reported high blood pressure in Brazilian adults. Rev Saude Publica. 2017 jun; 51(Supl. 1): 11s. doi: 10.1590/s1518-8787.2017051000006 No contexto da APS, o cuidado aos indivíduos com HA deve ser centrado na pessoa e enfatizar a promoção da saúde, aumentando-se o acesso às informações sobre saúde, de modo horizontal e compreensível, buscando-se auxiliar na decisão do autocuidado, por meio de consultas, visitas domiciliares e atividades educativas em grupo.1717. Borges FM, Silva ARV, Lima
LHO, Almeida PC, Vieira NFC, Machado ALG. Health literacy of adults with and without arterial hypertension. Rev Bras Enferm. 2019 jun; 72(3): 646-53. doi: 10.1590/0034-7167-2018-0366 O
cuidado integral e multiprofissional é essencial para a redução da morbimortalidade e, sobretudo, para a promoção da saúde direcionada aos adultos com HA. Dentro da equipe multiprofissional, o médico é responsável pelo diagnóstico e pela estratificação de risco, além de semestralmente avaliar o regime terapêutico, seja farmacológico ou não. O profissional da enfermagem deve incentivar o autocuidado, promover ações educativas e ajudar o usuário na compreensão e criação de rotinas e hábitos que
promovam a adesão às condutas prescritas. O profissional de educação física tem o compromisso de promover hábitos saudáveis, com redução do sedentarismo e estímulos para que a comunidade se torne fisicamente ativa e, com isso, mantenha melhor qualidade de vida. Ademais, o nutricionista deve orientar maior consumo de vegetais e frutas, em detrimento do consumo de sódio, tendo como objetivo a manutenção de peso dentro da faixa de normalidade.11. Barroso WKS, Rodrigues
CIS, Bortolotto LA, Gomes MAM, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020. Arq. Bras. Cardiol. 2021; 116(3): 516-658. doi: 10.36660/abc.20201238 No presente estudo, verificou-se que os protocolos de prevenção e tratamento têm sido seguidos, em sua maioria, pelos profissionais de saúde. As orientações de controle de
peso foram dadas em quase 90% dos casos. Almeja-se, por meio desta orientação, promover o alcance do peso ideal. Já foi demonstrada a importância da adiposidade corporal, especialmente a visceral, enquanto fator de risco para a elevação da PA, assim como o fato de que ela pode estar diretamente conectada com até 75% dos casos de HA.1919. Hall JE, Carmo JM, Silva AA, Wang Z, Hall ME. Obesity, kidney dysfunction and hypertension: mechanistic links. Nat Rev Nephrol.
2019 jun; 15(6): 367-85. doi: 10.1038/s41581-019-0145-4 Aponta-se que as orientações sobre alimentação saudável foram altamente disseminadas, bem como as orientações para redução da ingestão de sódio. A dieta ideal deve conter ingestão diária menor que 2 g de sódio ou 5 g de sal.2020. Mill JG, Malta DC, Machado ÍE, Pate A,
Pereira CA, Jaime PC, et al. Estimation of salt intake in the Brazilian population: results from the 2013 National Health Survey. Rev Bras Epidemiol. 2019 out; 22(Supl. 2): e190009. doi: 10.1590/1980-549720190009.supl.2 As orientações sobre AF foram realizadas para mais
de 80% dos adultos com HA. A diminuição do tempo sedentário reduz o risco de mortalidade por todas as causas2424. Ekelund U, Steene-Johannessen J, Brown WJ. Does physical activity attenuate, or even eliminate, the detrimental association of sitting time with mortality? A harmonized meta-analysis of data from more than 1 million men and women. Lancet 2016 set; 388(10051): 1302-10. doi:
10.1016/S0140-6736(16)30370-1 As orientações sobre redução do álcool e tabaco foram menos prescritas, em torno de 60%. Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas associa-se à queda de cerca de 5,5 mmHg (IC95% 6,70;4,30) na PAS e 3,97 (IC95% 4,70;3,25) na PAD.11. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Gomes MAM,
Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020. Arq. Bras. Cardiol. 2021; 116(3): 516-658. doi: 10.36660/abc.20201238 Com o objetivo de se apoiar uma terapêutica completa, é fundamental a identificação clínica e subclínica de lesões de órgãos-alvo. Para isso, alguns exames simples e de baixo custo devem ser solicitados na consulta de base, e depois anualmente, a todos os indivíduos com diagnóstico de HA.11.
Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Gomes MAM, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020. Arq. Bras. Cardiol. 2021; 116(3): 516-658. doi: 10.36660/abc.20201238 A maioria dos participantes realizou a última consulta em uma UBS e, somando-se à unidade de pronto atendimento, quase 2/3 deles receberam atendimento em locais do sistema público de saúde. Este estudo corrobora, portanto, o papel ordenador e orientador do SUS, que é a porta de entrada e o local de atendimento e acompanhamento da maioria da população brasileira.2828. Almeida PF, Medina MG, Fausto MCR, Giovanella L,
Bousqual A, Mendonça MHM. Coordenação do cuidado e atenção primária à saúde no Sistema Único de Saúde. Saúde Debate 2018 set; 43(e1): 244-60. doi: 10.1590/0103-110420185116 A prevalência de HA encontrada no presente estudo foi menor que as prevalências globais apontadas em 2010 pelo Global Burden of Diseases (31,0%),2929. NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC). Worldwide trends in blood pressure from 1975 to 2015: a pooled analysis of 1479 population-based measurement studies with 19·1 million
participants. Lancet 2017 jan; 389(10064): 37-55. doi: 10.1016/S0140-6736(16)31919-5 Entre as limitações do estudo, destaca-se o delineamento transversal, que impossibilita a determinação de causalidade. Além disso, o maior acesso aos serviços de saúde e o esclarecimento dos participantes podem ser apontados com viés quando do uso de diagnóstico autorreferido. Adicionalmente, não foi avaliada a qualidade do cuidado e não foram exploradas as possíveis diferenças que a população usuária da saúde complementar apresenta quanto ao acesso a serviços de saúde, em comparação com os usuários exclusivos do SUS. Em conclusão, a HA representa elevada carga de morbimortalidade no Brasil, sendo o principal fator de risco para óbitos (17% do total) e o segundo no ranking de DALYs (responsável por 8,33% do total) em 2019.33. Institute for Health Metrics and
Evaluation. GBD Compare, Viz Hub [Internet]. 2019 [acesso em 10 fev 2021]. Disponível em: https://vizhub.healthdata.org/gbd-compare/ Referências
Quantas pessoas tem hipertensão no Brasil 2022?De acordo com o Ministério da Saúde, o distúrbio afeta mais de 30% da população adulta em todo o mundo, com mais de 30 milhões de pessoas no Brasil.
O que é hipertensão arterial 2022?A hipertensão arterial ou pressão alta, é uma doença que ataca os vasos sangüíneos, coração, cérebro, olhos e pode causar paralisação dos rins. Ocorre quando a medida da pressão se mantém freqüentemente acima de 140 por 90 mmHg.
O que é hipertensão arterial Ministério da Saúde?A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Ela acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9).
Qual o valor ideal da pressão arterial preconizado pelo Ministério da Saúde?Aceita-se como normal para indivíduos adultos (com mais de 18 anos de idade) cifras inferiores a 85 mmHg de pressão diastólica e inferiores a 130 mmHg de pressão sistólica (Tabela II).
|