A partir do século XI a Europa passou por uma série de transformações que acabaram por levar à crise do sistema feudal: – novas técnicas agrícolas aumentaram a produtividade das terras. Exemplos: o uso do cavalo como animal de tração, a produção e o consumo de leguminosas (que melhorou a qualidade de vida), a rotação trienal do plantio, nova tecnologia para drenagem de pântanos e lagos, e outros; – crescimento demográfico e
produção de um excedente agrícola que poderia ser comercializado; – desenvolvimento de um pequeno comércio entre os feudos, o que fez com que se sentisse a necessidade do uso de moedas e da padronização de pesos e medidas; – aumento das disputas por terras entre os nobres, motivados tanto pelo crescimento demográfico, quanto pelas novas possibilidades agrícolas. Em meio a esse processo, o papa Urbano II convocou os
cristãos europeus para uma guerra, a fim de tomar Jerusalém (a “Terra Santa”) das mãos dos muçulmanos. Assim se iniciaram as Cruzadas: várias batalhas de europeus no Oriente Médio, que duraram de 1095 até 1291. Sabemos que a motivação para tal empreitada foi religiosa, mas não podemos deixar de observar que as guerras em terras estrangeiras foram, de fato, a solução para todo o problema europeu dos séculos XI e XII: excesso populacional, necessidade de ampliação do comércio, motivação
militar para os nobres buscarem terras fora da Europa. RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANOAs Cruzadas reabriram as rotas de comércios dos europeus com o oriente e aceleraram a fragmentação do Império árabe muçulmano, que no século VIII se estendia do Oriente Médio, norte da África até a Península Ibérica. Comerciantes buscavam no Oriente as especiarias (pimenta, gengibre, cravo, tecidos, anil, marfim) e as vendiam por preços exorbitantes na Europa. No início existiam varias rotas terrestres de comércio, mas como as estradas eram muito perigosas e os senhores feudais aproveitavam para cobrar altos impostos para liberar a passagem, os comerciantes passaram a promover as feiras a fim de atrair os compradores para um local mais propicio, além de se organizarem em guildas ou hansas (associações) para terem maior capital para ser investido e para se deslocarem em grupo, diminuindo os riscos e os prejuízos. Em torno dessas feiras, ou próximo aos castelos e mosteiros, os comerciantes fundaram os burgos, ou seja, um centro comercial que deu origem às cidades. Nos burgos também se desenvolveu o artesanato voltado para o comércio. Burguês era o individuo que morava no burgo e vivia do comércio local, e burguesia é o nome desse novo grupo social que aos poucos ganhava prestígio. Com a riqueza gerada pelo comércio, a burguesia conquistou sua autonomia, principalmente comprando do senhor feudal local a independência da cidade (Carta de Franquia). E dentro das cidades os artesão e comerciantes de cada setor (tecelões, marceneiros, banqueiros ) se organizaram em Corporações de Ofício, a fim de garantir seus interesses. FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAISDe uma forma geral, sem descrever a formação de um reino especifico, pode-se dizer que alguns fatores foram comuns em várias regiões da Europa Ocidental. Com desenvolvimento do comércio e dos burgos, muitos senhores feudais acabaram se endividando, já que vendiam gêneros agrícolas (muito baratos) e compravam produtos luxuosos, e por isso passaram a explorar ainda mais os seus servos. Os servos, por sua vez, começaram a fugir do trabalho nos campos, e buscavam nas cidades uma nova forma de viver. A nobreza feudal, então, a fim de defender seus privilégios e seu status, passou a cobrar do rei que intercedesse em tal situação. A burguesia também via com bons olhos a centralização política em torno do rei, já que precisava da padronização de moedas, do estabelecimento de uma unidade de pesos e medidas e de um sistema de impostos mais regular. Aos poucos, com o apoio desses dois grupos sociais, o rei pôde centralizar o poder político, administrativo, tributário e militar, dando origem às Monarquias Nacionais Medievais. Continua após a publicidade CRISE DOS SÉCULOS XIV E XVO intenso desenvolvimento econômico da Europa desde o século XI também criou problemas graves: – o crescimento agrícola e o aumento populacional causaram a derrubada de florestas, drenagem de pântanos, assoreamento de rios, o que por sua vez gerou mudanças climáticas drásticas, provocando períodos de fome na Europa; – a diminuição do número de pessoas que viviam nos campos fez com que decaísse a produção agrícola, aumentando o preço dos alimentos; – as péssimas condições sanitárias nas cidades e no campo (falta de saneamento, de espaço entre as casas, de água corrente), a desnutrição causada pela fome e os contatos comercias (tanto entre os europeus de diversas áreas, quanto com estrangeiros), possibilitou o surgimento de epidemias, das quais se destaca a Peste Negra, que matou 1/3 da população da Europa em meados do século XIV; – a necessidade de uma quantidade cada vez maior de metal nobre (ouro e prata) para cunhar as moedas em circulação, esgotou as jazidas européias, e os reinos passaram a misturar um metal de valor menor, o que desvalorizou as moedas, aumentando os preços; – a luta entre os reinos que estavam surgindo para a definição de suas fronteiras (políticas e econômicas), aumentavam ainda mais os gastos do Estado, o que era repassado para a população em forma de impostos, aumentando ainda mais a penúria da sociedade. Dentre as guerras medievais, a mais importante foi a Guerra dos 100 Anos (1337-1453), entre a França e a Inglaterra; – uma série de revoltas camponesas, chamadas “jacqueries”, completaram o caos vivido no período. A solução para essas crises viria com o fortalecimento das Monarquias e com a expansão das fronteiras comerciais europeias. Mas isso já significa o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna. Questões resolvidas(Unifesp-2009) Por trás do ressurgimento da indústria e do comércio, que se verificou entre os séculos XI e XIII, achava-se um fato de importância econômica mais fundamental: a imensa ampliação das terras
aráveis por toda a Europa e a aplicação à terra de métodos mais adequados de cultivo, inclusive a aplicação sistemática de esterco urbano às plantações vizinhas. (Lewis Mumford. A cidade na história. São Paulo: Martins Fontes, 1982.) e) o aprimoramento das técnicas de cultivo e uma relação mais intensa entre cidade e campo. O texto remete às causas da expansão agrícola e
a alternativa E é a única que trata desse processo. Todas as outras tratam de consequências. (Unicamp 2008) Em 1348 a peste negra invadiu a França e, dali para frente, nada mais seria corno antes. Urna terrível mortalidade atingiu o reino. A escassez de mão-de-obra desorganizou as relações sociais e de trabalho. Os trabalhadores que restaram aumentaram suas exigências. Um rogo foi dirigido a Deus, e também aos homens incumbidos de preservar Sua ordem na Terra. Mas foi preciso entender que nem a Igreja nem o rei podiam fazer coisa alguma. Não era isso uma prova de que nada valiam? De que o pecado dos governantes recaía sobre a população? Quando o historiador começa a encontrar tantas maldições contra os príncipes, novas formas de devoção e tantos feiticeiros sendo perseguidos, é porque de repente começou a se estender o império da dúvida e do desvio. a) A partir do texto, identifique de que maneira a peste negra repercutiu na sociedade da Europa
medieval, em seus aspectos econômico e religioso. a) Segundo o texto, a peste negra modificou a mentalidade européia. A grande mortalidade (vista como um castigo divino) desorganizou a sociedade: os trabalhadores passaram a exigir mais pelos seus serviços, desafiando a ordem social até então imposta. As elites dominantes foram culpadas pela epidemia, o que estimulou a
duvida sobre o seu real poder. Continua após a publicidade
Como os reis conseguiram fortalecer seu poder?Para governar absoluto, o rei se impunha por meio da força militar, da cobrança de impostos e por meio de teorias que justificavam o seu poder.
Como ocorreu o fortalecimento do poder dos reis na Europa?O Fortalecimento do poder dos Reis começa no período final da Idade Média, onde o enriquecimento da burguesia comercial gerava renda para as coroas europeias por meio do pagamento de impostos.
O que contribuiu para o fortalecimento do poder dos reis no absolutismo?A nobreza representava uma forte base de sustentação política capaz de legitimar a autoridade do monarca. Por essa razão, os nobres foram amplamente privilegiados no interior do estado absolutista ao ter a isenção sobre diversos impostos, além do expressivo poder de barganha política para obter favores pessoais do rei.
Como foi o fortalecimento do poder real?Houve o fortalecimento do poder real frente ao poder eclesiástico e a instalação de uma estrutura administrativa, jurídica e fiscal que permitiria à realeza garantir a unidade do reino e manter sob controle a atuação de nobres e clérigos.
|